(Falta de) tempo

Postado em 8 de janeiro de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 6 Comentários

Reparem como é possível perceber simultaneamente as nuvens no céu e os detalhes dos prédios.

Muitas pessoas me perguntam: Ivan, como você consegue fazer tanta coisa? Tem tão pouco tempo em um dia…

Então… vou começar falando sobre o que fiz hoje: Fiz a prova da fuvest, aprendi sobre “exposure fusion” em fotografias, tirei algumas fotos aplicando essa técnica para aprender, aprendi algumas técnicas de solução de equações diferenciais usando complexos (http://www-thphys.physics.ox.ac.uk/people/JamesBinney/complex.pdf), li 2 capítulos do segundo volume de palestras de física do Feynman, arrumei algumas páginas do OC, enviei alguns emails, passei tempo vadiando no facebook, li algumas tirinhas na internet, durmi, fiz uma prova da segunda fase da fuvest e estou escrevendo esse post. Na verdade não estou só escrevendo esse post: estou escrevendo ele enquanto reviso algumas partes de eletrostática e escrevo um email pra uma professora universitária que está na Austrália.

E agora deve estar pensando:

Parabéns pra você. Você deve achar que faz coisa demais :p

Muito pelo contrário… Eu quase me sinto inútil pois sei que meu tempo poderia ser ainda melhor aproveitado. Gastei muito tempo lendo tirinhas e no facebook hoje, poderia ter lido um pouco mais.  E mesmo se assim o tivesse feito, saberia que ainda não teria aproveitado todo o meu potencial.

Vou contar a história de uma pessoa que conheci na última competição que fui, na WoPhO.

Ela é uma menina, de 14 anos, no segundo semestre de medicina, que sabe falar 5 línguas, já morou por um ano na indonésia longe da família para aprender a língua de lá, participou da IJSO no ano passado. Ah, e não se esqueça que a WoPhO é uma competição de física para alunos de até primeiro ano da universidade.  Ela disse que matava as aulas para estudar por conta própria pois dessa forma ela rendia mais. Ia de um canto para o outro lá em Jakarta de ônibus sozinha.

E ela não é o único exemplo que eu conheci, é apenas o mais recente. E ela é estranha, exótica, etc? Na minha opinião não, pelo menos não enquanto brincávamos de pega-pega na piscina do hotel com o resto dos participantes.

Agora me diz: eu aproveito meu tempo bem? Não, eu poderia ter feito muitas coisas a mais nesses últimos anos, poderia ter me aprofundado muito em diversas matérias, poderia ter começado projetos, poderia ter aprendido outras línguas. Mas o passado já foi.

 

Agora é aproveitar o presente e fazer dele o melhor possível.

Um dia tem 24 horas, se você dormir 8 horas, comer por 2, descansar por 2, e usar o banheiro, tomar banho, etc em 1 hora, você ainda tem 11 horas em um dia.

Se você lê cerca de 1 página por minuto (o que não é uma velocidade exageradamente rápida), e reservar umas 4 horas para isso, você já terá lido 240 páginas por dia.

Se você resolver questões por mais 2 horas, você terá feito pelo menos metade de uma prova estilo fuvest por dia.

Ainda tem 5 horas por dias nessas férias. Pode-se gastar 1 horas arrumando suas coisas, 2 horas praticando esportes, 1 hora saindo com colegas e ainda sobra 1 hora para imprevistos.

E em nenhum momento você teve que fazer nada na pressa.

 

Aproveite seu tempo.

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Eu falhei, e agora?

Postado em 6 de janeiro de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – Seja o primeiro a comentar

Você estava em um mau dia, você não teve sorte, etc?  Não.

A culpa é sua, você falhou. Não é culpa do destino nem de outra pessoas, nem de ninguém.

Mas o que você quer dizer? Você quer que eu lide com essa enorme pressão de me sentir responsável pelos meus próprios atos?

Sim, é exatamente isso que eu quero.

