Olimpíadas

Mas haverá mesmo OBB em 2014?

Posted in Olimpíadas on janeiro 17th, 2014 by Cassio dos Santos Sousa – 5 Comments

Logo da OBB estilizado

Uma notícia presente na Folha Dirigida datando de 19 de dezembro de 2013 trouxe ao mundo olímpico uma triste surpresa: o CNPq, órgão responsável por financiar cerca de 80% da OBB, decidiu suspender as verbas destinadas à olimpíada este ano. Como a olimpíada trabalha sobre inscrições gratuitas, diversas fases da competição estão comprometidas, e a olimpíada, apesar de já estar com inscrições abertas há algum tempo, pode nem mesmo acontecer em 2014.

A revolta do pessoal do grupo de apoio do OC foi imediata (até uma petição já foi feita). Quando fui repassar a notícia na fanpage do OC, acabei deletando a primeira versão. Como a ação de muitas pessoas que concordam com alguma notícia no Facebook é curti-la, não faria sentido curtir uma notícia triste. Então, acrescentei o seguinte parágrafo, em nome desta primeira reação de muitos:

Toda olimpíada nacional já consolidada tem seu apelo, seu público e sua relevância. Tomar qualquer uma delas como não-prioritária é ignorar todo o crescimento de milhares de alunos que a fizeram e que cresceram por conta dela.

O que disse acima não é mais novidade ao mundo olímpico. Meus próximos comentários, muito possivelmente, também não.

A OBB já trabalha com pouca verba há muito tempo. Se vocês virem as equipes brasileiras da IBO ao longo dos anos, você verá que não houve participação brasileira em 2007, e o motivo presente no site foi a falta de verba. No ano retrasado, acompanhando um pouco da jornada do Ivan em sua ida à OIAB, vi que, se não fosse pelo financiamento dos colégios dos alunos envolvidos (Objetivo inclusive), não haveria time para aquela Ibero. Isso já acontece há bastante tempo, e a necessidade de financiamentos externos assim já passou a ser dependência.

Chamar qualquer olimpíada nacional consolidada de “patinho feio” e não financiá-la por falta de prioridade (ponto apontado na notícia pelo CNPq) é besteira. Qualquer motivo além da falta de verba (a qual também é questionável, já considerando fora a verba para Copa e Jogos Olímpicos) é besteira, ou facilmente refutável.

A prova é muito difícil, e pode estar incentivando poucos alunos a perseguirem a Biologia, a Medicina ou áreas do gênero? Quando procurei pelos primeiros participantes da IBO, vários deles acabaram cursando Medicina, e alguns amigos de colégio faziam apenas a OBB em nome dos cursos que queriam fazer, os quais dependiam da área. Outro motivo: a OBM, a olimpíada nacional mais difícil para alguém que só tenha conhecimentos de sala de aula, deveria então sofrer até mais por conta disso, e sua verba não parece ter sido cortada (ainda).

A Biologia não é (mais) uma área prioritária para o país? Para mim, toda prova que avalie o Ensino Fundamental ou Médio, ao menos em termos de padrões internacionais, pede (ou deveria pedir) Ciências como avaliação separada de Interpretação de Texto e Matemática, e Biologia é a base das aulas vistas desde os primeiros anos do Fundamental. E pelo que vi nas notas do PISA, a nota do Brasil em Ciências não é muito melhor do que as demais. Achar que apenas Português e Matemática devem ser prioridades é uma mentalidade antiquada pra caramba, e se o país ainda precisa dar atenção nestas áreas, então o problema pode até ser maior, mas duvido que a investida correta devesse ter sido feita em cima de uma iniciativa em Educação.

Acabou o dinheiro para Educação? Como bem lembrado por alguns dos meus amigos, o Ciência sem Fronteiras (CsF) se propôs a dar um bilhão para financiar diversos alunos, alguns dos quais pouco fazem para merecer a bolsa que recebem. Alguns realmente fazem até mais do que a bolsa pede, isso eu não posso negar, mas dado que o programa diz ter vaga sobrando (a ponto de abrir novas inscrições por conta do número de bolsas – dinheiro – que eles se propuseram a investir), então há dinheiro.

Estou tentando uma bolsa no CsF sim, e já até cheguei a comentar isso em algum dos outros posts (e não, não penso em fazer pouco desta bolsa – se é para sair do meu país, que seja para algo muito foda). No entanto, se for para ver a OBB acontecer, deixaria de ir tranquilamente, se fosse para esse dinheiro ser investido diretamente na OBB.

Já vi olimpíadas nascerem e morrerem no meu Ensino Médio. Não cheguei a ver uma olimpíada nacional morrer. Se a OBB deixar de acontecer em 2014, então esta será uma punição exemplar às demais olimpíadas que teimarem em existir. O país tem outras prioridades, investir em Educação é algo muito caro, e o mundo olímpico não é prioridade. Xeque-mate.

Se algum órgão capaz de investir dinheiro na OBB ler esta notícia, peço que, pelo menos, considerem ajudar a X OBB. Se ela, como olimpíada nacional, já respira com dificuldade para trazer bons resultados ao país e preparar alunos para a Biologia com maestria, é porque ela tem de existir.

Aposto diversas fichas que, mesmo sem esta verba, sim, ocorrerá a OBB 2014. Cortar verbas será como cortar seu oxigênio, mas a OBB, como todo bom ser vivo, pode acabar se adaptando, até mesmo aos ambientes mais inóspitos. É esperar para ver.

Um pouco do passado: IYPT

Posted in Olimpíadas, Passado on setembro 24th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

Foto da final do IYPT 2010

Uma olimpíada que certamente marca a vida de uma pessoa é certamente o IYPT. Ela não é a minha olimpíada favorita (se tivesse de escolher uma, provavelmente morreria sem escolher, pois não gostaria de ver nenhuma olimpíada de lado), mas está no Top 10 fácil, relaxem.

Falarei aqui somente do IYPT 2010, pois foi um passado que eu vivi. Se quiser saber mais sobre os IYPT’s seguintes (e muito possivelmente também os anteriores), vejam o blog da Bárbara.

Por que este post? Principalmente porque a Bárbara fez pouca coisa sobre aquele ano (o IYPTBR só veio depois, e ela só se animou com o IYPT em 2011), e porque é necessário um registro daquele ano que seja digno do retorno da competição. Enfim, ele será enviesado para meu time, inevitavelmente, mas falarei um pouco do resto todo para vocês, prometo. Então vamos lá!

Primeiro, até pouco mais de duas semanas antes da Fase Nacional do IYPT Brasil 2010 (que, a partir de agora, chamarei apenas de IYPT), não sabia que iria participar de coisa alguma, e estava muito bem com isso.

Os times classificados do Objetivo se prepararam durante as férias e até mesmo um pouco antes (foi nas férias de 2010 que conheci o Francesco), e este período era justamente aquele no qual estava treinando para minha IPhO. Fiquei super feliz com o convite do time do Victor Rosa (e da Luciana Marques, da Mariko Hanashiro, do Gustavo Iha e da Carla Bove – “Os Bósons de Gauge”, ou só Bósons) logo que começaram as inscrições, mas minha cabeça estava 100% na IPhO, então prontamente disse não, e eles entenderam (e agradeço muito por isso).

Mas o IYPT seria depois da IPhO, então ainda haveria ainda um tempo no qual eu poderia fazer experimentos e participar da competição bem mais tranquilo no pós-IPhO. Ainda sim, disse não, pois não tinha começado meu estudo para os vestibulares ainda (a não ser por simulados do ITA, estava bem atrás do pessoal da minha sala). Já sabia que não iria applicar, então este era o foco naquele semestre.

No entanto, cerca de duas semanas antes da Fase Nacional, com os times já decididos e afins, algumas coisas começaram a dar errado com o time do Francesco.

O Francesco Perrotti tinha se unido a dois amigos nas férias e formou um time, do qual era capitão (o nome era “Quarta Dimensione Viator”, uma brisa de um integrante do time na hora da inscrição, segundo o Francesco). Tudo ia bem, e as apresentações estavam sendo escritas tranquilamente, quando um dos integrantes brigou com o Francesco, e saiu da equipe.

O mínimo para participar do IYPT é ter um time com líder (professor/monitor) e três integrantes, e o time do Francesco estava com dois. Para ajudar, o membro que sobrou (não lembro o nome deles) não queria participar, pois estava como “laranja”, apenas para suprir a necessidade de membros (algo muito comum quando apenas alguns membros de um time estão de fato participando do IYPT, o que é muito fácil de perceber até na Final). Agora, o time do Francesco tinha apenas um membro.

