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Mas haverá mesmo OBB em 2014?

Posted in Olimpíadas on janeiro 17th, 2014 by Cassio dos Santos Sousa – 5 Comments

Logo da OBB estilizado

Uma notícia presente na Folha Dirigida datando de 19 de dezembro de 2013 trouxe ao mundo olímpico uma triste surpresa: o CNPq, órgão responsável por financiar cerca de 80% da OBB, decidiu suspender as verbas destinadas à olimpíada este ano. Como a olimpíada trabalha sobre inscrições gratuitas, diversas fases da competição estão comprometidas, e a olimpíada, apesar de já estar com inscrições abertas há algum tempo, pode nem mesmo acontecer em 2014.

A revolta do pessoal do grupo de apoio do OC foi imediata (até uma petição já foi feita). Quando fui repassar a notícia na fanpage do OC, acabei deletando a primeira versão. Como a ação de muitas pessoas que concordam com alguma notícia no Facebook é curti-la, não faria sentido curtir uma notícia triste. Então, acrescentei o seguinte parágrafo, em nome desta primeira reação de muitos:

Toda olimpíada nacional já consolidada tem seu apelo, seu público e sua relevância. Tomar qualquer uma delas como não-prioritária é ignorar todo o crescimento de milhares de alunos que a fizeram e que cresceram por conta dela.

O que disse acima não é mais novidade ao mundo olímpico. Meus próximos comentários, muito possivelmente, também não.

A OBB já trabalha com pouca verba há muito tempo. Se vocês virem as equipes brasileiras da IBO ao longo dos anos, você verá que não houve participação brasileira em 2007, e o motivo presente no site foi a falta de verba. No ano retrasado, acompanhando um pouco da jornada do Ivan em sua ida à OIAB, vi que, se não fosse pelo financiamento dos colégios dos alunos envolvidos (Objetivo inclusive), não haveria time para aquela Ibero. Isso já acontece há bastante tempo, e a necessidade de financiamentos externos assim já passou a ser dependência.

Chamar qualquer olimpíada nacional consolidada de “patinho feio” e não financiá-la por falta de prioridade (ponto apontado na notícia pelo CNPq) é besteira. Qualquer motivo além da falta de verba (a qual também é questionável, já considerando fora a verba para Copa e Jogos Olímpicos) é besteira, ou facilmente refutável.

A prova é muito difícil, e pode estar incentivando poucos alunos a perseguirem a Biologia, a Medicina ou áreas do gênero? Quando procurei pelos primeiros participantes da IBO, vários deles acabaram cursando Medicina, e alguns amigos de colégio faziam apenas a OBB em nome dos cursos que queriam fazer, os quais dependiam da área. Outro motivo: a OBM, a olimpíada nacional mais difícil para alguém que só tenha conhecimentos de sala de aula, deveria então sofrer até mais por conta disso, e sua verba não parece ter sido cortada (ainda).

A Biologia não é (mais) uma área prioritária para o país? Para mim, toda prova que avalie o Ensino Fundamental ou Médio, ao menos em termos de padrões internacionais, pede (ou deveria pedir) Ciências como avaliação separada de Interpretação de Texto e Matemática, e Biologia é a base das aulas vistas desde os primeiros anos do Fundamental. E pelo que vi nas notas do PISA, a nota do Brasil em Ciências não é muito melhor do que as demais. Achar que apenas Português e Matemática devem ser prioridades é uma mentalidade antiquada pra caramba, e se o país ainda precisa dar atenção nestas áreas, então o problema pode até ser maior, mas duvido que a investida correta devesse ter sido feita em cima de uma iniciativa em Educação.

Acabou o dinheiro para Educação? Como bem lembrado por alguns dos meus amigos, o Ciência sem Fronteiras (CsF) se propôs a dar um bilhão para financiar diversos alunos, alguns dos quais pouco fazem para merecer a bolsa que recebem. Alguns realmente fazem até mais do que a bolsa pede, isso eu não posso negar, mas dado que o programa diz ter vaga sobrando (a ponto de abrir novas inscrições por conta do número de bolsas – dinheiro – que eles se propuseram a investir), então há dinheiro.

