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Um pouco do passado: IYPT

Posted in Olimpíadas, Passado on setembro 24th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

Foto da final do IYPT 2010

Uma olimpíada que certamente marca a vida de uma pessoa é certamente o IYPT. Ela não é a minha olimpíada favorita (se tivesse de escolher uma, provavelmente morreria sem escolher, pois não gostaria de ver nenhuma olimpíada de lado), mas está no Top 10 fácil, relaxem.

Falarei aqui somente do IYPT 2010, pois foi um passado que eu vivi. Se quiser saber mais sobre os IYPT’s seguintes (e muito possivelmente também os anteriores), vejam o blog da Bárbara.

Por que este post? Principalmente porque a Bárbara fez pouca coisa sobre aquele ano (o IYPTBR só veio depois, e ela só se animou com o IYPT em 2011), e porque é necessário um registro daquele ano que seja digno do retorno da competição. Enfim, ele será enviesado para meu time, inevitavelmente, mas falarei um pouco do resto todo para vocês, prometo. Então vamos lá!

Primeiro, até pouco mais de duas semanas antes da Fase Nacional do IYPT Brasil 2010 (que, a partir de agora, chamarei apenas de IYPT), não sabia que iria participar de coisa alguma, e estava muito bem com isso.

Os times classificados do Objetivo se prepararam durante as férias e até mesmo um pouco antes (foi nas férias de 2010 que conheci o Francesco), e este período era justamente aquele no qual estava treinando para minha IPhO. Fiquei super feliz com o convite do time do Victor Rosa (e da Luciana Marques, da Mariko Hanashiro, do Gustavo Iha e da Carla Bove – “Os Bósons de Gauge”, ou só Bósons) logo que começaram as inscrições, mas minha cabeça estava 100% na IPhO, então prontamente disse não, e eles entenderam (e agradeço muito por isso).

Mas o IYPT seria depois da IPhO, então ainda haveria ainda um tempo no qual eu poderia fazer experimentos e participar da competição bem mais tranquilo no pós-IPhO. Ainda sim, disse não, pois não tinha começado meu estudo para os vestibulares ainda (a não ser por simulados do ITA, estava bem atrás do pessoal da minha sala). Já sabia que não iria applicar, então este era o foco naquele semestre.

No entanto, cerca de duas semanas antes da Fase Nacional, com os times já decididos e afins, algumas coisas começaram a dar errado com o time do Francesco.

O Francesco Perrotti tinha se unido a dois amigos nas férias e formou um time, do qual era capitão (o nome era “Quarta Dimensione Viator”, uma brisa de um integrante do time na hora da inscrição, segundo o Francesco). Tudo ia bem, e as apresentações estavam sendo escritas tranquilamente, quando um dos integrantes brigou com o Francesco, e saiu da equipe.

O mínimo para participar do IYPT é ter um time com líder (professor/monitor) e três integrantes, e o time do Francesco estava com dois. Para ajudar, o membro que sobrou (não lembro o nome deles) não queria participar, pois estava como “laranja”, apenas para suprir a necessidade de membros (algo muito comum quando apenas alguns membros de um time estão de fato participando do IYPT, o que é muito fácil de perceber até na Final). Agora, o time do Francesco tinha apenas um membro.

Ele entrou em um leve desespero, e logo chegou ao pessoal da OBF lá do Objetivo perguntado se alguém poderia ajudar a completar o time dele, ou então ele seria desclassificado. Nisso, ele chegou ao Matheus Tulio, ao Gabriel Lisboa e a mim.

Eu ainda não sabia dizer se conseguiria participar, mas o Gabriel e o Tulio facilmente toparam, e foram tentar me convencer a ir para o time do Francesco também. O Tulio insistia para que eu participasse porque o Francesco era um experimental muito bom, e que, se não fosse para participar em nome do IYPT ou de alguma medalha, que fosse em nome do Francesco e de todo trabalho que ele teve até aquele momento.