Ele entrou em um leve desespero, e logo chegou ao pessoal da OBF lá do Objetivo perguntado se alguém poderia ajudar a completar o time dele, ou então ele seria desclassificado. Nisso, ele chegou ao Matheus Tulio, ao Gabriel Lisboa e a mim.

Eu ainda não sabia dizer se conseguiria participar, mas o Gabriel e o Tulio facilmente toparam, e foram tentar me convencer a ir para o time do Francesco também. O Tulio insistia para que eu participasse porque o Francesco era um experimental muito bom, e que, se não fosse para participar em nome do IYPT ou de alguma medalha, que fosse em nome do Francesco e de todo trabalho que ele teve até aquele momento.

A coisa agora estava bem mais moral do que qualquer outra coisa, então decidi participar do time dele. E então faltavam 10 dias para o IYPT. E muitos problemas ainda estavam sem apresentação.

Fiquei encarregado de dois problemas, os quais eu poderia abordar da forma que eu bem entendesse: um era o 2, “Padrão Brilhante”, de Ótica, e o outro era o 12, “Toalha Molhada”, envolvendo ondas de choque (e toalhas, claro – acabei levando uma para o IYPT).

Tive um feriado muito desejável no 7 de setembro para começar os problemas, mas daí sobrou uma semana para a competição. Nisso eu tinha de estudar para as provas da semana, tinha de faltar aulas para fazer os experimentos, e todas as outras coisas que já deveriam ter sido treinadas até aquele ponto.

Lembro até que, na sexta-feira da apresentação oficial dos times, eu só voltei para casa quando a parte mais chata do problema do Padrão Brilhante fazia sentido. Nisso, eram quase 17h, então peguei um trânsito infernal e ainda tinha de me arrumar para a Abertura (fiz isso em tempo recorde). Ainda bem que meus pais me levaram para a Poli. Aquela semana foi um terrorismo.

-(A partir deste ponto, se ainda não souber a mecânica do IYPT, vá ao blog da Bárbara)-

Deu para sentir uma pressão bem menor lá na Poli, após ver alguns jurados, o pessoal da b8 (de volta) e alguns rostos conhecidos dos times convocados (como o do pessoal do Objetivo Aquarius). No entanto, as apresentações não estavam prontas até aquela hora. Nisso, tive de dormir umas 2~3 horas antes de ir para a UNIP no primeiro Fight, discutindo os detalhes com o Francesco via Skype (a ligação foi horrível, mas deu para deixar alguma coisa pronta, eu acho).

Ah, e apesar de termos entrado no time do Francesco, não estávamos no Booklet. Just saying.

Nisso, começava o primeiro dia de competição. Como o Objetivo tinha mais times (Santos, Aquarius e São Paulo), fomos escolhidos como cabeças-de-chave (agora a escolha se dá por ordem de pontuação nos relatórios). O nosso maior medo era que, até o primeiro Fight, ninguém nunca tinha participado de um PF na vida. A gente ficou com mais medo de estar fazendo a coisa errada do que de apresentar/opor/avaliar.

No entanto, depois do primeiro problema daquela sala (“Bolas de Aço”, com o Francesco de relator), tudo ficou mais tranquilo. Já conseguíamos ter alguma ideia dos outros times e sabíamos, enfim, como funcionava um Fight. O resto foi mais razoável de encarar, sem dúvida.

Não vou me lembrar mais dos problemas daquela sala (borrão total), mas lembro que fizemos uma oponência bem meia boca. O fim do 1º PF tinha eu como avaliador (what?). Descobri que era bem tranquilo avaliar (para mim), mas você precisava fazer as perguntas certas para derrubar os outros times e mostrar que dominava bem o problema. Eu lembro que tinha tirado dois 10 como avaliador, e juro que foi a coisa mais legal EVER.

Na UNIP, de manhã, estava havendo alguma reunião dos professores para divulgação do sistema Objetivo, e alguns dos meus professores estavam lá de manhã. Lembro que o Polako e o Abreu tinham ido ver os PFs bem na minha avaliação, e depois fui procurar eles para dizer como tinha ido. Lembro de ter abraçado o Polako muito forte, de tão feliz que eu tava.

Após o almoço, ajeitamos mais algumas coisas e fomos para o segundo PF. Enfrentaríamos novamente um time do Mater Amabilis (acho que era o pessoal do “Buraco Negro”), que achávamos que iria nos dar muita dor de cabeça (alguém tinha feito um background check, e o capitão deles tinha sido o 1º treineiro de Bio em 2010). Acabaram sendo um time bem fraco que afundaria neste PF.

Novamente, borrões para dois dos três PFs. Só lembro que tinha sido opositor do Buraco Negro e tinha ido muito mal, pois não consegui ser mau na hora. Só lembro que o que salvou a gente (e disparou nossa pontuação) foi a apresentação do Tulio do “Gerador de Kelvin”, no qual ele apresentava um vídeo em câmera lenta como “superacelerado”, mas que acabou mostrando uma teoria tão bonita para os jurados que saímos de lá com alguns 10 tranquilamente (lembro que ele tinha mostrado uma força coulombiana lá, e estava até daora, mas não estava dimensionalmente correta, e eu falei “O expoente é 3/2”, daí ficou certinha).

O Buraco Negro daria bem menos dor de cabeça que o outro time do Mater Amabilis (o “Inverted Arrow of Time”, ou também o maldito IAT…), que nos enfrentaria no dia seguinte.

Detalhe: era o único aluno naquele dia que não estava usando um terno (estava com um agasalho azul e uma calça como se fosse um dia comum). Eu me senti muito errado, mas não havia código de vestimenta, então tudo bem.

Foto contra o código de vestimenta

No 3º PF, fui oponente da “Avatar”, a única equipe de escola pública, no problema da Toalha. Minha nota foi muito aquém do esperado, pois tinha sido muito mau com a relatora (estava fazendo várias perguntas tentando tirar alguma teoria dos poucos slides que ela mostrou, mas ela não sabia dizer nada, e no que eu insistia em explicar mais a pergunta, eu estava agindo como um ser muito arrogante pros jurados).

Depois, fui relator do Padrão Brilhante, com o IAT de opositor. O Lucas, o único membro de um time de cinco, era um cara muito bom de dialética e convencimento, e era um ser muito chato em coisas altamente pouco relevantes para o problema (apareciam perguntas como “Por que você não usou luz colorida?” quando o problema pedia luz monocromática). Acabei sendo levado pelo papinho chato dele, e os jurados também (as perguntas dos jurados eram iguais às dele, e a maioria era para mim, pois ele tinha mudado tanto as perguntas que era óbvio que não dava para responder – ele fazia uma pergunta sem você ter respondido a anterior, e se você não respondesse, ele insistia na pergunta, para deixar claro que você não sabia respondê-la), e minha nota foi baixa, enquanto a deles disparou.

O terceiro problema daquela sala foi o “Anemômetro de Papel”, apresentado pelo Lucas. O Tulio foi avaliador deles, mas acabou tirando uma nota meio baixa. Como eles foram oponentes da Avatar, e eles não se opuseram a nada do que o Lucas falou, ele saiu com uma nota gigante de relator, que disparou o time deles para a primeira posição, e iriam apresentar o “Canhão Eletromagnético”.

Dado que os Bósons não tinham passado por equipes muito fortes, eles ficaram com a segunda posição, e iriam apresentar o problema do “Gelo”. Surpreendentemente, nós ficamos em terceiro lugar! Estávamos ultra felizes em saber que iríamos para a Final (só um pouco tristes em saber que enfrentaríamos o Lucas), e tínhamos de nos preparar para os problemas que viriam a seguir. Iríamos apresentar o problema do “Gerador de Kelvin”.

No domingo, lembro que foi um momento no qual eu acabei vendo a irmã do Francesco, a Giulianna Perrotti, por mais tempo naquele IYPT, sendo “espiã” dos outros times, trazendo mensagens de encorajamento e comemorando muito junto com a gente. Ainda mantenho contato tanto com o Cesco quanto com a Giuli.

Enfim, a Final. Após os vários períodos prévios de preparação entre os times finalistas e a Final (juntamente com o “karatê”, criado pelo Victor Rosa), ela chegou. Para o nosso time, decidimos que haveria um membro por problema na Final (eu seria avaliador do Canhão, o Cesco seria oponente do Gelo, e o Tulio apresentaria o Gerador de Kelvin novamente). Seriam dois times do Objetivo contra um do Mater Amabilis.