Falhar é algo normal, e não deve ser tratado como se fosse. Você deve aprender a lidar com as falhas para ser capaz de seguir em frente. Se em vez de enfrentar os erros e falhas você tentar transformar eles em vitórias (eu não consegui ganhar X, mas em compensação eu fiz Y), você não estará crescendo nem aprendendo a lidar com os problemas da vida.

Você teve uma vitória por Y, mas isso não muda o fato de ter tido uma derrota em X. Se você tivesse estudado/treinado/se esforçado mais, teria provavelmente conseguido, então o melhor que se tem a fazer é aceitar que não conseguiu e focar em um novo objetivo. As pessoas que foram melhores que você não são diferentes de você, nem mais especiais nem menos. Elas apenas se esforçaram mais. Se esforce também, e assim conseguirá ter um bom resultado também. Aprenda com seus erros, mas não deixe eles te corroerem, pois não há como mudar eles. Os erros são aprendizados pra como você deve agir no presente.

 

Eu mesmo já falhei em diversas competições e projetos que fiz… No início, todos me tratavam: ahh… o que você fez não foi realmente uma falha, e bla bla bla….você já é vitorioso por chegar até aqui, e etc…. Fazendo aparentar que o fato de errar fosse algo não natural, algo que não pudesse acontecer, o que, de certa forma, me desestimulava de tentar coisas novas com o medo que elas não corressem como eu esperava. Depois começaram a me tratar como: tudo que acontece e todas as suas falhas são apenas culpa sua. Sim, é uma baita pressão em um adolescente / pré-adolescente, mas mais cedo ou mais tarde todos terão que passar por isso, e só então eu comecei a levar os meus erros como uma maneira de aprendizado, como algo que não impediria meu caminho.
Nessa última competição que eu fiz, eu tinha certeza que não ganharia nada. Então estava com a atitude: não ganhei nada, vou estudar mais para o ano que vem, existem pessoas muito melhores que eu. E para facilitar os estudos, vou criar contatos aqui para poder tirar dúvidas com outras pessoas. No final, acabei por ganhar uma medalha de prata.   Mas o fato é: se eu ainda estivesse acostumado ao que me diriam no passado, minha reação não teria sido positiva, teria sido semelhante a:
Eu não tive sorte o suficiente, os outros alunos tiveram uma preparação melhor por seus professores, eu estive em um mal dia, etc.  E ia acabar me sentindo mal durante a competição e nem aceitar a situação que eu mesmo criei.
Eu simplesmente não enfrentaria os erros e falhas e não seria quem eu sou agora.
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E lá se foi 2012

Postado em 5 de janeiro de 2013 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 1 Comentário

E lá se foi 2012… Um dos anos mais incríveis da minha vida.

Assim como os outros anos, este começou e terminou em fogos de artifícios, mas como tantas coisas diferentes aconteceram comigo em 2012, eu vou focar na minha “vida de olímpico”.

Em janeiro eu viajei para Maceió, participar da semana olímpica de matemática. Mafia, mafia, mafia, MAFIA! Joguei muita mafia com os amigos que já conhecia ou que fiz lá. Joguei também muito pembolim com o Vitor. Ele na defesa, eu no ataque, e os outros times em desespero.

E então os estudos mais sérios começaram: comecei a resolver questões do Irodov, com uma frequência cada vez maior, enquanto lia Vida, a Ciência da Biologia e resolvia questões das OBBs passadas. Estudei diversos algorítimos para a OBI, reli uma parte do livro de química do Peter Atkins. Resolvi problemas do physics cup, e conversava por email com amigas de outros países. Fiquei meio ausente do mundo durante essa época, eu acho haha.

Comecei a resolver mais questões de físicas, a estudar eletromagnetismo mais a fundo, a resolver provas da IPhO e APhO. Fiz a seletiva de São Carlos — conversei bastante com o resto do pessoal que estava lá. Muito legais :).  A prova estava muito difícil, mas eu precisava ficar em primeiro lugar na seleção — é uma longa história, mas o fato é: se eu não tivesse ficado em primeiro lugar na seletiva da IPhO com certo certo gap de pontos pro segundo lugar, eu provavelmente não teria ido.