A coisa agora estava bem mais moral do que qualquer outra coisa, então decidi participar do time dele. E então faltavam 10 dias para o IYPT. E muitos problemas ainda estavam sem apresentação.

Fiquei encarregado de dois problemas, os quais eu poderia abordar da forma que eu bem entendesse: um era o 2, “Padrão Brilhante”, de Ótica, e o outro era o 12, “Toalha Molhada”, envolvendo ondas de choque (e toalhas, claro – acabei levando uma para o IYPT).

Tive um feriado muito desejável no 7 de setembro para começar os problemas, mas daí sobrou uma semana para a competição. Nisso eu tinha de estudar para as provas da semana, tinha de faltar aulas para fazer os experimentos, e todas as outras coisas que já deveriam ter sido treinadas até aquele ponto.

Lembro até que, na sexta-feira da apresentação oficial dos times, eu só voltei para casa quando a parte mais chata do problema do Padrão Brilhante fazia sentido. Nisso, eram quase 17h, então peguei um trânsito infernal e ainda tinha de me arrumar para a Abertura (fiz isso em tempo recorde). Ainda bem que meus pais me levaram para a Poli. Aquela semana foi um terrorismo.

-(A partir deste ponto, se ainda não souber a mecânica do IYPT, vá ao blog da Bárbara)-

Deu para sentir uma pressão bem menor lá na Poli, após ver alguns jurados, o pessoal da b8 (de volta) e alguns rostos conhecidos dos times convocados (como o do pessoal do Objetivo Aquarius). No entanto, as apresentações não estavam prontas até aquela hora. Nisso, tive de dormir umas 2~3 horas antes de ir para a UNIP no primeiro Fight, discutindo os detalhes com o Francesco via Skype (a ligação foi horrível, mas deu para deixar alguma coisa pronta, eu acho).

Ah, e apesar de termos entrado no time do Francesco, não estávamos no Booklet. Just saying.

Nisso, começava o primeiro dia de competição. Como o Objetivo tinha mais times (Santos, Aquarius e São Paulo), fomos escolhidos como cabeças-de-chave (agora a escolha se dá por ordem de pontuação nos relatórios). O nosso maior medo era que, até o primeiro Fight, ninguém nunca tinha participado de um PF na vida. A gente ficou com mais medo de estar fazendo a coisa errada do que de apresentar/opor/avaliar.

No entanto, depois do primeiro problema daquela sala (“Bolas de Aço”, com o Francesco de relator), tudo ficou mais tranquilo. Já conseguíamos ter alguma ideia dos outros times e sabíamos, enfim, como funcionava um Fight. O resto foi mais razoável de encarar, sem dúvida.

Não vou me lembrar mais dos problemas daquela sala (borrão total), mas lembro que fizemos uma oponência bem meia boca. O fim do 1º PF tinha eu como avaliador (what?). Descobri que era bem tranquilo avaliar (para mim), mas você precisava fazer as perguntas certas para derrubar os outros times e mostrar que dominava bem o problema. Eu lembro que tinha tirado dois 10 como avaliador, e juro que foi a coisa mais legal EVER.

Na UNIP, de manhã, estava havendo alguma reunião dos professores para divulgação do sistema Objetivo, e alguns dos meus professores estavam lá de manhã. Lembro que o Polako e o Abreu tinham ido ver os PFs bem na minha avaliação, e depois fui procurar eles para dizer como tinha ido. Lembro de ter abraçado o Polako muito forte, de tão feliz que eu tava.

Após o almoço, ajeitamos mais algumas coisas e fomos para o segundo PF. Enfrentaríamos novamente um time do Mater Amabilis (acho que era o pessoal do “Buraco Negro”), que achávamos que iria nos dar muita dor de cabeça (alguém tinha feito um background check, e o capitão deles tinha sido o 1º treineiro de Bio em 2010). Acabaram sendo um time bem fraco que afundaria neste PF.

