Interesses

Grandes dilemas com os quais convivo envolvem jogos de interesse, principalmente em termos de carreira. Algo muito interessante aparece no meio do seu caminho, puxa sua atenção, e você começa a investir um pouco (do seu tempo, dinheiro ou ambos) nele.

Não posso mentir: existem muito mais coisas chamando nossa atenção do que nunca. Você pode até tirar os outdoors daqui de São Paulo, mas as propagandas estão ficando cada vez mais apelativas. Até aquelas do YouTube estão sabendo tirar cada vez mais sua atenção nos cinco segundos que eles normalmente tem. Celulares e smartphones estão cada vez mais cheios de acessórios e funcionalidades em formatos cada vez mais chamativos, para que você compre sempre mais e mais deles.

Atividades extracurriculares são outras das coisas mais cheias de apelos: seja uma olimpíada, um clube Glee da vida ou o que for, todo tempo livre presente na vida de um estudante ou de um adolescente (aqui, até 25 anos é tempo) será coberto por coisas de seu interesse. E esse interesse, se acabar coletivo, acabará por perpetuar pela própria força da atividade. E claro, toda atividade neste meio acaba levando você para frente, seja por facilitar uma application, seja por fazer você estudar, seja por descontrair e distrair.

Enfim, há muita coisa em nossa vida que nos puxará interesse, muita mesmo. No entanto, cada um desses interesses pede algum investimento (de tempo, dinheiro ou seja o que for), e nem sempre há moedas de troca suficientes para se cobrir todos eles. Se eles pedirem muito dinheiro, é muito fácil de ele acabar (principalmente para universitários). Se eles pedirem muito tempo, é muito fácil de você se acabar (seu corpo possui necessidades básicas a serem supridas, como boas horas de sono – e não se compensa tão facilmente uma noite mal dormida). Claro que existem exceções (você pode ser rico ou um super herói), mas não será possível abraçar todo esse “mundo” de interesses que nos rodeiam, ou não de forma proveitosa.

No entanto, se as atividades não forem destrutivas ou perigosas, muitos destes interesses oferecem um “test-drive”, um período e/ou uma versão mais simples/barata/fácil/grátis que consiga ser suficiente para você ver se são de fato interessantes. E durante o test-drive, você pode analisar custos, verificar parcerias, apertar botões, etc, e então tirar conclusões. Sempre aproveite o período de testes, pois talvez o interesse seja de fato algo a levar investimento, ou então esconda algo não muito legal de se levar.

Mesmo assim, haverá um determinado interesse que não terá test-drive, e que poderá ser um grande investimento de risco. Dentre eles, estão muitas das chamadas oportunidades, chances únicas de você obter um item ou fazer determinada atividade relevante (note) com os recursos que você tem, e para elas darei um foco maior.

Nem sempre será possível identificar uma oportunidade. No entanto, quando você puder observá-la, ela fará você pensar. Algumas serão de fácil (ou mesmo facílima, trivial) decisão, e você iniciará por seu caminho sem olhar para trás. Mas haverá outras, de real risco, que farão você pensar duas vezes. Seja um “dobro ou nada”, uma mudança abrupta de carreira, uma escolha de curso ou o que for, haverá algo a se escolher, mas haverá um risco ou rejeição a se aceitar.

Conforme se caminha na vida, o caminho das oportunidades diminui ou afunila bastante, e apenas você será responsável por decidir seguir ou não por elas. Não haverá quem diga se o caminho é certo ou errado: como eu tomo para mim, não há caminhos errados, há caminhos que não levam para um certo fim (todo caminho levará você para algum lugar, mas não necessariamente suprirá seus interesses).

É nesse “pensar duas vezes”, no entanto, que a mágica realmente acontece.

Acho difícil alguém nunca ter passado por um dilema. Como disse no início, estamos cada vez mais rodeados de interesses, mas nem sempre há moedas suficientes para investir. Mas nem sempre é possível fazer uma escolha plena, pois junto com as oportunidades, pode haver muita pressão externa. E, como o Ivan comentou, um caminho mais tortuoso não poderá levar mais culpados além de quem decidiu atravessá-lo. E como fazer essa decisão? Eu sinceramente não sei.

Mas sei que nem toda oportunidade é aproveitável de uma só forma. Também sei que nem toda oportunidade é um caminho sem volta, e que, se você acabar se ferindo (figurativamente, mas espero que não severamente) no caminho, o tempo é perfeito para cicatrizar tudo. O caminho alternativo deixado para trás ficará lá, e não poderá impedir você de aproveitar o melhor do caminho que você escolheu. E posso dar alguns conselhos, de quem já quebrou muito a cabeça com dilemas.

Não faça escolhas de cabeça cheia. Se estiver estressado, cansado, ocupado e/ou pressionado demais, por menos tempo que sobre para fazer uma decisão, tente meditar e respirar um pouco mais profundamente antes de escolher. É nesse momento que sua cabeça acaba te enganando com facilidade.

Não deixe pessoas tomarem decisões por você. O caminho é seu, e a culpa será sua.

E, após decidir, aproveite ao máximo mesmo. Não sei se fiz o melhor conjunto de escolhas até agora, mas sei que vivi o melhor de muitas delas, e aprendi sempre um pouco mais com cada caminho e oportunidade.

Não dá para viver e ficar se lamentando. Eu escolhi viver.

  1. And bless this post (!) já que perder algo pode não ser simplesmente falta de esforço, mas o excesso dele canalizado pra outra atividade. É tudo uma questão de escolha :)

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