Fiz a seleção pro Millenium Youth Camp 2012.  Fiz a prova de seleção pra IOAA, sem ter estudado muito. Comecei a escrever um manual de linguística e a resolver diversas questões de IOLs, NACLOs, etc.

Fui classificado para a IPhO, IBO, IOL, IOAA e Millenium Youth Camp.

Viajei para a Finlândia sozinho para o MYC. Passeei por Paris no meu caminho de ida. Fiz diversas amizades lá e revi um velho conhecido da IJSO 2009 e IPhO 2011. Comi sanduíche de rena, conheci alguns dos chefes de uma empresa de papel e tecnologia, assiste palestras de Linus Tourvald e do prêmio nobel de medicina desse ano, Shinia Yamanaka .  Peguei um barco, viajei para a Estônia, revi os meus amigos da IJSO 2009 e 2010 — adoro vocês haha.

Voltei pro Brasil, fui expulso do time da IPhO, entrei em contato com um pessoal da organização da IPhO da Estônia, voltei pro time da IPhO, sai do time da IBO e entrei no time da OIAB.

Passei 10 dias treinando experimentos e comendo muito em São Carlos com o pessoal paulista da equipe da IPhO.  O pessoal do Ceará não gostavam muito da ideia de andar alguns kilometros pra comer em lugares exóticos haha.

Fui para a IPhO, fugi do resto da equipe na Holanda pra poder conhecer Amsterdam. Eu tinha um passaporte Brasileiro, quem me impediria de sair correndo pela cidade? Briguei com a minha então melhor amiga, paramos de nos falar :/ . Passeei em Tartu, e o que acontece na IPhO, fica na IPhO haha. Estava com infinitos problemas com as passagens de avião, mas consegui resolver eles a tempo de ir para Praga :). Ah, e eu ganhei uma medalha de ouro haha.

Em Praga encontro a equipe da IOL, dormimos os próximos dias em albergues e passeamos por Praga e pela Áustria. Fomos para Linz, Salzburg, Viena, etc. Compramos bilhetes(!) para ir numa praia na Áustria, mas ela fechou mais cedo por começar a chover. Até chegarmos na Eslovênia, que é um país com uma natureza linda! E eu venci todos os jogos de pembolim que joguei lá haha. A equipe do Brasil na IOL era muito louca também :). Eu agradeço alguns dos membros por escutarem meus desabafos quando eu estava estressado.  Voltando a natureza: lagos, montanhas….  Passeamos em cachoeiras e eu peguei uma medalha de prata e um avião para São Paulo.  E minha câmera fotográfica foi roubada.

Ok, o avião não foi para São Paulo, foi para uns 3 outros países antes de ir para São Paulo haha — escalas infinitas. Mas chegando lá eu peguei um avião para o Rio de Janeiro e fui para a IOAA.

IOAA = comida, comida, comida. Ela foi no Brasil, e existe coisa melhor que comida Brasileira? Me diverti muito com a louca equipe da IOAA: batalhas de starwars com os lasers, campeonato de sobremesa, dança de cadeiras, jogar pembolim com a Karol, planejar como matar o Onias, irritar a Tábata. Andei dentro de uma cachoeira, fiz ótimos amigos, do Brasil e de outros países :). E foi dificil dizer adeus para eles….  E peguei uma medalha de prata.

Vim para São Paulo, saí na Folha de São Paulo, dei algumas entrevistas e fiquei um pouquinho famoso.

Fui para a OIaB (as entrevistas atrapalharam um pouco estudar na reta final pra OIaB, mas tudo bem haha), em Portugal. Conheci a pátria mãe do Brasil, fui em Lisboa e em Cascais. Nadei no mar, fui num oceanário, quase fiquei bêbado, dancei forró, funk, participei de uma sketch, e outras coisas que: o que acontece na OIaB, fica na OIaB. Participei da gincana em equipes e minha equipe ficou em primeiro lugar! Também ganhei uma medalha de prata na OIaB.

Ah, uma coisa interessante, eu levei itens altamente ilegais na minha mala de mão nessa viagem. E fui salvo pela minha gaita, que parece um cartucho de revolver, e que desviou a atenção dos outros itens.