Novamente, borrões para dois dos três PFs. Só lembro que tinha sido opositor do Buraco Negro e tinha ido muito mal, pois não consegui ser mau na hora. Só lembro que o que salvou a gente (e disparou nossa pontuação) foi a apresentação do Tulio do “Gerador de Kelvin”, no qual ele apresentava um vídeo em câmera lenta como “superacelerado”, mas que acabou mostrando uma teoria tão bonita para os jurados que saímos de lá com alguns 10 tranquilamente (lembro que ele tinha mostrado uma força coulombiana lá, e estava até daora, mas não estava dimensionalmente correta, e eu falei “O expoente é 3/2”, daí ficou certinha).

O Buraco Negro daria bem menos dor de cabeça que o outro time do Mater Amabilis (o “Inverted Arrow of Time”, ou também o maldito IAT…), que nos enfrentaria no dia seguinte.

Detalhe: era o único aluno naquele dia que não estava usando um terno (estava com um agasalho azul e uma calça como se fosse um dia comum). Eu me senti muito errado, mas não havia código de vestimenta, então tudo bem.

Foto contra o código de vestimenta

No 3º PF, fui oponente da “Avatar”, a única equipe de escola pública, no problema da Toalha. Minha nota foi muito aquém do esperado, pois tinha sido muito mau com a relatora (estava fazendo várias perguntas tentando tirar alguma teoria dos poucos slides que ela mostrou, mas ela não sabia dizer nada, e no que eu insistia em explicar mais a pergunta, eu estava agindo como um ser muito arrogante pros jurados).

Depois, fui relator do Padrão Brilhante, com o IAT de opositor. O Lucas, o único membro de um time de cinco, era um cara muito bom de dialética e convencimento, e era um ser muito chato em coisas altamente pouco relevantes para o problema (apareciam perguntas como “Por que você não usou luz colorida?” quando o problema pedia luz monocromática). Acabei sendo levado pelo papinho chato dele, e os jurados também (as perguntas dos jurados eram iguais às dele, e a maioria era para mim, pois ele tinha mudado tanto as perguntas que era óbvio que não dava para responder – ele fazia uma pergunta sem você ter respondido a anterior, e se você não respondesse, ele insistia na pergunta, para deixar claro que você não sabia respondê-la), e minha nota foi baixa, enquanto a deles disparou.

O terceiro problema daquela sala foi o “Anemômetro de Papel”, apresentado pelo Lucas. O Tulio foi avaliador deles, mas acabou tirando uma nota meio baixa. Como eles foram oponentes da Avatar, e eles não se opuseram a nada do que o Lucas falou, ele saiu com uma nota gigante de relator, que disparou o time deles para a primeira posição, e iriam apresentar o “Canhão Eletromagnético”.

Dado que os Bósons não tinham passado por equipes muito fortes, eles ficaram com a segunda posição, e iriam apresentar o problema do “Gelo”. Surpreendentemente, nós ficamos em terceiro lugar! Estávamos ultra felizes em saber que iríamos para a Final (só um pouco tristes em saber que enfrentaríamos o Lucas), e tínhamos de nos preparar para os problemas que viriam a seguir. Iríamos apresentar o problema do “Gerador de Kelvin”.

No domingo, lembro que foi um momento no qual eu acabei vendo a irmã do Francesco, a Giulianna Perrotti, por mais tempo naquele IYPT, sendo “espiã” dos outros times, trazendo mensagens de encorajamento e comemorando muito junto com a gente. Ainda mantenho contato tanto com o Cesco quanto com a Giuli.

Enfim, a Final. Após os vários períodos prévios de preparação entre os times finalistas e a Final (juntamente com o “karatê”, criado pelo Victor Rosa), ela chegou. Para o nosso time, decidimos que haveria um membro por problema na Final (eu seria avaliador do Canhão, o Cesco seria oponente do Gelo, e o Tulio apresentaria o Gerador de Kelvin novamente). Seriam dois times do Objetivo contra um do Mater Amabilis.