Cada problema tem seus detalhes, então se preparem.

Primeiro, o Canhão.  Nenhum dos times do Objetivo tinha visto aquele problema, então corremos atrás de toda teoria que pudesse ajudar ambos os times. Como eu seria avaliador, eu não precisaria demonstrar muito conhecimento, mas até mesmo os Bósons sabiam que eu seria muito melhor como oponente do Lucas (mesmo eu sendo ainda um ser ultra tímido, eu ainda faria perguntas mais decisivas naquele momento, pois eu sabia que o Lucas manjava pouco de Física). Até tentamos trocar os times junto ao Márcio, mas estaríamos infringindo as regras, então ficou por isso mesmo.

A apresentação do Lucas foi até que boa, mas a teoria foi muito genérica, e eles tinham explorado muito pouco do Magnetismo. Anotei muitos pontos falhos na apresentação dele, e até tentaria passá-los para o Victor (o opositor do Lucas), mas, novamente, contra as regras. Basicamente, mesmo após ter mostrado alguns tópicos teóricos ao Victor antes da Final, eu sabia que ele ficaria sem ação.

Ele sabia muito pouco de Magnetismo para brigar de frente com ele. Ele não derrubou os argumentos do Lucas em momento algum, e acabou se ferrando muito com os jurados, pois acabou dando brecha para muita pergunta que ele fez ao Lucas e não sabia responder o porquê (coisas até meio básicas do Magnetismo). Eles se ferraram muito com isso.

Minha avaliação foi muito daora. Fiz perguntas que tentaram deixar o lado do Victor mais ameno, mas que eu ainda precisava fazer, e fiz uma pergunta de Magnetismo que eu sabia que o Lucas iria responder errado. A minha avaliação mostrou os pontos falhos dos dois (slides de tamanhos comparáveis para oponente e relator) e mostrou que o Lucas falou besteira na pergunta. Não tinha ainda o truque do “a apresentação foi inconclusiva” ou algo do gênero naquele IYPT, então tinha acabado por aí. E tinha acabado com dois segundos restantes. O público ainda não aplaudia na Final, mas o professor da Bárbara foi o único que vi aplaudindo após minha apresentação (ainda considero ele pra caramba por isso).

Tínhamos comemorado muito depois, não só porque a avaliação foi a melhor daquele IYPT, mas também porque os jurados não arriscaram fazer perguntas para mim.

Pouco tempo depois, o problema do Gelo. Sabíamos quem iria apresentar (o Gustavo – Iha – dos Bósons), e sabíamos também que ele apresentaria uma teoria completamente bizarra pro problema (a famosa “superfície quase líquida”). O Francesco foi o oponente dele. Sabíamos que os atritos da discussão seriam muito maiores, pois já sabíamos da apresentação dele (e do artigo no qual ele acabou baseando a apresentação dele – que não mostrava nada dessa “superfície”).

Ele fez a apresentação dele, que estava bem feita no Powerpoint, mas muito cheia de problemas no resto. O Francesco foi guiando as perguntas dele de acordo com o que íamos escrevendo. Tínhamos aprendido, após o Lucas e o 3º PF, que podíamos nos comunicar por papeizinhos, e fizemos isso de forma genial com o Francesco, pois as perguntas deixavam o Iha muito nervoso.

O mais engraçado da discussão dos dois foi quando o Gabriel tinha jogado um “Então você acredita em tudo que você leu (no artigo)?”, pois o Iha estava se defendendo muito com o artigo, e então o Francesco fala “Então você acredita em tudo que você LÊ?”. A gente desmoralizou o Iha na hora, mas passamos uma impressão meio errada também.

O problema é que acabou vindo muito jurado perguntar coisas teóricas para o Francesco, algumas que ninguém sabia como responder (coisas como “substância amorfa”, tópico que só aquele jurado sabia), mas ainda acabamos por responder muito bem algumas outras. Tínhamos saído bem daquele fight, mas o Lucas ainda tinha saído ileso da discussão estranha (mesmo tendo queimado o tempo de apresentação como avaliador). Já sabíamos que os Bósons dificilmente iriam ganhar de nós, mas ainda faltava sermos relatores (papel com maior peso), e o Lucas seria nosso oponente.

O Matheus fez, de modo geral, uma apresentação bem parecida com a que tinha feito no 2º PF, mas agora tínhamos pouco espaço para erros (nunca mandei tanto papelzinho para ele, muitos deles escritos “Fica calmo!”). Desta vez, os jurados tinham percebido que o vídeo estava em câmera lenta. O Lucas deu pouco espaço para discussão de teoria, como sempre, e fez pergunta sobre pergunta para deixar o Tulio nervoso, como fez comigo.

A discussão entre o Tulio e o Lucas, por menos que ela tenha acrescentado, foi a mais acirrada de todo o IYPT. Diferente de mim, o Tulio ficava puto bem mais rápido, e ele perdia o controle de uma forma que até mesmo retomava o controle do Fight (que se perdia muito fácil com as perguntas sem sentido do Lucas). Por mais que eu entregasse papeizinhos, o Tulio lia só alguns (o chão ao redor dele estava branco de papéis na discussão com o Lucas).

Sem dúvida, o ápice da discussão foi quando, após o Tulio ter perdido o controle, ele aumentou o tom de voz (o Lucas acabou deixando, pois sabia que o Tulio estava se queimando com isso) e questionou “Você está me fazendo esta pergunta do secador toda hora. Então me responde: qual a importância do secador? Vai, me fala!” (Ah, as perguntas envolvendo secador eram “você usou um secador para diminuir a umidade do ar?” e “qual a importância do secador no experimento?”). Nisso, o Lucas acaba cedendo e responde “Ah, não sei!”. Todos racharam muito de rir naquela hora!

Por mais que tivéssemos mostrado que ele não sabia do que estava falando, deixamos as perguntas relevantes passarem sem resposta ou com resposta incompleta/errada. Perdemos muitos pontos com isso, mas o Lucas ainda tinha saído de lá com muitos pontos. A Luciana tinha avaliado, mas acabou citando muito sobre a discussão e não tanto sobre a teoria, então acabou perdendo muitos pontos.

O legal deste fight (lembrado muito bem pela querida Carla Bove) foi a jurada que perguntou sobre a sílica gel, uma das perguntas mais repetidas pelo Lucas ao Tulio (deixada sem resposta por não parecer obviamente relevante). A jurada perguntou “Quanto de silica gel seria necessário para secar uma sala”, e o Lucas responde “Ah, não sei, mas deve ser um monte.” Todos racharam muito de rir!

Resultados intermediários de equipes das quais me lembram: como deixamos razoavelmente claro que o Buraco Negro não tinha feito boas abordagens dos problemas que eles tinham abordado em ambos os fights, não ganharam nada. O time da Bárbara Cruvinel (que postou lindamente este link no IYPT BR) ganhou um bronze com uma pequena diferença de pontos em relação a nós (esperávamos, após as notas baixas do 3º fight, que o time dela fosse passar).

O time da Avatar ficou entre os últimos colocados, mas foi chamado para receber um prêmio especial como única escola pública da competição. Tanto em 2010 como em 2011 (participando novamente e ganhando novamente este prêmio), todo o pessoal do Objetivo aplaudiu o time deles de pé, acompanhados depois por toda a plateia.

Resultados finais: os Bósons ficaram em terceiro lugar, e nós ficamos em segundo lugar. O que nos deixou mais putos foi que o Lucas acabou sendo a maior nota em todos os problemas (tinha jurado muito baba ovo pra ele).

Ainda sim, segundo lugar, e uma medalha de Prata que jamais imaginávamos ganhar, dado que nossas apresentações foram iniciadas uma semana antes. E ainda saímos como campeões morais (como o Felipe Vignon, ex-participante da internacional, nos disse, se fosse na internacional, teríamos ganhado).

Após isso, todos do Objetivo se juntaram, e fomos tomar sorvete e comemorar os resultados (dois times da Salinha com Prata e indo para a Final logo no retorno do IYPT). Descobri também que o Vignon (um dos 10 como avaliador no primeiro PF) também tinha me dado 10 na Final (foi daora, também).

Acabamos nos divertindo muito, saímos de lá com uma medalha de Prata (2º lugar, de fato) muito foda, uma experiência sem igual, e uma paixão estranha por esta coisa chamada IYPT, algo que nem imaginaria ter 10 dias antes da Fase Nacional.