Cheguei no Brasil, fui entrevistado no de frente com Gabi, e fiquei meio famoso.

Fui reconhecido na rua, na farmácia, etc… Dei uma palestra em Campo Grande junto com o Augusto sobre olimpíadas e outra em Fortaleza.

Gastei o meu final de ano fazendo essays e resolvendo a burocracia de se aplicar pra universidades americanas.

Fui para o aeroporto novamente para ir para a WoPhO, na Indonésia. O meu passaporte iria expirar em 3 meses, e só é permitido a viagem se o passaporte tem pelo menos mais 6 meses de validade. Eu descobri isso depois de tentar fazer o checkin: fui barrado. Falei com o supervisor da companhia e ele me barrou também.

Fui correndo para a polícia federal e a invadi. A minha mãe já havia ligado para lá para explicar a história, mas ainda assim foi interessante entrar correndo na PF de GRU.  Os policiais ficaram com pena de mim e resolveram me ajudar. Recebi uma carta do delegado e ele e o escrivão, completamente fardados me acompanharam para o local de embarque. Me deixaram embarcar.

Em Dubai, falei que estava com pressa para que eles não checassem meu passsaporte haha. Na Indonésia a embaixada do Brasil estava me esperando no aeroporto para resolver os problemas que pudessem ocorrer.

Conheci muita gente lá, pessoas incríveis! Fui o organizador dos jogos de máfia e fiquei relativamente popular. Fui em uma fazenda de arroz, passeei no centro de Jakarta e tirei fotos com infinitas pessoas que me achavam a cara do Justin Bieber(!?).  De fato, quase todo mundo que não era indonésio nem oriental era chamado de Justin lá.

Eu reouve (sim, essa palavra tá certa) a amizade que havia perdido lá no inicio do ano na WoPhO e nós conversamos muito durante a mesma.

 

Os fogos de artifício começaram a estourar e 2012 chegou ao fim.

2013 começou com festa, piscina e uma inesperada medalha de Prata.

Voltei para Dubai acompanhada pelos amigos da Alemanha e Romênia. Vimos em Dubai sites idiotas na internet e nos despedimos.

No avião conversei com os meus vizinhos, estudei o início do básico de moderna teoria quântica e li uma peça de teatro… no aeroporto de Guarulhos entreguei lembrancinhas da Indonésia para os policiais para agradecê-los.  Peguei um ônibus e nele encontrei professores de algumas universidades famosas que estavam no Brasil a passeio.

Cheguei aqui, e aqui estou.

 

Que 2013 seja um ano ainda mais incrível que 2012.

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Existe vida depois da IMO

Postado em 25 de dezembro de 2012 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – Seja o primeiro a comentar

 

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Na minha primeira Semana Olímpica, em 2008, em Fortaleza, no Ceará eu escutei essa frase em uma das palestras: “Existe vida depois da IMO”. No momento eu não entendi o motivo que o “estudande cujo nome nunca me lembro” disse isso, e, para falar a verdade, eu nem pensava no que poderia haver depois de participar de uma olimpíada internacional. A experiência parecia tão “gloriosa” que poderia ser facilmente chamada como auge de uma carreira para mim.

Participar de uma olimpíada internacional parecia algo completamente inalcançável para mim. Eu era o primeiro da minha cidade (que eu tenha notícia) a ganhar uma medalha na OBM, e isso já estava sendo incrível para mim! Lá em Fortaleza eu aprendi a jogar Máfia, aprendi matemática mais avançada do que eu já havia pensado em aprender, conheci pessoas muito bacanas (em especial a Deborah, que agora está em Harvard —  ela que me fez me enturmar um pouco com o pessoal nos últimos dias), viajei pela primeira vez de avião, e pela primeira vez sozinho. Era algo inacreditável para mim.

E apesar de tudo isso já ser difícil de acreditar, eles ainda me disseram que se eu estudasse eu ainda poderia representar o Brasil e viajar para um país no exterior. É claro que ao pensar na viagem, eu apenas pensava nela — o que viria depois dela era algo que nem chegava a existir na minha cabeça. E então disseram “Existe vida após a IMO”.