Cada problema tem seus detalhes, então se preparem.

Primeiro, o Canhão.  Nenhum dos times do Objetivo tinha visto aquele problema, então corremos atrás de toda teoria que pudesse ajudar ambos os times. Como eu seria avaliador, eu não precisaria demonstrar muito conhecimento, mas até mesmo os Bósons sabiam que eu seria muito melhor como oponente do Lucas (mesmo eu sendo ainda um ser ultra tímido, eu ainda faria perguntas mais decisivas naquele momento, pois eu sabia que o Lucas manjava pouco de Física). Até tentamos trocar os times junto ao Márcio, mas estaríamos infringindo as regras, então ficou por isso mesmo.

A apresentação do Lucas foi até que boa, mas a teoria foi muito genérica, e eles tinham explorado muito pouco do Magnetismo. Anotei muitos pontos falhos na apresentação dele, e até tentaria passá-los para o Victor (o opositor do Lucas), mas, novamente, contra as regras. Basicamente, mesmo após ter mostrado alguns tópicos teóricos ao Victor antes da Final, eu sabia que ele ficaria sem ação.

Ele sabia muito pouco de Magnetismo para brigar de frente com ele. Ele não derrubou os argumentos do Lucas em momento algum, e acabou se ferrando muito com os jurados, pois acabou dando brecha para muita pergunta que ele fez ao Lucas e não sabia responder o porquê (coisas até meio básicas do Magnetismo). Eles se ferraram muito com isso.

Minha avaliação foi muito daora. Fiz perguntas que tentaram deixar o lado do Victor mais ameno, mas que eu ainda precisava fazer, e fiz uma pergunta de Magnetismo que eu sabia que o Lucas iria responder errado. A minha avaliação mostrou os pontos falhos dos dois (slides de tamanhos comparáveis para oponente e relator) e mostrou que o Lucas falou besteira na pergunta. Não tinha ainda o truque do “a apresentação foi inconclusiva” ou algo do gênero naquele IYPT, então tinha acabado por aí. E tinha acabado com dois segundos restantes. O público ainda não aplaudia na Final, mas o professor da Bárbara foi o único que vi aplaudindo após minha apresentação (ainda considero ele pra caramba por isso).

Tínhamos comemorado muito depois, não só porque a avaliação foi a melhor daquele IYPT, mas também porque os jurados não arriscaram fazer perguntas para mim.

Pouco tempo depois, o problema do Gelo. Sabíamos quem iria apresentar (o Gustavo – Iha – dos Bósons), e sabíamos também que ele apresentaria uma teoria completamente bizarra pro problema (a famosa “superfície quase líquida”). O Francesco foi o oponente dele. Sabíamos que os atritos da discussão seriam muito maiores, pois já sabíamos da apresentação dele (e do artigo no qual ele acabou baseando a apresentação dele – que não mostrava nada dessa “superfície”).

Ele fez a apresentação dele, que estava bem feita no Powerpoint, mas muito cheia de problemas no resto. O Francesco foi guiando as perguntas dele de acordo com o que íamos escrevendo. Tínhamos aprendido, após o Lucas e o 3º PF, que podíamos nos comunicar por papeizinhos, e fizemos isso de forma genial com o Francesco, pois as perguntas deixavam o Iha muito nervoso.

O mais engraçado da discussão dos dois foi quando o Gabriel tinha jogado um “Então você acredita em tudo que você leu (no artigo)?”, pois o Iha estava se defendendo muito com o artigo, e então o Francesco fala “Então você acredita em tudo que você LÊ?”. A gente desmoralizou o Iha na hora, mas passamos uma impressão meio errada também.

