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Feels like home to me

Posted in Sem categoria on maio 9th, 2014 by Bárbara Cruvinel Santiago – 9 Comments

Atenção: o texto a seguir é extremamente grande e pode gerar vontade demais de ir pra Yale.

Caramba, como o tempo passou! Parece que eu cheguei ontem aqui e, no meio desse período de finals malditas, o cansaço fez com que eu não quisesse estudar coisa alguma e decidisse começar um texto aleatório às 2 da manhã (eu provavelmente vou me arrepender disso amanhã, quando eu tiver que acordar cedo pra apresentar um dos meus projetos finais e passar o dia estudando quântica e álgebra linear). Yale é um lugar EXTREMAMENTE estressante academicamente, mas eu estava refletindo agora e cheguei à seguinte conclusão: eu AMO esse lugar! Há alguns dias atrás, vieram nossos pre-frosh visitar e eu acho que deu vontade de, como diria a minha irmã, “colocar todos dentro de um potinho” e deixa-los todos guardadinhos aqui comigo. Mas eles me lembraram de uma coisa: em cerca de uma semana, meu freshman year terá acabado e eles serão a freshman class, e não a minha turma.

Pre-frosh que nos visitaram no Bulldog Days

Pre-frosh que nos visitaram no Bulldog Days

Yale parece que é a minha casa ao ponto de que eu não sei mais se falo que estou voltando pra casa quando eu volto pro Brasil ou quando eu volto pra cá. O mundo de oportunidades e as perspectivas que Yale me mostrou foram absurdos. Quando eu vim pra cá, eu não imaginava que tudo seria tão surreal e hoje eu me encontro na situação oposta ao primeiro semestre de 2013, quando eu odiava ir pra faculdade no Brasil. É bom poder falar de boca cheia que eu amo o lugar onde eu estudo e que é engraçado como eu não consigo me imaginar morando em nenhum outro lugar do mundo.

Vista do Old Campus saindo do LDub

Vista do Old Campus saindo do LDub

Passada a Orientação para Alunos Internacionais (que foi uma das semanas mais incríveis do meu ano), chegaram os alunos americanos no campus. De início, o choque cultural foi gigantesco. Aquela cultura de álcool e festas que a gente vê em filmes, até certo ponto, é sim real e me assustou um pouco. Então eu entendi que só estava aquela loucura porque era a primeira vez em que os alunos domésticos estavam “se libertando” das regras de casa, e que, por algum motivo, eles sentiam vontade de se rebelar. Quando eu ia pras minhas aulas no início, eu conhecia gente como o cara que sabia cálculo desde os 9 anos de idade e que tinha lido todos aqueles livros que eu usava pra adiantar matéria pra olimpíada de física, só que aos 10 anos. Depois, me dava de cara com o math major que só fazia aula de pós desde o freshman year, com infinitas pessoas que falavam 5+ línguas fluentemente, com a outra que já morou em 4 países diferentes antes de completar 18 anos, com diversos medalhistas de olímpiadas científicas internacionais, com pessoas que foram nominadas entre os 100 melhores alunos dos Estados Unidos, aqueles que tinham sido admitidos pra quase todas as Ivies e peer institutions (Harvard, MIT, Stanford, Princeton etc) e vindo pra cá, e por aí ia. O que eu estava fazendo aqui? Eu não fazia ideia. O “struggle bus” e o choque cultural, a princípio, faziam com que eu pensasse que esse lugar não era pra mim e jamais seria. Na minha cabeça, eu era muito diferente dos alunos daqui (os alunos internacionais ainda tinham as minhas manias haha) e não achava que eu fosse tão inteligente quanto eles (ainda não acho).

Uma das infinitas lousas que eu usei pra estudar General Relativity pra uma das minhas 5 finals. E lógico, bem acompanhada :)

Uma das infinitas lousas que eu usei pra estudar General Relativity pra uma das minhas 5 finals.

Foi quando eu percebi que Yale era o lugar em que eu poderia ter os melhores recursos possíveis. Ter a minha FroCo na suíte abaixo da minha 24h por dia foi extremamente útil. Qualquer problema que eu tivesse, indo de eu precisar de uma vassoura pra limpar meu quarto a eu estar triste com alguma coisa que tinha acontecido, eu sempre a tinha ali pra ir almoçar comigo ou me receber à meia-noite. Fora que não tem nada que pague os FroCos se reunindo durante de fim de semana pra dar quesadillas, waffles, panquecas, chocolate, pipoca etc tarde da noite, quando a única coisa que passa na sua cabeça é comida e o dining hall está fechado haha. Ao contrário da maioria das universidades pras quais eu tinha aplicado, Yale era uma das únicas onde eu não conhecia ninguém a princípio. Entretanto, isso não fez com que eu não me sentisse recebida de braços abertos. Até hoje eu lembro de entrar numa sala da OIS e na mesma hora o Dean Fabbri olhar pra mim e falar “You’re Barbara Santiago, from Santos, Brasille!” com aquele sotaque italiano dele, sem nunca ter me visto uma vez que fosse. Não vou me esquecer de receber cartões postais dos meus PLs (e até em português!) semanas antes de vir pra cá, ou de quando meus big sibs vieram em comitiva até meu quarto só pra me entregar um livro que eu não tinha, mas de que eu precisava desesperadamente pra fazer meu p-set. Tenho guardado na minha memória de que foi só eu descer do ônibus que nos pegou no aeroporto e um dos upperclassman veio imediatamente se apresentar, perguntar meu nome, tomar a minha mala da minha mão e me ajudar a transportar tudo pro meu quarto. A primeira pessoa brasileira que eu vi aqui me recebeu com um grande abraço logo ao me ver, 1 minuto depois de eu pisar em Yale e os nossos seniors que agora vão embora, sempre estavam ali para dar conselhos (mesmo aqueles que eu não segui e me ferrei depois hahahaha). É bom saber que toda segunda-feira eu posso falar português no Brazil Club Dinner e que eu posso bater na porta de qualquer brasileiro aqui quando eu precisar, mesmo que o que me deixava com o pé atrás com Yale era que eu não conhecia ninguém aqui antes de vir. A minha faculty advisor, durante o ano, me levava pra comer cupcakes pra discutir como andava a minha vida, mesmo fora do âmbito acadêmico. Os professores, mesmo os que não me davam aula, estão sempre de portas abertas pra mim. Ter a minha turma inteira morando no Old Campus no primeiro ano fez com que eu fizesse amizades ao longo dos meses que vão durar a minha vida inteira. Eu não sei se qualquer outro lugar me receberia tão bem e se preocuparia tanto com o meu bem estar como eu sinto que as pessoas se preocupam aqui. Além disso, Yale tem um dos 10 melhores programas de alimentação dos EUA e os nossos dorms nos residential colleges são extremamente confortáveis, então eu sinceramente não tenho do que reclamar da mordomia haha.

Time do Brasil no ISO World Cup

Time do Brasil no ISO World Cup

Pierson builds an igloo (?) :D

Pierson builds an igloo (?) :D

Almoço do Zeca Camargo com undergrads brasileiros em Yale

Almoço do Zeca Camargo com undergrads brasileiros em Yale

Yale Women in Physics board meeting

Yale Women in Physics board meeting

Mesmo que eu não me sentisse tão esperta quanto os meus colegas geniais, Yale fez com que eu tivesse recursos aos quais recorrer, sempre que eu necessitasse. Quando eu precisei, foi só eu preencher um formulário pra que eles contratassem uma writing tutor só pra me ajudar com meus papers de ciências políticas. Quando eu terminava meu paper de noite, era só aparecer no drop-off hours do writing center pra eles revisarem. Se eu precisasse de ajuda com os meus p-sets, havia sempre TA sessions, office hours dos professores, tutores de residential colleges e tutores a qualquer momento em alguma parte do campus. Caso eu precisasse de conselhos pra Summer Program, Study Abroad ou Fellowships, sempre tinha algo no CIPE pra eu tirar proveito. Quando as aulas pareciam me matar ou parecesse que não dava mais pra fazer nada, o STARS program me fez conhecer a Dean Garcia e meu Peer Mentor, a UWISAY me deu uma mentora undergrad e outra grad student, e todos eles estavam sempre dispostos a falar comigo e responder minhas dúvidas a qualquer momento que eu precisasse. Era tanta gente pra auxiliar, que eu nunca sabia pra quem pedir ajuda haha.

Se no Brasil eu sentia que me faltava oportunidade, quando eu cheguei aqui, levei um susto. No meu primeiro semestre, eu mandei um e-mail para um professor e ele me recebeu no laboratório dele, me entrevistou e me aceitou, mesmo sem experiência nenhuma, pra trabalhar no laboratório dele. A todo momento eu recebia e-mails falando coisas como: oportunidade de pesquisa, venha pra info session sobre fellowships e recursos em Yale, painel sobre pesquisa no departamento de física, jantar com a presidente da sociedade astronômica americana, pizza lunch com o chair do departamento de física… A impressão que eu tenho sobre pesquisa em Yale é a seguinte: levante a sua mão e fale que você quer fazer pesquisa, Yale vai até você e te dá o dinheiro pra você estudar o que quiser haha. Eu lembro de estar no lounge do departamento de física e ouvir um professor falar o seguinte: “Nossos alunos de grad school são muito inteligentes, nossos undergrads são mais ainda, então venham falar com a gente porque a gente realmente quer todos vocês dentro dos nossos laboratórios”. Eu encontrei pessoas aqui (não que eu não tivesse encontrado no Brasil também) que são inspirações e cujas carreiras eu quero pra mim quando eu crescer. Eu não estaria indo pro CERN (ainda não consigo acreditar – Sim!!!! Eu vou pro CERN dentro de um mês!) fazer pesquisa sobre o decaimento do Bóson de Higgs, logo depois do meu freshman year, com uma das professoras que eu mais admiro na vida se Yale não fosse tão empenhada em abrir todas os trabalhos de pesquisa da universidade aos alunos de graduação e eu sou muito grata a isso. Segundo uma das minhas amigas, essa professora é a “academic crush” de todo mundo que estuda física aqui hahaha.

Conhecida como a Ivy com as pessoas mais amigáveis, não poderia também faltar diversão em Yale. Eu não acho que qualquer outra escola teria uma guerra de bola de neve gigantesca com quase 1300 freshman à meia-noite durante o período de finals. Então me desculpem, ninguém se diverte como a gente! Froshlympics, quando todos os residential colleges passam o dia inteiro competindo com seus freshmen uns contra os outros, é incrível (especialmente se seu college ganha e vocês ganham bolo, Chipotle study break e pizza de graça). Cansado de estudar? Seu residential college provavelmente tem algum study break, talvez trivia night, talvez late brunch, talvez screening da abertura das olimpíadas, sei lá, pode ser qualquer coisa. Você gosta de Halloween? Apareça no dia anterior no CEID pra fazer sua fantasia com o material de lá e vá na festa de Halloween do Commons. Se você quer doce, é bom ir comer um pouco de sorvete de nitrogênio líquido, e fazer bagunça pra fabricá-lo, claro! Dica do dia: o Chaplain’s Office tem sorvete de graça… o dia inteiro! Caso você não goste de festa como eu, vá toda sexta e sábado à noite para o Global Grounds jogar alguma coisa, pôr algum trabalho em dia, conversar com os colegas e comer bolinho, cookies, pipoca, chá, chocolate quente etc até as 2 da manhã. O seu college sempre vai ter alguma atividade e convenhamos, mesmo que não tenha, morar em um residential college já te proporciona tanto lugar pra fazer alguma coisa, que falta do que fazer você não vai sentir. Se você gosta de trabalhos manuais e não está afim de estudar, pare e vá pra algum workshop pra fazer encadernação de livros. Ah! Fique avisado de que, aqui em Yale, você vai receber pelo menos um zilhão de e-mails e convites por dia, então falta de onde ir ou de show pra assistir é algo inexistente por aqui. Ficou de saco cheio da Yale bubble? Chame alguns amigos e vá escalar a East Rock pra fazer picnic. Caso comida te atraia muito, você vai amar seu freshman Holiday dinner, quando começa a cair “neve” dentro do Commons, passa uma parada de comida, seguida do Papai Noel e você finalmente tem a certeza de que realmente está em Hogwarts. Enfim, a lista é interminável…

Primeiro dia quente do ano! 10 graus hahaha

Primeiro dia quente do ano! 10 graus hahaha

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Pierson wins the Frosholympics! :D

Froshlympics opening

Froshlympics opening

Liquid Nitrogen Ice Cream! \o/

Liquid Nitrogen Ice Cream! \o/

Por falar em Hogwarts… É, não bastasse o chapéu seletor que escolheu meu college, eu ainda me se pego procurando o Harry, a Hermione, o Hagrid e comparando todo mundo aqui com personagens do Harry Potter. A arquitetura gótica faz com que eu pense a cada segundo de que eu moro num castelo medieval gigantesco. Nada é mais tranquilizador do que atravessar o Old Campus no meio da noite e ficar encarando a Harkness Tower, ouvir os sinos tocarem Jingle Bells na época do Natal, a trilha sonora de Frozen ecoando quando cai mais neve, Friday da Rebeca Black (por mais ridícula que seja) quando você está indo jantar na sexta-feira ou qualquer música que eles escolherem no dia.