(Post com mais de 3000 palavras, BTW. No entanto, que ele sirva como relato oficial do IYPT 2010)

Damn spiderwebs…

Posted in OC, Olimpíadas on setembro 10th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – 1 Comment

Apesar de fazer um tempo razoável entre este post e o anterior, saibam que já ameacei escrever um post umas três ou quatro vezes. No fim do ano, farei um compilado dos posts que já ameacei postar. Poucos são comprometedores demais – alguns apenas perdiam o foco, o momento, ou a completude, só isso -, então será legal fazer esse tipo de retrospectiva.

Uma pausa (raríssima) aqui no ITA, e cá estou eu postando coisas novamente. Vamos lá.

Primeiro, tenho de falar que esta é a primeira vez em anos que eu conheço boa parte do time brasileiro da IJSO, ao menos de olhar (o Camacho, o Leo, a Marina e a Letícia). Fiquei animado ao ver a lista sendo solta no Facebook, e estava torcendo para ver nomes conhecidos sim. Parabéns a todos que irão para Pune e a todos que irão à Argentina na OACJ.

Isso serve a qualquer um dos integrantes: contem com ex-participantes da IJSO para todo tipo de coisa. A prova é um tantinho mais desafiadora que a fase nacional, e é a primeira vez de várias pessoas numa olimpíada internacional, então a responsabilidade é grande. Fiquei super feliz com o resultado do ano passado, e tenho certeza que o time deste ano será melhor. Estudem agora com muito mais vigor, e humilhem muito!

Estou devendo o overview das questões do IYPT. Não me esqueci dele. Apenas estou vendo se dá para fazer um conjunto melhor de insights (e claro, um texto mais bem redigido, sugestões de outras pessoas, enfim), pois quando ele sair (e ele vai sair, e farei de tudo para que seja antes do fim deste ano), ele será o ponto de partida (não o de chegada – farei de tudo para que isto aconteça) para os vários times inscritos no IYPT Brasil 2014 (quem sabe a tradução também não traz moral ao IYPT 2014, também).

Muitas (e diversas) boas ideias apareceram (ou voltaram) para turbinar o OC, e estou planejando mudanças inesquecíveis para ele. Os números (likes no Facebook, acessos diários, etc) parecem aumentar, e isso é muito bom, mas alguma coisa parece ter ficado estagnada. Estas mudanças demandarão um tempo pequeno, porém valioso, de um time que eu mesmo pretendo chamar, apenas para ver estas tarefas (e muitas outras que surgirão) serem cumpridas. Esperem só mais um pouco.

Uma das coisas que propus para meu fim de 2013: farei questão de estar (novamente… contarei um pouco mais no futuro) numa competição universitária de Física (dica: o nome é este mesmo). O desafio para conseguir conciliá-la com o ITA e o resto das tarefas é gigantesco, e é necessário levar um time, e ele precisa ser o melhor já visto. O desafio só aumenta quando você entra na faculdade, e isso serve para virtualmente tudo. Saibam que isso faz toda a diferença.

Tem tanta coisa para acontecer até o fim deste ano, e isso porque já é setembro. E o pior é que, quando eu paro para pensar no sem-número de coisas que quero fazer, apenas aparecem mais coisas incríveis a serem feitas. Talvez porque elas estão lá, prontinhas para serem feitas, serem capa de revista (mesmo que seja só o BICO). Você só precisa ir lá e dar o melhor de si para realizá-las todas.

Tentarei não deixar para postar apenas na minha semaninha (daqui a uns 10 dias). Se ficar para lá, já estão a caminho dois posts incríveis. Um deles será “Um pouco do passado” que, sinto eu, registrará uma das competições mais incríveis das quais eu participei. O outro…

Lembranças… e IYPT 2014

Posted in Olimpíadas, Passado on agosto 10th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

Minhas páginas sobre o passado me trazem de volta lembranças incríveis das competições que construíram muito do meu caráter e me trouxeram amigos que levarei para a vida inteira. Tratá-las como “passado” dá a impressão de que estas competições ocorreram há muito tempo. No entanto, como muitos olímpicos começam a participar desde jovens, o laço que se constrói com elas é muito, muito forte, e você dificilmente o quebra completamente quando entra na faculdade, ou mesmo depois desse período. Arrisco dizer que, quando a paixão por elas é muito forte, elas passam a fazer parte do seu DNA.

Quando comecei este blog (em 31 de dezembro de 2012 – sim, podem ir lá ver o primeiro post), estava ligado às olimpíadas do EM apenas pelo site. Como muitas delas acabam “morrendo” quando você entra na faculdade, você fica cada vez menos conectado a este mundo, e ficaria difícil escrever um “Vida de Olímpico” quando você não é mais tão olímpico. No entanto, só de jogar a sugestão para a equipe, a aprovação foi completa, e a explicação principal para isso foi que, de tanto eu participar de olimpíadas, eu ainda seria capaz de inspirar com cada conquista que tive, e eu não estaria tão distante assim das olimpíadas. Uso muito disso para escrever cada post do meu passado, e uso esta mesma força para escrever meu futuro.

Voltando aos dias atuais, comentarei sobre o IYPT.

Primeiro, o Brasil pegou a Prata tão sonhada este ano, YAY! Mereceram mesmo, parabéns!

Segundo, logo que os problemas de 2014 foram divulgados no Twitter do IYPT (na madrugada de 1º de agosto, eu acho), mandei os problemas para a Bárbara no mesmo instante e começamos a traduzir todos os 17 na mesma hora. Nem duas horas depois, já tínhamos mandado os problemas para o Márcio, e não tinha dado nem meio dia e os problemas já tinham sido oficialmente divulgados na página do IYPT Brasil! O mais legal: nossos nomes estão lá embaixo! Isso foi muito daora. Logo eu deixarei o link do IYPT junto ao meu portfólio (traduzir não é algo simples, sério).

Comentário: no problema 7, o termo “geladeira de potes” foi uma adaptação minha do pot-in-pot refrigerator original do Inglês, porque, até aquela data, não existia a página sobre o tema em Português na Wikipédia, e todos os links em Português no Google também não sabiam como lidar com o termo (tanto por isso, o termo original foi mantido, pois só assim as pessoas iriam encontrar alguma coisa pesquisando, mas como precisávamos de uma tradução, esta foi a melhor que achamos). Acabei “criando” este nome, mas espero que ele seja oficialmente adotado pelas futuras pesquisas sobre o tema em Português (que aumentarão bastante por conta do IYPT Brasil).

Terceiro, escrevi um depoimento rápido sobre minha participação no IYPT 2010 no IYPT BR (a Bárbara tinha pedido um depoimento, eu falei “why not?” e voilá). Digo que foi rápido porque ele não disse o nível dos perrengues e das aflições nos bastidores: isso eu guardo para um próximo “Um pouco do passado”, quando também pretendo escrever todos os bastidores que merecem ser ditos. Sim, Bárbara, eu vi o seu “Breve resumo” de 2010 no IYPT BR, mas tem muuuito mais coisa a ser contada, coisas que talvez só a minha perspectiva tenha capturado – como a Final, por exemplo.

Quarto, escreverei daqui a alguns dias um overview dos 17 problemas junto com a Bárbara. Não pretendemos dar dicas de questão alguma – não queremos “viciar” as apresentações de 2014 – tanto porque, para muitas daquelas questões, nem sabemos ainda por onde começar. Queremos, no caso, dar nosso julgamento inicial vindo das traduções, mostrando um pouco das ambiguidades dos enunciados e tirando os interessados de suas inércias. Talvez surja uma versão em Inglês – para mostrar ao mundo IYPTeico – mas, como disse, será apenas um overview.

Último comentário: guardei as sugestões de relembrar o passado da minha IJSO e da minha IPhO com carinho. Tem muita olimpíada no meu passado, e falar de cada uma toma um tempo razoável (que comumente não tenho), mas guardei os pedidos.

Apenas para concluir as minhas lembranças: mesmo que algum “Vida de Olímpico” pareça não fazer sentido quando a pessoa entra na faculdade, saiba que cada blog mais movimentado vai criando vida – e a vida fica inevitavelmente mais distante do mundo olímpico com o passar do tempo. Mesmo assim, cada blog fala muito da pessoa que o escreve, e, do mesmo jeito que eu escrevo sobre Sudoku no meu tempo livre, tópicos dos mais variados vão aparecer. Mesmo que não seja sobre olimpíadas, será sobre algo que aconteceu de bom conosco e que queremos dividir com o mundo – seja ele olímpico ou não – para que alguém que o leia possa animar o seu dia e, quem sabe, inspirar-se com o que escrevemos.