O problema é que acabou vindo muito jurado perguntar coisas teóricas para o Francesco, algumas que ninguém sabia como responder (coisas como “substância amorfa”, tópico que só aquele jurado sabia), mas ainda acabamos por responder muito bem algumas outras. Tínhamos saído bem daquele fight, mas o Lucas ainda tinha saído ileso da discussão estranha (mesmo tendo queimado o tempo de apresentação como avaliador). Já sabíamos que os Bósons dificilmente iriam ganhar de nós, mas ainda faltava sermos relatores (papel com maior peso), e o Lucas seria nosso oponente.

O Matheus fez, de modo geral, uma apresentação bem parecida com a que tinha feito no 2º PF, mas agora tínhamos pouco espaço para erros (nunca mandei tanto papelzinho para ele, muitos deles escritos “Fica calmo!”). Desta vez, os jurados tinham percebido que o vídeo estava em câmera lenta. O Lucas deu pouco espaço para discussão de teoria, como sempre, e fez pergunta sobre pergunta para deixar o Tulio nervoso, como fez comigo.

A discussão entre o Tulio e o Lucas, por menos que ela tenha acrescentado, foi a mais acirrada de todo o IYPT. Diferente de mim, o Tulio ficava puto bem mais rápido, e ele perdia o controle de uma forma que até mesmo retomava o controle do Fight (que se perdia muito fácil com as perguntas sem sentido do Lucas). Por mais que eu entregasse papeizinhos, o Tulio lia só alguns (o chão ao redor dele estava branco de papéis na discussão com o Lucas).

Sem dúvida, o ápice da discussão foi quando, após o Tulio ter perdido o controle, ele aumentou o tom de voz (o Lucas acabou deixando, pois sabia que o Tulio estava se queimando com isso) e questionou “Você está me fazendo esta pergunta do secador toda hora. Então me responde: qual a importância do secador? Vai, me fala!” (Ah, as perguntas envolvendo secador eram “você usou um secador para diminuir a umidade do ar?” e “qual a importância do secador no experimento?”). Nisso, o Lucas acaba cedendo e responde “Ah, não sei!”. Todos racharam muito de rir naquela hora!

Por mais que tivéssemos mostrado que ele não sabia do que estava falando, deixamos as perguntas relevantes passarem sem resposta ou com resposta incompleta/errada. Perdemos muitos pontos com isso, mas o Lucas ainda tinha saído de lá com muitos pontos. A Luciana tinha avaliado, mas acabou citando muito sobre a discussão e não tanto sobre a teoria, então acabou perdendo muitos pontos.

O legal deste fight (lembrado muito bem pela querida Carla Bove) foi a jurada que perguntou sobre a sílica gel, uma das perguntas mais repetidas pelo Lucas ao Tulio (deixada sem resposta por não parecer obviamente relevante). A jurada perguntou “Quanto de silica gel seria necessário para secar uma sala”, e o Lucas responde “Ah, não sei, mas deve ser um monte.” Todos racharam muito de rir!

Resultados intermediários de equipes das quais me lembram: como deixamos razoavelmente claro que o Buraco Negro não tinha feito boas abordagens dos problemas que eles tinham abordado em ambos os fights, não ganharam nada. O time da Bárbara Cruvinel (que postou lindamente este link no IYPT BR) ganhou um bronze com uma pequena diferença de pontos em relação a nós (esperávamos, após as notas baixas do 3º fight, que o time dela fosse passar).

O time da Avatar ficou entre os últimos colocados, mas foi chamado para receber um prêmio especial como única escola pública da competição. Tanto em 2010 como em 2011 (participando novamente e ganhando novamente este prêmio), todo o pessoal do Objetivo aplaudiu o time deles de pé, acompanhados depois por toda a plateia.

Resultados finais: os Bósons ficaram em terceiro lugar, e nós ficamos em segundo lugar. O que nos deixou mais putos foi que o Lucas acabou sendo a maior nota em todos os problemas (tinha jurado muito baba ovo pra ele).

