Quantas pessoas ganham com um prêmio Nobel?

Postado em 6 de outubro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Medalha do Prêmio Nobel

Nos dias seguintes, serão entregues, nesta ordem, o Prêmio Nobel da Física, da Química, da Paz, da Economia e da Literatura. Não entro no mérito de julgar o nível da pesquisa, do trabalho ou do ativismo social das pessoas nominadas ou laureadas, pois só você já ser cogitado a ganhar um destes prêmios já faz do trabalho de sua vida algo muito mais relevante.

No entanto, comecei a pensar o que aconteceria se um brasileiro ganhasse um Prêmio Nobel. Mais ainda, comecei a pensar em quantas pessoas, diretamente ou não, são afetadas por um prêmio destes, isto é, quantas pessoas (contando com o laureado) “ganham” com um prêmio Nobel vindo para o Brasil?

Pense, por exemplo, no brasileiro mais aclamado para um Prêmio Nobel hoje, Miguel Nicolelis. Se ele ganhasse um Prêmio Nobel amanhã, quantas pessoas se beneficiariam dele?

Pensemos, inicialmente, na trajetória dele. Ele estudou num colégio particular, foi para a USP fazer Medicina, e lá fez sua graduação, mestrado e doutorado. De lá, ele acabou indo pesquisar fora do país, e hoje lidera o time de pesquisa de Neurociência na Universidade Duke. No entanto, ele já fundou um Instituto de Neurociência em Natal-RN, e tem toda uma história sobre a Copa do Mundo de 2014.

Se ele ganhar, o país ganha, e pode “se gabar” com os demais a respeito disso. O governo ganha moral com a pesquisa dele? Bem pouco, pois o que ele produz já não está no Brasil há algum tempo. No entanto, isso trará uma pressão muito sobre o governo para investir nas carreiras científicas, pois o único pesquisador brasileiro com um Nobel não pesquisa aqui. Duke, no entanto, ganhará muito mais respeito com um pesquisador laureado liderando as pesquisas da área.

Todos os lugares onde ele estudou ganham, e também podem “se gabar” bastante com isso, pois será uma competição sem adversários. O colégio, sendo particular, explodirá de pessoas se inscrevendo para estudar lá, desde o maternal até o cursinho pré-vestibular. A USP, considerada a maior universidade do país por vários rankings, certamente se aproveitará bastante disso no próximo vestibular, e muito provavelmente terá insumos para investir na área de pesquisa do Nicolelis, também, se já não está fazendo.

Tabloides e revistas científicas (ou nem tanto) investirão pesado em notícias sobre ele. Farão matérias de revista inteira, falarão sobre o futuro da Neurociência no país, falarão sobre a Copa do Mundo, falarão de tudo que ele já falou e caçarão tudo que puderem sobre a vida dele. Por pelo menos uns dois meses, você verá Jornal Nacional, Fantástico, Globo Repórter, G1, Terra e todo tipo de divulgação fazendo (ou copiando) uma matéria sobre ele. Ele será levado ao status de celebridade da noite para o dia, mas isso não é necessariamente vantajoso. Comecei a ver no Marcos Pontes (iteano, por sinal), por exemplo, que ter sido Astronauta foi uma barra muito alta que ele ultrapassou, e tudo que ele fez a partir do seu retorno foi menos, talvez até ignorado pelo resto do Brasil e do mundo.

O resto da sociedade científica brasileira só ganhará se este Nobel fizer a pressão positiva na Ciência, desmotivada há anos. Um pesquisador na Medicina ganhará muita moral, mas e as outras áreas de pesquisa? É bem possível que haja um boom de inscritos em áreas Biológicas, mas e Física e Química, que nunca tiveram um Nobel, receberão mais inscritos? Quando prestei vestibular para Física na FUVEST, a nota de corte do curso estava entre as mais baixas.

Penso também na Olimpíada de Neurociências, a Brain Bee (já tenho dados e alguns insumos para escrever sobre ela, mas falta ainda um pouco de tempo). Se ela se aproveitar da situação junto aos tabloides, ela irá ganhar um número recorde de inscritos (duvido que ela ganhe da OBMEP e seus mais de 20 milhões de inscritos todo ano, mas pode se aproveitar dos olímpicos da OBB e da OBQ), podendo até ter a presença da Presidente em sua abertura/premiação, assim como acontece com a Olimpíada do Conhecimento/OBMEP. Mas será que ela terá mais moral (não mais inscritos, mais moral) que as olimpíadas tradicionais? A área certamente terá um boom de pesquisadores em feiras de Ciências como a FEBRACE, mas será que ela leva os olímpicos para ela também? Será que um olímpico de uma área próxima irá mesmo ganhar indo para a Brain Bee?

Enfim, estes são os questionamentos que, em algum momento, aparecerão pouco tempo depois do anúncio do prêmio. Muitos desafios serão levados ao governo (se o laureado não pesquisa aqui, a pesquisa aqui não anda tão bem. Será que agora é hora de investir na Ciência, e trazer outro Nobel – e sua pesquisa – para cá?), muitos pesquisadores verão uma nova barra surgindo (tudo bem se sua pesquisa ganhar um prêmio Nobel, mas será que você consegue superar o primeiro deles?), muitas universidades verão uma barra semelhante surgindo para elas (será que a pesquisa daqui tem moral para trazer um prêmio Nobel? Será que o maior número de inscritos no meu vestibular, que agora buscam ser cientistas, será bem recebido e terá suas necessidades supridas?), e muita coisa nova – boa ou ruim – acontecerá.

Se não for neste ano, ainda aposto num futuro não muito distante no qual um brasileiro ganhará um Nobel. Muita gente poderá ver vantajem nisso, mas este prêmio trará muita pressão. Será na forma como esta pressão for guiada em termos de desenvolvimento que você de fato verá que o país todo ganhou com isso ou não. A carreira de cientista está bem defasada no país, e as fugas de cérebros para universidades em países que consigam apostar mais alto já não é mais alerta, é sintoma.

Um pouco do passado: IYPT

Postado em 24 de setembro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Foto da final do IYPT 2010

Uma olimpíada que certamente marca a vida de uma pessoa é certamente o IYPT. Ela não é a minha olimpíada favorita (se tivesse de escolher uma, provavelmente morreria sem escolher, pois não gostaria de ver nenhuma olimpíada de lado), mas está no Top 10 fácil, relaxem.

Falarei aqui somente do IYPT 2010, pois foi um passado que eu vivi. Se quiser saber mais sobre os IYPT’s seguintes (e muito possivelmente também os anteriores), vejam o blog da Bárbara.

Por que este post? Principalmente porque a Bárbara fez pouca coisa sobre aquele ano (o IYPTBR só veio depois, e ela só se animou com o IYPT em 2011), e porque é necessário um registro daquele ano que seja digno do retorno da competição. Enfim, ele será enviesado para meu time, inevitavelmente, mas falarei um pouco do resto todo para vocês, prometo. Então vamos lá!

Primeiro, até pouco mais de duas semanas antes da Fase Nacional do IYPT Brasil 2010 (que, a partir de agora, chamarei apenas de IYPT), não sabia que iria participar de coisa alguma, e estava muito bem com isso.

Os times classificados do Objetivo se prepararam durante as férias e até mesmo um pouco antes (foi nas férias de 2010 que conheci o Francesco), e este período era justamente aquele no qual estava treinando para minha IPhO. Fiquei super feliz com o convite do time do Victor Rosa (e da Luciana Marques, da Mariko Hanashiro, do Gustavo Iha e da Carla Bove – “Os Bósons de Gauge”, ou só Bósons) logo que começaram as inscrições, mas minha cabeça estava 100% na IPhO, então prontamente disse não, e eles entenderam (e agradeço muito por isso).

Mas o IYPT seria depois da IPhO, então ainda haveria ainda um tempo no qual eu poderia fazer experimentos e participar da competição bem mais tranquilo no pós-IPhO. Ainda sim, disse não, pois não tinha começado meu estudo para os vestibulares ainda (a não ser por simulados do ITA, estava bem atrás do pessoal da minha sala). Já sabia que não iria applicar, então este era o foco naquele semestre.

No entanto, cerca de duas semanas antes da Fase Nacional, com os times já decididos e afins, algumas coisas começaram a dar errado com o time do Francesco.

O Francesco Perrotti tinha se unido a dois amigos nas férias e formou um time, do qual era capitão (o nome era “Quarta Dimensione Viator”, uma brisa de um integrante do time na hora da inscrição, segundo o Francesco). Tudo ia bem, e as apresentações estavam sendo escritas tranquilamente, quando um dos integrantes brigou com o Francesco, e saiu da equipe.

O mínimo para participar do IYPT é ter um time com líder (professor/monitor) e três integrantes, e o time do Francesco estava com dois. Para ajudar, o membro que sobrou (não lembro o nome deles) não queria participar, pois estava como “laranja”, apenas para suprir a necessidade de membros (algo muito comum quando apenas alguns membros de um time estão de fato participando do IYPT, o que é muito fácil de perceber até na Final). Agora, o time do Francesco tinha apenas um membro.

Ele entrou em um leve desespero, e logo chegou ao pessoal da OBF lá do Objetivo perguntado se alguém poderia ajudar a completar o time dele, ou então ele seria desclassificado. Nisso, ele chegou ao Matheus Tulio, ao Gabriel Lisboa e a mim.