Eu participei mais um ano da OBM e da OPM, mas eu tratava a possibilidade de ir para uma olimpíada internacional como algo distante, um sonho infantil. Em 2009, na outra semana olímpica, eu decidi que iria tentar ir para uma olimpíada internacional. Minha atitude mudou, e eu comecei a estudar mais. Até que no final do ano eu recebi um email:

17/09/2009 –
Prezado Aluno(a),

É com grande satisfação que informamos os convocados para a segunda fase da IJSO Brasil 2009.

A segunda fase ocorrerá no dia 10 de Outubro, nas dependências da Escola Politécnica da USP, entre as 8h00 e as 18h00.

 

Seguida de diversas informações técnicas. O fato é: eu nunca havia estudado nem um

terço da matéria de física ou química que iria cair na prova. Eu tive que estudar tudo nessas 3 semanas (o que será assunto de outro post).

Eu fui classificado para a IJSO 2009, que iria ocorrer no Azerbaijão em Dezembro.

Eu estudei muito durante o tempo até a competição. Eu estava indo pela medalha, pela competição, para de fato representar o Brasil. Não pensava muito na parte divertida da competição.

Mas, resumindo a história: eu me tornei o participante mais popular da IJSO 2009 e ganhei uma medalha de prata. Voltei para o Brasil. E adivinhem só:

Havia vida após a IJSO.

Eu não havia parado para pensar no que fazer após ela… Mas em uma semana decidi: eu iria tentar ir para a IPhO de 2011. Pesquisei na internet sobre equipes anteriores da IPhO, encontrei o Ivan Guilhon, mandei um scrap pra ele no orkut, ele me recomendou livros e eu comecei a estudar para tentar ir para a IPhO um ano e meio depois.

Eu passei na IJSO, e depois passei na IPhO, IOAA e IOL.

E a vida continuava após essas competições.

harvardClaro, eu mudei, amadureci, cresci…. Passei a morar sozinho, troquei de cidade e de escola, mas tudo continuava. Consegui no ano seguinte uma medalha de ouro na IPhO, e medalhas de prata na IOL, IOAA e OIAB.  Fui entrevistado pela Marília Gabriela e passei em Harvard. Mas nada disso é o auge nem o fim de uma carreira. E existe após…

Mas por que estou dizendo isso? Por que várias pessoas que não me conhecem mas sabem que eu passei em Harvard ou de algum dos feitos anteriores me olham com uma cara de:

“O que você está fazendo? Você ganhou/passou em XXXX. Você não precisa fazer isso, você não precisa fazer mais nada, você chegou no auge!”

Me olharam com essa cara quando me viram dançando numa festa (logo após perguntarem se tinha sido eu o menino que saiu na Marília Gabriel), me olharam com essa cara quando me viram estudando na escola, me olharam com essa cara quando m viram que ainda assim eu estou fazendo vestibulares. E então eu acho que consigo entender o motivo que “aquele estudante cujo nome nunca me lembro” disse na semana olímpica que havia vida após a IMO. Pois realmente existe, mesmo que algumas pessoas o tratassem como se não.

 

Boas festas pessoal!

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Passei em Harvard :)

Postado em 15 de dezembro de 2012 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 1 Comentário

E aí pessoal!

 

Eu fui aceito em Harvard! Isso não é legal? \o/.   Pena que foi um dia antes da prova de química do ITA… então meio que meu jeito de comemorar acabou sendo estudando lgumas provas passadas de química antes de dormir haha. Mas agora eu vou pra festa!

Minha festa de formatura vai começar daqui a 2 horas! Bora dançar um pouco de valsa (e aprender o básico agora hahahah)

E fica aqui uma tirinha legal do SMBC :)

http://www.smbc-comics.com/index.php?db=comics&id=2722

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Vontade de começar a fazer tirinhas pra passar o tempo

Postado em 11 de dezembro de 2012 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 1 Comentário

Queria começar a escrever algumas tirinhas… Mas fazer elas baseadas em fotos, assim como as do soft world (http://www.asofterworld.com/index.php?id=891)

Haveria algum tema na minha vida que seria interessante? :)  . Comentários são bem vindos ^^. Se você lê meu blog, você provavelmente sabe bem mais que o suficiente sobre o que eu gosto de escrever e sobre o que eu sei e não sei :).