Harkness Tower in blue for Autism Awareness Day

Harkness Tower in blue for Autism Awareness Day

Em resumo, por um acaso do destino, eu caí no melhor lugar do mundo e na universidade que eu não trocaria por nenhuma outra. Agora, quando eu começo a escrever o último parágrafo, já faz uma semana que eu escrevi o resto do texto inteiro. Eu só estou aqui no aeroporto há umas 4 horas e eu já sinto falta de Yale. É, a última semana foi ridiculamente estressante e eu mal dormi. Mas sinceramente, eu me diverti tanto fazendo piada sobre o nosso sofrimento com os meus amigos e fiquei tanto tempo “trancada” com eles estudando, que agora eu me sinto mais próxima de todos eles e eu vou sentir MUITA saudades de todo mundo e de Yale. Agora que o ano acabou, Yale parece até mais bonita e eu bem que queria ficar mais tempo lá antes de voltar pro Brasil. Anyways, eu sou oficialmente uma Rising Sophomore! That’s so scary!!! Parece que ontem mesmo eu recebi minha carta de admissão. A freshman class de brasileiros que acabou de se matricular é incrível e GIGANTE! Se no meu ano só veio eu e o Gabriel, ano que vem chegam 7 e eu estou extremamente ansiosa pra conviver com eles. Eu nunca vou esquecer este ano da minha vida e, mesmo triste porque 1/4 da minha vida em Yale já passou tão rápido, posso só falar uma coisa: cheers to an awesome Summer at CERN and an even better Sophomore Year in the Have! 😀

Level 1 - LDub: Done! :D

Level 1 – LDub: Done! :D

Next level - Pierson College. Bring it on!

Next level – Pierson College. Bring it on!

PS: Publicando esse post quase uma semana depois de escrever e eu já estou mais que morta de saudades de passar o dia inteiro com os meus amigos e das pessoas levando toalhas, sofás e até camas (?) pro gramado pra aproveitar o sol da primavera. :)

Update sem motivo

Posted in Sem categoria on março 16th, 2014 by Bárbara Cruvinel Santiago – 2 Comments

Olá! Como vão todos vocês? Faz tempo que eu não posto aqui, roque eu ando bastante sem tempo. Mas agora eu estou sem aula por quase duas semanas, Spring Break! Duas semanas é justo pra gente, porque a gente começa a ter aulas quase um mês mais cedo que todas s outras universidades aqui no Spring Semester.

Esses dias eu fiquei sabendo que eu não vou estar no Brasil pela primeira vez pra assistir o IYPT Brasil, o que é meio triste… Mas faz parte da vida. Talvez, se fosse em maio, como sempre, eu conseguisse assistir pelo menos a final, porque eu volto pro Brasil em maio, fico um mês lá (sim, vou perder a Copa do Mundo :( ) e depois vou pra outro canto fazer algo super, ultra, mega, hiper divertido e mais legal e eu mal posso me aguentar. Não vou falar nada sobre isso ainda porque, apesar de eu estar com a posição confirmada, eu ainda preciso esperar o resultado da fellowship que vai me financiar pra fazer pesquisa esse semestre, porque o lugar pra onde eu vou é um tanto meio muito caro haha. Eu descobri um pessoalzinho (em geral alunos internacionais) que costumavam participar de olimpíadas nacionais;internacionais e afins por aqui, e a gente andou tendo uns momentos nostálgicos. But whatever, a gente tem muita coisa pra fazer aqui, nem dá tempo de pensar em mais nada.

O Spring Break começou daora, porque eu fiquei até umas 4 da manhã jogando Zombie Tag com um pessoal da minha aula de física num dos prédios mais novos de Yale, que ainda não tá completamente montado, mas que fica aberto, então qualquer um pode usar se conseguir entrar com a própria carteirinha. Ai eu fui pra Washington e fiquei hospedada na casa duma amiga minha daqui enquanto eu passeava por 2 dias. Depois eu voltei e comecei a achar tudo meio entediante (por um bom motivo; não tem ninguém quase no campus). Maaaaas, eu até que gosto de ter minha suíte só pra mim, porque as minhas colegas de quarto viajaram e não voltam até o fim do break haha. Então eu comecei a descobrir mais gente que tinha ficado aqui, também das minhas aulas de física e programação, e a gente começou a fazer movie nights. :) A primeira movie night foi com animações japonesas, das quais eu não sou muito fã, mas, por incrível que pareça, eu fui a única pessoa a ficar acordada até o fim hahaha, o filme tinha mais de 2 horas. Tudo isso me lembra um pouco de olimpíadas e semanas de treinamento, porque a gente fica hanging out até tarde e conversando de muita coisa do tipo: “yaaaay! vou reprovar minha midterm de quântica porque eu não consigo derivar o que eu tenho que derivar da equação de Schrödinger!” ou “eu to cansada de escrever código pra ficar reconhecendo voz no Matlab o/”. Aliás, falando de código de speech recognition, omg, eu quero que isso acabe logo, porque tudo que eu fiz nos últimos dias foi codar um programa que reconhece fonemas e escrever meu relatório gigantesco de CS (que eu ainda não terminei e deveria estar terminando agora).

Ah, break também serve pra declarar imposto de renda e aplicar pra ganhar bolsa da universidade pro ano que vem (espero que eles mantenham pelo menos a bolsa parcial que eu tenho este ano). E claro: minha midterm de quântica é dois dias depois que o break acabar, o que significa que eu deveria estar estudando pra isso em vez de assistir filme quando eu fico cansada de CS/linear algebra/alemão. Oh well…

Esse semestre, eu aprendi a usar melhor os recursos que eu tenho aqui na universidade, incluindo o que eu tenho no meu college, aka gym e biblioteca. Agora eu moro na biblioteca de Pierson praticamente e comecei a me exercitar esporadicamente, apesar de eu estar com uma preguiça desgraçada de fazer isso nas últimas 3 semanas. Eu gravei dois vídeos sobre dormitórios no fim do semestre passado pro Estudar Fora se alguém quiser ver (vou colocá-los abaixo). Also, eu tenho muito mais aulas de ciências exatas este semestre, o que significa que eu acabei conhecendo mais gente das minhas áreas de interesse. Apesar de que isso às vezes é estranho, do tipo: minha aula de física tem cerca de 60 pessoas, mas só 8 meninas contando comigo, e meu laboratório tem 15 ou 16 pessoas, só 3 meninas também contando comigo. Isso foi bom pra eu começar a me envolver mais com organizações do tipo Undergraduate Women in Science at Yale, que promove eventos bastante interessantes e encontros de meninas que estudam em Yale com mulheres que são faculty members nos departamentos de ciência daqui, como a atual presidente da sociedade astronômica americana. :) E acabou que num desses eventos, a gente montou um grupo com todas as meninas que estão na minha aula de física pra gente estudar juntas pelo menos uma vez por semana.

Enfim, esse foi meu post super rápido pra acabar com o tédio. Agora eu preciso voltar pro meu relatório de CS. Fiquem com os vídeos que eu mencionei acima. Até qualquer hora! :)

E o semestre começa! Mais atarefado que nunca.

Posted in Sem categoria on janeiro 18th, 2014 by Bárbara Cruvinel Santiago – 5 Comments

Oi, pessoas!

Como vão vocês? Atarefados com olimpíadas, estudo etc? IYPTéicos loucos com relatórios? Tristes com os acontecimentos da OBB? Confesso que só fiquei sabendo ontem sobre a OBB. Quando para de conviver em um meio olímpico, parece que tudo se distancia, vira uma outra realidade que não te pertence mais, mas de uma forma ou de outra, eu tento saber o que anda acontecendo e algumas coisas ainda me deixam p da vida.

Enfim, esse post é mais pra manter o blog vivo, então ele vai só falar sobre como andam as minhas aulas e o meu semestre basicamente. Minhas aulas começaram essa segunda-feira; foi só uma semana de aula, mas parece que já se foi um mês inteiro. Meu horário tá bem mais lotado que semestre passado, porque eu estou fazendo 5 aulas em vez de 4. Pelo menos eu não tenho nenhuma writing class haha (são um inferno). Fora isso, meus applications pra summer programs tão meio doidos, porque eu não sei exatamente o que eu quero fazer com meu summer (pesquisa, estudar alemão no Yale Summer Session, study abroad, internship no Brasil e assistir a copa do mundo haha etc). E ainda agora eu tenho dois trabalhos, um de pesquisa e um de português, sendo que esse semestre eu vou corrigir lição de duas sections e não de uma só. É, vai ser um tanto de trabalho prum semestre só, mas pelo menos, conversando com o pessoal do laboratório em que eu estou, eles disseram que vão me dar mais liberdade este semestre e que talvez eu possa começar meus próprios projetos. :)

Minhas aulas ficaram basicamente as seguintes:

  • PHYS 261 – Intensive Intro to Physics II: segunda parte do curso mais avançado de Yale em introdução à física, que esse semestre vai cobrir basicamente relatividade geral e mecânica quântica.
  • ENAS 130 – Computing for Engineers and Scientists: aula de ciência da computação que ensina a programar em Matlab na primeira metade do semestre e em C/C++ na segunda metade.
  • MATH 222 – Linear Algebra with Applications: curso básico de álgebra linear  (yaaay! isso significa que eu já pulei/fiz todas as aulas de cálculo que eu tinha que fazer!), acho que não tem tanta coisa pra explicar disso.
  • PHYS 205L – Modern Physical Measurement: basicamente é um dos dois laboratórios básicos que eu tenho que fazer pro major em física.
  • GMAN 120 – Elementary German II: é o segundo semestre de alemão, a única coisa diferente de cursos comuns de línguas é que eu tenho aula de alemão todo dia de manhã cedo, sem exceção, e tem bastante coisa pra estudar, apesar de ser um curso de língua.

