Quando os resultados não aparecem

Postado em 26 de janeiro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Como olímpico, sempre fui um pouco fã da meritocracia. Não em termos de governo, pois quando ela é levada muito a sério, a competição chega a ser caso de vida ou morte (como a China ou a Índia). Mas em termos de valorização e de conquistas, a meritocracia costuma ser a mais justa das políticas.

Saber que os seus lucros e prêmios serão proporcionais ao seu esforço e à sua dedicação, de certa forma, já lhe trara expectativas mais corretas. Se você treinou ou estudou pouco, saberá que uma conquista ou uma nota maior será bem mais difícil. Se você se preparar mais, poderá esperar resultados melhores.

Isso pode ser legal em certos momentos, principalmente aqueles em que você sabe a hora de os resultados chegarem. Mas e quando eles não chegam?

Uma carta que você envia, mas a resposta do destinatário não vem. Um trabalho decisivo que você entrega, mas a nota final dele nunca chega. Um texto que você entrega, mas que parece ficar eternamente em revisão. O resultado decisivo de uma application que parece nunca vir. Há várias situações em que a sua expectativa será muito grande em relação a determinado evento, mas ele não depende mais de você.

Como fazer com toda a sua expectativa?

Primeiro, veja se a resposta já não foi entregue. Há emails importantes que podem acabar na sua caixa de spam sem você se dar conta.

Segundo, veja se não há algo que você devesse fazer ou ter feito. Dependendo do momento, pode ter passado da data da respectiva resposta, e pode ter acontecido algo de errado com suas coisas ou com a pessoa de interesse que justifique a demora, mas que você não sabe.

Terceiro, veja se há algo mais que você possa fazer, dados os devidos limites. Talvez você esteja esperando esse tempo todo por uma retorno que já existe. Isso não justifica lotar a caixa de emails de alguém, mas pode explicar o envio de uma mensagem após 15 ou 30 dias sem retorno algum.

E quarto, caso não haja mais o que verificar, tente se acalmar. Como foi dito antes, a expectativa é muito grande quando as coisas saem do seu controle. Mas pode ser que, de fato, não se possa fazer nada. Lembre-se de não ficar ansioso demais por uma resposta, pois isso pode ser ruim até para a sua saúde. Tente colocar atenção em uma coisa que demande muito tempo ou atenção, como um quebra-cabeças de 1000 ou de 10000 peças.

Enfim, ter expectativas é normal. Ruim é você fazer disso um inferno. Lembre-se do mérito: se o trabalho foi bem feito, guarde expectativas boas em relação ao resultado. Se o trabalho não foi tão bem feito, espere por algo menor. Mas, se não houver o que fazer, espere. A resposta chegará.

Ajustes técnicos

Postado em 24 de janeiro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Estou ajeitando uma série de coisas em minha vida offline, em prol de coisas previstas para esta próxima semana, este próximo mês ou até o fim deste ano. Fora também que estou me interessando por coisas que brotam nos meus feeds e conversas, como o Brilliant, que me fez resolver questões desafiadoras motivadamente. Enfim, fiquei um pouco distante dos blogs e do OC, em prol de alguns afazeres, mas logo estarei de volta.

Alguns destes ajustes envolvem coisas do próprio blog, como um texto justificado (já implementado em todos os meus posts) e um layout novo (veja a homepage do OC). Fora isso, já estamos pensando em migrar de servidor, pois o nosso consegue ficar bizarramente lento em momentos indesejados. E há também parcerias muito legais que foram acertadas, que logo lhes trarão grandes e valiosas novidades. Fiquem atentos.

Este mês de janeiro foi um dos meses mais corridos, produtivos e úteis (para mim) em muito, muito tempo. E ainda falta mais de uma semana para ele acabar. E estou de férias. Estas são coisas que costumam nunca andar juntas.

Estou certo de uma coisa: 2013 irá me surpreender. Bastante. Não espero que sejam coisas unicamente boas (nunca são), mas há MUUUUITA coisa para acontecer. E algumas são tão boas que nem dá para acreditar.

Valorize-se

Postado em 20 de janeiro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Tentar pensar nas coisas boas que aconteceram durante um período difícil de grande duração. Não digo coisas de alguns minutos ou de algumas horas, como uma batida no dedinho ou um dia ruim. Estou falando de coisas que durem pelo menos um mês, um ano ou mais de uma década. E nem sempre você sabe que passará por eles no seu caminho.

Lembro que meu primeiro ano do ITA foi um dos mais chatos e tumultuados pelos quais tive de passar. Fora toda uma adaptação a uma nova cidade e a novos costumes, tive de fazer CPOR, que acabou sendo a experiência de maior desagrado que já tive. E isso tendo de adaptar horários, estudar assuntos completamente novos e mais um grande conjunto de mudanças. E toda mudança exige esforço, e talvez várias noites refletindo e desabafando para Deus e o mundo.

Sem dúvida, o que eu passei de ruim durante este ano pareceu durar tanto que achei que nunca iria acabar. E isso esteve alinhado com boa parte da minha turma. Caminho muito tenso mesmo.

No entanto, fiquei intrigado com algumas conversas que ouvi de pessoas que não acreditaram ter obtido coisas altamente valorizantes durante períodos difíceis de suas vidas curtas. Isso é errado.

Não digo que toda atividade que você faça terá necessariamente um lado bom ou aproveitável, pois estamos abertos ao inevitável, e ele pode ser desagradável demais para reflexões. Mas acho muito difícil que, durante um período muito grande, por mais tortuoso que tenha sido, você não tenha passado por algo bom.

É como se a natureza humana se proibisse de passar somente por coisas chatas, ruins e desagradáveis. A vontade de fazer algo relevante, alguma hora, é maior do que o drama.