Ainda sim, segundo lugar, e uma medalha de Prata que jamais imaginávamos ganhar, dado que nossas apresentações foram iniciadas uma semana antes. E ainda saímos como campeões morais (como o Felipe Vignon, ex-participante da internacional, nos disse, se fosse na internacional, teríamos ganhado).

Após isso, todos do Objetivo se juntaram, e fomos tomar sorvete e comemorar os resultados (dois times da Salinha com Prata e indo para a Final logo no retorno do IYPT). Descobri também que o Vignon (um dos 10 como avaliador no primeiro PF) também tinha me dado 10 na Final (foi daora, também).

Acabamos nos divertindo muito, saímos de lá com uma medalha de Prata (2º lugar, de fato) muito foda, uma experiência sem igual, e uma paixão estranha por esta coisa chamada IYPT, algo que nem imaginaria ter 10 dias antes da Fase Nacional.

(Post com mais de 3000 palavras, BTW. No entanto, que ele sirva como relato oficial do IYPT 2010)

Lembranças… e IYPT 2014

Posted in Olimpíadas, Passado on agosto 10th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

Minhas páginas sobre o passado me trazem de volta lembranças incríveis das competições que construíram muito do meu caráter e me trouxeram amigos que levarei para a vida inteira. Tratá-las como “passado” dá a impressão de que estas competições ocorreram há muito tempo. No entanto, como muitos olímpicos começam a participar desde jovens, o laço que se constrói com elas é muito, muito forte, e você dificilmente o quebra completamente quando entra na faculdade, ou mesmo depois desse período. Arrisco dizer que, quando a paixão por elas é muito forte, elas passam a fazer parte do seu DNA.

Quando comecei este blog (em 31 de dezembro de 2012 – sim, podem ir lá ver o primeiro post), estava ligado às olimpíadas do EM apenas pelo site. Como muitas delas acabam “morrendo” quando você entra na faculdade, você fica cada vez menos conectado a este mundo, e ficaria difícil escrever um “Vida de Olímpico” quando você não é mais tão olímpico. No entanto, só de jogar a sugestão para a equipe, a aprovação foi completa, e a explicação principal para isso foi que, de tanto eu participar de olimpíadas, eu ainda seria capaz de inspirar com cada conquista que tive, e eu não estaria tão distante assim das olimpíadas. Uso muito disso para escrever cada post do meu passado, e uso esta mesma força para escrever meu futuro.

Voltando aos dias atuais, comentarei sobre o IYPT.

Primeiro, o Brasil pegou a Prata tão sonhada este ano, YAY! Mereceram mesmo, parabéns!

Segundo, logo que os problemas de 2014 foram divulgados no Twitter do IYPT (na madrugada de 1º de agosto, eu acho), mandei os problemas para a Bárbara no mesmo instante e começamos a traduzir todos os 17 na mesma hora. Nem duas horas depois, já tínhamos mandado os problemas para o Márcio, e não tinha dado nem meio dia e os problemas já tinham sido oficialmente divulgados na página do IYPT Brasil! O mais legal: nossos nomes estão lá embaixo! Isso foi muito daora. Logo eu deixarei o link do IYPT junto ao meu portfólio (traduzir não é algo simples, sério).

Comentário: no problema 7, o termo “geladeira de potes” foi uma adaptação minha do pot-in-pot refrigerator original do Inglês, porque, até aquela data, não existia a página sobre o tema em Português na Wikipédia, e todos os links em Português no Google também não sabiam como lidar com o termo (tanto por isso, o termo original foi mantido, pois só assim as pessoas iriam encontrar alguma coisa pesquisando, mas como precisávamos de uma tradução, esta foi a melhor que achamos). Acabei “criando” este nome, mas espero que ele seja oficialmente adotado pelas futuras pesquisas sobre o tema em Português (que aumentarão bastante por conta do IYPT Brasil).