Então é isso. Meu horário tá maluco, eu mal tenho tempo pra respirar, o que é ruim e bom ao mesmo tempo. Nos últimos 5 dias, eu passei de 4 a 7h por dia enfurnada na biblioteca estudando, fazendo pset, coding alguma coisa. Aí eu to indo dormir lá pelas 3 da manhã. Mas eu sinceramente gostei de alguns lugares em bibliotecas que eu andei encontrando, são bem mais silenciosos que meu quarto e as pessoas que moram lá hahaha. Acho que meu semestre inteiro vai ser assim, mas eu pelo menos conheço mais gente nas minhas aulas agora, o que faz com que ir a elas seja um pouco mais divertido pelo menos, e fiz mais amizade com gente que gosta das mesmas coisas que eu. :)

Um brinde a um semestre turbulento, mas bastante útil! Boa sorte pra todo mundo, e que muitas conquistas e medalhas olímpicas venham neste ano novo! 😀

Harvard/Yale game, Thanksgiving break and “Brace yourselves, the finals are coming!”

Posted in Sem categoria on dezembro 3rd, 2013 by Bárbara Cruvinel Santiago – 2 Comments

Hellooooo, world! Parece que foi ontem que que eu comecei a gritar com alguém que me ligou dos EUA  falando que eu tinha entrado em Yale, que Yale “colocou o chapéu seletor na minha cabeça” numa tarde maluca, que eu embarquei rumo a aventura da minha própria vida. É, ontem alguém virou pra mim e me perguntou onde eu queria fazer minha grad school depois do undergrad e a minha resposta foi “eu sei lá?! Imagina se eu vou pra outro país? :) Eu quero que a minha vida seja uma aventura sem fim”. Enfim, deixando a baboseira de lado e indo pra parte legal… Como eu prometi que não ia ficar mais 3 meses sem postar, tô profundamente cansada de ficar trabalhando/estudando e tive meu momento criativo agora (sim, à 1 da manhã, mas quem liga?), resolvi postar as infinitas coisas que andam acontecendo por aqui.

Tudo começou a mais ou menos duas semanas atrás, com o Harvard/Yale weekend, um dos melhores fins de semanas que eu certamente já tive aqui. Basicamente, todo ano Yale e Harvard students se reúnem (cada ano em uma universidade) pra assistirem o The Game. Esse ano foi em Yale e, a população do campus podia estar dobrada, mas a diversão por aqui foi quintuplicada hahahaha. Tinha shows pra tudo que é lado, cartazes de provocações (saudáveis) entre Yale e Harvard pra tudo que é canto, festa que não acabava mais (praqueles que gostam; não é o meu caso), o jogo obviamente (mas quem liga pro jogo em si? hahahaha), Yale Glee Club soltou um Prank no Harvard Glee Club (que é completamente masculino) e, o mais importante de tudo, pessoas que eu não via há muito tempo que estudam em Harvard vieram pra cá. 😀 Foi super divertido! Eu abriguei uma amiga de sexta pra sábado e um amigo de sábado pra domingo, vi um monte de gente, nós tivemos nossa própria reunião brasileira e tudo mais. Esse campus tava pirado e o fim de semana terminou cooooom… neeeeeveeee! Enfim, para mais informações, vídeo que eu fiz com o Renan (freshman de Harvard) aí embaixo e fotos, fotos e mais fotos.

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Quando todo mundo foi embora, o campus ficou meio chato, mas aí eu me toquei que eu tava com meu quarto e o banheiro do meu corredor inteirinhos só pra mim por causa do feriado de thanksgiving o que significava… feeesta! Só que não hahahaha. O plano era aproveitar meu quarto pra relaxar, mas era só o plano mesmo, porque o feriado foi insane. Ele começou comigo assistindo Catching Fire no domingo de noite no cinema (finalmente! And I cannot wait for the Mockingjay), mas segunda-feira começou maluca por aqui, com o tal do “gunman” (se você não sabe do que eu tô falando, olha isso aqui). Com a ameaça de um homem com uma arma ao redor do campus, soaram os alarmes, recebemos ligações, SMSs e blá blá blá, a SWAT, o FBI, a polícia local e a segurança de Yale e o caramba tomou o campus e trancaram a gente dentro dos quartos até de noite. Mas enfim, não era nada, só foi meio assustador no início porque eu estava sozinha (até eu descobrir que tinham três meninos que ainda estavam no primeiro andar e, depois, duas meninas da outra entrada virem pra cá) e um pouco tenso porque a gente não tinha comida por aqui, fora os policiais “pouco” armados subindo nos prédios pra revistar tudo. Mamãe, eu juro, o campus ainda é seguro hahaha. :) Enfim, eu aproveitei que eu tava tracada no meu quarto mesmo pra adiantar algumas coisas, colocar a burocracia em dia etc.

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Bom, passado o susto, eu comecei a perturbar a Marcela e o Rodrigo em JE, um outro college (não tão legal quanto Pierson haha) que tem aqui. Aí eu dormi duas noites por lá, até porque, eles tinham comida, a Marcela fez brigadeiro (é sério, eu sou viciada em chocolate), o Rodrigo escolheu um filme, é mais legal ficar lá fazendo piada com eles, coisa e tal.

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Isso não é nada. Na terça eu ainda tive minha primeira reunião pra minha mais nova ocupação: pesquisa sobre interação entre matéria granular e fluidos. :) Aí eu passei basicamente meu dia inteiro no laboratório aprendendo as técnicas que eles usam. Aí eu voltei pra… hm… JE pra perturbar os outros dois, porque ficar no meu quarto sozinha não ia ter muita graça anyways haha.

Quarta foi basicamente um dia pra ficar arrumando minhas coisas e terminar meu projeto pra aula de alemão, mas quinta foi my first Thanksgiving ever! 😀 Foi super divertido e a comida tava booooooooa demais. Eu fui com mais 3 amigas pra casa de uma amiga minha que mora aqui perto. Aí ela veio buscar e trazer a gente de volta aqui pra Yale (porque ela tava passando o feriado com os pais e irmãos em casa) pra passar a quinta-feira com os mais de trinta familiares dela. Aí eu joguei futebol americano (ou melhor, eu saí correndo por aí pelo campo hahahahaha) com os primos/tios/familiares em geral dela e depois a gente ficou hanging out, brincando com o cachorro dela e comendo até explodir haha.

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Aí chegou a sexta, eu ainda tava cheia de coisa pra fazer, mas não queria fazer nada. Que que eu fiz? Fui pra Nova York, claro haha. Andei pelos lugares que eu ainda não conhecia do Central Park, fui pra dois museus pros quais eu tinha ganhado uns tickets, visitei o campus de Columbia pra ver como é que é e, o mais importante de tudo, comi minha primeira picanha em cerca de 4 meses! E OMG! Com farofa, arroz, guaraná e tudo que tem direito. (Foi mal, se tem uma coisa que eu gosto no mundo, essa coisa chama-se churrasco hahaha). Se eu pensei que a comida do thanksgiving tava boa, é porque eu realmente não esperava pela comida brasileira em NYC hahaha. Aí eu voltei no sábado e tudo que eu tenho feito desde então é trabalhar, estudar, lavar roupa, trabalhar mais, fazer p-set, estudar mais e só parei agora.

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Enfim, agora minhas finals são em menos de duas semanas (a primeira já é nessa sexta, aiiii :\) e eu tenho um final paper pra terminar também. Por falar em estudo e trabalho, eu tenho que acordar daqui umas 6 horas pra ir pra aula e minhas terças-feiras são os dias mais lotados, eu só volto de noite pro meu quarto (pra fazer o que? estudar, óbvio). Então eu vou indo e inté dispois! :)

PS: se alguém tiver interessado, postaram um outro vídeo meu também no estudar fora sobre a inauguração do President Salovey:

Como anda a vida @ Yale

Posted in Sem categoria on novembro 15th, 2013 by Bárbara Cruvinel Santiago – 6 Comments

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Oi! Como vão todos vocês?

Eu acabei de voltar dum Workshop de encadernação de livro. :) É, encadernação mesmo: cortar as folhas, costurar, cortar a capa, decorar, colocar elástico e tudo mais. Aprendi e fiz meu primeiro caderninho feito a mão. \o/ Como vocês podem ver, tenho feito coisas bastante aleatórias além de estudar aqui em Yale haha.

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Tem tempo, muuuuito tempo que eu não escrevo aqui. Mas isso tem um motivo: tem tempo, muuuito tempo, que eu não tenho tempo hahahaha. Sempre tem alguma coisa pra fazer aqui; agora, por exemplo, eu deveria estar escrevendo um paper cujo primeiro rascunho é pra amanhã, o penúltimo do semestre, mas eu tô sem inspiração. Eu tinha até escrito um mega texto gigantesco pra postar quando eu estava no avião vindo pra cá no meio de agosto, mas o tempo foi passando, e acho que tem coisas mais legais pra postar do que ele.

Tudo começou aqui com a OIS, Orientation for International Students, que foi quando eu fiz amizade com a maior parte das pessoas com quem eu falo aqui. Tem gente de todo canto, inclusive gente que eu tinha conhecido nas fases internacionais do IYPT e que agora fazem as mesmas aulas que eu. :) Durante o OIS a gente teve brincadeiras de todo tipo, Scavenger Hunt, Never Have I Ever etc etc etc, enfim, foi suuuuper divertido.

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Depois da OIS, veio o Camp Yale, que é quando os alunos Americanos vêm pra Yale de vez e se juntam a nós pra mais uma semana de orientação. Como diria um dos meus amigos aqui, foi mais ou menos “Brace yourselves, the Americans are coming” hahaha, porque até então, o campus era só nosso. Aí isso aqui ficou bem mais agitado e a gente começou a perceber o que Yale é de verdade. E foi workshop de tudo quanto é coisa e de tudo quanto é assunto que você pode imaginar, cerimônias as mais diversas, ice breakers, mudança pra lá e pra cá (obviamente), gente, gente e mais gente, ao ponto de eu não lembrar o nome de ninguém (a quantidade de gente nova que eu conheci nos últimos 3 meses foi realmente absurda O.o).

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E claro, depois disso tudo começaram as aulas, com o chamado shopping period, quando eu pude escolher os cursos que eu faria. Eu peguei o último nível de cálculo, uma aula masoquista de física haha, um seminário de ciências políticas com crédito de escrita (pra me livrar de um dos writing credits as soon as possible) e aula de alemão. Não, não e liberaram fazer mais aulas :\, mas eu vou provavelmente fazer 5 semestre que vem, sendo 4 de ciências exatas e 1 de alemão. Acredite, 5 aulas aqui é o suficiente pra te deixar maluco pela quantidade de trabalho e outras infinitas coisas interessantes que existem por aqui pra fazer. Enfim, vejam mais detalhes das aulas no vídeo abaixo que eu fiz pro Estudar Fora. :)

Sim! Eu estou gravando um vlog pro “Vida de Calouro” do Estudar Fora, o que significa que eu vou ter uma série contando como são as coisas aqui em Yale. Por enquanto eu só tenho dois vídeos chatos, mas já gravei o próximo e essa semana eu gravo mais um, nos quais eu vou mostrar o campus e alguns vídeos de como é a vida aqui, então eles vão ser bem mais divertidos. Acho que eu vou aproveitar eles pra ir postando por aqui, assim o blog não fica tão vazio apesar da minha falta de tempo.

Coisa aleatória: eu joguei “captura the flag” com o Old campus inteeeiro como quadra, Pierson x Davenport (meu college, the best college ever, vs. nosso college rival) e, claro, Pierson ganhou, duh! Por que seria diferente né? haha. Quando ainda não estava fazendo por volta de 0ºC on a daily basis, eu costumava sair do meu quarto de noite pra olhar as árvores, ou pra ir todo mundo brincar as duas da manhã nos irrigadores do Old Campus hahaha. Outra coisa legal são as “quesadilla madness”, emq ue a gente ganha comida de graça (quesadilla, marshmallow, pipoca, chocolate etc), assiste filme, joga video game e fica jogando jogo de tabuleiro sábado à noite nas suítes dos Freshmen Counselors (nenhuma festa supera isso de maneira alguma haha).

