Como eu perdi minha timidez

Postado em 11 de abril de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 2 Comentários

IJSO 2009 – Aeroporto de Amsterdam

—Ivan, tímido? Pffft… conta outra piada

Hoje eu baixei o meus dados do facebook e estava dando uma olhadas nas fotos… E fiquei com vontade de contar algumas histórias sobre elas, começando do início, do primeiro álbum que fiz upload pro facebook, IJSO 2009.

Para alguns chega até a ser uma surpresa eu dizer que eu era extremamente tímido quando criança, a ponto de eu não conseguir atender o telefone. Hahaha, velhos tempos…  Eu era aquela criancinha que corria muito mais falava pouco, e quando eu falava, eu falava rápido demais e pouca gente entendia haha.

Onde eu estava mesmo? Ah, sim…  Eu havia sido selecionado pra IJSO depois de bastante esforço e dor de cabeça, e tinha passado quase dois meses estudando, tentando resolver as listas sem noção que o pessoal da organização da IJSO Br tinham feito pra gente estudar. Até hoje eu acho que eles escolheram questões aleatórias (com exeção da lista do ITA, que ninguém resolveu), pois achavam que ninguém leria elas. Algumas questões sobre “isomeria óptica(!?)” e coisas que não estavam no programa, mas que nem por isso eu deixei de fazer  haha. Ok, ok. Exagerei um pouco… A maior parte das questões estavam dentro do programa, mas havia, sim, aleatoriedades no meio da lista (melhorou Márcio? :) )Faltei a algumas aulas e fiquei presente só com o corpo, e não com a mente em diversas outras para acabar essas listas.

 E estava chegando o grande dia, o dia que viajaria pro Azer o que? Azerbaijão pra participar da Internacional. Arrumei minha malinha linda com minha mamãe e recebi um email da organização brasileira falando que o limite de quilos era 23 quilos (na verdade eram duas malas de 32. SEMPRE são duas malas de 32 pra voos intercontinentais saindo do Brasil). Esvaziamos minha mala de todas as infinitas coisas que toda mãe coloca na mala de seu filho, e montamos outra mala só com o que eu achava que ia ser bem necessário (quem precisa de uma calça extra se você pode levar chocolate no lugar? :D).

E depois de alguns dias eu estava no aeroporto de Guarulhos com o resto do time e falando tchau pra minha família.

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E então fizemos nossa escala em Amsterdam! Ficando presos no Aeroporto por que não dava tempo de sair de lá [mas eu consegui fugir do Aeroporto em outra ocasião, que fica para outro post ;) ).

Olhando ao redor, esperando o próximo voo, vejo alguns grupos de adolescentes conversando, e agora que me falha a memória…. não lembro se eram 12 pessoas (Indonésia e Argentina), ou se eram 18 (e Zimbabwe).

De qualquer maneira, era uma roda gigante de pessoas para uma pessoa extremamente tímida como eu.  Então eu falei com os meus colegas de equipe:

Ei, por que a gente não vai falar com o pessoal dos outros times?

Eles se entreolharam, e falaram:

Boa ideia. Vai lá falar com eles!

Agora eu só lembro de pelo menos 4 mãos nas minhas costas, me empurrando com tudo (!), e eu tentando ao máximo parar sem cair e sem acertar nenhuma pessoa.  Eu fui jogado, quase arremessado no meio da outra roda. Entrei por uma ”fresta” e parei no meio de pelo menos uma dúzia de pessoas olhando pra mim com a cara de “o que foi isso?”. Sem falar do fato que eu quase cai lá no meio, ou quase acertei as pessoas do outro lado da roda, dependendo do ponto de vista.

Sim pessoal, sim Gustavo, sim Lucas (os 2 que eu tenho certeza que me empurraram), vocês me traumatizaram nessa hora hahaha. Foi um completo tratamento de choque.

E agora estava eu, no meio de uma roda de pessoas olhando ansiosamente para mim. E não existe nada mais vergonhoso do que você passando vergonha no meio de um grupo grande de pessoas. Então minha cabeça tímida trabalhou rápido pra fazer a coisa menos vergonhosa possível, se recompor, fingir que nada aconteceu e agir como se você soubesse exatamente o que está fazendo.