Durante este meu primeiro ano (2011), aprendi a morar fora de casa durante a maior parte da semana, o que também me mostrou como é morar longe da família e frente a pessoas e costumes completamente novos. Pode parecer muito ruim no início, mas esse tipo de distância faz com que você valorize muito mais o período em que você está de volta ao lar doce lar, e tira do seu dia-a-dia a necessidade do mimo e da proximidade, sem diminuir o amor e o carinho que todos já sentiam por você. Ao voltar para casa, no entanto, ele apenas aumentava.

Vivi um ritmo diferente, e com isso tive de lidar com notas não tão altas como antigamente. E nisso vi que meu ritmo de estudo não estava adequado para as aulas e para a avaliação que tinha, e que não dava para me manter no vermelho ou passando na risca por mais tempo. Sempre valorizei notas e currículo acadêmico, e havia muitas portas que não poderiam ser fechadas por puro desleixe. Se minha vida acadêmica estava organizada, levava menos preocupação em atividades extracurriculares ou em fins de semana, o que era uma bênção.

Em termos de aulas extracurriculares, não sentia ainda que me encaixava em coisa alguma. Seja na empresa júnior, seja na AIESEC ou no que fosse, eu não sentia que estas coisas encaixavam. Até que apareceu a oportunidade de um grupo de teatro, coisa nova que surgia, e decidi entrar. Nunca tinha me sentido tão feliz naquele ano. Senti que estava mais solto, que havia menos vergonha em falar, e que não estava errado em gritar e realmente me mexer ao fazer as coisas. O grupo parou, mas nunca senti ter aprendido tanta coisa boa de uma vez.

E, entrando na faculdade, parecia que as olimpíadas e competições científicas acabariam por lá. Ledo engano. Havia a OBM, formei um time para a University Physics Competition, e claro o OC. Posso não ter ido tão bem nestas competições, mas reaprendi muito do que estava fazendo (todo troca de nível olímpico pede também uma nova e grande dose de treinamento e adaptação de estudo, sem dúvida), e ajudei o resto do pessoal a guiar páginas e posts mesmo estando distante do grande meio em que estava previamente inserido.

E isso tendo o CPOR toda segunda e uma boa dose de estudo e preocupações com o ITA toda manhã e durante algumas tardes da semana. Dado que toda uma adaptação ocorreu por necessidade, e toda uma vida difícil acabou sendo aceita por conta do trajeto, eu não quis parar o que estava acontecendo, pois eu queria fazer de tudo aquilo uma parte do meu caminho. E tive coisas boas no final das contas.

Não deixe de valorizar as coisas boas que acontecem durante seu dia ou durante sua vida. Muitos se deixam guiar por depressões e choros imensos após terem vivido as maiores conquistas de suas vidas, mas a maior de nossas conquistas é a vida, e ela merece ter todo este valor.

A melhor semana de exames

Postado em 15 de janeiro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Comentarei agora sobre uma das semanas mais estranhas e incrivelmente legais da minha vida, e que não aconteceu há muito tempo. E tudo começou com uma rejeição.

fundacao-estudarDesde o início de 2011, apareceu para mim a Fundação Estudar. No entanto, era 2011, e minha jornada no ITA estava tão confusa e cansativa que não conseguia pensar muito no mundo externo. Mas aí, com um tempo de aprendizado razoável, chegou 2012, e a FE me apareceu de novo. E, para nossa alegria, mais de uma vez.

Decidi aplicar. Entreguei todos os papeis direitinho, arrumei um monte de documentos a tempo e fiz as provas. Consegui passar pela dinâmica de grupo (que fiz junto com o Gustavo Haddad) e cheguei até a entrevista individual. Acabei ficando quieto demais em relação às coisas que fiz e queria fazer, e não fui muito mais além. Fiquei um pouco receoso sim, mas daí pensei: “A culpa foi toda minha, e eles são muito bons. Eu preciso tentar de novo”.

Daí, no meio do ano, aparece para mim o Laboratório Estudar. Precisava fazer um vídeo, entre outras coisas, para conseguir me inscrever. Acabei enrolando, pensei muito pouco sobre o vídeo, e acabei não passando. De novo. Dessa vez, pensei que não haveria uma segunda chance tão cedo.

Vi alguns amigos que entraram para a FE e outros que participaram do Laboratório, e muitas recomendações. Mas sabia que demoraria para acontecer comigo, então só comemorei junto.

No entanto, por alguma obra genial do destino, apareceu outro Laboratório em São Paulo (ocorreram outros em outras cidades, mas nem me arriscaria). Dessa vez eu sabia que precisava tentar de novo, porque dessa vez eu iria conseguir. Mas não me arrisquei a tentar tudo na pressa de novo: pedi ajuda. Bastante ajuda, por segurança.

Conversei com meus amigos sobre como falar num vídeo e o que falar no vídeo, tendo em mente deixar bem claro a minha mensagem. Mudei também o jeito da minha inscrição para dar mais foco à minha vontade (não parecia legal falar só de mim). Apostei minhas fichas, fiz um vídeo que quase estourou o tempo limite, mas entreguei tudo a tempo.

Alguns dias depois, chega um email dizendo que eu passei. Felicidade instantânea, sério.

Ah, um pequeno toque a todos vocês. Já recebi emails de rejeição mais de uma vez. TODOS eram iguais, independente da situação, da língua ou da pessoa por trás dele, e direi como eles funcionam.

Eles começam com algo do gênero “Olá, fulano. Ficamos felizes em ter você participando de nossa iniciativa”. Isso serve para não estragar o email e sua expectativa em cima dele, pois é isso que normalmente dá para ler no Gmail antes de abrir o email de fato. Os próximos parágrafos necessariamente falam que você foi rejeitado. Dependendo do processo, eles falam por quê, mas em geral isso não acontece, e não pense que isso é feito por mal.

No entanto, se você parar e ver os emails de aprovação, eles deixam isso bem claro desde a primeira linha. A felicidade é extraordinária de ambos os lados, começando com “Olá, fulano. Ficamos felizes em informar que você foi aprovado!” logo de cara. Eles ficam meio sem assunto, mas sabem que sua expectativa imediata é saber que passou.