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Que mais? Ah, esse semestre passou muito rápido, mas foi o suficiente pra eu ter minhas primeiras experiências com muita coisa: fiz minha primeira viagem completamente sozinha pra fora do país; tive meu primeiro outono com folhas amarelas/laranjas/vermelhas e folhas caindo, colorindo a paisagem quando bate o vento como borboletas coloridas no céu (eu juro que até agora eu não me enjoei disso *-*); escalei quilômetros de uma montanha por uma trilha pela primeira vez domingo passado (foi super legal! 😀 ); recebi meu primeiro paycheck (sim! consegui um emprego pra corrigir lição de casa pro departamento de português, que paga boa parte das minhas despesas, incluindo até duas viagens :D); por falar em viagens, consegui pagar eu mesma minhas primeiras visitas a Nova York e a Boston e viajei sozinha por cidades que eu não conhecia sem ninguém do meu lado pela primeira vez; vi meus primeiros flocos de neve caindo do céu essa semana (e eu nunca pareci uma criança tão feliz na minha vida, acordei meu prédio inteiro com a minha animação de manhã beeem cedo hahahaha); fiquei em teperatura negativa for the very first time; passei pelo meu primeiro Halloween de verdade, com tudo enfeitado e com abóboras desenhadas e tudo mais; comecei a tomar conta de verdade das minhas contas pela primeira vez; vi meus primeiros (e certamente não últimos) shows de a cappella, orquestra sinfônica, coral de Yale e infinitas outros grupos musicais daqui; é a primeira vez que eu fico tanto tempo longe de casa e blá blá blá.

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Bom, foram infinitas primeiras experiências, e logo mais vem meu primeiro thanksgiving (e eu vou passar o feriado de ação de graças de verdade na casa de uma amiga cuja família mora aqui perto :) ) e meu primeiro  jogo de futebol americano! Por acaso, esse jogo vai ser o famoso Harvard/Yale game, a mais acirrada rivalidade dentre as Ivy League schools, e que acontecerá não neste, mas no próximo sábado. O jogo vai ser em Yale este ano, então eu vou hospedar 3 meninas brasileiras que estudam em Harvard no meu quarto; vai ser divertido. \o/

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Ahhh! Também teve a inauguração do President Salovey o novo presidente de Yale. A semana da inauguração foi cheia de comemorações, incluindo block party (espécie de quermesse), inauguration ball, inaguration ceremony e blá blá blá, e também cheeeeia de brindes e coisas de graça (que é a melhor parte, diga-se de passagem 😛 ), incluindo camiseta, garrafinhas, comida de todo tipo etc. E Yale estava toda decorada. 😀

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Além disso, eu fui selecionada pra um programa chamado Science, Technology and Research Scholars Program, comecei a participar das atividades do Undergraduate Women in Science at Yale (pode parecer meio sexista, mas eu juro que as atividades, painéis, jantares delas são muito divertidos, como women in physics pizza night) e ganhei duas mentoras de dois programas diferentes delas; fui staff numa conferência de simulação de comitê de crise (e não gostei, então eu sei que não vou mais me meter em atividades extracurriculares em relações internacionais); tô pleiteando uma posição num laboratório (que com sorte eu consigo pro semestre que vem e começo a aprender a programar por conta, o que vai ser útil); comecei a trabalhar no departamento de português pra fazer uma grana extra (como eu já falei); e pretendo me juntar à Associação Aeroespacial daqui dependendo de como ficar a parte de pesquisa em laboratório no semestre que vem. :) Fora isso, sempre têm palestras legais pra assistir sobre pesquisa ou sobre o “caos no mundo”, Master’s Teas com gente com quem eu sempre aprendo alguma coisa, jantares informais pra 10 pessoas com professores que fazem pesquisa no CERN (sim, foi super divertido um jantar só pra mim e mais 9 meninas com uma professora que faz pesquisa e leva undergrads pra lá e a filhinha bebê dela haha), feiras de pesquisa, eventos do Google e por aí vai.

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Além do mais, virei membro de um prédio suuuuuuper legal aqui de Yale, o CEID, que eu vivo usando pra estudar, editar vídeo com o equipamento deles, montar fantasias pra Halloween e ficar a noite inteira estudando com uns amigos derivando momentos de inércia malucos nas paredes-lousa das salas de estudos antes da mid-term de física haha. Em breve, hopefully vou usá-lo também pra imprimir em 3D! 😀

Mas nem tudo são flores e, apesar de Yale parecer Hogwarts e isso me fazer feliz a todo momento, também tem parte de ralação, provas, muito estudo, madrugadas em claro e tudo mais. Até agora, em 3 meses, eu já tive 7 provas de alemão, 2 de cálculo e uma de física, fora os infinitos p-sets e os 3 papers de ciências políticas que eu tive que entregar. Até o meio do mês que vem, eu tenho mais 3 finals e dois papers pra fazer fora os p-sets. Salve-se quem puder! hahaha. Mas eu não me importo, as noites sem dormir valem tudo que eu tô aprendendo e o resto todo que eu tô me divertindo. E mesmo quando eu me sinto solitária, com saudades de tudo que um dia já foi minha vida, de pessoas especiais com as quais eu mal falo mais, eu olho ao meu redor e vejo o quão longe eu cheguei, o quanto eu ainda não alcancei mas sinto necessidade de alcançar, e o quanto tudo está valendo a pena. :)

Enfim, eu descobri esses dias que Yale também é cheia de passagens secretas que quase ninguém conhece! \o/ Assim, acho que eu tenho muito mais coisa pra descobrir, explorar e fazer por aqui ainda haha. Por falar em coisas pra fazer, tem uma lista dependurada na minha frente com infinitos itens pra eu terminar até amanhã (hoje) de tarde e já são mais de 2:30 da manhã aqui. Então, melhor eu parar de escrever, e ir fazer minhas coisas, senão eu não consigo fazer as coisas divertidas além das infinitas coisas que eu tenho pra estudar este fim de semana.

Sendo assim, espero não ficar mais 3 meses sem postar aqui e até mais!

Tempo no Brasil vai acabando… Despedidas, despedidas e mais despedidas…

Posted in Sem categoria on agosto 16th, 2013 by Bárbara Cruvinel Santiago – Be the first to comment

Oi. Você deve estar esperando algum post útil por aqui (ou não, dado o que eu andei postando hahaha, juro que uma hora melhora 😛 ), mas neste post vão alguns pensamentos aleatórios que eu andei tendo entre ontem e hoje. Desde ontem, eu andei fazendo um monte de despedidas: visitei a escola em que eu estudava, vi meus (ex) professores, assisti uma aula na sala da minha irmã com algumas pessoas legais (outras nem tanto), vi duas amigas minhas do colégio, despedi por Skype de outra pessoa e por aí foi. Na verdade eu comecei a “sessão despede aqui e acolá” tem tempo, mas essa semana foi mais intensa haha. Quer dizer, a semana foi cheia, mas eu tentei deixar um tempinho pra dar tchau pra quem eu conseguisse. Só pra deixar mais claro, eu embarco de manhã cedo este domingo rumo à minha aventura estranha em terras longínquas pra continuar meus estudos (ou seja, saio de casa no sábado).

Cara, como eu vou sentir falta de certas coisas. Guaraná, pão de queijo, churrasco, brigadeiro etc, como vou sobreviver sem vocês? :O Sim, eu me despedi até de uma latinha de guaraná hoje (mas estou contrabandeando leite condensado na minha mala hahaha). Isso sem falar na minha cama, meu chuveiro, meu violão, meu canto e as minhas coisas num geral. Brincadeiras à parte, eu cada vez mais percebo que a distância é algo mais emocional do que propriamente físico. Algumas pessoas vão estar tão mais perto ou têm visita prevista pra mim em menos de um mês e meio depois que eu partir e, via de regra, são essas pessoas algumas daquelas que eu vou sentir mais falta. Algumas que ficam aqui também vão comigo em pensamento, claro, mas outras que ficam nem vão fazer tanta diferença. Enfim, despedidas são coisas meio bizarras, elas não deveriam existir haha; todo mundo deveria morar perto e se ver sempre e a vida seria infinitamente mais feliz hahaha. Skype deve ajudar; só de ver rostinhos e ouvir vozes eu já fico bastante feliz. :)

As malas já estão quase prontas; passei só pra dar um “oi”, mas eu vou indo, porque tenho que terminar de revisar cálculo aqui pra acordar cedo e ver se eu faço aquela prova de math placement, compro os remédios (e comida também, porque comida de avião é uma droga) que faltam pra viagem,  arrumo algumas coisas que faltam consertar pra eu levar, termino de separar a roupa que está lavando que eu vou levar, vejo detalhes sobre meu embarque e desembarque (que eu ainda não sei ao certo), escaneio meus certificados de participação no IYPT (pra passar na imigração já que quase me negaram o visto americano por causa do meu visto do Irã u.u), vou no correio e coisas do tipo… Amanhã o dia vai ser longo… Então vou indo. No próximo post, eu provavelmente já vou estar no avião ou em Yale. :) Inté!

Falta só uma semana! Aaaaaaaaaa!

Posted in Sem categoria on agosto 11th, 2013 by Bárbara Cruvinel Santiago – 2 Comments

Dá pra acreditar? Daqui a uma semana eu estarei rumo aos EUA, onde eu vou me acomodar naquela que será minha casa pelos próximos 4 anos (como assim?!) e só vou voltar pro meu país daí 4 meses nas férias, pra passar 20 dias e voltar pra outro país. Eu nunca fiquei tanto tempo longe de casa. Nunca.

Eu estava me sentindo inútil, desprezada ou desrespeitada (ou os dois, ainda não sei ao certo), com falta de conquistas recentes (more on that later, maybe), fora situações indefinidas na minha vida pessoal que eu queria deixar arrumadas antes de ir embora pra não ficar mais enrolado (mas parece que não vai rolar…) que estavam/estão me deixando profundamente irritada. Daí eu decidi aumentar minha produtividade pra conseguir encher a cabeça e deixar o máximo de coisas (“impessoais”) prontas e não ter que me preocupar com elas em Yale. Não que eu não seja produtiva quando eu estou contente, na realidade eu fico extremamente produtiva quando eu estou feliz haha, mas esse era o ponto, estava mais que na hora de me forçar a isso pra “produzir” de novo. Passo 1: comecei a entrar menos no Facebook haha. Desde anteontem eu até que consegui fazer bastante coisa em comparação com os dias anteriores.

Consegui terminar um livro que faltavam 200 páginas pra ler que eu tinha parado no mês passado; atualizei tudo que faltava até agora no meu CV Lattes, que aparentemente não teve as atualizações publicadas até agora (por que tão lerda, plataforma Lattes?); arrumei algumas coisas e fiz alguns posts no IYPT BR; fiz uma página de mídia pra este blog (porque a falta de conquistas estava me irritando, então decidi tentar me lembrar do que eu já tinha feito); busquei o pessoal do IYPT no aeroporto (ok, isso faz tempo, mas falo disso mais à frente); fui na reunião anual da Fundação Estudar; visitei meus avós, afinal de contas, eu vou passar 4 meses longe; criei um perfil no Instagram pra ficar postando fotos em especial pro pessoal da minha família quando eu viajar; arrumei parte da minha mala; recomecei a revisar um pouco de cálculo hoje (que eu tinha parado na quinta passada por algum motivo) pra fazer prova de placement; ah, fiz umas coisas aí haha.