Eu ainda não sabia dizer se conseguiria participar, mas o Gabriel e o Tulio facilmente toparam, e foram tentar me convencer a ir para o time do Francesco também. O Tulio insistia para que eu participasse porque o Francesco era um experimental muito bom, e que, se não fosse para participar em nome do IYPT ou de alguma medalha, que fosse em nome do Francesco e de todo trabalho que ele teve até aquele momento.

A coisa agora estava bem mais moral do que qualquer outra coisa, então decidi participar do time dele. E então faltavam 10 dias para o IYPT. E muitos problemas ainda estavam sem apresentação.

Fiquei encarregado de dois problemas, os quais eu poderia abordar da forma que eu bem entendesse: um era o 2, “Padrão Brilhante”, de Ótica, e o outro era o 12, “Toalha Molhada”, envolvendo ondas de choque (e toalhas, claro – acabei levando uma para o IYPT).

Tive um feriado muito desejável no 7 de setembro para começar os problemas, mas daí sobrou uma semana para a competição. Nisso eu tinha de estudar para as provas da semana, tinha de faltar aulas para fazer os experimentos, e todas as outras coisas que já deveriam ter sido treinadas até aquele ponto.

Lembro até que, na sexta-feira da apresentação oficial dos times, eu só voltei para casa quando a parte mais chata do problema do Padrão Brilhante fazia sentido. Nisso, eram quase 17h, então peguei um trânsito infernal e ainda tinha de me arrumar para a Abertura (fiz isso em tempo recorde). Ainda bem que meus pais me levaram para a Poli. Aquela semana foi um terrorismo.

-(A partir deste ponto, se ainda não souber a mecânica do IYPT, vá ao blog da Bárbara)-

Deu para sentir uma pressão bem menor lá na Poli, após ver alguns jurados, o pessoal da b8 (de volta) e alguns rostos conhecidos dos times convocados (como o do pessoal do Objetivo Aquarius). No entanto, as apresentações não estavam prontas até aquela hora. Nisso, tive de dormir umas 2~3 horas antes de ir para a UNIP no primeiro Fight, discutindo os detalhes com o Francesco via Skype (a ligação foi horrível, mas deu para deixar alguma coisa pronta, eu acho).

Ah, e apesar de termos entrado no time do Francesco, não estávamos no Booklet. Just saying.

Nisso, começava o primeiro dia de competição. Como o Objetivo tinha mais times (Santos, Aquarius e São Paulo), fomos escolhidos como cabeças-de-chave (agora a escolha se dá por ordem de pontuação nos relatórios). O nosso maior medo era que, até o primeiro Fight, ninguém nunca tinha participado de um PF na vida. A gente ficou com mais medo de estar fazendo a coisa errada do que de apresentar/opor/avaliar.

No entanto, depois do primeiro problema daquela sala (“Bolas de Aço”, com o Francesco de relator), tudo ficou mais tranquilo. Já conseguíamos ter alguma ideia dos outros times e sabíamos, enfim, como funcionava um Fight. O resto foi mais razoável de encarar, sem dúvida.

Não vou me lembrar mais dos problemas daquela sala (borrão total), mas lembro que fizemos uma oponência bem meia boca. O fim do 1º PF tinha eu como avaliador (what?). Descobri que era bem tranquilo avaliar (para mim), mas você precisava fazer as perguntas certas para derrubar os outros times e mostrar que dominava bem o problema. Eu lembro que tinha tirado dois 10 como avaliador, e juro que foi a coisa mais legal EVER.

Na UNIP, de manhã, estava havendo alguma reunião dos professores para divulgação do sistema Objetivo, e alguns dos meus professores estavam lá de manhã. Lembro que o Polako e o Abreu tinham ido ver os PFs bem na minha avaliação, e depois fui procurar eles para dizer como tinha ido. Lembro de ter abraçado o Polako muito forte, de tão feliz que eu tava.

Após o almoço, ajeitamos mais algumas coisas e fomos para o segundo PF. Enfrentaríamos novamente um time do Mater Amabilis (acho que era o pessoal do “Buraco Negro”), que achávamos que iria nos dar muita dor de cabeça (alguém tinha feito um background check, e o capitão deles tinha sido o 1º treineiro de Bio em 2010). Acabaram sendo um time bem fraco que afundaria neste PF.

Novamente, borrões para dois dos três PFs. Só lembro que tinha sido opositor do Buraco Negro e tinha ido muito mal, pois não consegui ser mau na hora. Só lembro que o que salvou a gente (e disparou nossa pontuação) foi a apresentação do Tulio do “Gerador de Kelvin”, no qual ele apresentava um vídeo em câmera lenta como “superacelerado”, mas que acabou mostrando uma teoria tão bonita para os jurados que saímos de lá com alguns 10 tranquilamente (lembro que ele tinha mostrado uma força coulombiana lá, e estava até daora, mas não estava dimensionalmente correta, e eu falei “O expoente é 3/2”, daí ficou certinha).

O Buraco Negro daria bem menos dor de cabeça que o outro time do Mater Amabilis (o “Inverted Arrow of Time”, ou também o maldito IAT…), que nos enfrentaria no dia seguinte.

Detalhe: era o único aluno naquele dia que não estava usando um terno (estava com um agasalho azul e uma calça como se fosse um dia comum). Eu me senti muito errado, mas não havia código de vestimenta, então tudo bem.

Foto contra o código de vestimenta

No 3º PF, fui oponente da “Avatar”, a única equipe de escola pública, no problema da Toalha. Minha nota foi muito aquém do esperado, pois tinha sido muito mau com a relatora (estava fazendo várias perguntas tentando tirar alguma teoria dos poucos slides que ela mostrou, mas ela não sabia dizer nada, e no que eu insistia em explicar mais a pergunta, eu estava agindo como um ser muito arrogante pros jurados).

Depois, fui relator do Padrão Brilhante, com o IAT de opositor. O Lucas, o único membro de um time de cinco, era um cara muito bom de dialética e convencimento, e era um ser muito chato em coisas altamente pouco relevantes para o problema (apareciam perguntas como “Por que você não usou luz colorida?” quando o problema pedia luz monocromática). Acabei sendo levado pelo papinho chato dele, e os jurados também (as perguntas dos jurados eram iguais às dele, e a maioria era para mim, pois ele tinha mudado tanto as perguntas que era óbvio que não dava para responder – ele fazia uma pergunta sem você ter respondido a anterior, e se você não respondesse, ele insistia na pergunta, para deixar claro que você não sabia respondê-la), e minha nota foi baixa, enquanto a deles disparou.

O terceiro problema daquela sala foi o “Anemômetro de Papel”, apresentado pelo Lucas. O Tulio foi avaliador deles, mas acabou tirando uma nota meio baixa. Como eles foram oponentes da Avatar, e eles não se opuseram a nada do que o Lucas falou, ele saiu com uma nota gigante de relator, que disparou o time deles para a primeira posição, e iriam apresentar o “Canhão Eletromagnético”.

Dado que os Bósons não tinham passado por equipes muito fortes, eles ficaram com a segunda posição, e iriam apresentar o problema do “Gelo”. Surpreendentemente, nós ficamos em terceiro lugar! Estávamos ultra felizes em saber que iríamos para a Final (só um pouco tristes em saber que enfrentaríamos o Lucas), e tínhamos de nos preparar para os problemas que viriam a seguir. Iríamos apresentar o problema do “Gerador de Kelvin”.

No domingo, lembro que foi um momento no qual eu acabei vendo a irmã do Francesco, a Giulianna Perrotti, por mais tempo naquele IYPT, sendo “espiã” dos outros times, trazendo mensagens de encorajamento e comemorando muito junto com a gente. Ainda mantenho contato tanto com o Cesco quanto com a Giuli.

Enfim, a Final. Após os vários períodos prévios de preparação entre os times finalistas e a Final (juntamente com o “karatê”, criado pelo Victor Rosa), ela chegou. Para o nosso time, decidimos que haveria um membro por problema na Final (eu seria avaliador do Canhão, o Cesco seria oponente do Gelo, e o Tulio apresentaria o Gerador de Kelvin novamente). Seriam dois times do Objetivo contra um do Mater Amabilis.

Cada problema tem seus detalhes, então se preparem.

Primeiro, o Canhão.  Nenhum dos times do Objetivo tinha visto aquele problema, então corremos atrás de toda teoria que pudesse ajudar ambos os times. Como eu seria avaliador, eu não precisaria demonstrar muito conhecimento, mas até mesmo os Bósons sabiam que eu seria muito melhor como oponente do Lucas (mesmo eu sendo ainda um ser ultra tímido, eu ainda faria perguntas mais decisivas naquele momento, pois eu sabia que o Lucas manjava pouco de Física). Até tentamos trocar os times junto ao Márcio, mas estaríamos infringindo as regras, então ficou por isso mesmo.

A apresentação do Lucas foi até que boa, mas a teoria foi muito genérica, e eles tinham explorado muito pouco do Magnetismo. Anotei muitos pontos falhos na apresentação dele, e até tentaria passá-los para o Victor (o opositor do Lucas), mas, novamente, contra as regras. Basicamente, mesmo após ter mostrado alguns tópicos teóricos ao Victor antes da Final, eu sabia que ele ficaria sem ação.