Um pouco do passado: OPF

Posted in Olimpíadas, Passado on julho 30th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

Ouro da OPF e a Prata da IJSO 2008 + Ana Paula

Já faz um tempo que eu não escrevo sobre a minha participação numa olimpíada (escrevi sobre a OPM no início do blog). Direi a vocês sobre a olimpíada que me trouxe mais ouros, e a história desta foto. Para muitos dos comentários que farei, sugiro que olhe primeiro o post que fiz  da OPM (ele é longo, mas ficou bom, prometo), quando tinha decidido que participaria de Olimpíadas Científicas de fato.

2006

A Olimpíada Paulista de Física (OPF) não foi a minha primeira olimpíada (foi a OBA), mas foi a minha primeira Olimpíada de Física. E isso ainda aconteceu na sétima série, em 2006, quando não tinha tido aulas de Física em momento algum (nem me arriscava a ir para as aulas à tarde).

Na minha primeira participação, não me surpreendi com o resultado: 8 pontos de 20. Não passei nem da primeira fase (de duas). Mas isso já era o segundo semestre de 2006, então meu ânimo para aprender o que eu errei e ver as matérias com mais detalhes estava a mil. Aproveitei o fim do ano para aprender um basicão daquilo que caía na prova (com a prof. Márcia, super legal).

2007

A olimpíada já tinha me intrigado o suficiente para voltar a participar em 2007. Na minha oitava série, já apareciam as primeiras aulas de Física e Química (que também me intrigaram para a OQSP, mas que ainda não estavam na hora certa) no colégio, então já dava para ficar afiado desde o início do ano. Aproveitei também para ter as primeiras aulas à tarde, uma parte delas com o prof. Gromov (quando conheci a Carla Bove – e sua mãe – e a Gabi Ueno – minhas amigas de mais longa data), outra parte com o prof. Guilherme (acho).

No meio do caminho, conheci a OBF, cuja última fase veio antes da última fase da OPF (bem mais tranquila de se atingir desta vez). Em nome da última aula que tive com o Guilherme, aprendi pêndulo simples, e em nome das últimas aulas de Matemática do colégio, aprendi a escrever gráficos. Ambos os aprendizados me renderam uma incrível prata na OBF – os gráficos facilitaram as provas teórica e prática, e o pêndulo simples foi o tema da prova prática (o/).

Em nome da fase final da OBF e da OPF, acabei conhecendo o prof. Ronaldo Fogo. Fui apresentado a uma de suas aulas, que estava REVISANDO temas em geral. Nunca boiei tanto numa aula de Física (mesmo nas aulas do Ardê que via sem querer, eu aceitava mais as coisas). Não voltei a ver mais aquelas aulas em 2007.

Na final da OPF (quando visitei o ITA pela segunda vez – a primeira foi com a Jornada Espacial, quando conheci a Ana Paula da foto), estava empolgado por conta da OBF e tudo mais. No entanto, tive em 2007 um recorde de brancos, erros e péssimas leituras de enunciado exatamente naquela prova. Resultado: NADA novamente. Mas eu esperava que isso acontecesse, mesmo.

A medalha na OBF foi o que eu precisava para continuar investindo cada vez mais na Física, então não desisti nem dela (a qual poderia – e acabaria por – me levar à IPhO), nem da OPF. E sinto que foi uma decisão perfeita.

2008

Foi em 2008 que entrei de cabeça nas aulas de Física após a aula, agora somente com o prof. Ronaldo. Como regra de todos os alunos iniciantes do Ronaldo (mesmo os medalhistas de anos anteriores da OBF e da OPF), você precisava acompanhar e fazer as aulas e folhetos em diversas tardes da semana – e também em sábados e em alguns domingos (?) – para ter um bom nível no final do ano.

Antes da 1ª fase da OPF, ainda nos folhetos de Mecânica, eu já conseguia ter insights sobre aceleração aparente na aula de força resultante. Ele olhou isso com olhos de futuro promissor para o meu lado, e começou a me oferecer folhetos mais pesados (dentre eles, um livro cheio de questões do ITA de Física – eu achei ele muito WTF naquela época).

Na primeira fase, eu estava manjando bizarro, sério. Fiz a prova tendo um controle incrível da situação desta vez. O resultado me surpreendeu incrivelmente: gabaritei a primeira fase. Mais incrível ainda? Após ver as notas com o Ronaldo, descobri que fui o único do primeiro ano do estado inteiro a gabaritar. O Ronaldo já sabia disso na segunda-feira – pois os professores já recebem o gabarito no mesmo dia, então já aproveitam e corrigem no mesmo dia – e já começou a conversar comigo sobre uma tal de IJSO – que, na época, ainda estava selecionando alunos pela 1ª fase da OPF. Ele não falou só comigo, claro: conversou também com o Matheus Tulio – também amigo de longa data – e com a Gabi Ueno.

Não estragarei as surpresas sobre a IJSO, pois ela foi uma divisora de águas em termos de olimpíadas – o meu eu olímpico pré-IJSO e o meu eu pós-IJSO são seres visivelmente diferentes -, mas estava estudando Física cada vez mais – considerando OBF, OPF e IJSO. Fiquei muito mais tardes estudando Física, a ponto de não fazer a 2ª fase da OBM para treinar para as provas experimentais. Era nesse nível.

No fim de agosto, ocorreu a seletiva da IJSO. Já sabia que seria selecionado, de acordo com o Ronaldo, então estudei afiadamente Física, Química e Biologia – naquela época, os livros do Objetivo que usei para estudar já estavam perdendo a capa. Fiz a prova com um nervosismo inevitável, mas com todo o cuidado do mundo. Resultado: 3º lugar geral, e uma vaga na equipe brasileira da IJSO 2008. Foi ultra foda essa notícia, só posso dizer isso.

A fase final da OPF de 2008 foi um mês depois, um dia depois da 2ª fase da OBF (a OBF foi num sábado, a OPF num domingo). Não sei quão útil foi isso, mas fiz as provas do domingo bem mais tranquilo, atentando para enunciados estranhos, contas com vírgula e repetições de experimento. Aproveitei também para conhecer os demais membros da equipe brasileira, como o Gustavo Haddad.

Lembro de ter saído da prova teórica – a última do dia – feliz pra caramba, de tão bem que achava ter ido. Lembro que a Gabi também voltou super feliz de lá, e o nosso grupo de participantes da seletiva da IJSO (o Matheus – que foi comigo para a Coreia -, a Gabi, o Rodrigo Paroni – que também é bolsista ISMART – e eu) foi conversando pra caramba na ida e na volta – eu acabei cochilando na volta, mas foi super legal anyway.

Desta vez, eu tinha maiores esperanças de que meu nome fosse aparecer nos medalhistas, pois a OPF libera esta lista antes da premiação – pois eles colocam o seu nome atrás da medalha. E ele apareceu, junto com o da Gabi e de diversos outros amigos. Foi muito daora, e isso porque não tinha nem ido para a IJSO.

Na premiação, lembro que a Gabi pegou medalha de Prata – um dos momentos mais felizes ever para ela, eu lembro – e eu peguei medalha de Ouro. Eu fiquei feliz pra caramba, pois já tinha voltado de uma conquista incrível da IJSO – como mostrado na foto, consegui uma Prata muito linda – e concluiria minhas conquistas de 2008 com mais esta surpresa.

Ah, história da foto: a Ana Paula foi uma das amizades que fiz quando fui à São José dos Campos em 2007 por conta da I Jornada Espacial, evento proporcionado aos melhores participantes da OBA na parte de Astronáutica. Na época da foto, no início de 2009, ela já estava na FEI e não tinha ganhado nada na OPF, mas foi ao ITA só para rever os amigos (awn).

2009

Desde que tinha visto meu nome na lista de premiados da OBF, logo que voltei da IJSO no fim de 2008, já tinha começado a estudar Física bizarramente – eu queria ir para a IPhO. Ficava a maior parte do tempo, agora em 2009, com o Bruno Arderucio e o Rafael Parpinel – os melhores monitores que poderia ter na vida -, e pensava em Física praticamente 24/7.

A OPF já não trazia mais internacionais no meu futuro, mas era uma competição estranha em todos os sentidos. Ainda nem falei dela direito, mas sinto que este é o melhor momento para isso. Vamos lá.