Pois bem, a semana começou buscando a equipe brasileira do IYPT deste ano no aeroporto (sério, é muito engraçado ficar acompanhando o torneio do outro lado, ficando de comentarista haha, esperando o pessoal etc… aliás, não é engraçado, é estranho mesmo). Eu recebi um pin fofo de agradecimento pela ajuda prestada à equipe (não foi muita, mas o que eu pude ao menos). \o/ Esse vai pra coleção IYPTeica que eu tenho aqui em casa haha. Depois, fizemos uma festa do pijama a la IYPT minha, da minha irmã e da Denise (estava na equipe este ano) e a gente ficou “trocando figurinha” sobre casos bizarros que acontecem na fase internacional, em sua maioria relacionados a times do leste europeu kkkkk.

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O pin \o/

O meio tempo disso até anteontem foi razoavelmente improdutivo, mas deu pra arrumar as malas e fazer várias seções novas no IYPT BR. Então, anteontem eu fui pra Reunião Anual da Fundação Estudar. Foi divertido e um tanto vergonhoso. Eu tinha que dar um discurso de exatos 2 minutos cronometrados sobre Prep Program/Crowdfunding e hm… eu não tenho medo de falar em público (medo nenhum mesmo), estava com tudo esquematizado a sequência do que eu ia falar mas foi só eu pisar no primeiro degrau pra subir no palco, olhar a primeira fila com algumas das pessoas mais importantes do país e eu simplesmente esqueci tooooodo o esquema do que eu ia falar, até agora eu não sei quanto tempo eu fiquei lá em cima nem o que eu falei hahahahaha. Mas, ah, conheci gente legal de verdade (inclusive pessoas com interesses em comum que estudam em Yale \o/) e revi alguns amigos. E, de certa forma, algumas pessoas que vieram falar comigo conseguiram amenizar um pouco meu “sentimento de  falta de conquistas recentes”.

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Bolsistas 2013 da FE

Quando eu voltei pra casa no dia seguinte, tinha um cartãozinho do meu International Peer Liaison me esperando. Ok, vou usar esse parágrafo pra explicar “brevemente” como funciona orientação em Yale. Eu sou associada a um residential college (Pierson no meu caso) que tem um Master e um Dean, que são dois professores que coordenam o meu college e tem como função ajudar os alunos em qualquer tipo de dificuldade (acadêmica ou pessoal) que eles tenham. Também tenho um Advisor, que eu ainda não sei quem é, mas que tem função de ajudar um número infinitamente menor de alunos em áreas específicas, especialmente relacionadas á oportunidades acadêmicas. Para dificuldades em geral durante meu primeiro ano de faculdade (em especial pessoais, de toda e qualquer tipo), eu tenho uma Freshman Counselor, que é uma moça do último ano que ajuda a mim e mais uns 10 alunos (acho que deve ser isso) do meu college e que vai morar no mesmo prédio que eu pelo próximo ano, junto comigo e os outros freshmen. Pierson tem também um programa de Big/Little Sibling, que são 4 pessoas do próprio college escolhidas por interesses em comum pra “formar uma família”, sendo dois upperclassmen e dois freshmen; como meus interesses acadêmicos são meio “exóticos”, minha “família” também é um tanto “exótica”, pois só tem meninos em vez de ter mais uma menina como seria o normal… E, finalmente, eu tenho um Peer Liaison (PL) e um International Peer Liaison (IPL), que são pessoas que devem me orientar na transição para a universidade e na transição para a universidade em um país que não é o meu, respectivamente. Mas, por sorte, meus dois PLs são alunos internacionais (de Gana e da Jamaica), então quase dá na mesma, com a exceção de que eu já conheço meu IPL pessoalmente porque ele veio pro Brasil com um grupo num intercâmbio de Yale e eu fui conhecê-los em São Paulo e andar com eles (o que foi super divertido também 😀 ).

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Cartão do IPL

Enfim, quando eu chegar em Nova York, vai ter um pessoal da Orientation for International Students (OIS) me esperando no aeroporto pra me levar pra New Haven. A OIS é um programa de pré-orientação para alunos internacionais que acontece 4 dias antes da Orientation Week (ou Camp Yale, como queira), que é uma semana de orientação para todo mundo que está chegando agora. Como se não bastasse todas aquelas pessoas que estão ali pra me ajudar, durante a OIS eu vou ter também um OIS Counselor, que no meu caso é um cara de Hong Kong. Eu acho melhor eu falar disso depois, em outro post, possivelmente quando eu já estiver lá, pra não deixar este aqui muito comprido. Mas o que interessa: OMG! Falta só uma semana! É tão pouco tempo pra tanta coisa que eu ainda tenho que arrumar. :O Posto mais depois, quando der e se der haha. Até! :)

Yale’s sorting hat

Posted in Sem categoria on julho 27th, 2013 by Bárbara Cruvinel Santiago – 4 Comments

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Dia 26 de junho de 2013, há um mês, foi um dia bastante especial pra mim. Eu diria até que foi um dia “mágico” em sentidos diversos. :) Entre outras coisas, foi quando o “chapéu seletor” de Yale escolheu a minha futura “casa”, mais conhecida como Pierson College.

Dia 26 de junho de 97 foi o dia em que J.K. Rowling lançou o livro Harry Potter; não haveria dia mais propício para que isso acontecesse, certo? Haha. Ok, vou explicar essa história direito. Imagine que você recebeu a sua carta de admissão em Hogwarts (Yale), então você sobe as escadas no seu primeiro ano, entra no refeitório (site de universidade) em um dia específico (o housing assignment day), seu nome é chamado e o chapéu seletor (um sorteio que eu não sei como é feito) te coloca em uma das 4 casas da escola (um dos 12 colleges da universidade), que servirão como seu alojamento/dormitório pelos 7 anos em que você estiver aprendendo sobre bruxaria e magia (4 anos em que você for um graduando em seja qual curso decidir fazer). Cada casa tem sua peculiaridade, suas tradições, pessoas diferentes com que conversar e, o mais importante de tudo, você fica afiliado a ela por uma vida inteira, mesmo depois de ter terminado seus estudos de poções, defesa contra as artes das trevas, história da magia, aritmância etc (ciências, humanidades, matemática etc).

Eu fui designada ao Pierson College. Ele tem suas vantagens e desvantagens. Na hora em que eu fui escolhida pra ele, não me agradou muito; apesar de eu ter tentado não pesquisar coisa alguma sobre os 12 residential colleges de Yale (assim, eu gostaria muito do meu), eu tinha um ou dois preferidos. Mas, como diria a pessoa que estava do meu lado na hora que eu vi o resultado, dessa vez não dava pra falar “Sonserina não, Sonserina não, Sonserina não” hahaha.

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Voltando, a maior desvantagem de ter sido sorteada para Pierson é o fato de que eu vou passar meu primeiro ano inteiro morando no Lanman-Wright Hall (popularmente conhecido com L-Dub). Lá, moram todos os freshman de Pierson e Berkeley. Nenhum freshman mora no próprio college, mas sim em algum prédio do seu college no Old Campus (uma área mais central da universidade). Mas por que isso é uma desvantagem? Bom, o L-Dub conta com diversas “histórias de terror” haha, ou melhor, ele tem os menores quartos, com as piores instalações e coisas desse gênero. Por isso é normal você ouvir como consolo algo deste tipo: “well… L-Dub is not thaaat bad…”. Enfim, ele tem uma árvore enorme e bonita na frente e dizem que a comunidade dele é bastante unida, fora que é só por um ano. Acho que dá pra aguentar numa boa.

L-Dub

Passado o primeiro ano, eu vou morar no meu college. Pierson tem um zilhão de facilidades (alem de um relógio famoso de Yale \o/), que eu poso até usar no primeiro ano. Entre elas: auditório, sala comunal, pátio interno, cozinha, refeitório, lavanderia, sala de edição de vídeo e áudio, sala de música, estúdio, salão de ginástica, biblioteca, galeria de arte e outras cositas más. Mas, em geral, eu posso usar quase todas as facilidades de qualquer college. Só alguns locais são de uso exclusivo e agendado por alunos afiliados a um college específico. Alguns desses recursos de Pierson são divididos com Davenport College, o nosso “rival”, em um porão que interliga os dois colleges.

Parte da biblioteca.

Parte da biblioteca.

Cada college tem um Master e um Dean e te designa um Freshman Counselor. Além disso, Pierson também tem um programa de Big e Little Sibling, que são pessoas (acho que 4 contando consigo próprio) que devem supostamente formam uma espécie de família. Mas acho que vou escrever sobre isso mais a frente, quando eu for falar também do mentor, do Peer Liaison, International Peer Liaison etc.

Hm… eu tenho uma colega de quarto e duas colegas de suíte (aka dois quartinhos e uma salinha). Minha colega de quarto é de Madagascar, mora no Havaí e deve fazer algo relacionado a música. Minhas colegas de suíte são uma de Boston e outra da Pensilvânia, mas não falei muito com essas duas últimas.

Acho que, daqui para frente, vou postar algumas coisas deste tipo, falando sobre coisas que eu for descobrindo em Yale. Aliás, comentário aleatório: adoro o fato de que eu vou poder relacionar várias coisas com Harry Potter a partir de agora haha. Mas, antes de terminar, como eu vou ficar falando dessa espécie de “vida de freshman” aqui, gostaria de frisar participar de olimpíadas é algo excelente, que muda a maneira como você enxerga o mundo, mas que não é passaporte de entrada em universidade alguma. Para informações mais completas, sugiro fortemente que leiam um post do Cássio no Vida de Olímpico.

Vida de ex-olímpico

Posted in Sem categoria on julho 23rd, 2013 by Bárbara Cruvinel Santiago – 2 Comments

Anteontem partiu o time brasileiro do IYPT 2013. Eu não estava nele. Simplesmente, não estava nele. Depois desses anos, é estranho ver o time brasileiro partir; dá uma sensação de vazio, como se finalmente caísse a ficha de que essa etapa realmente acabou pra mim. Fora que eu realmente estou morrendo de inveja hahahaha. Não inveja daquela maléfica, mas com vontade de ser um ano mais nova e poder ir uma última vez. Meu feed de notícias no Facebook nos últimos 2 dias basicamente tem sido fotos e posts de vários amigos a respeito do IYPT: o último experimento do time da Suíça, a partida do time do Brasil, os crachás do time da Áustria, o voo da equipe da Nova Zelândia, a saída de alguns da Suécia, os preparativos dos ex-participantes voluntários de Taiwan e por aí vai. Finalmente me toquei que eu fiquei pra trás, que toda vez que chega um “Hey, Barbara, are you coming to IYPT this year?”, a resposta é “No, unfortunately I’m already too old to participate…”.

Desde o início do ano, eu não fiz uma prova de olimpíada que fosse. De fato, eu sequer vi com atenção as provas das olimpíadas de 2013. Não por falta de interesse, mas por, feliz ou infelizmente, ter outras coisas a fazer. Na semana passada, eu tentei ajudar com o que eu pude nos últimos preparativos da equipe brasileira, eu sei que não foi muita ajuda, mas ver a preparação de perto e lembrar de como eu estava nessa mesma época nos dois últimos anos me deu uma sensação de nostalgia absurda. Tinha um problema que precisavam retomar a teoria por completo, eu abri o meu antigo caderno de rascunhos depois de quase um ano sem tocar nele, coloquei o nome do problema e comecei a elencar as hipóteses do fenômeno, fazer diagramas de forças, esboçar gráficos e formular matematicamente alguns aspectos dele. Sério, é como andar de bicicleta, você nunca esquece como é começar a desvendar um problema. Mas é por causa disso que eu acho que estou indo pelo caminho correto, afinal de contas, eu estou saindo daqui pra estudar algo que vai me fazer ter um novo caderno de rascunho, mas para problemas da ciência de verdade, certo?

