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Transições

Posted in Passado on janeiro 13th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

Comentei no post abaixo sobre um período em que simplesmente queria desistir de tudo que me lembrasse olimpíadas, exceto o colégio. Sinto que, por mais parágrafos que eu escrevesse sobre isso antes, não passaria a visão correta. Então, decidi aproveitar o post anterior para fazer este, e mostrar mais uma história sobre mim.

No fim de 2005, minha sexta série, tinha aparecido uma oportunidade (daquelas que só aparecem uma vez na vida) de estudar no Colégio Objetivo por meio do ISMART. Eu não tinha certeza de nada do que iria acontecer, mas estava de férias, então resolvi correr um pouco atrás disso com meus pais. Não perderia nada tentando.

Nisso, acabei fazendo as provas de seleção (provas de Lógica, Português e Matemática). E então descubro que passei, e que fiquei entre os 20 melhores dentre mais de 600 anos da rede pública. Nisso, seguiram algumas entrevistas individuais, entrevistas em casa junto com a minha família, e uma dinâmica de grupo. Sinto não ter treinado discurso algum, nem ter estudado alguma coisa antes da prova (nunca tinha feito isso direito na escola pública).

Daí então, já voltando para as aulas da sétima série, acabam me ligando para avisar que eu passei. Não sabia ao certo como reagir a uma ligação dessas, mas comecei a me arrumar para ver no que ia dar. Não tinha razões plenas para continuar na minha escola antiga (BTW, era uma oportunidade que me mostrava um caminho), então segui em frente.

O ritmo do Objetivo acabou me dando uma boa dose de estudo e trabalhos a mais. Sinto que as minhas médias só foram estabilizando em valores mais altos a partir da segunda metade de 2006, mas não vem muito ao caso.

Logo que entrei, recebi algumas “intimações” do pessoal do ISMART e de algumas coordenadoras para fazer as aulas de olimpíada. Não tinha noção alguma sobre o que elas falavam, o que tinha de estudar ou para onde elas me levariam, mas não era bem um pedido, então acabei assistindo algumas das aulas. Cheguei a fazer tudo até a OBA.

Depois da OBA, como não haveria mais provas até o ano seguinte e minhas médias não estavam tão plenas frente ao que o ISMART esperava, apareceu a oportunidade de eu simplesmente parar com as aulas. E escolhi parar.

A justificativa era clara para mim: sentia que só estava correspondendo a expectativas quando cobria minha semana inteira com aulas depois do horário. Por mais de um mês, acabei indo a aulas no sábado de manhã e cobrindo de duas a três tardes do resto da semana, fora as aulas de manhã. Tinha tarefas e trabalhos do colégio para entregar e aulas à tarde para, no mínimo, presenciar.

Nunca cheguei a ter um ritmo tão absurdo quanto aquele na minha vida. Daí parei. O resto já devo ter contado no post anterior: acabei voltando a elas depois das férias, algumas olimpíadas foram dando certo, e cá estou.

Meu início no ITA teve também bastante turbulência. Ainda não estava certo do curso que iria fazer (pensava em fazer Física também), não estava certo da carreira que iria seguir, não estava certo de quase nada.

Precisei de tempo e esforço demais para ter noção plena de que lá era um lugar certo. Por mais que eu perguntasse a pessoas, eu já conhecia as respostas, e daí chegou o “faça o que achar melhor”. E tive de seguir sozinho nisso. E aprendi um pouco entre choros e desesperos (não brinque com isso).

Há uma diferença plena entre curso e carreira. O curso é aquilo que você escolhe num vestibular. A carreira, segundo o Michaelis, é “o decurso da existência”, e quem decide aquilo que nela irá ocorrer é você. Não há certos e errados numa carreira, pois o caminho é você quem faz (ou constrói, não duvide disso).

Enfim, passei por muitos dramas e correrias, mas acabei me decidindo por ficar no ITA (ter ido para lá pode ter ajudado sim). O meu tira-teima foi achar que não seria um bom pesquisador se não seguisse 100% nisso, mas estava errado em achar que a Engenharia (o curso) não me satisfaria nessa trajetória. Fora isso, ficar um pouco mais no ITA me mostrou que há caminhos demais para quem gosta de andar.

Transições são momentos muito bons para você se descobrir, pois há escolhas, chances e oportunidades também. Mas são os momentos de maior pressão para muitos, por motivos semelhantes. Há decisões relevantes, mas não são o fim do mundo.

Aprenda tudo que puder numa transição, pois nela você poderá sentar e refletir um pouco.

Não impeça sonhos ou ambições, mas não bote pressão no futuro. Ele não aconteceu.

E lembre-se sempre de se divertir. Você aproveitará mais sua carreira e sua vida.

Interesses

Posted in Sem categoria on janeiro 7th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – 1 Comment

Grandes dilemas com os quais convivo envolvem jogos de interesse, principalmente em termos de carreira. Algo muito interessante aparece no meio do seu caminho, puxa sua atenção, e você começa a investir um pouco (do seu tempo, dinheiro ou ambos) nele.

