Viagem do Conhecimento – II
Já tinha conversado com todos os outros finalistas – exceto a Vik que não estava no grupo do facebook – e estava ansiosa para conhecê-los. Encontrei a outra Vic (nós Vitórias ainda vamos dominar o mundo \o/) já no aeroporto e também comecei a perceber que até mesmo a relação com os pais e professores dos outros alunos é muito intensa, e isso foi bem legal.
Quando chegamos ao hotel tudo foi muito rápido, conheci a Gabi e a equipe organizadora, fiquei encantada com o quarto, andei o hotel inteiro com a Vic, ficamos meia hora apreciando a vista da cobertura e encarando a nossa utópica realidade (o que se repetiu ainda muitas vezes), encontrei a Vik no quarto da minha professora, vi o Fernando e a Júlia chegarem… até o jantar de abertura, quando conhecemos o restante do pessoal. O início foi bem engraçado, não sabíamos como nos cumprimentar, hahahaha, principalmente eu paulista que não estou acostumada com dois beijinhos e quase sofri um acidente no meio disso.
No começo do jantar tivemos uma brincadeirinha em que tínhamos que encontrar nossos lugares da mesa reconhecendo nossos interesses em fichinhas que tínhamos preenchido antes. Depois ficamos sabendo como tudo funcionava lá, já dava para perceber quanto amor havia envolvido no projeto e ainda soubemos que teríamos a presença do Laurentino Gomes no dia seguinte, e que seria necessário nos acostumar com tantas câmeras.
Eu não fui para o Rio com a intenção de ficar entre os primeiros lugares, pois estar lá já era um prêmio e queria aproveitá-lo ao máximo, não me preocuparia em dormir cedo, por exemplo. Mas ao final do jantar a maioria já tinha se recolhido, e embora não fosse tão cedo, o turbilhão de pensamentos que me invadiam com essa abertura de um novo mundo demoraram a me deixar dormir.
No dia seguinte acordei muito cedo, afinal, havia Concentração às 6h45 para depois fazermos a prova de múltipla escolha. Então já saímos às ruas cariocas com toda a equipe de professores e o Laurentino, aprendi muito, e o melhor, comecei a ver toda a área de humanas, com outros olhos, olhos de aventureiros. As marcas de um passado explorado, da Colônia, da chegada da família real portuguesa, da república… e o melhor: os detalhes! As diversas comparações entre as imagens que eram feitas ao vivo, a Praça XV de Novembro, coração do Rio de Janeiro, o chafariz, o Paço Imperial, a Rua Direita… e construções que eu provavelmente nem notaria se não estivesse com os historiadores . A estreita Rua do Ouvidor, a Avenida Rio Branco, a Confeitaria Colombo (que não entramos para não babarmos porque não tínhamos tempo), o Largo Carioca, a Cinelândia… Além, é claro, da paradinha na biblioteca, que não podia ser melhor com tantas pessoas fãs de livros.
Mal almoçamos (literalmente, os garçons tiravam nosso prato ser termos comido um quarto dele), mal tivemos nosso tempo realmente livre para conversar (exceto pelos momentos na van)… e já saímos para um destino surpresa. No dia anterior tínhamos sido avisados de que devíamos estar com calças compridas e blusa, já imaginava que exploraríamos a selva, hahaha. Mas fomos à Petrobras! Foi uma experiência incrível conhecer de perto essa empresa tão grande, o processo petrolífero e o lugar em si.
Depois partiríamos para a surpresa de novo… se no Matthew não tivesse deixado que escapar que conheceríamos o AfroReggae. Sim, aquele projeto que deixou as comunidades pacíficas e levou educação e cultura para várias regiões. Foi o passeio que nos motivou, que nos inspirou e nos emocionou, é essa a diferença que queremos fazer no Brasil, vimos aquelas crianças cantando e dançando sorrindo, cantamos e dançamos também. E o Fernando ainda tocou Satairway to Heaven no piano do estúdio que tinha lá
Não tínhamos encontrado nossos pais e professores desde cedo, mas nos vimos na churrascaria de Copacabana, altos papos sobre comidas, cidades, política, música… Quando voltamos ao hotel, o combinado era de todos se reunirem na cobertura, mas no final só eu, a Vic e o Fernando fomos, e acho que foi muito mais relaxante e divertido do que dormir para a prova, haha.
E já estávamos no último dia, o dia em que queremos fazer tudo para não nos arrependermos de não termos feito algo. Feita a dissertação, fomos para o Corcovado *-* A parte turística que todos desejavam, conversamos com um chinês no trenzinho e encontramos o mundo todo vendo o Cristo. Foi um tanto quanto corrido, tínhamos a atividade de campo para fazer e a minha entrevista também foi lá. Eu tive ainda algo mais interessante, o homem que tirou o projeto do Cristo da gaveta é meu conterrâneo, minha escola inclusive o homenageia com seu nome.
Almoçamos em Copacabana, o Erechim conseguiu comer 1,2 kg de comida, e eu dois pratos de sobremesa. Fomos ao Pão de Açúcar, foi um dos meus passeios favoritos, estávamos sem pressa, pudemos interagir bastante, andar de bondinho, além de o lugar ser maravilhoso.
Depois já tivemos a premiação, a parte mais emocionante, por ser já uma despedida… As palavras do Dante, das Gabis, do Caco e do Matthew foram emocionantes, vimos como essas pessoas são boas e têm que trabalhar duro e com amor para manter um projeto desse porte.
A divulgação dos três primeiros colocados seria uma surpresa para nós, todos ao mesmo tempo em que eram humildes, tinham muito conhecimento. Mas realmente foi merecido, Viktoria, Natália e Daniel foram os destaques.
Depois de jantarmos e assinarmos todos os “álbuns”, como prometido, jogamos o 1º lugar, Vik, na piscina, e todos pulamos depois 😀 Também nos reunimos no quarto para jogarmos Máfia – a melhor Máfia de todos os tempos, com as melhores histórias e personagens! – e nos despedirmos melhor… o que significa que ficamos enrolando lá embaixo na recepção, dando abraços coletivos , fazendo promessas de que viajaríamos juntos muito mais vezes e imaginando como seria ficar mais um mês lá.
Cada um tinha um horário de voo, o meu era um dos primeiros, então quando acabei de me despedir, arrumei minha mala e fui tomar café da manhã. Mas a Viagem do Conhecimento, como o Dante disse no jantar de abertura, nunca acaba, ela vai nos influenciar pelo resto de nossas vidas e faremos de tudo para mantermos o projeto em pé.
Quando terminei a Segunda Fase, entrei no grupo do OC no facebook para discutir sobre a prova, e lá mesmo fiz amizades, se não fosse por isso, nem conheceria um de meus melhores amigos, e foi assim que a Viagem do Conhecimento começou a influenciar a minha vida…
Realmente, Vi, nunca pensei que faria tantos amigos e tão especiais! Foram momentos inesquecíveis! Ficar em primeiro, segundo ou terceiro lugar, não tinha tanto valor quanto cada risada que demos juntos! Esse certamente é um dos melhores pontos de qualquer olimpíada: conhecer novas pessoas!
Sim! Agora nos restam saudades, e para contorná-las, quem sabe nos encontramos em alguma outra olimpíada?