Hi, my name is Ivan! I’m from Brazil. Where are you from? [Oi, meu nome é Ivan! Eu sou do Brasil, de onde vocês são?]

E um por um se apresentou pra mim, e eu comecei a conversar. Eles me perguntaram sobre meus colegas de equipe, eu chamei eles e todos nós começamos a conversar, o que ficou registrado na foto que abriu esse post.

A gente no aeroporto do Azerbaijão jogando máfia algumas horas depois. E eu que convidei e organizei inicialmente o jogo!

E foi assim que eu perdi minha timidez :).

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O mito do herói

Postado em 6 de abril de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 2 Comentários

TheHeroWithAThousandFaces

Lendo The Hero with a Thousand Faces [O Herói com Mil Faces] , por Joseph Campbell, edição comemorativa, me prendi a certos trechos na introdução do livro.

“With regard to the heroic, so much is unpredictable; but there are two matters, above all, about which a person can be certain—struggle on the journey is a given, but also there will be splendor.”[Com relação ao heróico, muito é imprevisível; mas há duas coisas, que, acima de tudo, a pessoa pode estar certa — haverá um grande esforço na jornada, mas também haverá esplendor] — Clarissa Pinkola Estes

E logo a frente havia tal citação sobre o conto “The Conference of the Birds” [A Conferência dos Pássaros]

“The thousand birds endure increasingly hos­tile conditions, terrible hardships, and torments—including hor­rifying visions, lacerating doubts, nagging regrets. They long to turn back. They are filled with despair and exhaustion. The creatures receive no satisfaction, nor rest, nor reward for a very long time.” [Os milhares de pássaros suportaram condições cada vez mais hostis, dificuldades e tormentas — incluindo visões terríveis, duvidas lascerantes, arrependimentos enervarntes. As criaturas não viam a hora de voltar atrás. elas estavam preenchidas com desespero e exaustão. As criaturas não receberam satistfação, descanso ou recompensa por um longo tempo.]  — Clarissa Pinkola Estes

Mas como lido na primeira citação, você já sabe o que houve com os poucos que completaram essa jornada. E para aqueles que querem ir e seguir esses caminhos?

“Whosoever desires to explore The Way— Let them set out—for what more is there to say?” [Aqueles que querem explorar O Caminho — deixem-nos ir — pois o que mais há para se dizer]?

 

O livro aparenta ser extremamente interessante e instrutivo. Ele influenciou diversas histórias, como por exemplo, Star Wars, filmes da Disney, entre outros.

Mas, mais que isso, ele explica e exemplifica certos aspectos da mente humana… Mas por que estou comentando sobre esse livro?

Percebi que as pessoas por vezes tomam as outras por herói, como um certo ídolo a ser imitado, mas que não é possível pois nunca há o início da jornada… Nunca fui picado por uma aranha radioativa, nunca chegou minha carta de Hogwarts, entre outras… Ou mesmo nunca tive um grande momento de epifania que mostrasse qual o meu verdadeiro talento.

As pessoas começam então a falar muito de sonhos e pouco de objetivos…

Se alguém conseguiu completar uma jornada, chegando em um ponto em que já é possível colher frutos dela, essa pessoa passa a ser tratada como herói ou qualquer outro termo que tente separar essa pessoa do resto das pessoas. Passam a tratar ela como se ela tivesse nascido com um dom ou com habilidades já desenvolvidas. Ignoram o esforço e a grande jornada que a pessoa teve que passar, ou quando não ignoram, consideram como se fosse parte do “enredo” – “claro que a pessoa passou por essas dificuldades, pois você precisa passar por elas para chegar lá. Mas essas dificuldades só aconteceram pois de certa forma já se sabia que a pessoa iria superá-las e portanto se destacar.”

Não. Esse não é o mundo. Sim, o mundo pode ter heróis, mas eles não são diferentes dos outros. São pessoas que resolveram seguir uma jornada, pois, “o que mais há pra se fazer?”.  São pessoas que sabem que não viverião para sempre, por isso tentaram fazer algo que dure mais que elas mesmas. Pessoas que assim como os pássaros de “A Conferência dos Pássaros” que foram até o fim, seguiram em frente. Pessoas que olhavam o caminho tortuoso e que depois que chegaram ao outro lado perceberam que ganharam ao menos auto-conhecimento.