Ele sabia muito pouco de Magnetismo para brigar de frente com ele. Ele não derrubou os argumentos do Lucas em momento algum, e acabou se ferrando muito com os jurados, pois acabou dando brecha para muita pergunta que ele fez ao Lucas e não sabia responder o porquê (coisas até meio básicas do Magnetismo). Eles se ferraram muito com isso.

Minha avaliação foi muito daora. Fiz perguntas que tentaram deixar o lado do Victor mais ameno, mas que eu ainda precisava fazer, e fiz uma pergunta de Magnetismo que eu sabia que o Lucas iria responder errado. A minha avaliação mostrou os pontos falhos dos dois (slides de tamanhos comparáveis para oponente e relator) e mostrou que o Lucas falou besteira na pergunta. Não tinha ainda o truque do “a apresentação foi inconclusiva” ou algo do gênero naquele IYPT, então tinha acabado por aí. E tinha acabado com dois segundos restantes. O público ainda não aplaudia na Final, mas o professor da Bárbara foi o único que vi aplaudindo após minha apresentação (ainda considero ele pra caramba por isso).

Tínhamos comemorado muito depois, não só porque a avaliação foi a melhor daquele IYPT, mas também porque os jurados não arriscaram fazer perguntas para mim.

Pouco tempo depois, o problema do Gelo. Sabíamos quem iria apresentar (o Gustavo – Iha – dos Bósons), e sabíamos também que ele apresentaria uma teoria completamente bizarra pro problema (a famosa “superfície quase líquida”). O Francesco foi o oponente dele. Sabíamos que os atritos da discussão seriam muito maiores, pois já sabíamos da apresentação dele (e do artigo no qual ele acabou baseando a apresentação dele – que não mostrava nada dessa “superfície”).

Ele fez a apresentação dele, que estava bem feita no Powerpoint, mas muito cheia de problemas no resto. O Francesco foi guiando as perguntas dele de acordo com o que íamos escrevendo. Tínhamos aprendido, após o Lucas e o 3º PF, que podíamos nos comunicar por papeizinhos, e fizemos isso de forma genial com o Francesco, pois as perguntas deixavam o Iha muito nervoso.

O mais engraçado da discussão dos dois foi quando o Gabriel tinha jogado um “Então você acredita em tudo que você leu (no artigo)?”, pois o Iha estava se defendendo muito com o artigo, e então o Francesco fala “Então você acredita em tudo que você LÊ?”. A gente desmoralizou o Iha na hora, mas passamos uma impressão meio errada também.

O problema é que acabou vindo muito jurado perguntar coisas teóricas para o Francesco, algumas que ninguém sabia como responder (coisas como “substância amorfa”, tópico que só aquele jurado sabia), mas ainda acabamos por responder muito bem algumas outras. Tínhamos saído bem daquele fight, mas o Lucas ainda tinha saído ileso da discussão estranha (mesmo tendo queimado o tempo de apresentação como avaliador). Já sabíamos que os Bósons dificilmente iriam ganhar de nós, mas ainda faltava sermos relatores (papel com maior peso), e o Lucas seria nosso oponente.

O Matheus fez, de modo geral, uma apresentação bem parecida com a que tinha feito no 2º PF, mas agora tínhamos pouco espaço para erros (nunca mandei tanto papelzinho para ele, muitos deles escritos “Fica calmo!”). Desta vez, os jurados tinham percebido que o vídeo estava em câmera lenta. O Lucas deu pouco espaço para discussão de teoria, como sempre, e fez pergunta sobre pergunta para deixar o Tulio nervoso, como fez comigo.

A discussão entre o Tulio e o Lucas, por menos que ela tenha acrescentado, foi a mais acirrada de todo o IYPT. Diferente de mim, o Tulio ficava puto bem mais rápido, e ele perdia o controle de uma forma que até mesmo retomava o controle do Fight (que se perdia muito fácil com as perguntas sem sentido do Lucas). Por mais que eu entregasse papeizinhos, o Tulio lia só alguns (o chão ao redor dele estava branco de papéis na discussão com o Lucas).

Sem dúvida, o ápice da discussão foi quando, após o Tulio ter perdido o controle, ele aumentou o tom de voz (o Lucas acabou deixando, pois sabia que o Tulio estava se queimando com isso) e questionou “Você está me fazendo esta pergunta do secador toda hora. Então me responde: qual a importância do secador? Vai, me fala!” (Ah, as perguntas envolvendo secador eram “você usou um secador para diminuir a umidade do ar?” e “qual a importância do secador no experimento?”). Nisso, o Lucas acaba cedendo e responde “Ah, não sei!”. Todos racharam muito de rir naquela hora!

Por mais que tivéssemos mostrado que ele não sabia do que estava falando, deixamos as perguntas relevantes passarem sem resposta ou com resposta incompleta/errada. Perdemos muitos pontos com isso, mas o Lucas ainda tinha saído de lá com muitos pontos. A Luciana tinha avaliado, mas acabou citando muito sobre a discussão e não tanto sobre a teoria, então acabou perdendo muitos pontos.

O legal deste fight (lembrado muito bem pela querida Carla Bove) foi a jurada que perguntou sobre a sílica gel, uma das perguntas mais repetidas pelo Lucas ao Tulio (deixada sem resposta por não parecer obviamente relevante). A jurada perguntou “Quanto de silica gel seria necessário para secar uma sala”, e o Lucas responde “Ah, não sei, mas deve ser um monte.” Todos racharam muito de rir!

Resultados intermediários de equipes das quais me lembram: como deixamos razoavelmente claro que o Buraco Negro não tinha feito boas abordagens dos problemas que eles tinham abordado em ambos os fights, não ganharam nada. O time da Bárbara Cruvinel (que postou lindamente este link no IYPT BR) ganhou um bronze com uma pequena diferença de pontos em relação a nós (esperávamos, após as notas baixas do 3º fight, que o time dela fosse passar).

O time da Avatar ficou entre os últimos colocados, mas foi chamado para receber um prêmio especial como única escola pública da competição. Tanto em 2010 como em 2011 (participando novamente e ganhando novamente este prêmio), todo o pessoal do Objetivo aplaudiu o time deles de pé, acompanhados depois por toda a plateia.

Resultados finais: os Bósons ficaram em terceiro lugar, e nós ficamos em segundo lugar. O que nos deixou mais putos foi que o Lucas acabou sendo a maior nota em todos os problemas (tinha jurado muito baba ovo pra ele).

Ainda sim, segundo lugar, e uma medalha de Prata que jamais imaginávamos ganhar, dado que nossas apresentações foram iniciadas uma semana antes. E ainda saímos como campeões morais (como o Felipe Vignon, ex-participante da internacional, nos disse, se fosse na internacional, teríamos ganhado).

Após isso, todos do Objetivo se juntaram, e fomos tomar sorvete e comemorar os resultados (dois times da Salinha com Prata e indo para a Final logo no retorno do IYPT). Descobri também que o Vignon (um dos 10 como avaliador no primeiro PF) também tinha me dado 10 na Final (foi daora, também).

Acabamos nos divertindo muito, saímos de lá com uma medalha de Prata (2º lugar, de fato) muito foda, uma experiência sem igual, e uma paixão estranha por esta coisa chamada IYPT, algo que nem imaginaria ter 10 dias antes da Fase Nacional.

(Post com mais de 3000 palavras, BTW. No entanto, que ele sirva como relato oficial do IYPT 2010)

Semaninha o/

Postado em 23 de setembro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Períodos de descanso têm de ser aproveitados. Mesmo que seja um minuto, uma hora, um dia, uma semana, um mês ou o tempo que for, aproveite todos. Sugação por sugação é o que acaba com a criatividade.

Enfim, chegou a semaninha o/

Diferente da maioria dos meus colegas, estou adiantando projetos, lendo livros novos que comprei ao longo do semestre (indico muito o “Create by Design”) e adiantando problemas (devolvi meu artigo da Iniciação corrigido em tempo recorde). Este último bimestre teve muitos probleminhas e sugações (a maioria por parte do ITA), e este próximo bimestre não pode ter surpresas (coisas boas demais estão para acontecer).

Enfim, aproveitei o fim de semana (com meus avós em casa) para atualizar um projeto que decidi começar neste semestre: a árvore genealógica da minha família. É o tipo de projeto que ninguém se importa de ver você fazer, mas fica tão bonito no final, que você até ignora os haters. Será um documento que levarei comigo para a vida, e será um registro de todos da minha família, mesmo aqueles que já foram e conheceram muito pouco deste mundo (postarei aqui quando estiver pronto).

Muita coisa acabou ficando para a semaninha, como o fim da minha inscrição para o Ciência sem Fronteiras e o término da parte mais chata do meu artigo, que são as simulações, além de algumas coisas da ITA Júnior e uma tarefa muito infortuna (do ITA) para esta quarta-feira (dear Lord…), mas também ficaram dois posts especiais para esta semaninha, e não me esqueci deles (ainda), fiquem tranquilos.

Os números do OC caíram um pouco depois de um bug que acabei criando ao atualizar os plugins de forma errada, mas o mais incrível é que o Analytics não caiu tanto, o que é um bom aviso de que quem já acessava o OC continua acessando ele normalmente. Logo teremos 4000 likes no Facebook e algumas surpresas para comemorar.