Voltando à minha aprovação, participei do Laboratório Estudar pouco tempo depois. Vi muita coisa, conversei com muita gente, fiz alguns grupos, algumas trocas de mensagem, e logo tive de pensar em um salto. Não é ainda hora de dizer qual foi, mas um salto é basicamente um grande desafio, para motivar a pessoa a fazer algo que ela sempre quis mas nunca se arriscou. O prazo era de quatro semanas.

Havia um salto individual e um salto em grupo para acontecer. Os detalhes de cada um deles varreram três das quatro semanas. A única data em que foi possível fazer o salto em grupo estava na quarta semana, e a parte principal do meu salto só poderia ocorrer junto com o salto em grupo.

Esta quarta semana foi justamente a minha segunda semana de exames. No caso, a semana de exames possui as provas finais de todas as matérias, valendo um terço da nota do semestre (ou mais). Tenha noção de que era a segunda semana, o que significava que já tinha passado por maus bocados anteriormente.

Já tinha feito um trabalho de domingo para segunda. Na segunda, precisava fazer uma prova. Na terça, precisava estar de manhã em Poços de Caldas – MG para meus saltos. Na quarta, precisava estar de manhã no ITA para fazer outra prova. Na quinta, precisava estar em São Paulo para presenciar uma palestra muito boa com um psicólogo genial. E na sexta, precisava estar no ITA de volta para fazer a última prova do semestre. E sábado tinha a segunda parte do Laboratório. Sim, tinha tudo isso.

Entre terça e quarta, num período de 24 horas, fiquei 13 delas num ônibus. Não lembro quando dormi de fato naquela semana, mas dei muita sorte naquelas três provas.

Resultados: consegui passar em todas as matérias, concluí os saltos, vi uma palestra genial e nunca viajei tanto de uma só vez. Aquilo não foi saudável, mas foi a melhor das semanas de exames que já tive.

Futuro

Postado em 14 de janeiro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Desde quando comecei a pensar no futuro, acabei vendo que ele era bem incerto. Desde as muitas olimpíadas de que participava até as seletivas que demoravam meses para dar resultado, tentava olhar pouco para trás e seguir com meus estudos. Estava aproveitando a caminhada.

Agora estou envolto em indecisões gigantescas dadas por escolha de carreira. Como disse antes, carreira é uma finalidade da vida, e você pode voar e se arriscar o quanto quiser, mas talvez nunca acabe suprindo todos os seus interesses. No entanto, o mundo acha errado que você dê atenção a vários interesses, e eu acho isso errado.

É dito sempre “invista em suas paixões”. Mas se o amor é o interesse genuíno por uma determinada coisa, então não é errado investir seu tempo em mais de uma coisa. Lembro de ter visto as famosas 10000 horas (adaptáveis para 7 anos na prática) necessárias para você ser considerado muito bom mesmo em alguma coisa. Mas nem sempre é possível dedicar 7 anos de sua vida finita numa coisa só e se sentir satisfeito.

Foco demais não é algo muito saudável. O mundo está cheio de coisas, e não aproveitar nem um pouco daquilo que acompanhar sua trajetória é burrice. Desde minha participação em olimpíadas, nunca achei que alunos devessem investir seu tempo em apenas uma ou duas disciplinas, se acabassem por estudar o bastante para ambas. Sendo competições, participar de mais de uma delas não é errado, se aceitar adversidades e concorrências de modo amistoso. Mais ou menos como ocorre com nadadores: se você está treinado para nadar 200m ou 400m, não parece absurdo querer competir também nos 100m.

Ter mais de um interesse faz com que você se organize melhor para tirar o melhor de cada um deles. Digamos que você tenha um filho daqui a alguns meses, mas já esteja trabalhando há muito tempo em uma certa empresa ou negócio. Você já tem responsabilidades na sua empresa, mas seu filho precisará de atenção extrema agora. Você não irá largar um deles, mas dará sim a devida atenção a ambos. Com interesses verdadeiros é quase a mesma coisa.

Interesses genuínos serão como seus “filhos”: precisará dar muita atenção principalmente no começo, cuidará dos problemas que aparecerem e tratará de fazê-los crescer, com todo amor e dedicação. No entanto, esses filhos serão mais difíceis ou impossíveis de largar, pois eles podem fazer parte do seu ser muito mais do que você imagina.

Mas e o futuro? Ele (para você) estará intimamente ligado aos seus interesses e paixões, entre outras coisas. Mesmo que haja alguma probabilidade legal de certos eventos acontecerem, não há certezas. E isso fará a caminhada um pouco mais legal.

Pense no futuro como o lugar em que as coisas acontecem. O presente seria então você estar lá para ver o que está acontecendo no futuro. O passado é o resultado de tudo que já aconteceu. A esperança (ou também a expectativa) será você vendo claramente uma destas ações do futuro, esperando-a na porta. O medo é quase como a esperança, mas você não está esperando com muita vontade.  A ambição seria você caminhando direta e cegamente para o futuro incerto. O sonho é você se vendo neste lugar.

Mas como agir em cima do que não aconteceu? Isso dependerá de seus planos e metas (sounds cliche), inevitavelmente, mas você poderá pensar nele como uma forma de não se assustar tanto quando as coisas chegarem.

Ao meu ver, planejar-se para mais do que 10 anos parece demais. Eu prefiro pensar que 10 anos é uma boa medida para ver as coisas gigantescas, sonhos imensos, acontecendo. Naquela história das 10000 horas, você só precisa de 7 destes 10 anos para ficar muito bom, o que lhe dá mais 3 anos de brinde.

Se 10 anos parecer muito, tente se ver onde e como você estará no fim desse ano. Talvez não dê tempo de você ficar muito bom, mas dará tempo de iniciar e finalizar projetos muito legais (atingir um peso ideal, viajar, participar de um evento diferente, experimentar uma nova culinária, cozinhar, escrever poesias, etc).