E se você pensa em seguir alguma jornada, sair de onde está, acredito que só há uma coisa que pode ser dito:

“E se não for agora, quando?”, Hillel.

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I was admitted in Harvard, MIT, Yale and Princeton :)

Postado em 29 de março de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 1 Comentário

Hey there! Today’s post will be in English; I really hope my usual readers won’t mind that.

Now that all the university results were released, I wanted to share my essays – maybe some day they will help someone. And even if they don’t help, I hope someone will find them interesting :).

Sadly I won’t share every essay – some of them are too personal; it wouldn’t be nice if other people read them haha.

Common App :)
FETECMS revision1.0

motivation final final

MIT :)

1 – background revision 2
2 – Extra activity- people revision
6- challenge revision 2
5 -world revision3
4 – personality revision 2.1
3 – program – UROP – revision 2

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E o que houve então?

Postado em 25 de março de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 2 Comentários

É, dia 23 de março chegou e passou. E que coisa incrível acontceu esse dia? Acabou a água do galão e eu tive que ir comprar mais, e eu comi brigadeiro. Em poucas palavras, nada de mais haha.

Para os curiosos, a notícia no jornal era na página de falecimentos, o que obviamente não aconteceu. Mas meu passaporte antigo expirava naquele mesmo dia, o que poderia explicar o motivo de eu sonhar com aquela data….

Tantas aventuras com ele :). Dá pra se dizer que eu comecei a levar a sério as olimpíadas quando ele foi feito, e que a expiração dele marca o fim de um ciclo…

Ah, e dia 14 de março eu passei no MIT :). Não é legal? até mais!

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[fora do tópico] 23 de março

Postado em 8 de março de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 4 Comentários

Em 2011 eu tive um sonho. Todos aqueles que já tentaram ler algum livro, placa ou jornal em um sonho devem se lembrar que isso foi uma tarefa bem dificil.

Nesse sonho que eu tive, eu peguei um jornal e consegui ler duas coisas: uma notícia sobre mim e a data: 23 de março de 2013.   Hahaha, eu não acredito que algo irá acontecer, nem que a notícia especifica (que eu escrevo aqui depois do dia 23) vai acontecer, mas ainda assim eu estou ansioso :). É legal se enganar as vezes, pensar que você de alguma forma conseguiu ver algo no futuro, que de alguma forma você não é responsável pelos seus atos, que tudo não passa de algum plano feito pelos astros, ou que tudo é culpa do seu signo.  Uma sensação que parece que faz com que o mundo tenha um pouco de ordem

 

http://letras.mus.br/fleet-foxes/1850265/

I’d say I’d rather be
A functioning cog in some great machinery
Serving some thing beyond me

Mas se você se enganar demais você vai fechar seus olhos pro que está na sua frente, se recusando a ver a própria realidade. Vivendo num mundo de fantasia sem querer acordar, e se tornando uma pessoa não útil por causa disso. Mas fantasia sempre é bom em doses controladas. Minha dose diária de um pouco de veneno que me mantém vivo :)

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Conselhos

Postado em 2 de março de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 3 Comentários

É… eu fiquei muito tempo sem escrever nada aqui :/. E eu vou dar uns conselhos que eu acho que eu precisava ouvir. Pouca coisa, mas quem sabe seja útil motivacionalmente para alguém?

Você é fruto das escolhas que você fez. Não faz sentido você se sentir mal pelas escolhas que fez no passado, nem se flagelar por causa delas. É apenas o presente que vai fazer alguma diferença. O seu eu de amanhã (dia de amanhã mesmo, e não do futuro), ficaria feliz com o que o seu eu de hoje fez?  Se não, há algo muito errado que você está fazendo.

Não diminua o seu rítmo por muito tempo. Se você está acostumado a estudar pra caramba, não fique 2 meses sem fazer nada. É difícil retomar o pique depois.