Terei agora uma conversa com a minha coach, e depois começarei as simulações de fato. Até mais!

Damn spiderwebs…

Postado em 10 de setembro de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – 1 Comentário

Apesar de fazer um tempo razoável entre este post e o anterior, saibam que já ameacei escrever um post umas três ou quatro vezes. No fim do ano, farei um compilado dos posts que já ameacei postar. Poucos são comprometedores demais – alguns apenas perdiam o foco, o momento, ou a completude, só isso -, então será legal fazer esse tipo de retrospectiva.

Uma pausa (raríssima) aqui no ITA, e cá estou eu postando coisas novamente. Vamos lá.

Primeiro, tenho de falar que esta é a primeira vez em anos que eu conheço boa parte do time brasileiro da IJSO, ao menos de olhar (o Camacho, o Leo, a Marina e a Letícia). Fiquei animado ao ver a lista sendo solta no Facebook, e estava torcendo para ver nomes conhecidos sim. Parabéns a todos que irão para Pune e a todos que irão à Argentina na OACJ.

Isso serve a qualquer um dos integrantes: contem com ex-participantes da IJSO para todo tipo de coisa. A prova é um tantinho mais desafiadora que a fase nacional, e é a primeira vez de várias pessoas numa olimpíada internacional, então a responsabilidade é grande. Fiquei super feliz com o resultado do ano passado, e tenho certeza que o time deste ano será melhor. Estudem agora com muito mais vigor, e humilhem muito!

Estou devendo o overview das questões do IYPT. Não me esqueci dele. Apenas estou vendo se dá para fazer um conjunto melhor de insights (e claro, um texto mais bem redigido, sugestões de outras pessoas, enfim), pois quando ele sair (e ele vai sair, e farei de tudo para que seja antes do fim deste ano), ele será o ponto de partida (não o de chegada – farei de tudo para que isto aconteça) para os vários times inscritos no IYPT Brasil 2014 (quem sabe a tradução também não traz moral ao IYPT 2014, também).

Muitas (e diversas) boas ideias apareceram (ou voltaram) para turbinar o OC, e estou planejando mudanças inesquecíveis para ele. Os números (likes no Facebook, acessos diários, etc) parecem aumentar, e isso é muito bom, mas alguma coisa parece ter ficado estagnada. Estas mudanças demandarão um tempo pequeno, porém valioso, de um time que eu mesmo pretendo chamar, apenas para ver estas tarefas (e muitas outras que surgirão) serem cumpridas. Esperem só mais um pouco.

Uma das coisas que propus para meu fim de 2013: farei questão de estar (novamente… contarei um pouco mais no futuro) numa competição universitária de Física (dica: o nome é este mesmo). O desafio para conseguir conciliá-la com o ITA e o resto das tarefas é gigantesco, e é necessário levar um time, e ele precisa ser o melhor já visto. O desafio só aumenta quando você entra na faculdade, e isso serve para virtualmente tudo. Saibam que isso faz toda a diferença.

Tem tanta coisa para acontecer até o fim deste ano, e isso porque já é setembro. E o pior é que, quando eu paro para pensar no sem-número de coisas que quero fazer, apenas aparecem mais coisas incríveis a serem feitas. Talvez porque elas estão lá, prontinhas para serem feitas, serem capa de revista (mesmo que seja só o BICO). Você só precisa ir lá e dar o melhor de si para realizá-las todas.

Tentarei não deixar para postar apenas na minha semaninha (daqui a uns 10 dias). Se ficar para lá, já estão a caminho dois posts incríveis. Um deles será “Um pouco do passado” que, sinto eu, registrará uma das competições mais incríveis das quais eu participei. O outro…

Lembranças… e IYPT 2014

Postado em 10 de agosto de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Minhas páginas sobre o passado me trazem de volta lembranças incríveis das competições que construíram muito do meu caráter e me trouxeram amigos que levarei para a vida inteira. Tratá-las como “passado” dá a impressão de que estas competições ocorreram há muito tempo. No entanto, como muitos olímpicos começam a participar desde jovens, o laço que se constrói com elas é muito, muito forte, e você dificilmente o quebra completamente quando entra na faculdade, ou mesmo depois desse período. Arrisco dizer que, quando a paixão por elas é muito forte, elas passam a fazer parte do seu DNA.

Quando comecei este blog (em 31 de dezembro de 2012 – sim, podem ir lá ver o primeiro post), estava ligado às olimpíadas do EM apenas pelo site. Como muitas delas acabam “morrendo” quando você entra na faculdade, você fica cada vez menos conectado a este mundo, e ficaria difícil escrever um “Vida de Olímpico” quando você não é mais tão olímpico. No entanto, só de jogar a sugestão para a equipe, a aprovação foi completa, e a explicação principal para isso foi que, de tanto eu participar de olimpíadas, eu ainda seria capaz de inspirar com cada conquista que tive, e eu não estaria tão distante assim das olimpíadas. Uso muito disso para escrever cada post do meu passado, e uso esta mesma força para escrever meu futuro.

Voltando aos dias atuais, comentarei sobre o IYPT.

Primeiro, o Brasil pegou a Prata tão sonhada este ano, YAY! Mereceram mesmo, parabéns!

Segundo, logo que os problemas de 2014 foram divulgados no Twitter do IYPT (na madrugada de 1º de agosto, eu acho), mandei os problemas para a Bárbara no mesmo instante e começamos a traduzir todos os 17 na mesma hora. Nem duas horas depois, já tínhamos mandado os problemas para o Márcio, e não tinha dado nem meio dia e os problemas já tinham sido oficialmente divulgados na página do IYPT Brasil! O mais legal: nossos nomes estão lá embaixo! Isso foi muito daora. Logo eu deixarei o link do IYPT junto ao meu portfólio (traduzir não é algo simples, sério).

Comentário: no problema 7, o termo “geladeira de potes” foi uma adaptação minha do pot-in-pot refrigerator original do Inglês, porque, até aquela data, não existia a página sobre o tema em Português na Wikipédia, e todos os links em Português no Google também não sabiam como lidar com o termo (tanto por isso, o termo original foi mantido, pois só assim as pessoas iriam encontrar alguma coisa pesquisando, mas como precisávamos de uma tradução, esta foi a melhor que achamos). Acabei “criando” este nome, mas espero que ele seja oficialmente adotado pelas futuras pesquisas sobre o tema em Português (que aumentarão bastante por conta do IYPT Brasil).

Terceiro, escrevi um depoimento rápido sobre minha participação no IYPT 2010 no IYPT BR (a Bárbara tinha pedido um depoimento, eu falei “why not?” e voilá). Digo que foi rápido porque ele não disse o nível dos perrengues e das aflições nos bastidores: isso eu guardo para um próximo “Um pouco do passado”, quando também pretendo escrever todos os bastidores que merecem ser ditos. Sim, Bárbara, eu vi o seu “Breve resumo” de 2010 no IYPT BR, mas tem muuuito mais coisa a ser contada, coisas que talvez só a minha perspectiva tenha capturado – como a Final, por exemplo.

Quarto, escreverei daqui a alguns dias um overview dos 17 problemas junto com a Bárbara. Não pretendemos dar dicas de questão alguma – não queremos “viciar” as apresentações de 2014 – tanto porque, para muitas daquelas questões, nem sabemos ainda por onde começar. Queremos, no caso, dar nosso julgamento inicial vindo das traduções, mostrando um pouco das ambiguidades dos enunciados e tirando os interessados de suas inércias. Talvez surja uma versão em Inglês – para mostrar ao mundo IYPTeico – mas, como disse, será apenas um overview.

Último comentário: guardei as sugestões de relembrar o passado da minha IJSO e da minha IPhO com carinho. Tem muita olimpíada no meu passado, e falar de cada uma toma um tempo razoável (que comumente não tenho), mas guardei os pedidos.

Apenas para concluir as minhas lembranças: mesmo que algum “Vida de Olímpico” pareça não fazer sentido quando a pessoa entra na faculdade, saiba que cada blog mais movimentado vai criando vida – e a vida fica inevitavelmente mais distante do mundo olímpico com o passar do tempo. Mesmo assim, cada blog fala muito da pessoa que o escreve, e, do mesmo jeito que eu escrevo sobre Sudoku no meu tempo livre, tópicos dos mais variados vão aparecer. Mesmo que não seja sobre olimpíadas, será sobre algo que aconteceu de bom conosco e que queremos dividir com o mundo – seja ele olímpico ou não – para que alguém que o leia possa animar o seu dia e, quem sabe, inspirar-se com o que escrevemos.

Um pouco do passado: OPF

Postado em 30 de julho de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Ouro da OPF e a Prata da IJSO 2008 + Ana Paula

Já faz um tempo que eu não escrevo sobre a minha participação numa olimpíada (escrevi sobre a OPM no início do blog). Direi a vocês sobre a olimpíada que me trouxe mais ouros, e a história desta foto. Para muitos dos comentários que farei, sugiro que olhe primeiro o post que fiz  da OPM (ele é longo, mas ficou bom, prometo), quando tinha decidido que participaria de Olimpíadas Científicas de fato.

2006

A Olimpíada Paulista de Física (OPF) não foi a minha primeira olimpíada (foi a OBA), mas foi a minha primeira Olimpíada de Física. E isso ainda aconteceu na sétima série, em 2006, quando não tinha tido aulas de Física em momento algum (nem me arriscava a ir para as aulas à tarde).