Se um ano lhe parecer demais, pense em um mês. 30 dias é tempo suficiente para você criar um bom hábito, ou se ver fazendo outra coisa, e sua duração é suficiente para fazer você se arrepender e continuar, ou então investir logo de uma vez.

Mas nunca deixe de sonhar e de ter interesses, e algumas paixões também. Você vive por eles, e por eles viverá as coisas mais valiosas de sua vida.

Transições

Postado em 13 de janeiro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Comentei no post abaixo sobre um período em que simplesmente queria desistir de tudo que me lembrasse olimpíadas, exceto o colégio. Sinto que, por mais parágrafos que eu escrevesse sobre isso antes, não passaria a visão correta. Então, decidi aproveitar o post anterior para fazer este, e mostrar mais uma história sobre mim.

No fim de 2005, minha sexta série, tinha aparecido uma oportunidade (daquelas que só aparecem uma vez na vida) de estudar no Colégio Objetivo por meio do ISMART. Eu não tinha certeza de nada do que iria acontecer, mas estava de férias, então resolvi correr um pouco atrás disso com meus pais. Não perderia nada tentando.

Nisso, acabei fazendo as provas de seleção (provas de Lógica, Português e Matemática). E então descubro que passei, e que fiquei entre os 20 melhores dentre mais de 600 anos da rede pública. Nisso, seguiram algumas entrevistas individuais, entrevistas em casa junto com a minha família, e uma dinâmica de grupo. Sinto não ter treinado discurso algum, nem ter estudado alguma coisa antes da prova (nunca tinha feito isso direito na escola pública).

Daí então, já voltando para as aulas da sétima série, acabam me ligando para avisar que eu passei. Não sabia ao certo como reagir a uma ligação dessas, mas comecei a me arrumar para ver no que ia dar. Não tinha razões plenas para continuar na minha escola antiga (BTW, era uma oportunidade que me mostrava um caminho), então segui em frente.

O ritmo do Objetivo acabou me dando uma boa dose de estudo e trabalhos a mais. Sinto que as minhas médias só foram estabilizando em valores mais altos a partir da segunda metade de 2006, mas não vem muito ao caso.

Logo que entrei, recebi algumas “intimações” do pessoal do ISMART e de algumas coordenadoras para fazer as aulas de olimpíada. Não tinha noção alguma sobre o que elas falavam, o que tinha de estudar ou para onde elas me levariam, mas não era bem um pedido, então acabei assistindo algumas das aulas. Cheguei a fazer tudo até a OBA.

Depois da OBA, como não haveria mais provas até o ano seguinte e minhas médias não estavam tão plenas frente ao que o ISMART esperava, apareceu a oportunidade de eu simplesmente parar com as aulas. E escolhi parar.

A justificativa era clara para mim: sentia que só estava correspondendo a expectativas quando cobria minha semana inteira com aulas depois do horário. Por mais de um mês, acabei indo a aulas no sábado de manhã e cobrindo de duas a três tardes do resto da semana, fora as aulas de manhã. Tinha tarefas e trabalhos do colégio para entregar e aulas à tarde para, no mínimo, presenciar.

Nunca cheguei a ter um ritmo tão absurdo quanto aquele na minha vida. Daí parei. O resto já devo ter contado no post anterior: acabei voltando a elas depois das férias, algumas olimpíadas foram dando certo, e cá estou.

Meu início no ITA teve também bastante turbulência. Ainda não estava certo do curso que iria fazer (pensava em fazer Física também), não estava certo da carreira que iria seguir, não estava certo de quase nada.

Precisei de tempo e esforço demais para ter noção plena de que lá era um lugar certo. Por mais que eu perguntasse a pessoas, eu já conhecia as respostas, e daí chegou o “faça o que achar melhor”. E tive de seguir sozinho nisso. E aprendi um pouco entre choros e desesperos (não brinque com isso).

Há uma diferença plena entre curso e carreira. O curso é aquilo que você escolhe num vestibular. A carreira, segundo o Michaelis, é “o decurso da existência”, e quem decide aquilo que nela irá ocorrer é você. Não há certos e errados numa carreira, pois o caminho é você quem faz (ou constrói, não duvide disso).

Enfim, passei por muitos dramas e correrias, mas acabei me decidindo por ficar no ITA (ter ido para lá pode ter ajudado sim). O meu tira-teima foi achar que não seria um bom pesquisador se não seguisse 100% nisso, mas estava errado em achar que a Engenharia (o curso) não me satisfaria nessa trajetória. Fora isso, ficar um pouco mais no ITA me mostrou que há caminhos demais para quem gosta de andar.

Transições são momentos muito bons para você se descobrir, pois há escolhas, chances e oportunidades também. Mas são os momentos de maior pressão para muitos, por motivos semelhantes. Há decisões relevantes, mas não são o fim do mundo.

Aprenda tudo que puder numa transição, pois nela você poderá sentar e refletir um pouco.

Não impeça sonhos ou ambições, mas não bote pressão no futuro. Ele não aconteceu.

E lembre-se sempre de se divertir. Você aproveitará mais sua carreira e sua vida.

Um pouco do passado: OPM

Postado em 10 de janeiro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – 2 Comentários

Foto minha com o Bronze

Achei essa foto na galeria do BICO, enquanto procurava por uma foto decente minha da premiação de 2009. Descrição rápida da foto: o cara segurando a medalha sou eu, ao lado estão o Luis Pinho e o Matheus de Tulio, e atrás de azul está o Lucas Colucci.

Teria uma quantidade gigantesca de competições para escrever (e sinto que conversarei sobre elas no momento certo), mas resumirei tudo em três razões. O post, ainda sim, é longo, mas não irá se arrepender.

