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Um pouco do passado: OPM

Posted in Olimpíadas, Passado on janeiro 10th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – 2 Comments

Foto minha com o Bronze

Achei essa foto na galeria do BICO, enquanto procurava por uma foto decente minha da premiação de 2009. Descrição rápida da foto: o cara segurando a medalha sou eu, ao lado estão o Luis Pinho e o Matheus de Tulio, e atrás de azul está o Lucas Colucci.

Teria uma quantidade gigantesca de competições para escrever (e sinto que conversarei sobre elas no momento certo), mas resumirei tudo em três razões. O post, ainda sim, é longo, mas não irá se arrepender.

1. A OPM foi a minha primeira olimpíada de Matemática.

Sei que a OBM acontece alguns meses antes, e acabaria participando dela quando as inscrições começassem. No entanto, em 2006, um pouco antes da OBM começar, tinha decidido parar de vez com minha participação em olimpíadas científicas.

Tinha entrado no Objetivo há poucos meses, e não estava plenamente adaptado ao ritmo de lá na época, dado que fui da escola pública direto para lá. E daí me levaram a participar de tantas olimpíadas quanto fosse possível, indo até aos sábados, e eu estava parando de render cada vez mais nelas. Com medo de que parasse de render também no colégio, parei.

Tinha parado tudo, isso mais ou menos depois da OBA. Não queria saber de competir em mais nada. O colégio era prioridade, e não estava dando conta. Não estava rendendo, nem achei que chegaria a algum lugar. Parei por lá mesmo, sério.

Como então estou fazendo este post, e acabei tendo toda a minha trajetória olímpica? Simples.

Junto com julho (já tendo perdido a OBM), entrei de férias. E com essa rápida pausa, alguma motivação aleatória da qual não consigo nunca me lembrar qual foi também veio. E daí decidi voltar a participar de qualquer olimpíada que restasse.

Como tinha saído num período meio crucial, sobraram apenas duas olimpíadas para um aluno na sétima série: OPM e OPF, cujas primeiras fases coincidiram (19/08). A OPM foi de manhã, a OPF foi à tarde. Na OPF, não sabia Física, e não saí da 1ª fase.

2. A OPM me levou à minha primeira cerimônia de premiação.

A OPM acabou sendo a primeira competição do meu grande retorno. Foi também a primeira que me permitiu interagir mais de perto com meu professor de olimpíadas de Matemática, o Edson Abe (também iteano, um dos melhores professores que já tive), dentre outras coisas. Mas ainda não comentei como foi a 1ª fase.

Aquela talvez tenha sido uma das provas que mais encarei sem saber o que estava fazendo. Sabia apenas o que o colégio me trouxe, então estava muito defasado em relação à prova. No entanto, a OPM sempre tem algumas questões mais para a lógica e para contas simples. Dei um jeito de fazer algumas destas e rabiscar outras.

Para a maior das minhas surpresas, foi muito incrível ter visto a minha coordenadora me chamando para avisar que eu tinha passado para a Fase Final. Conjuntamente com isso, a OPM me levou à primeira 2ª fase de uma olimpíada com fases.

Daí fui levado a estudar um pouco mais. No entanto, ainda não tinha um décimo do ritmo que tenho hoje para estudar, e o treinamento olímpico das aulas já estava no meio do caminho. Acabei ficando apenas com poucas coisas a mais.

Nisso chegou a Fase Final. Lembro de ter ido para o Instituto de Física da USP fazer a prova, junto com meu colégio. Conhecia pouca gente, e não sabia quase nada da matéria, então acabei encarando a prova do jeito que consegui.

Junto com a Fase Final, vi que a premiação seria no mesmo dia. Não sabia como a prova funcionava ainda, nem arriscava que ganharia alguma coisa, mas acabei indo. Fui com meus pais e meu irmão direto ao Palácio dos Bandeirantes (Morumbi-SP).

O lugar era gigante. O local da cerimônia era gigante, apesar de a premiação ser ajeitada um pouco às pressas. Conheci o Shigueo Watanabe e o Ângelo Paroni, grandes nomes no que diz respeito a olimpíadas, lá no palanque, junto com a Inês do ISMART, instituição que me levou ao Objetivo. Vi diversas pessoas sendo premiadas, camisetas amarelas, e nada veio.

Participei de minha primeira cerimônia de premiação antes da minha primeira medalha chegar, apenas no ano seguinte. Comecei a ver o peso de tradições e costumes olímpicos lá da plateia, mas ainda estava pouco imerso no meio olímpico.

3. A OPM me trouxe a primeira de minhas medalhas na Matemática.

Depois de ter passado um primeiro ano sem conquistas, começou em 2006 a minha trajetória olímpica, e decidi continuar no ano seguinte. Voltei a frequentar bem mais aulas depois do horário, com bem mais frequência, também.

