Ordem

Comecei a arrumar as folhas do ano passado, já comprando um par de pastas (a outra é para as folhas de 2011). Muito daquilo pode ou não ser útil, rascunho ou lixo, mas tudo que não for uma folha branca tem alguma boa razão para estar lá, então guardo de tudo.

Duvidei por muito tempo da importância de, no mínimo, uma área de trabalho organizada (ou também bagunçada da maneira certa, pois a organização é subjetiva). Achava besteira deixar organizados folhas, arquivos e pastas numa estante, no meu desktop, na minha mesa ou onde quer que eu de fato estudasse. Aí parei para ver o que acontecia.

Se precisava estudar, seja na minha cama ou na minha mesa, era bem possível – dada a bagunça – que eu simplesmente empurrasse tudo para o lugar mais cômodo (até o chão era uma saída). Daí eu estudava, fazia o que eu tivesse de fazer, e a bagunça ficava lá. E nela toda uma ordenação (ou bagunça organizada) acabava se perdendo, pois acabaria colocando ela na posição original de qualquer jeito.

Com o meu desktop, costumava ser pior. E não espero que isso aconteça apenas comigo: se ele começava a ficar cheio, eu simplesmente pegava todos os arquivos que fossem mais comuns entre si, e daí colocava tudo numa pasta (ou então simplesmente esvaziava tudo colocando em uma pasta só, algo um pouco pior). E então nunca mais sabia o que era novo e o que era repetido, e um espaço gigantesco era ocupado desnecessariamente.

Aí decidi reorganizar minhas pastas no notebook (algo que achava mais fácil). No entanto, acabei deixando passar um backup num HD externo, e aí não tinha mais noção de onde ficava nada. Ao menos consegui reorganizar minhas músicas todas, separadas por artista, ano, título do disco, número da faixa e o que mais precisasse, também trocando meu Media Player (o melhor que achei foi o Media Monkey) para me ajudar. E não poderia parar.

O que você chama de ordem é um equilíbrio estável. Contrariando as expectativas de um mínimo, a entropia tende a crescer muito mais fácil e rápido do que qualquer coisa. E pode ser necessário muito esforço para manter este mínimo.

No exemplo das músicas, se eu baixasse alguma música sem arrumar artista, ano, cd, nome e número da faixa, não demoraria muito para voltar ao estágio de desordem. Mas a música é boa, e você só quer ouvir, para que guardar direitinho…

No entanto, algo é certo: a ordem é a melhor coisa que você pode ter para si. Uma mesa sempre limpa e desocupada para você pensar e repensar seus projetos, um par de sandálias perto da cama, um item aleatório que você consegue dizer onde está sem pensar duas vezes: por menos que você dê valor, será uma dor de cabeça a menos.

Não estou dizendo que você precisa ser metódico para deixar suas coisas em ordem. É questão de ceder um pequeno esforço a mais em cima de cada passo do seu dia: colocar as folhas da sua mesa num outro lugar antes de dormir, tirar do quarto uma roupa suja que encontrar, deixar coisas de uso mais constante sempre próximas uma da outra, etc.

Não é sempre que irá acontecer, mas há a possibilidade de tudo dar subitamente errado no seu dia. Você pode acordar atrasado num dia de prova, bater o dedinho na quina da mesa, pegar uma gripe do pessoal da rua, enfim, pode dar tudo errado. Saber onde estão as chaves de casa, onde você deixou seus remédios ou mesmo para quem ligar salva seu dia.

E você precisará ter ordem na situação. Ou você pode perder a cabeça, ou uma grande oportunidade, o que seria evitado com alguns poucos atos e minutos. Lembre sempre que a urgência deixa seu instinto de sobrevivência a milhão, e você pode acabar derrubando tudo como um animal enfurecido se a situação pedir.

O Ivan comentou há pouco que um dia pode ter horas o bastante para se fazer aquilo que gosta sem perder sono ou refeições para isso. E a chave disso é a ordem. É saber para onde direcionar seu foco e suas energias para uma atividade desejada. É ter a noção de timing para acabar as coisas bem antes do prazo, já pensando nas emergências. Porque tudo está em ordem, e assim precisa ficar.

Há muita coisa que puxa sua atenção. Mas você tem que ter controle do que está acontecendo, para em nome dele produzir, render, descansar e se divertir.

Parece incrível a quantidade de coisas que a pessoa X faz.

O X pode ser você.

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