1. A OPM foi a minha primeira olimpíada de Matemática.

Sei que a OBM acontece alguns meses antes, e acabaria participando dela quando as inscrições começassem. No entanto, em 2006, um pouco antes da OBM começar, tinha decidido parar de vez com minha participação em olimpíadas científicas.

Tinha entrado no Objetivo há poucos meses, e não estava plenamente adaptado ao ritmo de lá na época, dado que fui da escola pública direto para lá. E daí me levaram a participar de tantas olimpíadas quanto fosse possível, indo até aos sábados, e eu estava parando de render cada vez mais nelas. Com medo de que parasse de render também no colégio, parei.

Tinha parado tudo, isso mais ou menos depois da OBA. Não queria saber de competir em mais nada. O colégio era prioridade, e não estava dando conta. Não estava rendendo, nem achei que chegaria a algum lugar. Parei por lá mesmo, sério.

Como então estou fazendo este post, e acabei tendo toda a minha trajetória olímpica? Simples.

Junto com julho (já tendo perdido a OBM), entrei de férias. E com essa rápida pausa, alguma motivação aleatória da qual não consigo nunca me lembrar qual foi também veio. E daí decidi voltar a participar de qualquer olimpíada que restasse.

Como tinha saído num período meio crucial, sobraram apenas duas olimpíadas para um aluno na sétima série: OPM e OPF, cujas primeiras fases coincidiram (19/08). A OPM foi de manhã, a OPF foi à tarde. Na OPF, não sabia Física, e não saí da 1ª fase.

2. A OPM me levou à minha primeira cerimônia de premiação.

A OPM acabou sendo a primeira competição do meu grande retorno. Foi também a primeira que me permitiu interagir mais de perto com meu professor de olimpíadas de Matemática, o Edson Abe (também iteano, um dos melhores professores que já tive), dentre outras coisas. Mas ainda não comentei como foi a 1ª fase.

Aquela talvez tenha sido uma das provas que mais encarei sem saber o que estava fazendo. Sabia apenas o que o colégio me trouxe, então estava muito defasado em relação à prova. No entanto, a OPM sempre tem algumas questões mais para a lógica e para contas simples. Dei um jeito de fazer algumas destas e rabiscar outras.

Para a maior das minhas surpresas, foi muito incrível ter visto a minha coordenadora me chamando para avisar que eu tinha passado para a Fase Final. Conjuntamente com isso, a OPM me levou à primeira 2ª fase de uma olimpíada com fases.

Daí fui levado a estudar um pouco mais. No entanto, ainda não tinha um décimo do ritmo que tenho hoje para estudar, e o treinamento olímpico das aulas já estava no meio do caminho. Acabei ficando apenas com poucas coisas a mais.

Nisso chegou a Fase Final. Lembro de ter ido para o Instituto de Física da USP fazer a prova, junto com meu colégio. Conhecia pouca gente, e não sabia quase nada da matéria, então acabei encarando a prova do jeito que consegui.

Junto com a Fase Final, vi que a premiação seria no mesmo dia. Não sabia como a prova funcionava ainda, nem arriscava que ganharia alguma coisa, mas acabei indo. Fui com meus pais e meu irmão direto ao Palácio dos Bandeirantes (Morumbi-SP).

O lugar era gigante. O local da cerimônia era gigante, apesar de a premiação ser ajeitada um pouco às pressas. Conheci o Shigueo Watanabe e o Ângelo Paroni, grandes nomes no que diz respeito a olimpíadas, lá no palanque, junto com a Inês do ISMART, instituição que me levou ao Objetivo. Vi diversas pessoas sendo premiadas, camisetas amarelas, e nada veio.

Participei de minha primeira cerimônia de premiação antes da minha primeira medalha chegar, apenas no ano seguinte. Comecei a ver o peso de tradições e costumes olímpicos lá da plateia, mas ainda estava pouco imerso no meio olímpico.

3. A OPM me trouxe a primeira de minhas medalhas na Matemática.

Depois de ter passado um primeiro ano sem conquistas, começou em 2006 a minha trajetória olímpica, e decidi continuar no ano seguinte. Voltei a frequentar bem mais aulas depois do horário, com bem mais frequência, também.

Dei foco à Astronomia naquele ano, mas pude participar de todas as competições, ainda que soubesse pouco para elas. Matemática ainda me parecia algo muito difícil, mas ainda cheguei à Fase Final da OPM em 2007. Também sem ser premiado. Ah, em termos de OBM, fiquei até 2009 sem sair da 2ª fase.

Não cheguei a ser premiado na OPM de 2008 também. No meu 1º ano do EM, o nível da competição tinha aumentado visivelmente, mas não me impediu de chegar à Fase Final. No entanto, a IJSO me veio quase na mesma época, e acabei me voltando somente para ela, pois não tinha noção alguma da matéria que precisava estudar.

Em 2009, no entanto, não havia internacionais tão próximas a caminho, e meu fogo para estudar olimpíadas nunca tinha crescido tanto. Ter aulas de sábado ou depois do horário não me doíam mais, e então decidi dar muito foco à Matemática.

Revi e refiz diversos folhetos e livros dados pelo Abe, juntamente com várias provas antigas e todo um novo ritmo, voltado justamente a dar meu melhor nas provas deste ano. Consegui chegar à Fase Final da OPM e, de modo inédito, à 3ª Fase da OBM.

Na OBM, acabei não ganhando nada (ainda). No entanto, na OPM, cuja premiação foi feita no Salão Nobre da Facvldade de Direito, recebi uma suada medalha de Bronze.

Foram 4 anos para ganhar uma medalha numa competição. Valeu muito a espera.

Ordem

Postado em 8 de janeiro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Comecei a arrumar as folhas do ano passado, já comprando um par de pastas (a outra é para as folhas de 2011). Muito daquilo pode ou não ser útil, rascunho ou lixo, mas tudo que não for uma folha branca tem alguma boa razão para estar lá, então guardo de tudo.