Na minha primeira participação, não me surpreendi com o resultado: 8 pontos de 20. Não passei nem da primeira fase (de duas). Mas isso já era o segundo semestre de 2006, então meu ânimo para aprender o que eu errei e ver as matérias com mais detalhes estava a mil. Aproveitei o fim do ano para aprender um basicão daquilo que caía na prova (com a prof. Márcia, super legal).

2007

A olimpíada já tinha me intrigado o suficiente para voltar a participar em 2007. Na minha oitava série, já apareciam as primeiras aulas de Física e Química (que também me intrigaram para a OQSP, mas que ainda não estavam na hora certa) no colégio, então já dava para ficar afiado desde o início do ano. Aproveitei também para ter as primeiras aulas à tarde, uma parte delas com o prof. Gromov (quando conheci a Carla Bove – e sua mãe – e a Gabi Ueno – minhas amigas de mais longa data), outra parte com o prof. Guilherme (acho).

No meio do caminho, conheci a OBF, cuja última fase veio antes da última fase da OPF (bem mais tranquila de se atingir desta vez). Em nome da última aula que tive com o Guilherme, aprendi pêndulo simples, e em nome das últimas aulas de Matemática do colégio, aprendi a escrever gráficos. Ambos os aprendizados me renderam uma incrível prata na OBF – os gráficos facilitaram as provas teórica e prática, e o pêndulo simples foi o tema da prova prática (o/).

Em nome da fase final da OBF e da OPF, acabei conhecendo o prof. Ronaldo Fogo. Fui apresentado a uma de suas aulas, que estava REVISANDO temas em geral. Nunca boiei tanto numa aula de Física (mesmo nas aulas do Ardê que via sem querer, eu aceitava mais as coisas). Não voltei a ver mais aquelas aulas em 2007.

Na final da OPF (quando visitei o ITA pela segunda vez – a primeira foi com a Jornada Espacial, quando conheci a Ana Paula da foto), estava empolgado por conta da OBF e tudo mais. No entanto, tive em 2007 um recorde de brancos, erros e péssimas leituras de enunciado exatamente naquela prova. Resultado: NADA novamente. Mas eu esperava que isso acontecesse, mesmo.

A medalha na OBF foi o que eu precisava para continuar investindo cada vez mais na Física, então não desisti nem dela (a qual poderia – e acabaria por – me levar à IPhO), nem da OPF. E sinto que foi uma decisão perfeita.

2008

Foi em 2008 que entrei de cabeça nas aulas de Física após a aula, agora somente com o prof. Ronaldo. Como regra de todos os alunos iniciantes do Ronaldo (mesmo os medalhistas de anos anteriores da OBF e da OPF), você precisava acompanhar e fazer as aulas e folhetos em diversas tardes da semana – e também em sábados e em alguns domingos (?) – para ter um bom nível no final do ano.

Antes da 1ª fase da OPF, ainda nos folhetos de Mecânica, eu já conseguia ter insights sobre aceleração aparente na aula de força resultante. Ele olhou isso com olhos de futuro promissor para o meu lado, e começou a me oferecer folhetos mais pesados (dentre eles, um livro cheio de questões do ITA de Física – eu achei ele muito WTF naquela época).

Na primeira fase, eu estava manjando bizarro, sério. Fiz a prova tendo um controle incrível da situação desta vez. O resultado me surpreendeu incrivelmente: gabaritei a primeira fase. Mais incrível ainda? Após ver as notas com o Ronaldo, descobri que fui o único do primeiro ano do estado inteiro a gabaritar. O Ronaldo já sabia disso na segunda-feira – pois os professores já recebem o gabarito no mesmo dia, então já aproveitam e corrigem no mesmo dia – e já começou a conversar comigo sobre uma tal de IJSO – que, na época, ainda estava selecionando alunos pela 1ª fase da OPF. Ele não falou só comigo, claro: conversou também com o Matheus Tulio – também amigo de longa data – e com a Gabi Ueno.

Não estragarei as surpresas sobre a IJSO, pois ela foi uma divisora de águas em termos de olimpíadas – o meu eu olímpico pré-IJSO e o meu eu pós-IJSO são seres visivelmente diferentes -, mas estava estudando Física cada vez mais – considerando OBF, OPF e IJSO. Fiquei muito mais tardes estudando Física, a ponto de não fazer a 2ª fase da OBM para treinar para as provas experimentais. Era nesse nível.

No fim de agosto, ocorreu a seletiva da IJSO. Já sabia que seria selecionado, de acordo com o Ronaldo, então estudei afiadamente Física, Química e Biologia – naquela época, os livros do Objetivo que usei para estudar já estavam perdendo a capa. Fiz a prova com um nervosismo inevitável, mas com todo o cuidado do mundo. Resultado: 3º lugar geral, e uma vaga na equipe brasileira da IJSO 2008. Foi ultra foda essa notícia, só posso dizer isso.

A fase final da OPF de 2008 foi um mês depois, um dia depois da 2ª fase da OBF (a OBF foi num sábado, a OPF num domingo). Não sei quão útil foi isso, mas fiz as provas do domingo bem mais tranquilo, atentando para enunciados estranhos, contas com vírgula e repetições de experimento. Aproveitei também para conhecer os demais membros da equipe brasileira, como o Gustavo Haddad.

Lembro de ter saído da prova teórica – a última do dia – feliz pra caramba, de tão bem que achava ter ido. Lembro que a Gabi também voltou super feliz de lá, e o nosso grupo de participantes da seletiva da IJSO (o Matheus – que foi comigo para a Coreia -, a Gabi, o Rodrigo Paroni – que também é bolsista ISMART – e eu) foi conversando pra caramba na ida e na volta – eu acabei cochilando na volta, mas foi super legal anyway.

Desta vez, eu tinha maiores esperanças de que meu nome fosse aparecer nos medalhistas, pois a OPF libera esta lista antes da premiação – pois eles colocam o seu nome atrás da medalha. E ele apareceu, junto com o da Gabi e de diversos outros amigos. Foi muito daora, e isso porque não tinha nem ido para a IJSO.

Na premiação, lembro que a Gabi pegou medalha de Prata – um dos momentos mais felizes ever para ela, eu lembro – e eu peguei medalha de Ouro. Eu fiquei feliz pra caramba, pois já tinha voltado de uma conquista incrível da IJSO – como mostrado na foto, consegui uma Prata muito linda – e concluiria minhas conquistas de 2008 com mais esta surpresa.

Ah, história da foto: a Ana Paula foi uma das amizades que fiz quando fui à São José dos Campos em 2007 por conta da I Jornada Espacial, evento proporcionado aos melhores participantes da OBA na parte de Astronáutica. Na época da foto, no início de 2009, ela já estava na FEI e não tinha ganhado nada na OPF, mas foi ao ITA só para rever os amigos (awn).

2009

Desde que tinha visto meu nome na lista de premiados da OBF, logo que voltei da IJSO no fim de 2008, já tinha começado a estudar Física bizarramente – eu queria ir para a IPhO. Ficava a maior parte do tempo, agora em 2009, com o Bruno Arderucio e o Rafael Parpinel – os melhores monitores que poderia ter na vida -, e pensava em Física praticamente 24/7.

A OPF já não trazia mais internacionais no meu futuro, mas era uma competição estranha em todos os sentidos. Ainda nem falei dela direito, mas sinto que este é o melhor momento para isso. Vamos lá.

A OPF tem uma 1ª fase nada absurda, relativamente justa com seu gabarito e num nível justo para cada série – desde a 5ª série do EF até o 3º EM, cada um faz a sua prova. A 2ª fase dela costuma(va, pelo menos) ser bem aleatória, ao menos para mim.

O pessoal do EF tinha questões teóricas bizarras – “Como obter água num deserto?” -, e nas questões do EM, quando o enunciado não falhava ou pedia detalhes demais – como DERIVADAS super estranhas -, tudo tinha conta com mais de três ou quatro casas decimais, e isso multiplicando e dividindo – sem usar calculadora.

Na 1ª fase, acabei gabaritando novamente. Foi daora.

Na 2ª fase, fiz a prova com o máximo de cuidado. Lembro também que estava num dos momentos em que mais sabia Física do meu EM, então não ligava de ficar na sala até o fim da prova quando todos já tinham saído da minha sala do 2º ano, pois revisar aquelas questões foi algo muito necessário – a prova do 2º ano estava bem mais difícil que a do 3º ano.

Por algum momento, achei que tivesse fechado a prova. Não fechei, mas consegui medalha de Ouro e obtive a melhor nota do EM inteiro (algo em torno de 98 pontos de 100). Fui descobrir depois que, na questão com o enunciado mais estranho ever da prova do EM, eu tinha sido a única pessoa a acertá-la completamente. Achei isso bizarramente foda

Não obtive a Medalha César Lattes, pois, naquele ano, ela ainda tinha como regra que o melhor aluno do 3º ano do EM iria recebê-la (tinha conseguido 3 pontos a mais que o ganhador da César Lattes). Mas sinto que a Malu discutiu bizarro com o Marim e a organização para mudar esta situação. Nisso, algo mais justo – e legal – foi determinado para 2010.