A OPF tem uma 1ª fase nada absurda, relativamente justa com seu gabarito e num nível justo para cada série – desde a 5ª série do EF até o 3º EM, cada um faz a sua prova. A 2ª fase dela costuma(va, pelo menos) ser bem aleatória, ao menos para mim.

O pessoal do EF tinha questões teóricas bizarras – “Como obter água num deserto?” -, e nas questões do EM, quando o enunciado não falhava ou pedia detalhes demais – como DERIVADAS super estranhas -, tudo tinha conta com mais de três ou quatro casas decimais, e isso multiplicando e dividindo – sem usar calculadora.

Na 1ª fase, acabei gabaritando novamente. Foi daora.

Na 2ª fase, fiz a prova com o máximo de cuidado. Lembro também que estava num dos momentos em que mais sabia Física do meu EM, então não ligava de ficar na sala até o fim da prova quando todos já tinham saído da minha sala do 2º ano, pois revisar aquelas questões foi algo muito necessário – a prova do 2º ano estava bem mais difícil que a do 3º ano.

Por algum momento, achei que tivesse fechado a prova. Não fechei, mas consegui medalha de Ouro e obtive a melhor nota do EM inteiro (algo em torno de 98 pontos de 100). Fui descobrir depois que, na questão com o enunciado mais estranho ever da prova do EM, eu tinha sido a única pessoa a acertá-la completamente. Achei isso bizarramente foda

Não obtive a Medalha César Lattes, pois, naquele ano, ela ainda tinha como regra que o melhor aluno do 3º ano do EM iria recebê-la (tinha conseguido 3 pontos a mais que o ganhador da César Lattes). Mas sinto que a Malu discutiu bizarro com o Marim e a organização para mudar esta situação. Nisso, algo mais justo – e legal – foi determinado para 2010.

O melhor aluno do EM ganharia a Medalha César Lattes, e o melhor aluno do EF ganharia a medalha Shigueo Watanabe – criador da OPM (se você gabaritar a prova, você agora ganha um troféu de “gabaritador”). Antes, as melhores notas poderiam não receber nada mais do que um outro certificado – como foi o caso de 2009. Livros e prêmios bonitos ficavam só para os medalhistas especiais. Achei estas novas regras perfeitas.

2010

Em 2010, fiz a OPF depois da IPhO – de onde voltava com medalha de Bronze. Já não tomava nenhuma olimpíada nacional com tanta seriedade, mas foi um ano com recorde de participação olímpica – deem uma olhada no meu histórico depois. Na época da OPF, já não lembrava como usar as leis de Kirchhoff num circuito SIMPLES.

Não gabaritei a 1ª fase desta vez – por uma questão. Em teoria. Discuti o gabarito com o Matheus, que desta vez tinha gabaritado, e ambos concordamos que a questão que estava diferente para nós – sobre Relatividade Restrita – aparentava dar num gabarito que batia com a minha prova. Na prática, não mudou muita coisa para a 2ª fase, óbvio.

Na 2ª fase, eu me achei bem mais burro do que em 2009, mesmo tendo voltado da IPhO. Duvidei que, se viesse medalha, viria muita coisa. No entanto, como o Lucas Colucci, que foi comigo na IJSO, acabou dizendo uma vez: “A única coisa que se espera da OPF é que o Cássio ganhe ouro”.

Acabei ganhando o terceiro ouro na premiação em 2011 (droga!). Para minha surpresa total (sério), ganhei também a Medalha César Lattes, tendo tirado 92,5 de 100 (eu disse que estava mais burro). De novo, achei este resultado super foda. Ah, e ganhei dois livros novinhos do Halliday (conto nos dedos quantos dos meus livros não são xerox). Foi uma tarde sensacional aquela (também porque depois começava a minha primeira semaninha).

A OPF é bizarra (pelo que pude acompanhar nestes últimos anos, ela continua sendo). Ganhei medalhas por usar de extrema cautela em cada passo que fazia. Ganhava Ouro porque, aparentemente, tomava MUITO cuidado. Mas a OPF me trouxe coisas muito boas.

Foi a OPF a minha primeira olimpíada de Física. Foi por ela que cheguei a minha primeira olimpíada internacional. Foi com ela que peguei meu primeiro ouro numa olimpíada de Física. Foi nela que vi que era realmente bom nesta matéria, a ponto de ser chamado mais de uma vez para receber um prêmio especial, o qual é também a minha medalha mais pesada.

Agradeço por todos os cinco anos incríveis de OPF que tive.

Fim de julho

Posted in Olimpíadas on julho 26th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

Em dias de frio como estes (ao menos em São Paulo), nada como ficar dormindo e passando o tempo debaixo das cobertas.

Dentre as três possíveis semanas de férias que tive do ITA, tirei a primeira para arrumar as últimas coisas do semestre (fiz uma prova de oito horas na terça-feira), dar uma aula temática ao pessoal do Ensino Fundamental sobre arco-íris (passei rapidamente pela dedução, e depois expliquei como observá-lo num dia de chuva) no “Uma mão lava a outra”, programa super legal de tutoria do ISMART.

Arrumei também meu pôster para a minha primeira conferência, a Carbon, que é internacional, mas que foi no Rio de Janeiro (não reclamei, pois ela foi num dos maiores hotéis de Copacabana – com 39 andares e com vista para a praia), e passei minha segunda semana de férias inteira lá. Aproveitei bastante para aprender e para refletir sobre a pesquisa que fiz para o meu pôster (grafano – um material que ainda irá me surpreender muito), feito com base nos estudos da minha IC (que acaba no mês que vem, quando meu orientador apresentará meu trabalho em Cancún o/). Colocarei fotos da minha rápida estadia no Rio aqui no blog.

Esta é a minha terceira e última semana de férias, e agora só tenho tempo mesmo para arrumar as últimas coisas (como as minhas músicas, arquivos do ITA, papéis e cartões de visita na minha bolsa, enfim). Aproveitei para começar (espero acabar) um curso de Álgebra Linear em Python no Coursera (é bem mais complicado do que o curso que tive no ITA, sério) e cogito fazer mais dois ou três cursos até o fim do próximo semestre (que não espero acabar, mas vou me organizar para ir até o fim).

Fiquei devendo bastante coisa para mim mesmo, mas se eu não conseguisse descansar nesta semana, não compensaria no ITA (dificilmente durmo corretamente lá). Enfim, estou aproveitando estes dias para ficar perto da minha família e ver o que fazer de extra nestes próximos meses, além de ajeitar coisas aqui e ali (acrescentei um plugin ao OC, e agora os blogs aceitam Google Analytics).

Amanhã haverá o Encontro de Jovens Transformadores, organizado por ex-participantes do Laboratório Estudar, que promete ter um networking e atividades sensacionais!

Ah, agosto também promete ser um mês para não esquecer. Terei, além de finalizar minha IC, um TOEFL em nome do Ciência sem Fronteiras (será que dá?), além de várias outras coisas para arrumar (detalhes do CsF, da ITA Júnior, enfim), além de que tentarei dar uma melhorada no meu boletim (desafio bem difícil, mas vai que dá) e começarei a estudar para uma ou outra competição no fim do ano (segredo).

Não deixem de acompanhar o IYPT 2013, gente. A Bárbara está divulgando bastante coisa no Facebook do IYPT BR, e eles lançaram materiais de divulgação incríveis. Este é um ano em que o Brasil tem grandes chances de um resultado inédito, e uma medalha de Prata mais do que digna.

Devo postar mais alguma coisa (temática) até o fim do dia. Se não der, eu vejo vocês em agosto. See ya!

O fator IYPT

Posted in OC, Olimpíadas on maio 8th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

O último final de semana foi incrível, principalmente porque foi o IYPT mais divertido e com as apresentações mais memoráveis que eu já vi. E tentarei resumir, nas próximas linhas, um pouco desta experiência.

Ah, não pretendo explicar muito a mecânica do IYPT, então é bom clicarem aqui para tirarem suas dúvidas.

Sempre torci em nome dos times do Objetivo, e desta vez não fiz diferente (nem sei se farei alguma coisa dessas ainda, pois isso simplesmente parece certo). Muitos dos times do ano passado voltaram em 2013 com experiências de vencedores da internacional, e isso aumentou muito o nível da competição. Isso se fez ver na Final: as apresentações não deram mais aquela sensação de “cão e gato” nos Fights, e a discussão de mais alto nível que já pude ver (talvez a melhor da história do IYPT Brasil) se fez ver com dois ex-participantes da internacional. Sem brigas, sem encrencas, tudo fluindo sem grosserias ou interrupções.