Duvidei por muito tempo da importância de, no mínimo, uma área de trabalho organizada (ou também bagunçada da maneira certa, pois a organização é subjetiva). Achava besteira deixar organizados folhas, arquivos e pastas numa estante, no meu desktop, na minha mesa ou onde quer que eu de fato estudasse. Aí parei para ver o que acontecia.

Se precisava estudar, seja na minha cama ou na minha mesa, era bem possível – dada a bagunça – que eu simplesmente empurrasse tudo para o lugar mais cômodo (até o chão era uma saída). Daí eu estudava, fazia o que eu tivesse de fazer, e a bagunça ficava lá. E nela toda uma ordenação (ou bagunça organizada) acabava se perdendo, pois acabaria colocando ela na posição original de qualquer jeito.

Com o meu desktop, costumava ser pior. E não espero que isso aconteça apenas comigo: se ele começava a ficar cheio, eu simplesmente pegava todos os arquivos que fossem mais comuns entre si, e daí colocava tudo numa pasta (ou então simplesmente esvaziava tudo colocando em uma pasta só, algo um pouco pior). E então nunca mais sabia o que era novo e o que era repetido, e um espaço gigantesco era ocupado desnecessariamente.

Aí decidi reorganizar minhas pastas no notebook (algo que achava mais fácil). No entanto, acabei deixando passar um backup num HD externo, e aí não tinha mais noção de onde ficava nada. Ao menos consegui reorganizar minhas músicas todas, separadas por artista, ano, título do disco, número da faixa e o que mais precisasse, também trocando meu Media Player (o melhor que achei foi o Media Monkey) para me ajudar. E não poderia parar.

O que você chama de ordem é um equilíbrio estável. Contrariando as expectativas de um mínimo, a entropia tende a crescer muito mais fácil e rápido do que qualquer coisa. E pode ser necessário muito esforço para manter este mínimo.

No exemplo das músicas, se eu baixasse alguma música sem arrumar artista, ano, cd, nome e número da faixa, não demoraria muito para voltar ao estágio de desordem. Mas a música é boa, e você só quer ouvir, para que guardar direitinho…

No entanto, algo é certo: a ordem é a melhor coisa que você pode ter para si. Uma mesa sempre limpa e desocupada para você pensar e repensar seus projetos, um par de sandálias perto da cama, um item aleatório que você consegue dizer onde está sem pensar duas vezes: por menos que você dê valor, será uma dor de cabeça a menos.

Não estou dizendo que você precisa ser metódico para deixar suas coisas em ordem. É questão de ceder um pequeno esforço a mais em cima de cada passo do seu dia: colocar as folhas da sua mesa num outro lugar antes de dormir, tirar do quarto uma roupa suja que encontrar, deixar coisas de uso mais constante sempre próximas uma da outra, etc.

Não é sempre que irá acontecer, mas há a possibilidade de tudo dar subitamente errado no seu dia. Você pode acordar atrasado num dia de prova, bater o dedinho na quina da mesa, pegar uma gripe do pessoal da rua, enfim, pode dar tudo errado. Saber onde estão as chaves de casa, onde você deixou seus remédios ou mesmo para quem ligar salva seu dia.

E você precisará ter ordem na situação. Ou você pode perder a cabeça, ou uma grande oportunidade, o que seria evitado com alguns poucos atos e minutos. Lembre sempre que a urgência deixa seu instinto de sobrevivência a milhão, e você pode acabar derrubando tudo como um animal enfurecido se a situação pedir.

O Ivan comentou há pouco que um dia pode ter horas o bastante para se fazer aquilo que gosta sem perder sono ou refeições para isso. E a chave disso é a ordem. É saber para onde direcionar seu foco e suas energias para uma atividade desejada. É ter a noção de timing para acabar as coisas bem antes do prazo, já pensando nas emergências. Porque tudo está em ordem, e assim precisa ficar.

Há muita coisa que puxa sua atenção. Mas você tem que ter controle do que está acontecendo, para em nome dele produzir, render, descansar e se divertir.

Parece incrível a quantidade de coisas que a pessoa X faz.

O X pode ser você.

Interesses

Postado em 7 de janeiro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – 1 Comentário

Grandes dilemas com os quais convivo envolvem jogos de interesse, principalmente em termos de carreira. Algo muito interessante aparece no meio do seu caminho, puxa sua atenção, e você começa a investir um pouco (do seu tempo, dinheiro ou ambos) nele.

Não posso mentir: existem muito mais coisas chamando nossa atenção do que nunca. Você pode até tirar os outdoors daqui de São Paulo, mas as propagandas estão ficando cada vez mais apelativas. Até aquelas do YouTube estão sabendo tirar cada vez mais sua atenção nos cinco segundos que eles normalmente tem. Celulares e smartphones estão cada vez mais cheios de acessórios e funcionalidades em formatos cada vez mais chamativos, para que você compre sempre mais e mais deles.

Atividades extracurriculares são outras das coisas mais cheias de apelos: seja uma olimpíada, um clube Glee da vida ou o que for, todo tempo livre presente na vida de um estudante ou de um adolescente (aqui, até 25 anos é tempo) será coberto por coisas de seu interesse. E esse interesse, se acabar coletivo, acabará por perpetuar pela própria força da atividade. E claro, toda atividade neste meio acaba levando você para frente, seja por facilitar uma application, seja por fazer você estudar, seja por descontrair e distrair.

Enfim, há muita coisa em nossa vida que nos puxará interesse, muita mesmo. No entanto, cada um desses interesses pede algum investimento (de tempo, dinheiro ou seja o que for), e nem sempre há moedas de troca suficientes para se cobrir todos eles. Se eles pedirem muito dinheiro, é muito fácil de ele acabar (principalmente para universitários). Se eles pedirem muito tempo, é muito fácil de você se acabar (seu corpo possui necessidades básicas a serem supridas, como boas horas de sono – e não se compensa tão facilmente uma noite mal dormida). Claro que existem exceções (você pode ser rico ou um super herói), mas não será possível abraçar todo esse “mundo” de interesses que nos rodeiam, ou não de forma proveitosa.