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Mini desafio de física / volta pra São Paulo

Postado em 7 de dezembro de 2012 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 2 Comentários

Passei 4 dias incríveis em fortaleza :). Dei duas palestras, conheci pessoas incríveis e me diverti muito :).

E aqui no aeroporto resolvi fazer um mini desafio de física pro pessoal se divertir haha

http://www.olimpiadascientificas.com/forum/viewtopic.php?f=38&t=826.

Gostam de molas? Velocidade do som em materiais? métodos criativos de resolver questões?  pelo menos uma das letras você vai gostar haah.

Inspirado nesse vídeo (eu assisti sem aúdio, entào não sei se tem a resposta das perguntas nele) https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=uiyMuHuCFo4

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Interactive narrative, terminada?

Postado em 4 de dezembro de 2012 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – Seja o primeiro a comentar

Estava acabando de fazer minha interactive narrative: alone in the darkness. Ficou zoada; é zoada, mas acho que terminei. Até!
Alone in the darkness

Se alguém quiser a extensão pra inform que eu programei pra fazer esse negócio, é só entrar em contato

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A caminho de fortaleza!

Postado em por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – Seja o primeiro a comentar

Ficarei lá até dia 7. Estarei na Feira Estadual de Ciência e Tecnologia do Ceará,  no hotel Praia Centro, Praia de Iracema – Fortaleza-CE.

 

\o/

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Formatura

Postado em 30 de novembro de 2012 por Ivan Tadeu Ferreira Antunes Filho – 10 Comentários

Dia 27 eu me formei no ensino médio… Fui na colação de grau. Mas não posso dizer que não fiquei emocionado. A cerimônia foi linda :). E eu infelizmente não estava nas fotos oficiais da turma ou vídeos….

Estava viajando para a OIAB, eu acho, durante essa época. E revendo um pouco o passado, eu não tive verdadeiramente um ensino médio: eu estava sempre correndo pra cima e pra baixo viajando, fazendo provas, resolvendo problemas de viagens… Estudando pra competições, resolvendo questões, e curtindo com o pessoal de olimpíadas. Foi algo bem pouco convencional o que eu fiz nos últimos 3 anos, tanto que o diploma que eu recebi foi quase que uma mensagem de: se você não teve um ensino médio, você não vai ter mais.

É claro, curti muito esses últimos 3 anos, e não me arrependo de nada do que fiz. É só que as vezes cai a ficha do preço que se paga pelas suas escolhas. Não posso dizer que assisti a todas as aulas de exatas do ano, nem que consegui entender as piadas internas dos discursos de formatura, nem que sabia o nome do professor que eu não sabia que ia homenagear hahaha, mas eu posso dizer que fiz coisas incríveis, que o “Ivan criança” não acreditaria.

Eu viajei para a Nigéria, Estônia, Finlândia, Eslovênia, Tailândia, Estados Unidos, Argentina, Portugal, Austria, Holanda, Polônia, República Tcheca… Tudo bem que alguns desses lugares eu só estive durante poucas horas, em que pude sair do aeroporto e passear, mas na maioria eu pude passar um tempo considerável, fazendo amizades e conhecendo um pouco das tradições e forma de viver neles.

Aprendi física o suficiente para entender alguns livros de faculdade, não tive que me estressar com nenhuma das matérias de ciências exatas ou biológicas para os vestibulares. Morei sozinho por dois anos e aprendi a me virar frente aos meus problemas.

Aprendi a manter contatos e amizades em outros lugares do mundo. Fiz amigos de todas as partes do planeta e eu adoro eles. Pessoas incríveis! Aprendi muito sobre as culturas e tradições de diversos locais, e o melhor de tudo: na prática, e não em um livro.