Dei foco à Astronomia naquele ano, mas pude participar de todas as competições, ainda que soubesse pouco para elas. Matemática ainda me parecia algo muito difícil, mas ainda cheguei à Fase Final da OPM em 2007. Também sem ser premiado. Ah, em termos de OBM, fiquei até 2009 sem sair da 2ª fase.

Não cheguei a ser premiado na OPM de 2008 também. No meu 1º ano do EM, o nível da competição tinha aumentado visivelmente, mas não me impediu de chegar à Fase Final. No entanto, a IJSO me veio quase na mesma época, e acabei me voltando somente para ela, pois não tinha noção alguma da matéria que precisava estudar.

Em 2009, no entanto, não havia internacionais tão próximas a caminho, e meu fogo para estudar olimpíadas nunca tinha crescido tanto. Ter aulas de sábado ou depois do horário não me doíam mais, e então decidi dar muito foco à Matemática.

Revi e refiz diversos folhetos e livros dados pelo Abe, juntamente com várias provas antigas e todo um novo ritmo, voltado justamente a dar meu melhor nas provas deste ano. Consegui chegar à Fase Final da OPM e, de modo inédito, à 3ª Fase da OBM.

Na OBM, acabei não ganhando nada (ainda). No entanto, na OPM, cuja premiação foi feita no Salão Nobre da Facvldade de Direito, recebi uma suada medalha de Bronze.

Foram 4 anos para ganhar uma medalha numa competição. Valeu muito a espera.

Olimpíadas para universitários

Posted in Olimpíadas on janeiro 5th, 2013 by Cassio dos Santos Sousa – 13 Comments

–(Há modificações)–

Vem sendo pedido por amigos e visitantes do site alguma coisa que também abordasse possíveis olimpíadas abertas a universitários. E eu sou um universitário, então deveria saber sobre elas. Então, resolvi fazer este post especial para vocês, queridos o/

Não vou mentir: são VÁRIAS as competições a se participar. Mas as ramificações são muitas, por muitas delas se especializarem em temas muito fechados. Logo, lembre-se sempre de buscar aquelas que forem de seu interesse. Não poderei satisfazer todos.

Abaixo uma lista (incompleta e gigante) de competições abertas para universitários de que me lembro, ou que consegui achar, ou de que pude participar.

 

— Aqui, as competições mais teóricas, mais ligadas às olimpíadas do Ensino Médio —

Na área de Matemática, temos:

» OBM Nível Universitário (OBMU), aberta para todos que cursam ainda a primeira graduação aqui no Brasil. Seu modelo é o mesmo da OBM para os demais níveis, mas tendo apenas 2 fases dissertativas, começando na 2ª fase dos demais níveis;

» Olimpíada Iberoamericana de Matemática Universitária (OIMU), aberta a todos os universitários que fizeram 1ª fase da OBMU do respectivo ano, independente do resultado;

» Internacional Mathematical Competition for University Students (IMC), aberta a todos os medalhistas da OBMU. O nível não difere tanto assim da OBMU;

» Competição Iberoamericana Interuniversitária de Matemática (CIIM), também aberta apenas para medalhistas da OBMU (não confundir com a OIMU).

Na área da Física, temos:

» Prêmio IFT-ICTP para Jovens Físicos (antigo Prêmio FIFT): um conjunto de seis provas com temas que varrem praticamente toda a Física universitária (Mecânica Clássica, Mecânica Quântica, Mecânica Estatística, Física Matemática, Eletromagnetismo e Relatividade Restrita), todas em 3 horas. Há prêmios para os 5 melhores colocados;

» University Physics Competition (sem abreviação oficial): competição online aberta a universitários. Times de até 3 integrantes e um professor podem participar. O objetivo é escolher um dentre dois problemas e criar uma resposta em formato de artigo científico para ela, no prazo de 48 horas contínuas a partir do lançamento das questões;

» Rudolf Ortvay Competition in Physics: esta é uma das competições mais difíceis que vi dentro da Física. Aberta para universitários e alunos de pós-graduação. Também online, porém individual. Dentre diversos problemas (houve 29 problemas no ano passado), você precisa escolher e resolver até 10 problemas em 10 dias contínuos de competição. Há grandes prêmios em dinheiro para os três primeiros colocados de cada categoria, além de menções honrosas e prêmios especiais para as melhores soluções;

» Online Physics Brawl: competição também online e com duas categorias, uma para Ensino Médio e outra aberta. A competição dura 3 horas, e o prêmio maior é fama.

» World Physics Olympiad (WoPhO): competição voltada ao Ensino Médio e a alunos do 1º ano da faculdade. O seu intuito é achar o melhor aluno do mundo em Física. Sua prova é tomada como mais difícil que a IPhO e a APhO. Alunos podem se inscrever na competição pagando sua entrada (Guest), resolvendo problemas enviados pela equipe da WoPhO (Problem Competition), sendo medalhista de Prata ou de Ouro na IPhO ou na APhO do respectivo ano, ou sendo convidado pelo Comitê Internacional.