O melhor aluno do EM ganharia a Medalha César Lattes, e o melhor aluno do EF ganharia a medalha Shigueo Watanabe – criador da OPM (se você gabaritar a prova, você agora ganha um troféu de “gabaritador”). Antes, as melhores notas poderiam não receber nada mais do que um outro certificado – como foi o caso de 2009. Livros e prêmios bonitos ficavam só para os medalhistas especiais. Achei estas novas regras perfeitas.

2010

Em 2010, fiz a OPF depois da IPhO – de onde voltava com medalha de Bronze. Já não tomava nenhuma olimpíada nacional com tanta seriedade, mas foi um ano com recorde de participação olímpica – deem uma olhada no meu histórico depois. Na época da OPF, já não lembrava como usar as leis de Kirchhoff num circuito SIMPLES.

Não gabaritei a 1ª fase desta vez – por uma questão. Em teoria. Discuti o gabarito com o Matheus, que desta vez tinha gabaritado, e ambos concordamos que a questão que estava diferente para nós – sobre Relatividade Restrita – aparentava dar num gabarito que batia com a minha prova. Na prática, não mudou muita coisa para a 2ª fase, óbvio.

Na 2ª fase, eu me achei bem mais burro do que em 2009, mesmo tendo voltado da IPhO. Duvidei que, se viesse medalha, viria muita coisa. No entanto, como o Lucas Colucci, que foi comigo na IJSO, acabou dizendo uma vez: “A única coisa que se espera da OPF é que o Cássio ganhe ouro”.

Acabei ganhando o terceiro ouro na premiação em 2011 (droga!). Para minha surpresa total (sério), ganhei também a Medalha César Lattes, tendo tirado 92,5 de 100 (eu disse que estava mais burro). De novo, achei este resultado super foda. Ah, e ganhei dois livros novinhos do Halliday (conto nos dedos quantos dos meus livros não são xerox). Foi uma tarde sensacional aquela (também porque depois começava a minha primeira semaninha).

A OPF é bizarra (pelo que pude acompanhar nestes últimos anos, ela continua sendo). Ganhei medalhas por usar de extrema cautela em cada passo que fazia. Ganhava Ouro porque, aparentemente, tomava MUITO cuidado. Mas a OPF me trouxe coisas muito boas.

Foi a OPF a minha primeira olimpíada de Física. Foi por ela que cheguei a minha primeira olimpíada internacional. Foi com ela que peguei meu primeiro ouro numa olimpíada de Física. Foi nela que vi que era realmente bom nesta matéria, a ponto de ser chamado mais de uma vez para receber um prêmio especial, o qual é também a minha medalha mais pesada.

Agradeço por todos os cinco anos incríveis de OPF que tive.

Fim de julho

Postado em 26 de julho de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Em dias de frio como estes (ao menos em São Paulo), nada como ficar dormindo e passando o tempo debaixo das cobertas.

Dentre as três possíveis semanas de férias que tive do ITA, tirei a primeira para arrumar as últimas coisas do semestre (fiz uma prova de oito horas na terça-feira), dar uma aula temática ao pessoal do Ensino Fundamental sobre arco-íris (passei rapidamente pela dedução, e depois expliquei como observá-lo num dia de chuva) no “Uma mão lava a outra”, programa super legal de tutoria do ISMART.

Arrumei também meu pôster para a minha primeira conferência, a Carbon, que é internacional, mas que foi no Rio de Janeiro (não reclamei, pois ela foi num dos maiores hotéis de Copacabana – com 39 andares e com vista para a praia), e passei minha segunda semana de férias inteira lá. Aproveitei bastante para aprender e para refletir sobre a pesquisa que fiz para o meu pôster (grafano – um material que ainda irá me surpreender muito), feito com base nos estudos da minha IC (que acaba no mês que vem, quando meu orientador apresentará meu trabalho em Cancún o/). Colocarei fotos da minha rápida estadia no Rio aqui no blog.

Esta é a minha terceira e última semana de férias, e agora só tenho tempo mesmo para arrumar as últimas coisas (como as minhas músicas, arquivos do ITA, papéis e cartões de visita na minha bolsa, enfim). Aproveitei para começar (espero acabar) um curso de Álgebra Linear em Python no Coursera (é bem mais complicado do que o curso que tive no ITA, sério) e cogito fazer mais dois ou três cursos até o fim do próximo semestre (que não espero acabar, mas vou me organizar para ir até o fim).

Fiquei devendo bastante coisa para mim mesmo, mas se eu não conseguisse descansar nesta semana, não compensaria no ITA (dificilmente durmo corretamente lá). Enfim, estou aproveitando estes dias para ficar perto da minha família e ver o que fazer de extra nestes próximos meses, além de ajeitar coisas aqui e ali (acrescentei um plugin ao OC, e agora os blogs aceitam Google Analytics).

Amanhã haverá o Encontro de Jovens Transformadores, organizado por ex-participantes do Laboratório Estudar, que promete ter um networking e atividades sensacionais!

Ah, agosto também promete ser um mês para não esquecer. Terei, além de finalizar minha IC, um TOEFL em nome do Ciência sem Fronteiras (será que dá?), além de várias outras coisas para arrumar (detalhes do CsF, da ITA Júnior, enfim), além de que tentarei dar uma melhorada no meu boletim (desafio bem difícil, mas vai que dá) e começarei a estudar para uma ou outra competição no fim do ano (segredo).

Não deixem de acompanhar o IYPT 2013, gente. A Bárbara está divulgando bastante coisa no Facebook do IYPT BR, e eles lançaram materiais de divulgação incríveis. Este é um ano em que o Brasil tem grandes chances de um resultado inédito, e uma medalha de Prata mais do que digna.

Devo postar mais alguma coisa (temática) até o fim do dia. Se não der, eu vejo vocês em agosto. See ya!

Notícia no Estudar Fora

Postado em 13 de julho de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – 2 Comentários

Conversando com o pessoal da Fundação Estudar em nome do OC, acabou-se chegando a uma proposta de post no Estudar Fora, portal da FE recentemente aberto, com o intuito de ajudar brasileiros a serem aprovados em universidades no exterior. Acho a iniciativa muito boa, mas há uma linha muito tênue entre olimpíadas e applications, e você não pode atravessá-la da forma como este post (que ficou bom até, mas que faltou uma ou outra coisinha) acabou, direta ou indiretamente (ao menos para mim), fazendo.

Fomos entrevistados, a Bárbara e eu, para compor a notícia que destaquei há pouco. Já prevíamos que a linha fosse atravessada, e fizemos, por segurança (e sem conversarmos um com o outro), o envio de mil ressalvas para cada trecho que escrevíamos de motivação. Até postaria a notícia no meu Facebook e ressaltaria para todos curtirem e compartilharem, mas achei muitos daqueles trechos mal direcionados ao outro lado da linha, então me reservei, na expectativa de que o texto fosse corrigido um pouco mais (para constar, eles corrigiram algumas partes sim – ele ainda continua como um ótimo início para quem precisa ser motivado).

A linha é: “Não iguale participação em olimpíadas a aprovações no exterior”. Se você vier até mim igualando os mundos, você fatiou a linha, e eu não terei coragem de continuar a conversa. Você ultrapassa a linha quando compara os dois mundos desta forma, e você contraria todo o espírito olímpico quando pensa apenas no segundo.

Não estou dizendo que as olimpíadas não são bons exemplos de destaque para mostrar numa application, pois elas são, principalmente quando o Brasil ainda possui um mundo pequeno de desafios intelectuais de mesmo nível que o olímpico. Ainda digo que quem for capaz de mudar este cenário, tanto em termos de Ensino Médio quanto em termos de Universidade (a massa pensante aumenta muito após o vestibular, pois a pessoa começa a fazer aquilo que gosta), terá um poder muito grande em mãos.

Se participar apenas pela aprovação na Universidade, irá buscar apenas o caminho mais fácil. Mas, em se tratando de olimpíadas, não há caminho fácil. Você precisa estar 100% na prova, dando o melhor de si, mostrando o resultado de todo seu treinamento em apenas algumas horas de prova (ou, no caso do IYPT, de um Fight). Para uma competição internacional, você precisa provar que é o melhor não só perante o seu país, mas perante vários outros países, competindo com gente que vive nesse meio há muito tempo, e não irá facilitar para você.

Se decidir ser olímpico ao nível de vários dos meus amigos que foram aprovados, terá de suar a camisa tanto quanto eles, ou muito mais, para ter uma chance. Se achar que dará muito trabalho, procure outra coisa em que possa realmente se destacar. Se decidir seguir neste caminho mesmo assim, faça com que cada segundo do seu esforço valha a pena. Isso pode demorar anos (há quem demore o Ensino Médio inteiro sem chegar a uma olimpíada internacional) e horas a fio estudando.

Mas será só assim, indo ao seu limite ou mesmo além dele, que você saberá que está no caminho certo.

Sudoku

Postado em 28 de junho de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Um dos meus vícios atuais no meu tempo livre é o Sudoku. De modo resumido, você tem de preencher 81 quadradinhos com os números de 1 a 9, de tal forma que, para cada linha, coluna ou quadrado 3×3 denotado, cada um dos nove números apareça uma única vez. Como há várias formas diferentes (de acordo com o Wikipédia, mais de 10^20) de se preencher os 81 quadradinhos, ele já começa com alguns números preenchidos para você, de tal forma que haja apenas uma solução capaz de cobrir o tabuleiro seguindo as regras.