Terceiro, escrevi um depoimento rápido sobre minha participação no IYPT 2010 no IYPT BR (a Bárbara tinha pedido um depoimento, eu falei “why not?” e voilá). Digo que foi rápido porque ele não disse o nível dos perrengues e das aflições nos bastidores: isso eu guardo para um próximo “Um pouco do passado”, quando também pretendo escrever todos os bastidores que merecem ser ditos. Sim, Bárbara, eu vi o seu “Breve resumo” de 2010 no IYPT BR, mas tem muuuito mais coisa a ser contada, coisas que talvez só a minha perspectiva tenha capturado – como a Final, por exemplo.

Quarto, escreverei daqui a alguns dias um overview dos 17 problemas junto com a Bárbara. Não pretendemos dar dicas de questão alguma – não queremos “viciar” as apresentações de 2014 – tanto porque, para muitas daquelas questões, nem sabemos ainda por onde começar. Queremos, no caso, dar nosso julgamento inicial vindo das traduções, mostrando um pouco das ambiguidades dos enunciados e tirando os interessados de suas inércias. Talvez surja uma versão em Inglês – para mostrar ao mundo IYPTeico – mas, como disse, será apenas um overview.

Último comentário: guardei as sugestões de relembrar o passado da minha IJSO e da minha IPhO com carinho. Tem muita olimpíada no meu passado, e falar de cada uma toma um tempo razoável (que comumente não tenho), mas guardei os pedidos.

Apenas para concluir as minhas lembranças: mesmo que algum “Vida de Olímpico” pareça não fazer sentido quando a pessoa entra na faculdade, saiba que cada blog mais movimentado vai criando vida – e a vida fica inevitavelmente mais distante do mundo olímpico com o passar do tempo. Mesmo assim, cada blog fala muito da pessoa que o escreve, e, do mesmo jeito que eu escrevo sobre Sudoku no meu tempo livre, tópicos dos mais variados vão aparecer. Mesmo que não seja sobre olimpíadas, será sobre algo que aconteceu de bom conosco e que queremos dividir com o mundo – seja ele olímpico ou não – para que alguém que o leia possa animar o seu dia e, quem sabe, inspirar-se com o que escrevemos.

Fim de julho

Posted in Olimpíadas on julho 26th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

Em dias de frio como estes (ao menos em São Paulo), nada como ficar dormindo e passando o tempo debaixo das cobertas.

Dentre as três possíveis semanas de férias que tive do ITA, tirei a primeira para arrumar as últimas coisas do semestre (fiz uma prova de oito horas na terça-feira), dar uma aula temática ao pessoal do Ensino Fundamental sobre arco-íris (passei rapidamente pela dedução, e depois expliquei como observá-lo num dia de chuva) no “Uma mão lava a outra”, programa super legal de tutoria do ISMART.

Arrumei também meu pôster para a minha primeira conferência, a Carbon, que é internacional, mas que foi no Rio de Janeiro (não reclamei, pois ela foi num dos maiores hotéis de Copacabana – com 39 andares e com vista para a praia), e passei minha segunda semana de férias inteira lá. Aproveitei bastante para aprender e para refletir sobre a pesquisa que fiz para o meu pôster (grafano – um material que ainda irá me surpreender muito), feito com base nos estudos da minha IC (que acaba no mês que vem, quando meu orientador apresentará meu trabalho em Cancún o/). Colocarei fotos da minha rápida estadia no Rio aqui no blog.

Esta é a minha terceira e última semana de férias, e agora só tenho tempo mesmo para arrumar as últimas coisas (como as minhas músicas, arquivos do ITA, papéis e cartões de visita na minha bolsa, enfim). Aproveitei para começar (espero acabar) um curso de Álgebra Linear em Python no Coursera (é bem mais complicado do que o curso que tive no ITA, sério) e cogito fazer mais dois ou três cursos até o fim do próximo semestre (que não espero acabar, mas vou me organizar para ir até o fim).