Eu saí das olimpíadas, mas elas não saíram de mim. Assim, por mais ínfimo que tenha sido meu envolvimento com olimpíadas se comparado com quando eu estava no ensino médio, eu vou continuar escrevendo para o IYPT BR,  pretendo continuar ajudando no que der os próximos times brasileiros e agora eu estou me envolvendo com uma competição chamada Science Olympiad, que existe nos EUA e é uma mistura de feira de ciência com olimpíada tradicional e vai ter sua primeira edição especial em Yale no começo de 2014.

Uma vez, eu perguntei pro líder de equipe do Irã do IYPT 2012, que por acaso também tinha participado do IYPT um zilhão de vezes, porque ele ia deixar de ser líder de equipe do Irã logo depois de conseguir a melhor colocação que o país dele já conseguiu no torneio. A resposta foi: eu gosto do IYPT, mas tem a vida real e a pesquisa de verdade me esperando lá fora também. Então, da mesma forma, talvez um dia eu abandone este blog por um tempo, talvez eu me desconecte por um período das olimpíadas, já que a vida real está me esperando, mas eu acho que eu nunca vou conseguir me livrar completamente delas haha.

No fim das contas, essa transição é natural. Apesar de que eu vou continuar postando coisas sobre olimpíadas (afinal de contas, uma vez olímpico, sempre olímpico), em especial sobre o IYPT, porque tem um monte de novidades dele que vão ser publicadas principalmente esta semana, acho que este blog, pelo menos pelo próximo ano, vai parecer mais um “vida de freshman” do que um “vida de olímpico”. De qualquer forma, essa “vida de freshman” nada mais é do que a continuação de uma “vida olímpica”, não? E, como a Poli parece ter ficado um século para trás no tempo, tudo parece novo pra mim, como se eu só tivesse entrando na faculdade agora. Assim: bem-vindo ao novo blog “vida de ex-olímpico”. :)

Go, Bulldogs!

Posted in Sem categoria on maio 26th, 2013 by Bárbara Cruvinel Santiago – 13 Comments

Tudo começou no início do ano passado. Não, espera. Tudo começou quando eu comecei a participar do IYPT, ou foi quando eu ganhei minha bolsa? Ou foi quando eu me mudei pra Santos? Ou quando o mundo virou mundo e as coisas começaram a ficar do jeito que são? Eu não sei como começou, mas eu sei como termina agora. Mentira, não está terminando, pode só estar começando agora. Do que eu estou falando? O título deste post dá uma leve dica; mas, se você ainda não entendeu, leia o post até o final, só que já vou avisando que, se bobear, este texto aqui vai superar o maior post da história dos posts.

DSC_8437Acho que todas as pessoas que já passaram algum tempo lendo o que eu escrevo sabem o quanto um torneio em particular mudou completamente a minha vida e como meus três anos de ensino médio foram totalmente transformadores. As olimpíadas em geral, mas principalmente o IYPT, me fizeram conhecer as pessoas mais incríveis, viajar para os lugares mais malucos que eu já visitei e adquirir a maior parte do pouco de conhecimento que eu carrego comigo. Só eu sei o que foram as noites perdidas, as semanas vividas trancadas num quarto com só uma escrivaninha e meia dúzia de livros na minha frente, o desespero pra estudar tudo a tempo. Contudo, mais do que isso, o IYPT fez com que eu me apaixonasse por física e pela pesquisa e com que eu não quisesse mais simplesmente aplicar o conhecimento, mas produzi-lo. Foi assim que, gradualmente, a menina que tinha o sonho de estudar engenharia aeronáutica no Brasil decidiu que tentaria algo maior, talvez impossível: conseguir uma vaga numa das 10 melhores universidades do mundo para se tornar uma grande cientista um dia.

Começaram então as escolhas: vestibular ou application, estudar como louca para o ITA ou me matar para tentar ir para o IYPT de novo e conseguir uma medalha internacional, treinar para o SAT ou estudar para as provas de humanas da escola? Várias e várias delas surgiam conforme 2012 ia chegando. As minhas férias foram assim tomadas por horas lendo tudo que eu podia nos sites de várias universidades e, como não é novidade para ninguém, sendo minha primeira opção o MIT, eu ficava noites inteiras lendo os infinitos posts nos admissions blogs deles, sobre como aquelas pessoas faziam aulas incríveis, como elas faziam mais do que um curso, como elas viajavam nas férias por conta da universidade para estagiar nos maiores centros de pesquisa do mundo, como a vida nos alojamentos fazia parte da experiência universitária delas etc. Eu já estava mais do que decidida; era a minha única chance e eu ia arriscar: eu ia ganhar uma medalha internacional naquele ano seja lá o que custasse e ia me focar nos applications. Caso tudo desse errado e eu não passasse no vestibular, eu poderia tentar de novo, mas eu não me perdoaria se não tentasse conseguir uma vaga nos EUA. Não que eu tenha abandonado o vestibular por completo, no início do ano eu cheguei a estudar 6 horas para ele além da carga pro IYPT e provas diversas. Mas, aos poucos, essas horas foram se tornando mais escassas, conforme os prazos finais de submissão dos applications iam chegando.

Logo no início do ano, eu já teria que prestar o SAT. Aliás, o SAT foi um problema durante o ano passado. A prova de maio coincidia com o IYPT Brasil, a de junho com a OQSP, a de outubro com a OBF, a de novembro com o ENEM e a de dezembro com o TVQ. Acabei perdendo a prova de maio (óbvio que eu não ia perder a chance de ganhar a vaga pra fase internacional do IYPT), perdi a OQSP, dei um jeito de fazer menos matérias no SAT II em outubro, mas quase cheguei atrasada na OBF, não fiz o ENEM (e gosto de falar: eu nunca fiz ENEM na vida! \o/) e fiz o TVQ porque eu não ia perder mais uma prova de química por causa do SAT. Meu primeiro resultado foi ruim, cerca de 1860. Eu entrei em desespero, isso significava que Early Action pra mim não ia rolar (apesar de que eu tentei depois, longa história pra mais tarde). Daí eu prestei o SAT II de Math II e Physics e uuuuhul (!), boas novas, 800 de 800 nas duas e eu saí pulando pela casa. Daí chegou novembro, minha nota no SAT I melhorou muito muito pouco e aí começou a choradeira de verdade. “Eu não vou passar”, “já era”, “o applicant pool brasileiro este ano é incrivelmente forte e tem notas melhores que as minhas” era o que passava na minha cabeça. Foram dois dias pra me recuperar disso com ajuda de gente que não mediu esforços pra me ajudar. :) Chegou dezembro, eu não fiz o SAT e, então, viajei pro Rio de Janeiro, que era o único lugar com vagas, para tentar a minha última chance. Minha nota melhorou consideravelmente, mas nem todas as escolas aceitavam a prova de janeiro, então já era tarde demais para algumas universidades na minha college list.

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Voltando ao início do ano, vagando pelo Facebook da Fundação Estudar, eu descobri o Prep Program, que na época era do Instituto de Liderança do Rio. Resolvi tentar, afinal, não ia me tirar pedaço, só algumas horinhas a mais fazendo essays/formulários/entrevista, e eu ainda poderia conseguir ajuda pra completar meu application. Chegou julho e… passei! 😀 Eu só não esperava que o Prep fosse me ajudar tanto nos últimos meses. Eu tenho certeza que, sem eles, eu não teria conseguido coisa alguma. Foi quando eu conheci a Shen e a Laila e eu sei que eu devo tudo o que eu consegui nos últimos meses a elas duas. A Shen é a minha mentora (the best mentor in the entire Prep Program, just saying haha, os outros mentees que morram de inveja kkkkkk), a pessoa que me aturou com centenas de e-mails falando sobre tuuuudo o que acontecia comigo (minhas notas em provas, relatórios sobre as minhas entrevistas, problemas com meus formulários e até a choradeira depois das notas hahaha) e que revisou cada uma das milhares de versões dos meus cerca de 30 essays. A Laila é a coordenadora do Prep, que me ajudou com mock interviews, dúvidas com os formulários, revisou alguns dos meus essays, me ajudou a orientar a coordenação da escola com os formulários do colégio, me passou diversos materiais de preparação pro TOEFL e pro SAT e por aí vai. Assim, Laila e Shen, eu não sei nem como agradecer as duas. Muito obrigada por tudo!!! You’re the best! 😀

Por falar em material de preparação pra TOEFL e SAT, é… teve mais o TOEFL pra melhorar minha vida. A história do TOEFL foi um pouco mais curta. Um belo dia, eu fiz minha inscrição para fazê-lo (céus, como aquela prova é cara O.o), só que no belo dia que eu tinha que fazer a prova, eu acordei atrasada pra caramba e quase não fiz a prova. Eu cheguei estressada, esqueci de levar lanche, fiquei com dor de cabeça e “tcharam!”, levei um 98 na cara; eu precisava de 100. A prova do TOEFL é fácil, mas eu precisava fazê-la de novo antes da data do Early Action que seria 1º de novembro. Nisso, eu já estava no fim de outubro e as vagas pra fazer o TOEFL eram as seguintes: ou eu ia pro Norte do país fazer a prova às pressas ou eu ia pra Campinas, porque milagrosamente tinha uma única e brilhante vaga pra eu ir. Pois é, isso era uma segunda-feira, eu tinha até sexta para descobrir quais tinham sido os meus problemas e melhorar a minha pontuação. O segredo foi arranjar um jeito de viajar pra Campinas, dormir bem, levar um lanche, ler uns PDFs que a Laila tinha me passado e yaaaay: 110!

Ok, isso era só uma parte, eu também tinha que correr atrás das cartas de recomendação. Conseguir foi um sacrifício… primeiro porque eu tinha que arranjá-las em inglês com professores que falavam português, segundo porque elas são totalmente diferentes daquilo que os professores esperam que seja, tem que ter todo um tom pessoal e falar do aluno como pessoa, como ele interage com a turma etc além da parte acadêmica. A primeira que eu consegui foi do meu professor de humanas, a segunda, da coordenação (que burocracia que foi conseguir meu histórico escolar com a tradução e auxiliar a escola no envio de todos os documentos dela) e a terceira, que eu achei que seria a mais fácil acabou sendo a mais difícil delas. Faltavam 3 dias pra submeter o application pra Harvard e meu professor de exatas ainda não tinha me passado a carta ou acessado o Common Application! Coooomo deu trabalho. Por fim, um dia antes do prazo, carta submetida e eu fiquei aliviada. Eis que então eu recebo um e-mail dizendo em resumo “a carta do seu professor de física não está boa, aparenta que você não se relaciona direito com as pessoas (bitolada nos estudos) e com certeza não vai passar com ela”. Ha! Ferrou, Harvard já tinha recebido aquela carta. Mas, ok, era hora de correr atrás da carta de outro professor de física pra me salvar nas outras universidades e, dessa vez, ela teria que ser muuuuito boa. Foi aí que eu consegui a carta do professor que, apesar de oficialmente nunca ter sido meu orientador no IYPT e torneios correlatos, foi o que mais me ajudou ao longo dos últimos dois anos, mesmo sem receber nada em troca. A carta ficou perfeita! Assim, termino este parágrafo agradecendo profundamente ao Rodrigues pela minha carta de humanas, à Linita pela carta da coordenação, à Sueli e à Ana Paula por me ajudarem na corrida pela documentação, ao Giba pela primeira carta de exatas que eu mandei pra Harvard e ao Gromov pela carta de exatas que eu mandei pra todas as outras universidades. Sem esses documentos eu sequer poderia me candidatar às universidades americanas; então, muito obrigada pelo tempo de vocês!