Sudoku não preenchido

O jogo é interessante pela proposta aparentemente simples que ele apresenta, mas a lógica necessária para o preenchimento de todos os quadradinhos brancos não é tão imediata. Ainda não cheguei ao ponto de resolver um Sudoku pensando relativamente pouco e preenchendo muito (jogo somente na modalidade mais difícil há bastante tempo, e ainda demoro mais de meia hora em alguns deles).

No entanto, se você partir do fato que o Sudoku possui apenas uma solução, é possível até programar o jogo em nome de uma solução. Pretendo, em algum momento, fazer este programa (a lógica não parece tão difícil, só o meu cérebro que demora para processar mesmo), mas há vários truques (por falta de criatividade, serão chamados de “truques” genericamente mesmo) que ajudam a resolver um Sudoku tanto computacionalmente quanto no papel:

O truque dos 20

Todo quadrado tem como limitante os oito quadrados que estão na mesma linha, coluna ou quadrado 3×3 (num total de 20 quadrados), e a limitação presente é justamente a regra principal do jogo: não pode haver repetição dos 9 dígitos. Esta regra é boa para preencher números no tabuleiro, e deixa claro que o número colocado está correto.

Sudoku - truque dos 20

Derivações mais simples dele considerariam apenas duas das três formas presentes (apenas o quadrado 3×3 e a linha/coluna, ou apenas a linha e a coluna), ou talvez apenas uma, mas costuma ser mais simples ter noção dos 20 quadrados limitantes, ao menos para o sudoku preenchido no papel. Se tiver mais sugestões, mande-a como comentário, mas eu costumo usar estas aqui, e costuma não trazer erros.

O truque da eliminação

Ele não envolve diretamente a regra principal do jogo, mas sim a sua estrutura espacial, e funciona de um modo inverso ao truque anterior. Quando um número está corretamente colocado no tabuleiro, ele elimina a possibilidade de se preencher o mesmo número em 20 outras casas. Isso é muito bom para eliminar números possíveis num quadradinho branco.

Sudoku - truque da eliminação

Deste segundo truque, vem algumas derivações do mesmo, que podem ser mais úteis do que sua aplicação literal.

O truque do cruzamento (para quadrados 3×3)

Este truque é particularmente útil para marcar possíveis números em quadradinhos brancos (possibilidade de aplicativos de Sudoku em geral, ou quando se está preenchendo o tabuleiro a lápis). Você, basicamente, restringe-se a um quadrado 3×3 no qual um determinado número ainda não foi encontrado. A partir daí, você vasculha as três linhas e três colunas que contêm o quadrado 3×3. Se qualquer um destes seis trechos possuir o número de interesse, você elimina a possibilidade de o mesmo estar presente na intersecção do trecho com o quadrado.

Sudoku - truque do cruzamento

Truque bastante útil quando parece haver muitos números iguais espalhados no tabuleiro.

O truque da eliminação rápida (para uma linha ou coluna)

Considere os três quadrados 3×3 que contêm uma linha/coluna de interesse. O truque consiste em eliminar a possibilidade de se preencher um número nesta linha/coluna quando ele está presente em algum dos três quadrados. Isso pode ser muito útil quando você está ainda “vasculhando” alguma região, pois a presença de um determinado número neste formato elimina três quadrados da sua linha/coluna. Este seria um dos truques mais úteis na minha opinião, e pode agilizar o preenchimento quando há poucos números restantes numa linha/coluna, ou quando há muitos dígitos iguais próximos à linha/coluna, mas não nela.

Sudoku - truque da eliminação rápida

O caso extremo deste truque recai no truque do cruzamento.

O truque do número duplo (quando se pode “rascunhar” um quadradinho)

Para que ele funcione, você precisa ser capaz de “rascunhar” um quadrado (por lápis ou por aplicativo). Truque muito útil por delimitar preenchimentos, consiste em denotar as possibilidades de se preencher todos os números que restam numa determinada linha, coluna ou quadrado 3×3, tendo em mente as regras de eliminação mostradas anteriormente.

Preenchido todo o trecho de 9 quadradinhos de interesse, você procura por quadradinhos que possuam um mesmo número de possíveis dígitos (i.e., três números são possíveis em três quadradinhos, dois número são possíveis em dois quadradinhos, etc). Se existir algum conjunto assim, você mantém a anotação nestes quadradinhos e ignora os dígitos delimitados, e tenta preencher os demais.

Por fim, para os demais quadradinhos (ou caso não haja esse tipo de delimitação), você mantém apenas as anotações de quadradinhos com dois números possíveis. Isso agiliza muito na hora de preencher conforme os números vão saindo, e pode dar uma noção bem mais clara e visível da localização dos mesmos.

Sudoku - truque do número duplo

Estes pequenos truques (ou qualquer outro que lhe apareça, use-o sem medo se ele se mostrar efetivo) podem facilitar o preenchimento de um Sudoku, mas não garantem (ao menos não para mim) respostas rápidas. O Sudoku considera uma disposição espacial de números com regras específicas para seu preenchimento correto, e, partindo de uma solução única, fica difícil “arriscar” o preenchimento, pois o erro pode se tornar evidente após várias jogadas, e isso costuma fazer você recomeçar o jogo.

Apesar de envolver bastante lógica, é um jogo, e para ele, a prática também costuma levar à perfeição. Não se assuste se alguém disser que achou “o Sudoku mais difícil do mundo”, pois a pessoa pode ter usado um raciocínio que falha no mesmo. Se o Sudoku tiver apenas uma solução, não há mais segredo.

Como se inscrever no Laboratório Estudar

Postado em 21 de junho de 2013 por Cassio dos Santos Sousa – 8 Comentários

Como anunciado na página da Fundação Estudar (FE), as inscrições para o Laboratório Estudar 2013 estão abertas! YAY!

Mas por que o post? Simples: tive um conjunto interessante de aprendizados sobre este Processo Seletivo (PS), e já ouvi sugestões de várias pessoas sobre mostrar meus vídeos de apresentação e dar dicas de como aplicar. Nisso, veio a mim a ideia de ir um pouco mais além.

Dado que eu posso fazer uma coisa assim, por que não fazer isso diretamente no meu blog? Daria para escrever tudo, colocar os vídeos de apresentação e atingir muito mais pessoas, animando-as E mostrando o que fazer ou não fazer. Então decidi arrumar meu tempo e aprontar tudo para conseguir fazer este post junto com o PS de 2013. Este post será longo e possivelmente atualizado no futuro, então vamos lá!

Primeiramente, o que é o Laboratório Estudar?

Não pretendo repetir as palavras do pessoal da Fundação Estudar, que resumem bem o conjunto desta experiência. Se pudesse resumir, o Laboratório Estudar é um lugar em que gente boa se junta para crescer junto e transformar a sociedade, tirando suas ideias e inquietudes do papel, tendo por trás a experiência e o treinamento de gente incrível da Fundação Estudar.

Limitações? É feito para graduandos e recém-formados (por enquanto), só isso. Pré-requisitos? Ser inquieto, ter projetos em andamento ou em mente, e querer transformar, mudar paradigmas e fazer a diferença, onde quer que esteja. Qual o melhor jeito de fazer isso? Pelo PS. Para isso, é necessário responder um questionário-entrevista que pergunta exatamente sobre estes pontos. Conjuntamente, é necessário fazer um vídeo-depoimento de até 90 segundos no qual você deve se apresentar à equipe da FE e responder (em 2012, no caso) à seguinte pergunta:

“O que você já fez que impactou positivamente o ambiente em que você está inserido?”

Você estará se apresentando à equipe da FE para fazer parte de sua rede de transformadores, então eles buscarão as pessoas que melhor se encaixam na missão, visão e valores da Fundação tendo apenas o questionário-entrevista e o vídeo-depoimento como subsídios. Eles não querem ver o vídeo de melhor qualidade, mas sim aquele no qual a pessoa demonstra claramente por que ela precisa ser escolhida para o Laboratório.

O que você consegue com o Laboratório?

Você se juntará a um grupo de pessoas inquietas que também querem transformar e fazer a diferença. Você estará junto de membros da equipe da FE e de um grupo seleto de empreendedores, facilitadores e transformadores escolhidos especialmente para ensinar e mostrar o caminho das pedras especialmente para você. Você terá a oportunidade de mostrar medos, vontades, aflições e inquietudes e colocá-los à prova em projetos que você mesmo terá a oportunidade de tirar do papel, os chamados “saltos”. Por fim, você se juntará à chamada “Liga de Transformadores” da FE, na qual todos os participantes de Laboratórios do Brasil inteiro se unem para discutir problemas, apresentar oportunidades e transformar o país conjuntamente.

Para uma apresentação mais detalhada de o que é o Laboratório, vale este post que fiz aqui no blog, com as experiências do Laboratório em que participei.

Mas enfim, para que serve este post?

Ele servirá para mostrar como agir no PS, e deixarei claro o que eu fiz corretamente ou não nas duas vezes em que me inscrevi, para mostrar o que é útil ser feito e o que não é tão legal assim. Se isso ajudar mais pessoas a entrarem para a Liga, ficarei feliz em “apadrinhar” todas elas, e é isso mesmo que precisa acontecer. Há muita gente com potencial transformador no país, e se estas pessoas puderem trabalhar juntas, só pode sair coisa muito boa.