Fiquei devendo bastante coisa para mim mesmo, mas se eu não conseguisse descansar nesta semana, não compensaria no ITA (dificilmente durmo corretamente lá). Enfim, estou aproveitando estes dias para ficar perto da minha família e ver o que fazer de extra nestes próximos meses, além de ajeitar coisas aqui e ali (acrescentei um plugin ao OC, e agora os blogs aceitam Google Analytics).

Amanhã haverá o Encontro de Jovens Transformadores, organizado por ex-participantes do Laboratório Estudar, que promete ter um networking e atividades sensacionais!

Ah, agosto também promete ser um mês para não esquecer. Terei, além de finalizar minha IC, um TOEFL em nome do Ciência sem Fronteiras (será que dá?), além de várias outras coisas para arrumar (detalhes do CsF, da ITA Júnior, enfim), além de que tentarei dar uma melhorada no meu boletim (desafio bem difícil, mas vai que dá) e começarei a estudar para uma ou outra competição no fim do ano (segredo).

Não deixem de acompanhar o IYPT 2013, gente. A Bárbara está divulgando bastante coisa no Facebook do IYPT BR, e eles lançaram materiais de divulgação incríveis. Este é um ano em que o Brasil tem grandes chances de um resultado inédito, e uma medalha de Prata mais do que digna.

Devo postar mais alguma coisa (temática) até o fim do dia. Se não der, eu vejo vocês em agosto. See ya!

O fator IYPT

Posted in OC, Olimpíadas on maio 8th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

O último final de semana foi incrível, principalmente porque foi o IYPT mais divertido e com as apresentações mais memoráveis que eu já vi. E tentarei resumir, nas próximas linhas, um pouco desta experiência.

Ah, não pretendo explicar muito a mecânica do IYPT, então é bom clicarem aqui para tirarem suas dúvidas.

Sempre torci em nome dos times do Objetivo, e desta vez não fiz diferente (nem sei se farei alguma coisa dessas ainda, pois isso simplesmente parece certo). Muitos dos times do ano passado voltaram em 2013 com experiências de vencedores da internacional, e isso aumentou muito o nível da competição. Isso se fez ver na Final: as apresentações não deram mais aquela sensação de “cão e gato” nos Fights, e a discussão de mais alto nível que já pude ver (talvez a melhor da história do IYPT Brasil) se fez ver com dois ex-participantes da internacional. Sem brigas, sem encrencas, tudo fluindo sem grosserias ou interrupções.

Assim que nos for possível ter estes vídeos à mostra, colocaremos todos organizadamente no canal do YouTube do OC e nos canais de divulgação do IYPT Br. Ainda verei todo este material sendo revertido em melhorias significativas aos eventos nacionais dos anos seguintes, em nome de equipes ainda mais desafiadoras na internacional. O Brasil tem nível para mandar equipes ainda mais fortes, e isso precisa acontecer.

O IYPT Brasil se mostrou o melhor lugar possível para networking acadêmico, e digo isso como universitário não-participante da plateia. Gente muito boa acaba fazendo parte pelo contato que tem com um ou mais membros da Final, e estas mesmas pessoas acabam voltando, mesmo sem jamais ter participado, por conta do que já é chamado de fator IYPT (ou também, como me lembraram, o efeito IYPT).

O fator IYPT é algo difícil de explicar, mas é tão visível e forte que, mesmo tendo apenas visto um Fight, uma pessoa se vê como parte da competição, torcendo, ficando inconformada com notas e comentários. Só uma coisa é certa: uma vez que você entra de cabeça no IYPT, fica difícil sair.

No fim das contas, só posso dizer que adorei o IYPT, e que pude ver e conhecer tanta gente boa, que só posso recomendar a todos que participem da próxima fase nacional, mesmo que somente da plateia, mesmo que somente pela transmissão ao vivo, mas participem. Ela ainda tem muita coisa a melhorar, mas ainda se faz forte e presente o fator IYPT, e é por ele que todos deveriam participar.