Estou tentando uma bolsa no CsF sim, e já até cheguei a comentar isso em algum dos outros posts (e não, não penso em fazer pouco desta bolsa – se é para sair do meu país, que seja para algo muito foda). No entanto, se for para ver a OBB acontecer, deixaria de ir tranquilamente, se fosse para esse dinheiro ser investido diretamente na OBB.

Já vi olimpíadas nascerem e morrerem no meu Ensino Médio. Não cheguei a ver uma olimpíada nacional morrer. Se a OBB deixar de acontecer em 2014, então esta será uma punição exemplar às demais olimpíadas que teimarem em existir. O país tem outras prioridades, investir em Educação é algo muito caro, e o mundo olímpico não é prioridade. Xeque-mate.

Se algum órgão capaz de investir dinheiro na OBB ler esta notícia, peço que, pelo menos, considerem ajudar a X OBB. Se ela, como olimpíada nacional, já respira com dificuldade para trazer bons resultados ao país e preparar alunos para a Biologia com maestria, é porque ela tem de existir.

Aposto diversas fichas que, mesmo sem esta verba, sim, ocorrerá a OBB 2014. Cortar verbas será como cortar seu oxigênio, mas a OBB, como todo bom ser vivo, pode acabar se adaptando, até mesmo aos ambientes mais inóspitos. É esperar para ver.

The Deadline Effect

Posted in Sem categoria on março 12th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – Be the first to comment

Algo que fica claro a cada nova atividade que faço é que, não importando quanto tempo esteja dedicado a uma determinada atividade, há algo de muito especial reservado ao deadline, a data e/ou horário limite de toda atividade, em que tudo pode acontecer. Se pesquisar pelo título do post no Google, conseguirá achar fácil pesquisas feitas em centros renomados mundo afora, que não duvidam da “mágica do último minuto”.

Talvez seja mal do brasileiro ou espaço amostral pequeno, mas a impressão geral é que muitas pessoas funcionam sob pressão. No caso do deadline, essa pressão é muito mais psicológica, e está envolvida com o fato de termos feito um compromisso, e a pior desfeita que poderíamos dar, independentemente dos eventos ocorridos durante o processo, é não ter nada para mostrar.

O deadline é também o momento em que, por experiência, você deve tomar ou já ter tomado as decisões. O tempo restante costuma ser tão curto que não há tempo para refletir, divagar ou mesmo pensar: é hora de fazer, e fazer o melhor que puder naquele tempo. Mesmo tendo tido bem mais tempo. Como alguém já disse antes, “nada acontece até o último minuto”.

Enfim, agir sobre deadlines pode fazer muita atividade travada render. Como há pouco tempo para se fazer ou pensar em qualquer coisa, você optará pelo menor esforço, e agirá por instinto na maioria dos casos, maximizando a produtividade num tempo curtíssimo.

Mas isso vicia. No momento em que você se dispuser a fazer tudo no limite, seu cérebro dará prioridade a agir sob urgência e sob acúmulo de atividades, e você ficará a mercê de prioridades mal colocadas e desesperos evitáveis. Em suma, você irá se desesperar com atividades que poderiam ter sido concluídas antes e com, no mínimo, o mesmo nível de sucesso.

Tudo na vida envolverá prioridades. No entanto, comprometimento é algo que depende apenas de você. Um bom resultado a ser mostrado não pode depender do tempo que lhe sobra, mas sim de todo o tempo que lhe deram, e do melhor que você pode fazer com ele.

Dá para se divertir, descansar e ainda fazer várias atividades proveitosas e desenvolvedoras de habilidades e de caráter. O sufoco vem quando você deixa uma delas atrasar demais. Pode-se produzir muito no deadline, mas os custos são altos, e nem sempre valerão a pena.