Tenha um ambiente que promova um pouco de pressão pra cima de você. Isso vai empurrar você mais pra frente. Claro que você pode ficar em casa estudando (ou fazendo coisas produtivas em geral) o que você quiser, totalmente isolado do mundo, e pensar que seria equivalente a ir de vez quando em um lugar em que outras pessoas também estudam e ficar estudando lá o que você quiser. Mas no geral não é equivalente. Se você vê outras pessoas sendo úteis, você vai querer ser mais útil, dar o melhor de si, dar uma competitidinha pra conseguir melhor seu rendimento e rítmo. Ficando isolado sem saber do que os outros fazem, seria igual não ver a luz do dia e querer que seu relógio biológico ficasse ajustado. Não vai dar muito certo.  (Essas visitas podem até ser onlines — inclusive espero que o meu blog sirva de suprir essa parte de fazer um pouco de pressão haha)

Sempre haverão pessoas que discordaram de você e acharam motivo pra sentirem vergonha de você. Isso não deveria fazer diferença. Veja a dica 1.

E é isso… coisas que eu precisava ter ouvido mais cedo / ter pensado mais cedo. Até mais :)

 

 

—–

p.s.  Se alguém quiser perguntar no meu askfm, sinta-se muito bem vindo haha.   Vou tentar responder a maioria  :) http://ask.fm/itadeufa

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Entrevista

Postado em 1 de março de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 5 Comentários

Saiu uma pequena entrevista minha na revista mundo estranho :).  Mas segue abaixo respostas que eu dei na Íntegra :)

 

Em vermelho estão perguntas feitas depois que as respostas foram feitas. O texto está confuso, mas tudo bem haha.

 

Segredo e motivação pra participar em olimpíadas?

 

O único segredo é dedicação. As vezes você vai querer desistir e jogar tudo para oalto. E você tem que conseguir forças para seguir em frente. – no que você pensava nessas horas que tinha vontade de desistir? como arrumava forças pra seguir em frente?
—-

Cada hora eu tentava arranjar  força de vontade de uma maneira diferente. As vezes erao pensamento de “eu não vim até aqui pra desistir agora”, assim como dizia a música dos engenheiros do Hawaii. As vezes era a promessa de reencontrar uma pessoa nas competições, ou só a vontade de cumprir o desafio e crescer como pessoa.
——
Mas o que seria essa dedicação?
Cada aluno tem um método de estudo diferente, e não existe um que seja o melhor para todos os estudantes, então não faz sentido dizer qual a maneira correta de estudar. Osegredo para ir bem chega até a ser óbvio, mas poucos o fazem:

 

1) Saber todo o programa da competição. Você tem que saber toda a matéria que pode cair na competição. –Cai muito conteúdo fora de ensino médio? Como vc estudou o que não era dado na sua escola? Aulas particulares? Pegou livros e estudou por conta?

——-
Cai muito, muito assunto além do ensino médio. Cada competição é diferente… Nas de física caem matéria da faculdade, nas de matemática, alguma matérias especializadas que costumam ser vistas em mestrado. Astronomia ou linguística, nem sequer temos no currículo da escola. Eu estudava por livros de faculdade, pegava material na internet (você não tem ideia de quanto material é distribuido de forma gratuita, sem nem ser pirata, na internet), resolvida provas passadas lendo as resoluções, etc. Tirava algumas dúvidas com professores fora do período de aula, e entrava em contato com ex-participantes das competições.

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2) Resolver provas passadas. Você tem que estar acostumado com o nível de dificuldade das questões e com as estratégias de solução. De nada adianta você saber a matéria se você não souber aplicar, ou se você não tiver prática o suficiente, a ponto de cometer erros de distração.

3) Treinar velocidade. Além de saber a matéria e resolver os exercícios, você também tem que treinar velocidade, pois o tempo de prova é curto frente a dificuldade das questões. E além disso, você tem que ser capaz de resolver com velocidade e precisão, sem cometer erros. e como você fazia isso? chegava a cronometrar? o tempo dado nas provas é relativamente pequeno pra dificuldade do enunciado?