No entanto, se as atividades não forem destrutivas ou perigosas, muitos destes interesses oferecem um “test-drive”, um período e/ou uma versão mais simples/barata/fácil/grátis que consiga ser suficiente para você ver se são de fato interessantes. E durante o test-drive, você pode analisar custos, verificar parcerias, apertar botões, etc, e então tirar conclusões. Sempre aproveite o período de testes, pois talvez o interesse seja de fato algo a levar investimento, ou então esconda algo não muito legal de se levar.

Mesmo assim, haverá um determinado interesse que não terá test-drive, e que poderá ser um grande investimento de risco. Dentre eles, estão muitas das chamadas oportunidades, chances únicas de você obter um item ou fazer determinada atividade relevante (note) com os recursos que você tem, e para elas darei um foco maior.

Nem sempre será possível identificar uma oportunidade. No entanto, quando você puder observá-la, ela fará você pensar. Algumas serão de fácil (ou mesmo facílima, trivial) decisão, e você iniciará por seu caminho sem olhar para trás. Mas haverá outras, de real risco, que farão você pensar duas vezes. Seja um “dobro ou nada”, uma mudança abrupta de carreira, uma escolha de curso ou o que for, haverá algo a se escolher, mas haverá um risco ou rejeição a se aceitar.

Conforme se caminha na vida, o caminho das oportunidades diminui ou afunila bastante, e apenas você será responsável por decidir seguir ou não por elas. Não haverá quem diga se o caminho é certo ou errado: como eu tomo para mim, não há caminhos errados, há caminhos que não levam para um certo fim (todo caminho levará você para algum lugar, mas não necessariamente suprirá seus interesses).

É nesse “pensar duas vezes”, no entanto, que a mágica realmente acontece.

Acho difícil alguém nunca ter passado por um dilema. Como disse no início, estamos cada vez mais rodeados de interesses, mas nem sempre há moedas suficientes para investir. Mas nem sempre é possível fazer uma escolha plena, pois junto com as oportunidades, pode haver muita pressão externa. E, como o Ivan comentou, um caminho mais tortuoso não poderá levar mais culpados além de quem decidiu atravessá-lo. E como fazer essa decisão? Eu sinceramente não sei.

Mas sei que nem toda oportunidade é aproveitável de uma só forma. Também sei que nem toda oportunidade é um caminho sem volta, e que, se você acabar se ferindo (figurativamente, mas espero que não severamente) no caminho, o tempo é perfeito para cicatrizar tudo. O caminho alternativo deixado para trás ficará lá, e não poderá impedir você de aproveitar o melhor do caminho que você escolheu. E posso dar alguns conselhos, de quem já quebrou muito a cabeça com dilemas.

Não faça escolhas de cabeça cheia. Se estiver estressado, cansado, ocupado e/ou pressionado demais, por menos tempo que sobre para fazer uma decisão, tente meditar e respirar um pouco mais profundamente antes de escolher. É nesse momento que sua cabeça acaba te enganando com facilidade.

Não deixe pessoas tomarem decisões por você. O caminho é seu, e a culpa será sua.

E, após decidir, aproveite ao máximo mesmo. Não sei se fiz o melhor conjunto de escolhas até agora, mas sei que vivi o melhor de muitas delas, e aprendi sempre um pouco mais com cada caminho e oportunidade.

Não dá para viver e ficar se lamentando. Eu escolhi viver.

Olimpíadas para universitários

Postado em 5 de janeiro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – 13 Comentários

–(Há modificações)–

Vem sendo pedido por amigos e visitantes do site alguma coisa que também abordasse possíveis olimpíadas abertas a universitários. E eu sou um universitário, então deveria saber sobre elas. Então, resolvi fazer este post especial para vocês, queridos o/

Não vou mentir: são VÁRIAS as competições a se participar. Mas as ramificações são muitas, por muitas delas se especializarem em temas muito fechados. Logo, lembre-se sempre de buscar aquelas que forem de seu interesse. Não poderei satisfazer todos.

Abaixo uma lista (incompleta e gigante) de competições abertas para universitários de que me lembro, ou que consegui achar, ou de que pude participar.

 

— Aqui, as competições mais teóricas, mais ligadas às olimpíadas do Ensino Médio —

Na área de Matemática, temos:

» OBM Nível Universitário (OBMU), aberta para todos que cursam ainda a primeira graduação aqui no Brasil. Seu modelo é o mesmo da OBM para os demais níveis, mas tendo apenas 2 fases dissertativas, começando na 2ª fase dos demais níveis;

» Olimpíada Iberoamericana de Matemática Universitária (OIMU), aberta a todos os universitários que fizeram 1ª fase da OBMU do respectivo ano, independente do resultado;

» Internacional Mathematical Competition for University Students (IMC), aberta a todos os medalhistas da OBMU. O nível não difere tanto assim da OBMU;

» Competição Iberoamericana Interuniversitária de Matemática (CIIM), também aberta apenas para medalhistas da OBMU (não confundir com a OIMU).

Na área da Física, temos:

» Prêmio IFT-ICTP para Jovens Físicos (antigo Prêmio FIFT): um conjunto de seis provas com temas que varrem praticamente toda a Física universitária (Mecânica Clássica, Mecânica Quântica, Mecânica Estatística, Física Matemática, Eletromagnetismo e Relatividade Restrita), todas em 3 horas. Há prêmios para os 5 melhores colocados;

» University Physics Competition (sem abreviação oficial): competição online aberta a universitários. Times de até 3 integrantes e um professor podem participar. O objetivo é escolher um dentre dois problemas e criar uma resposta em formato de artigo científico para ela, no prazo de 48 horas contínuas a partir do lançamento das questões;

» Rudolf Ortvay Competition in Physics: esta é uma das competições mais difíceis que vi dentro da Física. Aberta para universitários e alunos de pós-graduação. Também online, porém individual. Dentre diversos problemas (houve 29 problemas no ano passado), você precisa escolher e resolver até 10 problemas em 10 dias contínuos de competição. Há grandes prêmios em dinheiro para os três primeiros colocados de cada categoria, além de menções honrosas e prêmios especiais para as melhores soluções;

» Online Physics Brawl: competição também online e com duas categorias, uma para Ensino Médio e outra aberta. A competição dura 3 horas, e o prêmio maior é fama.