Não posso mentir: existem muito mais coisas chamando nossa atenção do que nunca. Você pode até tirar os outdoors daqui de São Paulo, mas as propagandas estão ficando cada vez mais apelativas. Até aquelas do YouTube estão sabendo tirar cada vez mais sua atenção nos cinco segundos que eles normalmente tem. Celulares e smartphones estão cada vez mais cheios de acessórios e funcionalidades em formatos cada vez mais chamativos, para que você compre sempre mais e mais deles.

Atividades extracurriculares são outras das coisas mais cheias de apelos: seja uma olimpíada, um clube Glee da vida ou o que for, todo tempo livre presente na vida de um estudante ou de um adolescente (aqui, até 25 anos é tempo) será coberto por coisas de seu interesse. E esse interesse, se acabar coletivo, acabará por perpetuar pela própria força da atividade. E claro, toda atividade neste meio acaba levando você para frente, seja por facilitar uma application, seja por fazer você estudar, seja por descontrair e distrair.

Enfim, há muita coisa em nossa vida que nos puxará interesse, muita mesmo. No entanto, cada um desses interesses pede algum investimento (de tempo, dinheiro ou seja o que for), e nem sempre há moedas de troca suficientes para se cobrir todos eles. Se eles pedirem muito dinheiro, é muito fácil de ele acabar (principalmente para universitários). Se eles pedirem muito tempo, é muito fácil de você se acabar (seu corpo possui necessidades básicas a serem supridas, como boas horas de sono – e não se compensa tão facilmente uma noite mal dormida). Claro que existem exceções (você pode ser rico ou um super herói), mas não será possível abraçar todo esse “mundo” de interesses que nos rodeiam, ou não de forma proveitosa.

No entanto, se as atividades não forem destrutivas ou perigosas, muitos destes interesses oferecem um “test-drive”, um período e/ou uma versão mais simples/barata/fácil/grátis que consiga ser suficiente para você ver se são de fato interessantes. E durante o test-drive, você pode analisar custos, verificar parcerias, apertar botões, etc, e então tirar conclusões. Sempre aproveite o período de testes, pois talvez o interesse seja de fato algo a levar investimento, ou então esconda algo não muito legal de se levar.

Mesmo assim, haverá um determinado interesse que não terá test-drive, e que poderá ser um grande investimento de risco. Dentre eles, estão muitas das chamadas oportunidades, chances únicas de você obter um item ou fazer determinada atividade relevante (note) com os recursos que você tem, e para elas darei um foco maior.

Nem sempre será possível identificar uma oportunidade. No entanto, quando você puder observá-la, ela fará você pensar. Algumas serão de fácil (ou mesmo facílima, trivial) decisão, e você iniciará por seu caminho sem olhar para trás. Mas haverá outras, de real risco, que farão você pensar duas vezes. Seja um “dobro ou nada”, uma mudança abrupta de carreira, uma escolha de curso ou o que for, haverá algo a se escolher, mas haverá um risco ou rejeição a se aceitar.

Conforme se caminha na vida, o caminho das oportunidades diminui ou afunila bastante, e apenas você será responsável por decidir seguir ou não por elas. Não haverá quem diga se o caminho é certo ou errado: como eu tomo para mim, não há caminhos errados, há caminhos que não levam para um certo fim (todo caminho levará você para algum lugar, mas não necessariamente suprirá seus interesses).

É nesse “pensar duas vezes”, no entanto, que a mágica realmente acontece.

Acho difícil alguém nunca ter passado por um dilema. Como disse no início, estamos cada vez mais rodeados de interesses, mas nem sempre há moedas suficientes para investir. Mas nem sempre é possível fazer uma escolha plena, pois junto com as oportunidades, pode haver muita pressão externa. E, como o Ivan comentou, um caminho mais tortuoso não poderá levar mais culpados além de quem decidiu atravessá-lo. E como fazer essa decisão? Eu sinceramente não sei.

Mas sei que nem toda oportunidade é aproveitável de uma só forma. Também sei que nem toda oportunidade é um caminho sem volta, e que, se você acabar se ferindo (figurativamente, mas espero que não severamente) no caminho, o tempo é perfeito para cicatrizar tudo. O caminho alternativo deixado para trás ficará lá, e não poderá impedir você de aproveitar o melhor do caminho que você escolheu. E posso dar alguns conselhos, de quem já quebrou muito a cabeça com dilemas.

Não faça escolhas de cabeça cheia. Se estiver estressado, cansado, ocupado e/ou pressionado demais, por menos tempo que sobre para fazer uma decisão, tente meditar e respirar um pouco mais profundamente antes de escolher. É nesse momento que sua cabeça acaba te enganando com facilidade.

Não deixe pessoas tomarem decisões por você. O caminho é seu, e a culpa será sua.

E, após decidir, aproveite ao máximo mesmo. Não sei se fiz o melhor conjunto de escolhas até agora, mas sei que vivi o melhor de muitas delas, e aprendi sempre um pouco mais com cada caminho e oportunidade.

Não dá para viver e ficar se lamentando. Eu escolhi viver.