O mito do herói
Lendo The Hero with a Thousand Faces [O Herói com Mil Faces] , por Joseph Campbell, edição comemorativa, me prendi a certos trechos na introdução do livro.
“With regard to the heroic, so much is unpredictable; but there are two matters, above all, about which a person can be certain—struggle on the journey is a given, but also there will be splendor.”[Com relação ao heróico, muito é imprevisível; mas há duas coisas, que, acima de tudo, a pessoa pode estar certa — haverá um grande esforço na jornada, mas também haverá esplendor] — Clarissa Pinkola Estes
E logo a frente havia tal citação sobre o conto “The Conference of the Birds” [A Conferência dos Pássaros]
“The thousand birds endure increasingly hostile conditions, terrible hardships, and torments—including horrifying visions, lacerating doubts, nagging regrets. They long to turn back. They are filled with despair and exhaustion. The creatures receive no satisfaction, nor rest, nor reward for a very long time.” [Os milhares de pássaros suportaram condições cada vez mais hostis, dificuldades e tormentas — incluindo visões terríveis, duvidas lascerantes, arrependimentos enervarntes. As criaturas não viam a hora de voltar atrás. elas estavam preenchidas com desespero e exaustão. As criaturas não receberam satistfação, descanso ou recompensa por um longo tempo.] — Clarissa Pinkola Estes
Mas como lido na primeira citação, você já sabe o que houve com os poucos que completaram essa jornada. E para aqueles que querem ir e seguir esses caminhos?
“Whosoever desires to explore The Way— Let them set out—for what more is there to say?” [Aqueles que querem explorar O Caminho — deixem-nos ir — pois o que mais há para se dizer]?
O livro aparenta ser extremamente interessante e instrutivo. Ele influenciou diversas histórias, como por exemplo, Star Wars, filmes da Disney, entre outros.
Mas, mais que isso, ele explica e exemplifica certos aspectos da mente humana… Mas por que estou comentando sobre esse livro?
Percebi que as pessoas por vezes tomam as outras por herói, como um certo ídolo a ser imitado, mas que não é possível pois nunca há o início da jornada… Nunca fui picado por uma aranha radioativa, nunca chegou minha carta de Hogwarts, entre outras… Ou mesmo nunca tive um grande momento de epifania que mostrasse qual o meu verdadeiro talento.
As pessoas começam então a falar muito de sonhos e pouco de objetivos…
Se alguém conseguiu completar uma jornada, chegando em um ponto em que já é possível colher frutos dela, essa pessoa passa a ser tratada como herói ou qualquer outro termo que tente separar essa pessoa do resto das pessoas. Passam a tratar ela como se ela tivesse nascido com um dom ou com habilidades já desenvolvidas. Ignoram o esforço e a grande jornada que a pessoa teve que passar, ou quando não ignoram, consideram como se fosse parte do “enredo” – “claro que a pessoa passou por essas dificuldades, pois você precisa passar por elas para chegar lá. Mas essas dificuldades só aconteceram pois de certa forma já se sabia que a pessoa iria superá-las e portanto se destacar.”
Não. Esse não é o mundo. Sim, o mundo pode ter heróis, mas eles não são diferentes dos outros. São pessoas que resolveram seguir uma jornada, pois, “o que mais há pra se fazer?”. São pessoas que sabem que não viverião para sempre, por isso tentaram fazer algo que dure mais que elas mesmas. Pessoas que assim como os pássaros de “A Conferência dos Pássaros” que foram até o fim, seguiram em frente. Pessoas que olhavam o caminho tortuoso e que depois que chegaram ao outro lado perceberam que ganharam ao menos auto-conhecimento.
E se você pensa em seguir alguma jornada, sair de onde está, acredito que só há uma coisa que pode ser dito:
“E se não for agora, quando?”, Hillel.
Eu concordo com você!
Eu gostaria de deixar aqui uma frase muito motivadora!
“Se você dizer que pode então,você pode.Se você dizer que não pode então,não pode”
Abraços!
discordo da frase no entanto. Todo mundo diz que pode e que quer, e poucos compreendem as consequencias disso e acatam as consequências (nem tudo é um mar de rosas). Uma coisa é falar: eu posso ir pro MIT! Outra coisa é: eu posso estudar por conta própria material avançado, renegando por ventura convívio familiar e situações sociais com amigos, passando stress e raiva, com pessoas tentando me derrubar, para poder ter a chance de depois apresentar resultados ao me aplicar pro MIT (por exemplo).