» World Physics Olympiad (WoPhO): competição voltada ao Ensino Médio e a alunos do 1º ano da faculdade. O seu intuito é achar o melhor aluno do mundo em Física. Sua prova é tomada como mais difícil que a IPhO e a APhO. Alunos podem se inscrever na competição pagando sua entrada (Guest), resolvendo problemas enviados pela equipe da WoPhO (Problem Competition), sendo medalhista de Prata ou de Ouro na IPhO ou na APhO do respectivo ano, ou sendo convidado pelo Comitê Internacional.

» International Zhautykov Olympiad (IZhO): competição aberta a alunos do Ensino Médio e do 1º ano da faculdade. Ela é uma competição meio obscura para mim, mas é considerada internacional, e há uma sede no Peru para quem fizer a prova.

Na área da Informática, temos:

» OBI: no caso, aberta apenas para quem estiver cursando o 1º semestre da faculdade no momento da competição. A competição segue da mesma maneira que para os participantes do Nível 2 de Programação, podendo concorrer à IOI do mesmo ano;

» Maratona de Programação: abertas para todos os estudantes de graduação, comumente feita em equipes. Na etapa nacional, universidades mandam suas equipes para competirem na resolução contínua de problemas envolvendo matemática, lógica e programação, e as melhores equipes são chamadas para maratonas internacionais;

» Hackaton: são 48 horas seguidas de programação envolvendo desde a criação de jogos e aplicativos até a construção de negócios online. A participação é feita por times de até 3 pessoas, com prêmios diversos (dinheiro, smartphones, videogames, etc).

Na área da Robótica (todas envolvendo a participação de equipes, com atividades desde simulações até a construção de robôs autônomos), temos:

» Winter/Summer Challenge: há diversas categorias (sumô, guerra, Soccer 2D, resgate, etc) a se participar, e são oferecidos prêmios em dinheiro para os três melhores colocados. Apesar do nome, a competição é nacional, e promovida pela Robocore;

» Latin American Robotics Competition (LARC): a maior competição da América Latina, motivando o desenvolvimento de tecnologias e códigos avançados para robôs autônomos;

» Robocup: aberta aos melhores times da LARC, a maior competição de robótica do mundo para robôs simulados.

— Aquelas mencionadas a seguir são mais voltadas à Engenharia, na minha caminhada —

Na área de Aeronáutica, a mais conhecida é o AeroDesign, em âmbitos nacional e internacional (a primeira selecionando para a segunda). Há diversas categorias envolvidas, mas o intuito principal é construir aviões e planadores de pequeno porte que possam voar com o uso de controle remoto. A participação é por equipes.

Na área de Automobilismo, conheço a Formula e o Baja, competições para construção de carros (organizadas pela SAE). A primeira considera carros construídos para corrida (como na Fórmula 1), e a segunda considera carros off-road (como na Fórmula Indy). Os carros passam por uma série de testes além de serem testados em pistas de corrida. Também para equipes.

Na área Aeroespacial, existe a Intercollegiate Rocket Engineering Competition (IREC), aberta a todas as universidades do mundo, para a construção de foguetes que possam voar mais alto com seus propelentes e serem recuperados após o voo.

— Estas são para competições de negócios em geral, podendo haver restrições de cursos (também, apenas que vivenciei) —

Na área dos negócios, as competições mais comuns são as Resoluções de Cases, orientadas por grandes grupos e empresas. Os modelos podem diferir, mas, tradicionalmente, equipes de várias universidades resolvem casos de negócio dos mais diversos, e prêmios (comumente em dinheiro) são dados às equipes com a melhor estratégia de solução. Uma das competições mais conhecidas do gênero é a Battle of Concepts.

Na área de empreendedorismo, há também competições envolvendo a criação e apresentação de startups. Há várias delas, VÁRIAS mesmo, bastando uma rápida busca do termo “startup” para encontrá-las. Uma das mais conhecidas é o Prêmio Startup Universitária, voltada para startups já no mercado.

 

A lista é incompleta, e quem conhecer mais algumas pode mandar sugestões. Conforme se entra cada vez mais nas competições universitárias, o limiar entre a disseminação do conhecimento e a utilização deles para negócios cada vez mais específicos é cada vez menor, conforme as competições e os interesses vão também se especificando.

Para limitar a lista, evitei competições esportivas (inacreditavelmente mais comuns e frequentadas por universitários do que estas aqui em cima) e coisas envolvendo apenas iniciação científica (simpósios, seminários, conferências e workshops também valem). Não posso motivar todos os cursos do mundo, então se procura alguma competição mais específica para o seu curso de interesse, talvez precisará procurar um pouco mais. Os murais da sua faculdade serão ótimos pontos de partida, não se engane.

 

Se tiver mais alguma boa competição para me mostrar (e que posso ficar muito feliz em participar), mande uma sugestão nos comentários. O mundo de competições universitárias cresce muito, e dele não posso dar conta sozinho.

Enquete aos meus leitores: o que vocês acham de um site semelhante ao OC, mas voltado às competições acadêmicas universitárias?

[Atualização de 26 de abril de 2014]

O site foi criado (o/). Não é intuito dele ser um blog, mas tem gente demais querendo saber mais sobre eles. Ele está aí:

olimpiadascientificas.com/universitarias

Há mais competições neste site do que neste post (descobri algumas no caminho), e o texto presente nelas está bem mais dedicado. Divirtam-se!