Conheci pessoas incríveis do Brasil inteiro, pessoas que estão fazendo a diferença, que são agentes ativos na sociedade. Apareci na TV, em jornais, revistas… Entrevistas até em programas de rádio. Saí em cartazes na escola e em feiras educacionais. Passaram minha entrevista da Marília Gabriela em escolas e eu me tornei um certo símbolo educacional nesse ano.

Criei (junto com todo o resto da equipe, é claro :) ) o olimpiadascientificas.com e, de certa forma, sinto que fiz algo bom, que estou ajudando as pessoas :). Dei algumas poucas aulas de linguística, escrevi metade de um mini manual, aprendi a programar o básico em C. Mudei meu sistema operacional para Ubuntu, aprendi Cálculo básico, e aprendi a reconhecer estrelas e constelações.

Aprendi o alfabeto cirílico, decorei a tabela periódica, melhorei minha pronuncia em inglês e aprendi diversas regras gramaticais. Aprendi um pouco sobre as estruturas básicas das línguas, sobre famílias linguísticas e aprendi o alfabeto fonético.

Aprendi a tocar gaita, as diferenças entre alguns tipos de terno, a dar nó de gravata…  Melhorei o meu estilo de escrita, e aprendi a controlar melhor minhas emoções. Aprendi a argumentar e agora eu também sei falar em público.

Aprendi técnicas de fotografia e também o básico de linguagem corporal. Melhorei meu “senso de direção” e a minha memória para nomes de pessoas….

Fiz muitas coisas, mas também não fiz várias…

Não passei muito tempo com minha família, não saí muito com meus colegas de sala (saia com a turma de outras salas principalmente).  Não tive um “colo de mãe”  nos momentos mais estressantes da minha vida: tive que aprender a ficar tranquilo sozinho.

Não fui convidado para as festas de aniversário, não estive nas fotos da turma, não consegui ir nos dias de fantasia da escola… Estava muito ocupado para isso na época. Fui um pouco de motivo de piada na minha sala, também.

Não tive a tranquilidade de ter outras pessoas traçando o meu caminho. Não tive conselhos para me guiar… Ninguém soube me dizer se eu estava fazendo a coisa certa, ou seguindo o caminho certo, apenas me diziam: faça o que achar melhor.

Tive que passar muito tempo sozinho, ocupado. Não tive tempo para gastar ficando triste ou chateado, sempre tive que já tomar atitude na hora, pois ninguém resolveria os meus problemas por mim.  Nunca fiquei estressado por causa de vestibular — haviam muitas coisas para as quais eu ficar estressado além dessa.

Não sei das fofocas da minha sala, não sei quem está ficando com quem. Mas aprendi a não me deixar abalar por nada disso que ocorra. Amadureci, talvez mais rápido do que deveria? Mas isto me faz ser quem eu sou. Se minhas escolhas houvessem sido outras, hoje você não estaria lendo esse meu post. Eu estaria em outro lugar e simplesmente não seria eu.

 

É… aquele canudo falou para mim com as palavras mais claras possíveis: “você nunca mais terá um ensino médio, Ivan. Até as fotos e vídeos no telão com você ausente indicaram isso.” Mas eu não me arrependo. Eu não me arrependo das minhas escolhas. Foram os 3 anos mais incríveis da minha vida, e se teve alguma outra coisa que um aluno de ensino médio teria que eu não tive foi: rotina.

Posso não ter feito as melhores escolhas possíveis — nunca disse que nunca errei na minha vida. Mas as escolhas foram feitas por mim, sou eu que sou quem eu sou. E isso é algo que nunca sairá de mim.  E por isso eu olho para aquele canudo e digo: “Talvez eu não tenha tido um ensino médio, mas eu vivi. Eu me tornei quem eu sou, e não me envergonho disso. Sou alguém com sonhos e opiniões muito diferentes de quem eu era antes do meu EM, e é isto que importa. Você não irá conseguir tirar isso de mim canudo, e embora você viva num tempo onde as coisas poderiam ter sido, eu vivo o hoje, eu vivo o presente, eu vivo o tempo das escolhas que eu fiz, e não do mundo que poderia ser diferente.”  As minhas escolhas foram feitas, e agora há outras portas esperando por serem abertas.

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