Assim que nos for possível ter estes vídeos à mostra, colocaremos todos organizadamente no canal do YouTube do OC e nos canais de divulgação do IYPT Br. Ainda verei todo este material sendo revertido em melhorias significativas aos eventos nacionais dos anos seguintes, em nome de equipes ainda mais desafiadoras na internacional. O Brasil tem nível para mandar equipes ainda mais fortes, e isso precisa acontecer.

O IYPT Brasil se mostrou o melhor lugar possível para networking acadêmico, e digo isso como universitário não-participante da plateia. Gente muito boa acaba fazendo parte pelo contato que tem com um ou mais membros da Final, e estas mesmas pessoas acabam voltando, mesmo sem jamais ter participado, por conta do que já é chamado de fator IYPT (ou também, como me lembraram, o efeito IYPT).

O fator IYPT é algo difícil de explicar, mas é tão visível e forte que, mesmo tendo apenas visto um Fight, uma pessoa se vê como parte da competição, torcendo, ficando inconformada com notas e comentários. Só uma coisa é certa: uma vez que você entra de cabeça no IYPT, fica difícil sair.

No fim das contas, só posso dizer que adorei o IYPT, e que pude ver e conhecer tanta gente boa, que só posso recomendar a todos que participem da próxima fase nacional, mesmo que somente da plateia, mesmo que somente pela transmissão ao vivo, mas participem. Ela ainda tem muita coisa a melhorar, mas ainda se faz forte e presente o fator IYPT, e é por ele que todos deveriam participar.

Novas mídias!

Posted in Olimpíadas on maio 1st, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

Dia apertado, mas numa semana cheia de coisas boas. Um novo artigo foi publicado na Prime Saber, agora sobre o IYPT Brasil, que acontecerá neste fim de semana (não percam as surpresas que guardamos para vocês no OC o/). Recebi muitos elogios por parte dele, e a arte final do pessoal da Prime Saber ficou muito boa (claro que tive uma ajudinha, ou nunca ficaria tão bom).

Escrevi este artigo em nome da oportunidade que tive de escrever uma coluna no jornal, e quero continuar escrevendo. Se ler o artigo, coloque um comentário lá em cima dizendo se gostou, o que ficou melhor e alguma dica ou conselho. Adorarei receber conselhos de vocês, e eles me ajudarão a escrever textos ainda melhores.

Deixe-me voltar à atividade. Desta vez, é só isso. Deixarei para escrever mais quando estiver na Final neste fim de semana.

Um pouco do passado: OPM

Posted in Olimpíadas, Passado on janeiro 10th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – 2 Comments

Foto minha com o Bronze

Achei essa foto na galeria do BICO, enquanto procurava por uma foto decente minha da premiação de 2009. Descrição rápida da foto: o cara segurando a medalha sou eu, ao lado estão o Luis Pinho e o Matheus de Tulio, e atrás de azul está o Lucas Colucci.

Teria uma quantidade gigantesca de competições para escrever (e sinto que conversarei sobre elas no momento certo), mas resumirei tudo em três razões. O post, ainda sim, é longo, mas não irá se arrepender.

1. A OPM foi a minha primeira olimpíada de Matemática.

Sei que a OBM acontece alguns meses antes, e acabaria participando dela quando as inscrições começassem. No entanto, em 2006, um pouco antes da OBM começar, tinha decidido parar de vez com minha participação em olimpíadas científicas.

Tinha entrado no Objetivo há poucos meses, e não estava plenamente adaptado ao ritmo de lá na época, dado que fui da escola pública direto para lá. E daí me levaram a participar de tantas olimpíadas quanto fosse possível, indo até aos sábados, e eu estava parando de render cada vez mais nelas. Com medo de que parasse de render também no colégio, parei.

Tinha parado tudo, isso mais ou menos depois da OBA. Não queria saber de competir em mais nada. O colégio era prioridade, e não estava dando conta. Não estava rendendo, nem achei que chegaria a algum lugar. Parei por lá mesmo, sério.

Como então estou fazendo este post, e acabei tendo toda a minha trajetória olímpica? Simples.

Junto com julho (já tendo perdido a OBM), entrei de férias. E com essa rápida pausa, alguma motivação aleatória da qual não consigo nunca me lembrar qual foi também veio. E daí decidi voltar a participar de qualquer olimpíada que restasse.

Como tinha saído num período meio crucial, sobraram apenas duas olimpíadas para um aluno na sétima série: OPM e OPF, cujas primeiras fases coincidiram (19/08). A OPM foi de manhã, a OPF foi à tarde. Na OPF, não sabia Física, e não saí da 1ª fase.

2. A OPM me levou à minha primeira cerimônia de premiação.

A OPM acabou sendo a primeira competição do meu grande retorno. Foi também a primeira que me permitiu interagir mais de perto com meu professor de olimpíadas de Matemática, o Edson Abe (também iteano, um dos melhores professores que já tive), dentre outras coisas. Mas ainda não comentei como foi a 1ª fase.

Aquela talvez tenha sido uma das provas que mais encarei sem saber o que estava fazendo. Sabia apenas o que o colégio me trouxe, então estava muito defasado em relação à prova. No entanto, a OPM sempre tem algumas questões mais para a lógica e para contas simples. Dei um jeito de fazer algumas destas e rabiscar outras.

Para a maior das minhas surpresas, foi muito incrível ter visto a minha coordenadora me chamando para avisar que eu tinha passado para a Fase Final. Conjuntamente com isso, a OPM me levou à primeira 2ª fase de uma olimpíada com fases.

Daí fui levado a estudar um pouco mais. No entanto, ainda não tinha um décimo do ritmo que tenho hoje para estudar, e o treinamento olímpico das aulas já estava no meio do caminho. Acabei ficando apenas com poucas coisas a mais.

Nisso chegou a Fase Final. Lembro de ter ido para o Instituto de Física da USP fazer a prova, junto com meu colégio. Conhecia pouca gente, e não sabia quase nada da matéria, então acabei encarando a prova do jeito que consegui.

Junto com a Fase Final, vi que a premiação seria no mesmo dia. Não sabia como a prova funcionava ainda, nem arriscava que ganharia alguma coisa, mas acabei indo. Fui com meus pais e meu irmão direto ao Palácio dos Bandeirantes (Morumbi-SP).

O lugar era gigante. O local da cerimônia era gigante, apesar de a premiação ser ajeitada um pouco às pressas. Conheci o Shigueo Watanabe e o Ângelo Paroni, grandes nomes no que diz respeito a olimpíadas, lá no palanque, junto com a Inês do ISMART, instituição que me levou ao Objetivo. Vi diversas pessoas sendo premiadas, camisetas amarelas, e nada veio.

Participei de minha primeira cerimônia de premiação antes da minha primeira medalha chegar, apenas no ano seguinte. Comecei a ver o peso de tradições e costumes olímpicos lá da plateia, mas ainda estava pouco imerso no meio olímpico.

3. A OPM me trouxe a primeira de minhas medalhas na Matemática.

Depois de ter passado um primeiro ano sem conquistas, começou em 2006 a minha trajetória olímpica, e decidi continuar no ano seguinte. Voltei a frequentar bem mais aulas depois do horário, com bem mais frequência, também.

Dei foco à Astronomia naquele ano, mas pude participar de todas as competições, ainda que soubesse pouco para elas. Matemática ainda me parecia algo muito difícil, mas ainda cheguei à Fase Final da OPM em 2007. Também sem ser premiado. Ah, em termos de OBM, fiquei até 2009 sem sair da 2ª fase.

Não cheguei a ser premiado na OPM de 2008 também. No meu 1º ano do EM, o nível da competição tinha aumentado visivelmente, mas não me impediu de chegar à Fase Final. No entanto, a IJSO me veio quase na mesma época, e acabei me voltando somente para ela, pois não tinha noção alguma da matéria que precisava estudar.

Em 2009, no entanto, não havia internacionais tão próximas a caminho, e meu fogo para estudar olimpíadas nunca tinha crescido tanto. Ter aulas de sábado ou depois do horário não me doíam mais, e então decidi dar muito foco à Matemática.

Revi e refiz diversos folhetos e livros dados pelo Abe, juntamente com várias provas antigas e todo um novo ritmo, voltado justamente a dar meu melhor nas provas deste ano. Consegui chegar à Fase Final da OPM e, de modo inédito, à 3ª Fase da OBM.