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Eu me cronometrava sim. O tempo de cada questão é bem grande, algumas competiçõeschegam a dar quase duas horas por questão, porém, você acaba escrevendo mais de 6 páginas só de resolução, o que faz com que o tempo seja curto.

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4) Treinar as habilidades extras / treinar a parte experimental. Em algumas competições, como as de física, você terá que realizar experimentos. Para isso, você deve treinar as habilidades que são pedidas na prova experimental, como manejo de equipamento, minimizar as incertezas, plotar pontos em um gráfico rapidamente, etc.

– quais coisas você chegou a treinar na prática?

Eu fiz 10 dias de treinamento experimental na USP de São Carlos, organizado pela SBF (sociedade brasileira de física) para a equipe da olimpíada internacional de física. Treinei lógica resolvendo provas da olimpíada de linguística, e aumentei muito a minha velocidade em traçar gráficos, fazer tabelas, e plotar dados em geral.
– Como foi sua preparação especial para as olimpíadas de Linguística? 
Eu resolvi as provas passadas da olimpíada internacional, da olimpíada norte americana, algumas desafios de linguística que achei na internet; li um livro de linguística introdutório de faculdade, e enquanto estudava as resoluções das questòes, fui escrevendo um manual com as principais técnicas de solução ( e conforme ele foi sendo escrito, eu disponibilizava gratuitamente na internet). Você pode ver ele nesse link: http://ivan.olimpiadascientificas.com/?download=Linguistica.   Como não havia nenhum premiado na IOL brasileiro, eu tive que criar minhas próprias técnicas de estudo e resolução, pois nãohavia em quem me espelhar.
 
– Quanto tempo antes dos exames você costumava se preparar?
Depende muito. Para a Internacional de física, eu comecei a estudar focado nela 1 ano e meio antes da competição. Mas quando eu comecei a estudar para ela, eu já havia estudado anteriormente todo o conteúdo do ensino médio de física ao me preparar para a Olimpíada Internacional de Ciências Junior. Em cada competição o tempo de preparo foi bem diferente e variado.

Se você for capaz de fazer tudo isso, você irá bem na prova. Ou traduzindo de outra maneira: se você for capaz de resolver a prova, você é capaz de resolver a prova. Não há segredo.

Eu participei da olimpíada internacional de física duas vezes. Na primeira vez, eu estudei todo o conteúdo, e não me foquei em resolução de questões. Cheguei na prova, e cometi diversos erros de distração, além de não conseguir resolver tudo no tempo limite, o que me fez ganhar uma medalha de bronze. Na minha segunda participação, eu me foquei na resolução de problemas, que era a área que eu não havia treinado. Resultado: não cometi mais erros por distração e consegui resolver o conteúdo no tempo necessário, conseguindo uma medalha de ouro.
Existem diversas pessoas que ficam nervosas no dia da prova, mas isto só ocorre, pois, para elas, fazer a prova será algo que irá tirá-las da rotina, algo com que elas não estãoacostumadas. Se você fizer provas como algo rotineiro, e sempre exigir o máximo de si mesmo em cada uma delas, ao chegar em uma prova importante você estará habituado, não será algo que você ou seu organismo estranhará.

A diferença de uma prova dessas competições acadêmicas para as provas escolares é onível de aprofundamento. Na olimpíada internacional de física, é pedido conteúdo que normalmente só e visto no terceiro ano de um curso de física, além de exigir oconhecimento básico de cálculo, mas por vezes sendo necessário até o uso de cálculo vetorial. Um aluno de ensino médio em geral não verá o conteúdo com tal profundidade pela escola, sendo necessário que ele se aprofunde, mergulhe nessa jornada sozinho. Ele pode, até, por diversas vezes não ter quem o ajude, ficando preso em um mesmo exercício ou conteúdo por semanas a fio.

Diante dessas dificuldades, o segredo do sucesso é a perseverança e o foco. A primeira para não desistir, e a segunda para saber o que fazer.

E frente a tanta dificuldade, e a tanto esforço, alguém pode se perguntar o que motiva os estudantes. Quase sem exceção, o crescimento pessoal, o aprendizado e o desafio é oque mais os motiva. O estudo pode ser cansativo, mas a sensação que se aprendeu a fundo uma matéria é gratificante. Assim como a sensação de superar um desafio. Desta forma, estas competições se tornam divertidas.