Claro, tinha também os essays. Lindos e malditos essays. Nossa, como eles roubavam o meu tempo. É por causa deles que eu mal conseguia estudar outras coisas. Sério, se candidatar a uma dezena de faculdades toma um tempo desgraçado! Eu queria que cada um dos essays ficasse perfeito e pensado nos mínimos detalhes. Foi aí que a Shen foi de suma importância. Sorry, Shen, for all the time I took from you haha. Ela estava louca atrás dos vistos brasileiros dela e, mesmo assim, revisava meus essays como nenhum outro mentor fazia. Os essays também foram muito interessantes em outros aspectos… A minha irmã deve ter ficado louca haha; eu fazia ela ler meus textos a cada letra ou vírgula que eu alterasse hahahaha. Thank you, Isabella (tenha certeza que, quando eu for entrar na grad school, vou fazer você ler mais uma tonelada de essays hahahaha). Outra pessoa que leu um ou outro essay pra mim foi a Denise (thanks, Denise! :) ). Mas, no fim das contas, tem outra pessoa que eu tenho que agradecer muito. Obrigada, Ivan, pelas infinitas horas no Google Docs (e pelos comentários psicopatas no meio dos meus essays hahahaha), pelas revisões no meio da madrugada e por ter me aturado esse tempo todo. :)

Vieram também as entrevistas. A primeira seria a do MIT. Eu contatei infinitas vezes ao longo de um mês o meu entrevistador e cada vez menos ele me retornava. Foi então que alguém conseguiu trocar meu entrevistador (obrigada de novo, pessoa :) ). Fui até Santo André fazê-la e a entrevista foi ótima; eu saí de lá extremamente feliz. Aliás, obrigada à Elaine e ao Fernando por terem tirado todas as dúvidas que surgiram em vários momentos ao longo do processo de admissão do MIT (foram muitas, muitas, muitas). Então veio a de Princeton, que foi só em janeiro, e depois a de Columbia, que foi um pouco depois. Nesse meio tempo a Shen me ajudou a escrever meu CV e com uma mock interview antes da do MIT, depois a Laila me ajudou no meio das férias com uma mock interview antes de Princeton. Como a vida é irônica, de todas as entrevistas, eu achava que só tinha ido mal na entrevista de Columbia (e dessas, eu só fui admitida lá hahaha; ok, já comecei a soltar um pouco as novidades). Continuando…

É, como eu tinha dito, eu apliquei Early Action, e como acho que já deu pra perceber, foi pra Harvard. Mas, Bárbara, Harvard era sua primeira opção? Não, na verdade não. Eu apliquei EA pra lá por dois simples motivos: MIT não aceitava EA de alunos estrangeiros e alunos de Harvard podem fazer vááários cursos no MIT. Sim, eu apliquei EA pra Harvard não por causa de Harvard, mas por causa do MIT haha, porque se você for olhar qualquer histórico de conversa de alguns meses atrás, há registros meus falando que eu preferia Princeton e Yale a Harvard, mas que Harvard estava do lado do MIT, então né… haha. (Sim, Princeton, Yale e Harvard estavam “empatados” como minhas segundas opções depois do MIT). E chegou o resultado super animador (só que ao contrário) no dia 13 de dezembro falando “sorry, you were deferred”. Isso significa que eu tinha um perfil que interessava a eles de alguma forma, mas que eles não tinham certeza se eu seria a melhor opção, então estavam me transferindo pro Regular Action, aquele que quase todo mundo faz e os resultados saem em março. Pois bem, eu já estava “muito feliz” com as provas do ITA, que por acaso começaram dia 11 e terminaram no dia seguinte, então aquela notícia foi fenomenal pra mim, me deixou super pra cima! Hahaha, só que beeem ao contrário. De qualquer maneira, eu concordava com quem eles tinham admitido em EA; assim, menos mal.

IMG_1481Como eu escrevi aí em cima, é, nesse meio tempo tive os vestibulares… A carga de provas do fim do ano foi incrível, era prova importante semana sim, na outra… também. Isso se arrastou do início de outubro até o fim de janeiro. Dá para perceber como eu já estava super animada haha, ainda mais com alguns resultados nada positivos chegando junto, fora os applications (formulários, essays e entrevistas) nesse período. Até que… chegou o primeiro resultado dos vestibulares! Minto, não foi o primeiro, mas eu já sabia que eu não ia passar no ITA mesmo, então só tava contando com USP e Unicamp. E yaaay! Passei na Poli-USP! Era só alegria, trote atrás de trote, fui fazer a matrícula e, no dia que eu cheguei da matrícula em casa… uuuuhul! Passei na Unicamp também, dale mais comemoração e por aí foi, por uma semana só haha. Foi quando eu saí de casa e fui morar sozinha, começar as aulas e tudo mais.

Aí começaram as mudanças mais drásticas: mudei de cidade, fui morar sozinha sem meus pais e comecei a faculdade. A semana de recepção foi divertida e tudo mais, mas eu confesso que já sentia que aquele não era o meu lugar; não por causa das pessoas, porque eu fiz muuuitos amigos na Poli, mas sei lá… A minha primeira aula foi com um economista, minhas aulas de introdução à engenharia eram quase sobre como gerenciar um negócio e as coisas iam assim. Eu percebi de vez que as ciências puras eram mais a minha cara, eu gostava de estudar por simplesmente estudar e esse não era o clima da Poli. O clima da Poli, por falar nele, é pesado, lá as pessoas são muito inteligentes, mas estudam pra simplesmente passar, porque aquele lugar é insalubre. As pessoas só gostam da Poli por causa das atividades de fora, porque estudar lá não é nada estimulante. São 9 matérias por semestre, sentado na cadeira da escola das 7:30 da manhã às 4:40 da tarde muitas vezes assistindo aulas que não lhe acrescentam em muita coisa e tendo que estudar tudo sozinho em casa. Não que eu me incomode de estudar tudo sozinha, eu fazia coisa bastante pior e mais pesada no ensino médio, mas o propósito final de tudo aquilo não me animava. Ficar pegando provas passadas no Xerox ou assistindo as aulas “fuja do nabo” pra simplesmente, sei lá, ir bem numa prova de PQI ou PCC sem muitas vezes saber aquilo (não por falta de interesse, mas por falta total de tempo, porque além de tudo tem mais os infinitos trabalhos semanais) não me deixava feliz. A Poli, em resumo, não me fazia bem porque, lá, eu não sentia a motivação pra estudar e sempre aprender coisas novas por minha conta que eu tinha até então.

Com a ansiedade pelos resultados lá de fora, eu estava arranjando menos motivação ainda pra estudar. Eu já tinha percebido no fim das contas que a minha praia eram as ciências puras mesmo, pelo menos para isso a Poli serviu, e eu não via a hora de me livrar de tudo aquilo. Meu primeiro resultado de Regular Action foi o da Caltech, mas eu sabia que lá eu não entraria. Fora isso, em uma semana, sairia o resultado do MIT. Eu mal dormi aquela semana, os minutos finais então… foram malucos. Era dia 14 de março, a.k.a. “Pi Day”. Meus pais tinham ido para São Paulo e, às exatas 7:28 da noite, o resultado. “I’m sorry to inform, you were placed in our waitlist”. Pronto, já era, foi um dos meus piores dias de applicant; eu fiquei mal, beeeem mal, e não consegui ir fazer minha prova/aula de PQI no dia seguinte de manhã. Voltei para Santos e tentei arrumar minha cabeça, a ansiedade seria carregada até maio no fim das contas e eu teria que esperar os próximos resultados, que sairiam logo depois da primeira semana de provas da Poli.

BU-logoEntre o resultado do MIT e as provas da Poli, veio a premiação da OPF. Dia 23 de março de 2013, dia do meu primeiro resultado positivo. Estava eu na van voltando do ITA por causa da premiação e recebo uma notificação no celular. “Your Boston University Decision”. “Aaaaaaaah! Passei pai! Eu entrei em Boston University!” – foi o que eu comecei a gritar no meio do nada, e foi a festa. Quanta diferença a minha chegada em casa uma semana depois do resultado do MIT. Entretanto, entre esse dia e os resultados das outras que eu queria muito mais, viriam as provas da Poli.

Eita semana ruim que foi aquela. Eu estava ES-TRES-SA-DÍS-SI-MA. Quem precisa dormir mais de 3 horas por dia numa semana inteira, certo? E quem vai se estressar com 7 resultados chegando em menos de uma semana? Pffff… Eu mal tinha conseguido estudar direito desde que eu tinha entrado na Poli, mas consegui segurar minhas médias. O fim daquela semana de provas foi um alívio. Daí começaram os resultados. Eu tinha que estudar, fazer EP, terminar minhas listas, mas o meu futuro poderia ser completamente mudado em apenas 3 dias, do dia 27 ao dia 29 de março; concentração zero para mim.

Veio o primeiro, Duke, waitlisted. Depois veio o dia das Ivy Leagues: Yale, Harvard, Princeton, Columbia e Cornell sairiam todas juntas, no mesmo horário, e, depois delas, Stanford seria minha única salvação. Eu não lembro a ordem, mas os resultados no dia 28 de março foram: waitlisted, denied, denied, waitlisted, denied. Foi tanta notícia ruim uma seguida da outra que não caiu a ficha; eu simplesmente fiquei parada, sem reação. Não dá para sentir algo quando tudo vem junto. Eu simplesmente continuei olhando para a parede com a certeza de que o último golpe viria com Stanford, como realmente veio no dia seguinte ou dois dias depois, não lembro ao certo. Boston University era minha última opção da lista, então eu fiquei meio desorientada e totalmente desanimada (mesmo assim, muito obrigada à Amanda e à Caitlin que foram as duas pessoas que mais me mostraram que BU ainda poderia ser um lugar excelente para mim e pelo tempo que gastaram comigo :) ).

Assim, waitlisted virou meu nome do meio, diga-se de passagem. Eu estava em espera para 4 das universidades que eu mais queria, entre elas, a minha top choice, o MIT. O cenário, para mim, não era nada animador, e a ansiedade continuava me perseguindo enquanto eu via vários dos meus amigos felizes e comemorando. Eu não sabia o que fazer, ao mesmo tempo que eu ficava feliz por eles, eu me sentia incapaz, me sentia burra para dizer a verdade. Como eu não tinha conseguido uma vaga numa das 10 melhores? Como se fosse muito fácil… Eu então comecei a escrever cartas para as universidades que me botaram em lista de espera que nem doida. O pessoal dos correios virou íntimo meu aliás, porque eu passei de dezembro até o fim de abril indo toda semana enviar cartas de recomendação, formulários, imposto de renda traduzido, documentação de financial aid, cartas para as listas de espera, suplemento de pesquisa pré-universitária e coisas do tipo. Pois é, ainda tinha essa documentação toda além da Poli pra eu tomar conta, como se a Poli por si só já não roubasse minha semana por completo.

Logo 1Aliás, falando em documentação para Financial Aid. É, teve mais esse problema com as bolsas. No dia que saíram os resultados das Ivies, eu e alguns amigos meus do Prep Program percebemos finalmente que a gente tinha passado em algumas universidades muito boas, mas que não iríamos porque não tínhamos dinheiro… Foi então que surgiu o Apoie um Talento. Algumas madrugadas viradas em uma semana, e levamos o site ao ar! Era um lugar onde colocávamos nossas histórias, em quais universidades tínhamos entrado e nossos sonhos. Mas, além da gente, vários outros mentees do Prep Program estavam com problemas com as bolsas. Então a Fundação Estudar lançou o Estudar Fora, com a plataforma de Crowdfunding para arrecadar bolsas para todos nós que nós devolveríamos depois em doação para a Estudar patrocinar outros alunos.

logo do estudar fora

A princípio, a ideia parecia excelente, mas o que eu e, principalmente, os meus pais, familiares e amigos tiveram de trabalho para divulgar a minha página, conseguir os likes que eu precisava e as doações de quem podia colaborar é impossível de ser descrito. Meus pais viravam noites mandando cartas, mensagens, fazendo postagens e o mesmo faziam meus tios e tias, primos e primas. Enquanto isso, todos os meus amigos colaboraram na divulgação e eu não tenho nem como agradecer todos vocês. Eu espero um dia poder retribuir em dobro todo o esforço de vocês. :) Até agora eu estou correndo feito louca atrás disso, pois chegou a hora em que eu mesma tenho que ir atrás das pessoas para que elas confirmem as doações para a Fundação Estudar.