Na OBM, acabei não ganhando nada (ainda). No entanto, na OPM, cuja premiação foi feita no Salão Nobre da Facvldade de Direito, recebi uma suada medalha de Bronze.

Foram 4 anos para ganhar uma medalha numa competição. Valeu muito a espera.

Olimpíadas para universitários

Posted in Olimpíadas on janeiro 5th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – 13 Comments

–(Há modificações)–

Vem sendo pedido por amigos e visitantes do site alguma coisa que também abordasse possíveis olimpíadas abertas a universitários. E eu sou um universitário, então deveria saber sobre elas. Então, resolvi fazer este post especial para vocês, queridos o/

Não vou mentir: são VÁRIAS as competições a se participar. Mas as ramificações são muitas, por muitas delas se especializarem em temas muito fechados. Logo, lembre-se sempre de buscar aquelas que forem de seu interesse. Não poderei satisfazer todos.

Abaixo uma lista (incompleta e gigante) de competições abertas para universitários de que me lembro, ou que consegui achar, ou de que pude participar.

 

— Aqui, as competições mais teóricas, mais ligadas às olimpíadas do Ensino Médio —

Na área de Matemática, temos:

» OBM Nível Universitário (OBMU), aberta para todos que cursam ainda a primeira graduação aqui no Brasil. Seu modelo é o mesmo da OBM para os demais níveis, mas tendo apenas 2 fases dissertativas, começando na 2ª fase dos demais níveis;

» Olimpíada Iberoamericana de Matemática Universitária (OIMU), aberta a todos os universitários que fizeram 1ª fase da OBMU do respectivo ano, independente do resultado;

» Internacional Mathematical Competition for University Students (IMC), aberta a todos os medalhistas da OBMU. O nível não difere tanto assim da OBMU;

» Competição Iberoamericana Interuniversitária de Matemática (CIIM), também aberta apenas para medalhistas da OBMU (não confundir com a OIMU).

Na área da Física, temos:

» Prêmio IFT-ICTP para Jovens Físicos (antigo Prêmio FIFT): um conjunto de seis provas com temas que varrem praticamente toda a Física universitária (Mecânica Clássica, Mecânica Quântica, Mecânica Estatística, Física Matemática, Eletromagnetismo e Relatividade Restrita), todas em 3 horas. Há prêmios para os 5 melhores colocados;

» University Physics Competition (sem abreviação oficial): competição online aberta a universitários. Times de até 3 integrantes e um professor podem participar. O objetivo é escolher um dentre dois problemas e criar uma resposta em formato de artigo científico para ela, no prazo de 48 horas contínuas a partir do lançamento das questões;

» Rudolf Ortvay Competition in Physics: esta é uma das competições mais difíceis que vi dentro da Física. Aberta para universitários e alunos de pós-graduação. Também online, porém individual. Dentre diversos problemas (houve 29 problemas no ano passado), você precisa escolher e resolver até 10 problemas em 10 dias contínuos de competição. Há grandes prêmios em dinheiro para os três primeiros colocados de cada categoria, além de menções honrosas e prêmios especiais para as melhores soluções;

» Online Physics Brawl: competição também online e com duas categorias, uma para Ensino Médio e outra aberta. A competição dura 3 horas, e o prêmio maior é fama.

» World Physics Olympiad (WoPhO): competição voltada ao Ensino Médio e a alunos do 1º ano da faculdade. O seu intuito é achar o melhor aluno do mundo em Física. Sua prova é tomada como mais difícil que a IPhO e a APhO. Alunos podem se inscrever na competição pagando sua entrada (Guest), resolvendo problemas enviados pela equipe da WoPhO (Problem Competition), sendo medalhista de Prata ou de Ouro na IPhO ou na APhO do respectivo ano, ou sendo convidado pelo Comitê Internacional.

» International Zhautykov Olympiad (IZhO): competição aberta a alunos do Ensino Médio e do 1º ano da faculdade. Ela é uma competição meio obscura para mim, mas é considerada internacional, e há uma sede no Peru para quem fizer a prova.

Na área da Informática, temos:

» OBI: no caso, aberta apenas para quem estiver cursando o 1º semestre da faculdade no momento da competição. A competição segue da mesma maneira que para os participantes do Nível 2 de Programação, podendo concorrer à IOI do mesmo ano;

» Maratona de Programação: abertas para todos os estudantes de graduação, comumente feita em equipes. Na etapa nacional, universidades mandam suas equipes para competirem na resolução contínua de problemas envolvendo matemática, lógica e programação, e as melhores equipes são chamadas para maratonas internacionais;

» Hackaton: são 48 horas seguidas de programação envolvendo desde a criação de jogos e aplicativos até a construção de negócios online. A participação é feita por times de até 3 pessoas, com prêmios diversos (dinheiro, smartphones, videogames, etc).

Na área da Robótica (todas envolvendo a participação de equipes, com atividades desde simulações até a construção de robôs autônomos), temos:

» Winter/Summer Challenge: há diversas categorias (sumô, guerra, Soccer 2D, resgate, etc) a se participar, e são oferecidos prêmios em dinheiro para os três melhores colocados. Apesar do nome, a competição é nacional, e promovida pela Robocore;

» Latin American Robotics Competition (LARC): a maior competição da América Latina, motivando o desenvolvimento de tecnologias e códigos avançados para robôs autônomos;

» Robocup: aberta aos melhores times da LARC, a maior competição de robótica do mundo para robôs simulados.

— Aquelas mencionadas a seguir são mais voltadas à Engenharia, na minha caminhada —

Na área de Aeronáutica, a mais conhecida é o AeroDesign, em âmbitos nacional e internacional (a primeira selecionando para a segunda). Há diversas categorias envolvidas, mas o intuito principal é construir aviões e planadores de pequeno porte que possam voar com o uso de controle remoto. A participação é por equipes.

Na área de Automobilismo, conheço a Formula e o Baja, competições para construção de carros (organizadas pela SAE). A primeira considera carros construídos para corrida (como na Fórmula 1), e a segunda considera carros off-road (como na Fórmula Indy). Os carros passam por uma série de testes além de serem testados em pistas de corrida. Também para equipes.

Na área Aeroespacial, existe a Intercollegiate Rocket Engineering Competition (IREC), aberta a todas as universidades do mundo, para a construção de foguetes que possam voar mais alto com seus propelentes e serem recuperados após o voo.

— Estas são para competições de negócios em geral, podendo haver restrições de cursos (também, apenas que vivenciei) —

Na área dos negócios, as competições mais comuns são as Resoluções de Cases, orientadas por grandes grupos e empresas. Os modelos podem diferir, mas, tradicionalmente, equipes de várias universidades resolvem casos de negócio dos mais diversos, e prêmios (comumente em dinheiro) são dados às equipes com a melhor estratégia de solução. Uma das competições mais conhecidas do gênero é a Battle of Concepts.

Na área de empreendedorismo, há também competições envolvendo a criação e apresentação de startups. Há várias delas, VÁRIAS mesmo, bastando uma rápida busca do termo “startup” para encontrá-las. Uma das mais conhecidas é o Prêmio Startup Universitária, voltada para startups já no mercado.

 

A lista é incompleta, e quem conhecer mais algumas pode mandar sugestões. Conforme se entra cada vez mais nas competições universitárias, o limiar entre a disseminação do conhecimento e a utilização deles para negócios cada vez mais específicos é cada vez menor, conforme as competições e os interesses vão também se especificando.

Para limitar a lista, evitei competições esportivas (inacreditavelmente mais comuns e frequentadas por universitários do que estas aqui em cima) e coisas envolvendo apenas iniciação científica (simpósios, seminários, conferências e workshops também valem). Não posso motivar todos os cursos do mundo, então se procura alguma competição mais específica para o seu curso de interesse, talvez precisará procurar um pouco mais. Os murais da sua faculdade serão ótimos pontos de partida, não se engane.

 

Se tiver mais alguma boa competição para me mostrar (e que posso ficar muito feliz em participar), mande uma sugestão nos comentários. O mundo de competições universitárias cresce muito, e dele não posso dar conta sozinho.

Enquete aos meus leitores: o que vocês acham de um site semelhante ao OC, mas voltado às competições acadêmicas universitárias?

[Atualização de 26 de abril de 2014]

O site foi criado (o/). Não é intuito dele ser um blog, mas tem gente demais querendo saber mais sobre eles. Ele está aí:

olimpiadascientificas.com/universitarias

Há mais competições neste site do que neste post (descobri algumas no caminho), e o texto presente nelas está bem mais dedicado. Divirtam-se!