» International Zhautykov Olympiad (IZhO): competição aberta a alunos do Ensino Médio e do 1º ano da faculdade. Ela é uma competição meio obscura para mim, mas é considerada internacional, e há uma sede no Peru para quem fizer a prova.

Na área da Informática, temos:

» OBI: no caso, aberta apenas para quem estiver cursando o 1º semestre da faculdade no momento da competição. A competição segue da mesma maneira que para os participantes do Nível 2 de Programação, podendo concorrer à IOI do mesmo ano;

» Maratona de Programação: abertas para todos os estudantes de graduação, comumente feita em equipes. Na etapa nacional, universidades mandam suas equipes para competirem na resolução contínua de problemas envolvendo matemática, lógica e programação, e as melhores equipes são chamadas para maratonas internacionais;

» Hackaton: são 48 horas seguidas de programação envolvendo desde a criação de jogos e aplicativos até a construção de negócios online. A participação é feita por times de até 3 pessoas, com prêmios diversos (dinheiro, smartphones, videogames, etc).

Na área da Robótica (todas envolvendo a participação de equipes, com atividades desde simulações até a construção de robôs autônomos), temos:

» Winter/Summer Challenge: há diversas categorias (sumô, guerra, Soccer 2D, resgate, etc) a se participar, e são oferecidos prêmios em dinheiro para os três melhores colocados. Apesar do nome, a competição é nacional, e promovida pela Robocore;

» Latin American Robotics Competition (LARC): a maior competição da América Latina, motivando o desenvolvimento de tecnologias e códigos avançados para robôs autônomos;

» Robocup: aberta aos melhores times da LARC, a maior competição de robótica do mundo para robôs simulados.

— Aquelas mencionadas a seguir são mais voltadas à Engenharia, na minha caminhada —

Na área de Aeronáutica, a mais conhecida é o AeroDesign, em âmbitos nacional e internacional (a primeira selecionando para a segunda). Há diversas categorias envolvidas, mas o intuito principal é construir aviões e planadores de pequeno porte que possam voar com o uso de controle remoto. A participação é por equipes.

Na área de Automobilismo, conheço a Formula e o Baja, competições para construção de carros (organizadas pela SAE). A primeira considera carros construídos para corrida (como na Fórmula 1), e a segunda considera carros off-road (como na Fórmula Indy). Os carros passam por uma série de testes além de serem testados em pistas de corrida. Também para equipes.

Na área Aeroespacial, existe a Intercollegiate Rocket Engineering Competition (IREC), aberta a todas as universidades do mundo, para a construção de foguetes que possam voar mais alto com seus propelentes e serem recuperados após o voo.

— Estas são para competições de negócios em geral, podendo haver restrições de cursos (também, apenas que vivenciei) —

Na área dos negócios, as competições mais comuns são as Resoluções de Cases, orientadas por grandes grupos e empresas. Os modelos podem diferir, mas, tradicionalmente, equipes de várias universidades resolvem casos de negócio dos mais diversos, e prêmios (comumente em dinheiro) são dados às equipes com a melhor estratégia de solução. Uma das competições mais conhecidas do gênero é a Battle of Concepts.

Na área de empreendedorismo, há também competições envolvendo a criação e apresentação de startups. Há várias delas, VÁRIAS mesmo, bastando uma rápida busca do termo “startup” para encontrá-las. Uma das mais conhecidas é o Prêmio Startup Universitária, voltada para startups já no mercado.

 

A lista é incompleta, e quem conhecer mais algumas pode mandar sugestões. Conforme se entra cada vez mais nas competições universitárias, o limiar entre a disseminação do conhecimento e a utilização deles para negócios cada vez mais específicos é cada vez menor, conforme as competições e os interesses vão também se especificando.

Para limitar a lista, evitei competições esportivas (inacreditavelmente mais comuns e frequentadas por universitários do que estas aqui em cima) e coisas envolvendo apenas iniciação científica (simpósios, seminários, conferências e workshops também valem). Não posso motivar todos os cursos do mundo, então se procura alguma competição mais específica para o seu curso de interesse, talvez precisará procurar um pouco mais. Os murais da sua faculdade serão ótimos pontos de partida, não se engane.

 

Se tiver mais alguma boa competição para me mostrar (e que posso ficar muito feliz em participar), mande uma sugestão nos comentários. O mundo de competições universitárias cresce muito, e dele não posso dar conta sozinho.

Enquete aos meus leitores: o que vocês acham de um site semelhante ao OC, mas voltado às competições acadêmicas universitárias?

[Atualização de 26 de abril de 2014]

O site foi criado (o/). Não é intuito dele ser um blog, mas tem gente demais querendo saber mais sobre eles. Ele está aí:

olimpiadascientificas.com/universitarias

Há mais competições neste site do que neste post (descobri algumas no caminho), e o texto presente nelas está bem mais dedicado. Divirtam-se!