Agora sim, contarei a experiência que tive com as duas vezes em que fiz o PS para o Laboratório Estudar.

1ª Vez – Edição SP.1 2012

Este foi o primeiro dos Laboratórios organizados pela FE, e não dava para saber o que iria acontecer. Apenas sabia que, sendo organizado pelas mãos da FE, seria uma experiência sem igual. Tinha vivenciado muito do mundo empreendedor em 2012 e já tinha feito muita coisa legal por conta do site, então sabia que tinha chances claras de ser chamado.

Na minha enrolação de sempre, fiz tudo de última hora (para variar). Tenho uma webcam no meu computador, mas nunca precisei acessá-la. Agora que eu precisava, não sabia como, então procurei de uma forma muito louca Internet adentro. O vídeo aqui embaixo foi a regravação de outro, então a qualidade caiu exponencialmente. Mas não vem ao caso.

O que escrevi na minha inscrição: que fiz muitas coisas aqui no ITA (grupo de empreendedorismo, grupo de teatro), era bolsista ISMART, cuidava do Olimpíadas Científicas e era alguém legal para ser chamado. Fui super simples, dado também o tempo que usei para a inscrição e filmagem (<6 horas). Não façam isso.

Como decidi me apresentar: comentei sobre a minha participação na “Caça às Corujas”, um projeto organizado pelo ISMART no qual os bolsistas visitam escolas públicas em busca de novos bolsistas, novas “corujinhas”. Era uma oportunidade única de mostrar a importância disso para o ISMART (conseguir mais bolsistas e mudar a vida de mais alunos) e para mim (chance única de retribuir a oportunidade do ISMART em ser bolsista e chegar onde cheguei, mostrando-a a mais escolas e alunos talentosos).

Regravei o vídeo pelo menos umas 30 vezes até ele dar certo.

O que falei:

O que faltou falar: faltou deixar claro quão incrível era aquela oportunidade, por que estava fazendo aquilo. Do jeito que comentei, apenas tinha feito algo legal, mas faltou muita coisa que comentei no parágrafo anterior. Visitei quatro escolas, mas me inscrevi para visitar 12, sem saber onde estavam estas escolas em São José dos Campos, de tão empolgado que estava.

O resultado sai em poucos dias. O prazo final costuma ser sempre num domingo, podendo ser estendido por mais um ou dois dias (nos quais a equipe da FE está ainda avaliando os vídeos – mesmo se perder o prazo, fique atento à esta possibilidade). Por volta da quarta ou quinta-feira, eles já enviam o resultado por email.

Resultado:

“Prezado (a),

Gostaríamos de agradecer seu interesse e disponibilidade em participar do processo seletivo para o Laboratório Estudar 2012. Informamos que você não foi aprovado para participar desta edição.

Infelizmente, não temos vagas para todos que desejam participar do programa, mas a Fundação Estudar está ampliando cada vez mais o número de oportunidades oferecidas para jovens brilhantes que têm vontade de transformar o Brasil.

Manteremos você em nosso banco de contatos para que você continue recebendo notícias sobre nossos programas.

Desejamos sucesso em sua trajetória.”

Este era o meu segundo “NÃO” trazido pela Fundação Estudar em 2012 (fui reprovado no Programa de Bolsas também). Claro que fiquei triste pra caramba, mas não podia ficar só triste, pois vários amigos do ISMART e do ITA tinham sido chamados. Minha chance era acreditar numa oportunidade semelhante no ano seguinte.

Mas aí…

” Devido ao sucesso em São Paulo, estamos lançando mais uma edição do Laboratório Estudar na cidade!

Abaixo, segue o e-mail marketing para divulgação (Facebook / Grupo de E-mails / Mailing). Caso tenha alguma dúvida específica, fique a vontade para me contatar!”

YAY! Ainda em 2012, aparecia uma segunda chance para mim. Tinha recebido um “NÃO” (um não, dois) da FE, mas não estava desanimado, pois sabia que eu tinha subaproveitado a oportunidade que chegou para mim. Essa era a minha chance de ouro.

2ª Vez – Edição SP.2 2012

O que fiz de diferente: conversei com a Camilla, uma amiga da minha sala que é bolsista da FE e super engajada em empreendedorismo social, e perguntei o que precisava fazer de diferente em relação à minha primeira tentativa.

Ela comentou que você não pode simplesmente apresentar um projeto e deixar para a FE descobrir quão bom e relevante ele é. Você tem de explicar por que você está fazendo o projeto, o que, em toda sua experiência de vida até agora, justifica você estar fazendo ou pensando neste projeto.

O que escrevi na minha inscrição: o meu conjunto de realizações não tinha mudado tanto em poucos meses de diferença entre as edições do Laboratório. Escrevi coisas semelhantes às da inscrição anterior, mas deixei claro a motivação de várias delas. Comentei sobre a motivação e o objetivo central do OC, que era compartilhar conhecimento. Comentei sobre estar participando tão ativamente do grupo de universitários do ISMART que fui escolhido pelo próprio grupo de universitários para a Comissão de Representantes.

Por fim, deixei claro que era minha segunda vez, mas que tentaria de novo e de novo enquanto não recebesse o “SIM”, pois, pela experiência dos meus amigos na edição anterior, sabia o que estava perdendo (essa foi a motivação do “Por que você deve entrar para o Laboratório Estudar?”). Apostei alto desta vez.

Como decidi me apresentar: falando com a Camilla alguns dias antes de me inscrever (também, com menos de 6 horas para o deadline – NÃO FAÇAM ISSO!), sabia exatamente o que falar: comentei sobre o Olimpíadas Científicas. Co-criei o site junto ao Ivan e ao Francesco em 2010, e ele tomou proporções tão grandes que, vira e mexe, ainda nos assustamos com o nível das coisas que o site nos traz. Tentei deixar no vídeo quão importante era fazer parte do site, criar e compor uma comunidade incrível de olímpicos e por que estava fazendo aquilo.

A gravação deste vídeo foi feita por meio de uma câmera digital que tinha, e o único jeito que tinha de gravar sozinho foi deixando a câmera inclinada (dá para ver minha bochecha e minha aflição claramente ao longo do vídeo). Demorei também umas 30 vezes até sair a mensagem correta no tempo certo (estourei o tempo umas 5 vezes – isso dá muita revolta, pois você vê que a mensagem sai).

O que falei:

O que faltou falar: desta vez, foi pouca coisa. Em termos mais chatos, faltou dar mais detalhes. No entanto, falar mais coisas estouraria o tempo, sem dúvida, então a mensagem que saiu foi boa para o tempo limite.

Resultado (um dia depois do meu aniversário):

“Parabéns!

Você foi aprovado (a) no processo seletivo do Laboratório Estudar 2012, edição extra em São Paulo!

Agora você precisa efetuar o pagamento da Taxa de Participação e confirmar sua presença até o dia xxx.

Para realizar o pagamento, acesse o link abaixo e siga as instruções: xxx

Pedimos que confirme o recebimento deste e-mail para que não haja dúvidas de que você foi informado sobre a sua aprovação.

Você receberá instruções sobre locais e horários após a confirmação de seu pagamento.

Qualquer dificuldade em relação ao pagamento, entre em contato com a Fundação Estudar pelo e-mail xxx.

Contamos com sua presença!”

YAY! Finalmente recebi meu “SIM” da Fundação Estudar, e faria o Laboratório em poucos dias. Um ótimo presente para a minha época de aniversário, sem dúvida. Ah, uma das primeiras coisas que fiz ao voltar para o CTA foi contar para a Camilla que fui aprovado, e agradecer toda a ajuda que ela me deu.

Mais algumas dicas?

  • Não deixe para a última hora. Por melhor que você seja, dar pouco tempo para gravar o vídeo e escrever tudo no formulário é trabalhoso, e a pressa pode fazer com que mostre muito pouco de você;
  • Saiba bem a mensagem que você quer passar. Você não precisa ter aberto uma startup ou mudado paradigmas para ser aprovado, mas é necessário mostrar que você quer fazer a diferença com as coisas que você faz ou pretende fazer. Seja conciso: as respostas possuem limites;
  • Lembre da mensagem central do vídeo. Para 2013, você tem apenas um minuto para responder à seguinte mensagem central:

“Conte-nos uma experiência na qual você foi referência para outras pessoas. De que forma você as influenciou?”

  • Saiba mostrar os valores da FE em sua inscrição. Não diga apenas “estou alinhado às crenças e valores” (isso é errado em qualquer lugar), mostre, nas coisas que fez/faz/fará, que você tem garra, aproveita bem as oportunidades, tem excelência no que se dispõe a fazer e retribui uma oportunidade muito boa que você teve;
  • Inscreva-se agora mesmo! A oportunidade é incrível, cresci muito com o Laboratório, conheci gente muito boa e ainda colho frutos muito bons dele. Não deixe de participar.

Um último pedido:

Se você, com a ajuda deste post, conseguir ser aprovado no Laboratório, deixe um comentário neste post ou mande uma mensagem para mim em algum outro lugar. Peço isso por dois motivos: (1) você estará mostrando que este post pode sim ajudar mais pessoas a entrarem no Laboratório Estudar, o que servirá para ajudar mais e mais pessoas no futuro a também participarem do Laboratório, e (2) você me fará a pessoa mais feliz do mundo.