Além disto, há diversas vantagens para aqueles que se dedicam a fundo nessas competições. O estudantes costumam receber ofertas de bolsa de estudo nos melhores colégios brasileiros. Elas abrem diversas portas, você conhece pessoas que são destaque no Brasil, e estes contatos podem se mostrar muitos úteis em sua vida profissional. Você faz diversas amizades, com pessoas que em geral atuarão em uma área próxima a sua, aumentando ainda mais sua rede de contatos. Você melhora o seu currículo, o que pode te permitir realizar coisas que você não conseguiria de outra maneira, como ser aprovado nas melhores universidades do planeta. Elas te diferenciam, te destacando do meio da multidão. Elas são um treinamento para o vestibular e melhoram seu rendimento escolar, pois você se aprofunda nas matérias em um nível mais que suficiente para a realizaçãodas provas de aptidão que ocorrem no final do ensino médio.

Além dessas vantagens, ao participar de olimpíadas internacionais, os estudantes conhecem outros países, culturas e pessoas, tendo uma despesa virtualmente nula. Ogoverno brasileiro através do CNPQ e das sociedades brasileiras de física, matemática, entre outras, pagam a ida dos alunos. Eles, ao irem representar o país são recebidos muitas vezes por pessoas de alta influência no país, como presidentes, ministros e até mesmo prêmios nobéis, o que demonstra a importância destes eventos.

As vantagens são muitos, mas para aproveitá-las você não pode desistir perante as dificuldades.

E essa foi a entrevista inteira.  :)
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Stress

Postado em 7 de fevereiro de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 2 Comentários

Períodos muito estressantes me deixam bem antissocial.  Períodos estressantes podem ser usados para te tornar altamente produtivo.

Assim como jogar jogos em flash e fazer coisas semelhantes vão ocupar sua mente e te fazer esquecer de seus problemas, estudar feito um louco vai te deixar tão mentalmente exausto que você não vai nem se lembrar dos seus problemas.

Indo estudar física. até

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Janeiro

Postado em 29 de janeiro de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – Seja o primeiro a comentar

Nesse mês de janeiro eu me mudei de São Paulo pra Lins, tirei um novo passaporte, titulo de eleitor; fui para a Semana Olímpica da OBM, tirei infinitas fotos (estão todas no album da página do olimpíadas científicas no facebook :) ). Na semana olímpica, ensinei o pessoal a jogar konitchua, ensinei um sistema de votação pro jogo de máfia que aprendi na WoPhO, tive meu quarto invadido por dezenas e dezenas de pessoas quase todas as noites; dormi 20 horas em 7 dias; revi velhos amigos e fiz alguns novos, joguei pembolim, fui chamado de hiperativo diversas vezes haha.

O quarto 234 entrou pra história da semana olímpica. Duvido que algum quarto já tenha ficado com mais de 30 pessoas ao mesmo tempo :). Entre elas, pessoas escolhendo as fotos que seriam postadas naquela mesma noite, pessoas jogando mafia, poker, estudando matemática, fazendo origamis, etc. \o/

E hoje pela primeira vez em 1 ano e pouco eu joguei videogame! Joguei vigilant 8 second offense no modo survival, e bati meu recorde! De matar 12 inimigos fracos no modo survival, matei 34 inimigos medianos no modo survival! :D

Também estudei bastante eletromagnetismo e aprendi cosas legais de matemática nesse mês :).

E espero que eu tenha alguma ideia pra escrever algum post legal nos próximos dias.

 

p.s. muitas outras coias aconteceram, mas aí já é privado ;)

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Três semanas esquecidas

Postado em 14 de janeiro de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 12 Comentários

Alguns amigos meus me disseram que os meus últimos posts estavam sendo escritos num estilo muito “depressivo malvado” hahaha, esse post vai seguir a mesma linha, embora um pouco mais brando :)

A motivação.