Então começaram a sair as reportagens. Primeiro uma do G1 a respeito do Apoie um Talento, depois outra na Globo com cópia parcial no G1, mais uma na Band, outra no IG e a última no jornal A Tribuna (a única que está realmente atualizada por motivos que vêm depois), além de algumas outras que eu não lembro mais. Assim, a historia começou a disseminar na internet e eu comecei a receber muitas, muitas, muitas, muitas mensagens, centenas de solicitações de amizade (não, eu não adiciono quem eu não conheço pessoalmente), e-mails os mais diversos e a minha vida virou um caos. Ao mesmo tempo que eu recebia mensagens de apoio e torcida (muito obrigada!), eu recebia mensagens das pessoas mais sem noção e ridículas que eu podia receber; mensagens de ódio gratuito que eu não entendo até agora. Se tudo já estava caótico por causa da Poli, das waitlists, das bolsas e tudo mais, ficou pior com a exposição. Muito pior. Até hoje eu tenho uns e-mails e mensagens antigas na minha caixa de entrada que eu não consegui responder até agora (desculpa :\, eu juro que respondo direito assim que me sobrar um tempinho).

Mas a exposição, apesar do lado ruim, me trouxe também coisas boas. Além das mensagens bonitinhas, entrei em contato com professores do Instituto de Física da USP. Assim, se antes eu já estava decidida a pedir minha transferência caso eu ficasse no Brasil (e a minha vida já estava caminhando para isso mesmo), não me sobrava mais uma sombra de dúvida que fosse que eu ia para lá ou para o curso de Ciências Moleculares no próximo semestre. Muito obrigada aos dois professores pelo apoio!

Um pouco antes disso ainda,  eu tinha começado o processo seletivo para ganhar a bolsa da Fundação Estudar com as suas infinitas etapas. Ele ainda não terminou. Mas o fato é que eu perdi algumas tardes e manhãs de aula por isso também. E, então, estava chegando a segunda semana de provas. Desespero é uma palavra pequena para definir o que realmente estava acontecendo comigo. Se a semana da P1 tinha sido ruim por causa da ansiedade, a da P2 prometia ser pior ainda do jeito que vinha. Os resultados das waitlists sairiam na própria semana da P2, eu tinha um EP monstruoso, trabalho de PCC pra entregar, exercícios de PCC para fazer e, para piorar, eu tinha que estudar TODA a matéria do mês para estudar, que não era pouca, junto com a prova do alemão também chegando. Pronto, foi crise atrás de crise, choro o tempo inteiro, vontade de estudar zero, depressão batendo na porta e eu não sabia o que fazer, eu só sabia que eu queria era manter distância da Poli aquela semana, mais nada.

DSCN2958As provas começariam dia 13 de maio. Era dia 11, estava eu desolada tentando de qualquer maneira resolver o exercício-programa que eu tinha que enviar até meia-noite para a aula de MAC e sem ter a mínima noção de como eu estudaria a matéria para as provas. Eu já tinha passado por nada menos que três crises de choro aquele dia. Eis que meu telefone toca. Eu não consegui ouvir nada e comecei “Alô? Alô? Quem fala?”. Alguém começou a falar em inglês com cautela do outro lado da linha e eu prontamente pedi desculpas porque eu estou acostumada a atender o telefone em português. Assim, eu só ouvi, “I’m calling from Yale University”. Minha cara nesta hora: O.o. E quando ele me perguntou se eu ainda estava interessada em estudar lá, eu falei o “definitely!” mais eufórico da minha vida! E só ouvi o “I’m glad to hear that” e depois um “congratulations” e mais nada, porque eu comecei a berrar no telefone coisas do tipo “You must be kidding me!” ou”I got into Yale?!”, e minha irmã começou a gritar do meu lado, e o admission officer a rir do outro lado da linha, e eu comecei a chorar de felicidade, e comecei a tremer. I felt like a Gilmore Girl! hahaha. É, foi um dos dias mais anormais da minha vida. A ligação caiu e eu só conseguia chorar, abraçar meus pais e não parava de falar incrédula “eu passei numa das 10 melhores do mundo”, “eu vou pra Yale”, com a cara mais “eu não sei o que está acontecendo” que eu já fiz na vida. Depois, Mr. Gozalez me ligou novamente e eu comecei a anotar as informações burocráticas tremendo absurdamente; minha ficha não caiu até agora na verdade. Aquilo significava que eu tinha minha vaga garantida para uma das melhores do mundo, que eu não precisava mais fazer o EP, que eu estava livre das provas da semana seguinte, que eu podia ainda ganhar uma boa bolsa e sofrer menos com o crowdfunding, que eu ia ter uma educação que poucas pessoas têm a chance de receber no planeta, um futuro que eu mal posso imaginar e muito mais. Desde então, eu não paro de cantar the Bulldogs’ fight song. :)

DSCN2973Assim, quando eu já não podia estar mais feliz, estava eu na minha aula e alemão, segunda à noite, dia 13 de maio. Eu estava na aula e me chega o primeiro e-mail “MIT decision”. Hesitante, abri e recebi um “we’re sorry to inform… bla bla bla… we didn’t admit anybody from the waitlist this year… bla bla bla”. Ok, sem reação, eu continuei na aula. 5 minutos contados no relógio depois, chega outro e-mail: “Your Columbia Decision”. Eu comecei a digitar login e senha feito louca e “tcharam!”, “Congratulations!…”, eu nem li mais nada, fiquei só sem reação de novo. O MIT era minha primeira opção, e eu continuo querendo ir para lá nem que seja para o meu mestrado, mas a notícia de Columbia, logo depois, deu uma amenizada no choque. Eu fiquei mais 40 minutos dentro da sala de aula e simplesmente voltei correndo para Santos, nem fiquei em São Paulo naquele dia, eu precisava organizar meus pensamentos, porque a partir de então eu tinha certeza absoluta de que eu iria estudar Física nos EUA.

É, eu estive praticamente no céu nas últimas das semanas, 😀 apesar de atarefada com documento disso, documento daquilo, cancelamento de matrícula aqui, compromisso ali etc. Mas eu voltei para casa, e agora vou para São Paulo algumas vezes por semana e volto no mesmo dia. Eu sei que, mesmo que eu frequente bem menos a Poli agora, ela me serviu para conhecer gente incrível. Muito obrigada à Bia e à Vivian, companheiras do 7725, ao Iago, coleguinha da sala 9, e ao resto do pessoal de Santos que estuda na Poli pelo apoio e por terem me aturado nos últimos meses quando eu estava me desesperando (desculpa a perturbação também haha, foi muita kkkkk). Muito obrigada ao pessoal da Poli em geral, em especial da turma 9 de 2013, por terem me acolhido tão bem, por terem torcido por mim e me dado suporte quando eu precisava. :) Foi por causa de vocês que eu consegui me segurar dentro da USP até agora.

Eu sei também que, se eu conheci gente muito boa na Poli, os applications também serviram, em parte, para isso. Eu conheci gente com as histórias mais diversas possíveis, que participou das atividades mais fora do normal sobre as quais eu nunca tinha ouvido falar antes por vezes. Então, aos mentees do Prep Program deste ano e às outras pessoas que eu acabei conhecendo neste meio tempo por motivos semelhantes, foi um prazer conhecer todos vocês, :) em especial aqueles que me aturaram conversando por muito tempo sobre applications, estatísticas favoráveis e não-favoráveis e que me ouviram quando eu precisava falar sobre como eu estava p da vida com os resultados haha (tudo bem que muitas vezes era recíproco hahahaha).

No fim das contas, meu resultado de Duke saiu esta semana também, eu fui rejeitada por lá, mas quem liga?! 😀 hahaha. A dúvida entre Columbia e Yale foi extrema, eu realmente não sabia qual escolher, but the taste of doubt had never felt so good! Tinha uma semana para decidir e fazer a matrícula, sem direito a visita ou qualquer outra coisa. Acabei me decidindo por Yale mesmo por diversos motivos (a comparação vai ser entre Yale e Columbia, porque Boston já era mesmo haha):

1. Yale me deu um pouco mais de bolsa parcial que Columbia (o que foi o ponto principal da minha escolha).

2. O sistema de Residential Colleges deles é mais proveitoso.

3. I cannot wait for the next Harvard/Yale game haha.

4. Entre New Haven e New York, prefiro New Haven, pois faz mais o meu estilo e eu ficaria extremamente estressada em NYC tal qual eu fico em São Paulo. Fora isso, New Haven fica a 1h30 de carro de NYC e menos de 2h30 de Boston, então eu tenho para onde ir caso eu fique entediada com o tamanho de New Haven.

5. Yale tem um programa de pesquisa mais bem definido que Columbia para as ciências puras e mais oportunidades de engajamento em atividades relacionadas à disseminação da ciência que me interessam.

6. Em Yale eu ainda tenho a possibilidade de fazer engenharia ou um double major em engenharia caso eu mude de ideia, o que seria impossível em Columbia para um Physics Major (meu caso).

7. Columbia tem o Core Curriculum que é excelente, mas só para quem quer seguir área de humanas, ou seja, eu ficaria limitada com os meus créditos sendo gastos em aulas de literatura clássica que não seriam muito úteis para mim e que poderiam me atrasar.

8. Yale e Columbia são bastante semelhantes quando se trata de Study Abroad Programs, então isso não pesou na minha escolha.

9. Tanto Yale, quanto Columbia têm alguns dos alunos brasileiros mais gente fina e mais atenciosos que eu conheci, então isso não pesou na minha escolha, pois ambos foram bastante semelhantes. (Obrigada aos alunos de ambas as universidades por tooooda a atenção que me deram. :) )

10. Querendo ou não, apesar de tanto Yale quanto Columbia estarem entre as 10 melhores, Yale, Princeton, MIT, Harvard e Stanford continuam sendo as 5 universidades de mais prestígio nos EUA.

A partir de agora, eu não sei mais o que vai acontecer comigo. Eu sei que eu tenho meus planos, mas eles podem mudar bastante por causa das infinitas oportunidades que vão me aparecer daqui para frente e das escolhas que vou ter que fazer, apesar de que sei que tentarei agarrar todas as oportunidades possíveis. Sei que agora vou poder ser a pesquisadora que eu quero ser. :) Eu fechei um capítulo do livro da minha vida agora e entrei em um capítulo de transição com finalização de processo de bolsa, estudo de uma ou outra matéria que eu posso pular em Yale, envio de documentação, obtenção de visto e todas essas outras burocracias.  De qualquer forma, ao contrário de como eu estava no fim do ano passado e todo o início deste ano, agora eu sei onde eu vou parar a curto prazo pelo menos. Entretanto, o capítulo que virá logo em seguida a essa transição tem somente páginas em branco e eu sei muito pouco a respeito de como eu vou preenchê-las. Só sei que vai depender de mim e que, de novo, the taste of doubt never felt so good, porque se eu estou indefinida, não é mais por causa de portas fechadas, mas pelo excesso de portas abertas…

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