Aqueles que me conhecem, sabem que minha vida amorosa é um desastre haha. Em 2009 não era diferente. Eu estava chateado com coisas que haviam acontecido comigo (oo curiosos, não vou contar o que foi não haha, também tenho minha privacidade) e por isso fiz uma das promessas mais absurdas da minha vida.

Eu não vou tentar ter nenhum tipo de relacionamento até eu ir para uma olimpíada internacional ou entrar na faculdade.

Aí o bicho tinha pegado. Promessas são promessas, e eu não podia quebrar essa. Que enrascada que eu tinha me enfiado. Mas 2 dias depois, eu recebi um email:

17/09/2009 –
Prezado Aluno(a),

É com grande satisfação que informamos os convocados para a segunda fase da IJSO Brasil 2009.

A segunda fase ocorrerá no dia 10 de Outubro, nas dependências da Escola Politécnica da USP, entre as 8h00 e as 18h00.

O que raios era IJSO eu não tinha ideia. Eu nem sabia por que eu havia sido convocado, achei que havia sido um engano, pois eu não tinha feito a primeira fase. Mas engano ou não, eu iria aproveitar a oportunidade.

Eu pesquisei na internet sobre a competição e descobri que ela iria selecionar os 6 representantes do Brasil que iriam para o Azerbaijão. Pesquisei sobre o conteúdo da prova e vi que eu sabia menos de um terço dele. Nunca havia estudado física ou química sério na minha vida.

Então, a noite, perguntei para minha mãe se ela me deixaria ir para o Azerbaijão se eu passasse.

Azer, o que?

Azerbaijão, fica pertinho do Irã.

Ah, claro.

Ela falou esse claro com uma plena convicção de que eu não iria passar. Não culpo ela, até para mim a chance de conseguir parecia muito remota.  Confirmei se ela realmente deixaria eu ir se eu passasse, e ela confirmou. Peguei os livros do terceiro colegial da minha irmã, mais algumas apostilas de exatas e me tranquei no quarto. Estava com muita raiva dessa atitude dela. Tinha que mostrar pra ela que eu conseguia (e além disso, era minha chance de cumprir a promessa).

As 3 semanas.

Digo, me tranquei no quarto de maneira figurada. Eu fiquei estudando pelas próximas 3 semanas sem parar. Tinha calculado a quantidade de páginas que eu teria que ler por dia para ter chance de acabar o programa, e tinha dado mais de 200 páginas por dia. (os livros que eu estava usando tinham muitas páginas de exercício :) )

E eu comecei a estudar. Eu me lembro de ter começado a ficar com dor de cabeça, mas de continuar estudando. E então eu tenho um apagão. Eu lembro de ter pegado minha bicicleta um dia para assistir um jogo de vôlei das aulas de vôlei que estava matando, de ter voltado para casa, e mais um apagão. Lembro de ter ido numa reunião da escola, de ter ficado estudando um pouco durante ela, (apagão), lembro de ter entrado no MSN para pedir ajuda: não havia quem pudesse me ajudar aqui em Lins naquela época. A Deborah leu meu status pedindo ajuda e disse:

Eu conheço o Elder, que foi para a IJSO do ano passado. Ele pode tentar te ajudar.

Adicionei o Elder, e perguntei o que eu deveria estudar de biologia:

Decora os hormônios e doenças. O resto você consegue deduzir em parte.

Decorei os hormônios e doenças principais. E apagão.

Lembro de estar num ônibus indo para São Paulo com a minha mãe. Todo o esforço tinha sido grande demais para eu conseguir me lembrar. Eu só sei que depois dos apagões de memória eu sabia física e química.

No ônibus, eu estava acabado, cansado, com dor de cabeça, e estudando. Estava resolvendo as provas passadas das IJSOs internacionais (sem gabarito), enquanto eu procurava as matérias nos livros que estavam no meu colo. Lembro que teve alguma confusão no ônibus sobre pessoas bêbadas fumando dentro dele, mas eu continuei concentrado nos livros.

Cheguei em São Paulo com a minha mãe. Dormimos num hotel. Lá, eu não conseguia sair da cama, estava completamente acabado. Minha mãe me deu algum remédio e eu consegui sair da cama e ir para o taxi para ir ao local de prova (e estudando).

Mas a única coisa que eu queria era chorar e descansar

A competição.

Lá haviam vários grupos de alunos com uniformes de olimpíadas de suas escolas. Na fila para pegar o crachá alguns do Poliedro estavam falando:

Acho que ninguém estudou para essa prova, não é mesmo?

Eu estudei. E inclusive pelas apostilas do terceiro colegial de sua escola.

Eles me olharam. Um pivetinho de 14 anos falando isso? E acho que ficaram com medo haha.

As pessoas estavam comentando sobre o Gustavo Haddad, que tinha pegado ouro no ano anterior e estava fazendo a prova novamente. Havia uma certa aura mística ao redor dele haha.

Fui para a abertura e me sentei do lado do Lucas Collucci. Conversei um pouco com ele e tentei tirar umas dúvidas. Ele disse que era pra eu relaxar, que não dava pra aprender nada antes da prova.

Na abertura, disseram que haveria treinamento (não teve haha), e eu perguntei como quem é do interior participaria deles. Me olharam com a cara de: quem é do interior não passa. E disseram: vamos ver, vamos ver.

Começou a palestra de radioatividade que tinha antes da prova. Assisti a palestra, e depois que ela terminou, fui tirar dúvidas com a palestrante sobre outros assuntos de química (constantes de equilíbrio).

Fui para a prova.

A prova.

Olhei para a prova. Quis entrar em desespero, quis entregar ela em branco e ir chorar. Ela era difícil, eu não achava que eu tinha qualquer chance. Depois de alguns minutos decidi:

Vou fazer a prova. Já cheguei até aqui, então talvez de pra pegar pelo menos uma medalha… Não faria sentido eu desistir a prova.

Fiz a prova toda fazendo o melhor que eu pude. Estava sentado do lado dos alunos da cidade grande, que, como diziam os boatos “tem aulas específicas para olimpíadas várias vezes por semana”. O que eu podia fazer? Eu continuei fazendo a prova.

Saí da prova, cabisbaixo, falei para a minha mãe que talvez desse para pegar uma medalha de bronze, na melhor das hipóteses. Voltamos de carona com o Lucas Collucci até o metrô e fomos embora para Lins. Mais 6 horas de viagem.

O resultado

O resultado estava previsto para sair no domingo. Como todo e qualquer resultado, é claro que ele não saiu na data prevista. Depois de alguns dias, eu recebi um email falando que o resultado havia sido disponibilizado.

Abri o site.

Fui pra página de premiados.

Comecei a ler, o coração pulando rápido, ansioso, querendo ver se eu tinha pegado pelo menos bronze.

Medalhas de ouro

Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho

AHHHHHHHH

Eu comecei a pular, eu gritei para a minha mãe

Mãaaaaeee! Eu passei! Eu peguei ouro!

Como assim?

Mãaae, eu peguei ouro na IJSO!!

E ela começou a comemorar junto comigo. E eu continuei estudando até a internacional :).

 

 

Nota final

As pessoas só veem os louros e a glória, elas se esquecem de ver o caminho trilhado pelas pessoas. Esse foi um dos começos da minha história.  Todos dizem querer ir para uma competição internacional e pegar ouro, mas poucos realmente querem realmente fazer isso: estudar, se cansar, ter dor de cabeça, enfrentar problemas, querer chorar, enfrentar pressão…  Ou, com uma música que eu gosto para ilustrar:

 

The bridge

 

I’ve seen the bridge and the bridge is long
And they built it high and they built it strong
Strong enough to hold the weight of time
Long enough to leave some of us behind
chorus:
And every one of us has to face that day
Do you cross the bridge or do you fade away
And every one of us that ever came to play
Has to cross the bridge or fade away
Standing on the bridge looking at the waves
Seen so many jump, never seen one saved
On a distant beach your song can die
On a bitter wind, on a cruel tide
[repeat chorus]
And the bridge it shines
Oh cold hard iron
Saying come and risk it all
Or die trying

Disgressão

Agora que tem mais concorrência, com ótimos novos blogs aqui no vida de olímpico, como o do Cássio e do Lapinha, vou ter que me esforçar muito pra manter os leitores haha.  Até mais pessoal!

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