Gente que inspira

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Essas fotos, com exceção de algumas pessoas iguais que aparecem nelas, parecem não ter nada a ver uma com a outra, certo? Pois bem, a semelhança que eu vejo nelas, na realidade, está longe de serem as pessoas que se repetem, mas sim as que não aparecem em ambas. Mas… como assim, Bárbara? (O assunto deste post é meio random, but there we go).

Enfim, vamos às explicações. Está vendo a primeira foto? Tem duas pessoas ao centro segurando um hipopótamo de pelúcia (por curiosidade, ele é o mascote fofo da equipe brasileira no IYPT). Uma dessas pessoas é o criador/fundador/idealizador do IYPT, da época de quando ele ainda era uma competição pequena realizada na URSS. :) O outro é russo também, atualmente o tesoureiro do IYPT, mas ele representa muito mais do que isso para o torneio e para os competidores do mundo inteiro. Na outra foto, estamos segurando umas plaquinhas com dois nomes (dá para ver?). Os nomes das plaquinhas são das pessoas que ajudaram na preparação da equipe brasileira em todos os dias de preparação; muitas vezes a organização não estava presente ou até mesmo parte da equipe não estava na preparação, mas eu nunca deixava de ver os dois por lá.

Então, o que as duas pessoas da foto de cima e das plaquinhas da foto de baixo tem em comum? Elas são quatro das pessoas mais incríveis que eu já conheci na vida. Por quê? A maioria delas nunca ganhou uma competição internacional ou foi capitão da seleção nacional do país deles no IYPT (está certo que dois já chegaram a participar da versão internacional, e um até ganhou uma bela medalha, mas não, não é por isso que eles são demais), mas são grandes símbolos para todos os participantes (ou especificamente para a equipe do Brasil). O grande motivo pelo qual eu admiro profundamente essas pessoas é o empenho que elas botaram em ajudar os outros a chegarem mais longe.

Se Evgeny Yunosov não tivesse criado o IYPT, eu provavelmente não estaria escrevendo este texto e algumas centenas de pessoas hoje apaixonadas por física, jamais teriam cogitado estudá-la. Se não fosse o Ilya Martchenko, algumas centenas de alunos jamais teriam acesso ao Reference Kit, que aumentou e muito o nível das competições relacionadas ao IYPT, e boa parte da história do torneio nunca seria descoberta, já que uma grande porção dela se encontra hoje no IYPT Archive por ele criado, com infinitos documentos históricos e soluções passadas que dão vida ao IYPT. Se não fosse o Hugo, eu jamais teria ganhado um 10 na competição internacional ano passado, pois ele me ajudou muito a dar os ajustes finais na minha solução. E, se não fosse o Vignon, nós jamais teríamos encontrado problemas nas soluções de 2011 e 2012 da equipe brasileira que somente a experiência dele conseguiu perceber.

Essas pessoas são importantes não pelos prêmios que elas já ganharam, e sim por causa dos prêmios que elas ajudaram outros a ganhar. Não é qualquer pessoa que tem a coragem e a generosidade de gente assim. Quando eu estava na etapa do “painel de bolsistas” da Fundação Estudar esses dias atrás, uma coisa que muito me chamou atenção ao ouvir de um dos bolsistas que estavam entrevistando os candidatos foi “uma das coisas que eu mais gosto na vida é poder ajudar outras pessoas a serem melhores do que eu jamais vou ser”. Acho que são essas pessoas que me inspiram e são elas que eu quero usar de espelho para minha vida.

É por causa de exemplo de gente como um dos meus professores de física do ensino médio que eu quero ser quem eu procuro ser hoje. Ele nunca foi líder da minha equipe sequer na fase nacional do IYPT, mas que gastava o mísero tempo que lhe restava da rotina pesada de aulas para me ajudar nas minhas soluções o pouco que ele podia e nos meus estudos de astronomia tarde da noite, sendo o professor que mais me ajudou nos últimos anos sem nunca ganhar qualquer coisa em troca, só o simples fato de fazer com que eu pudesse atingir um pouco mais na minha vida do que eu conseguiria sem ele.

Gente como essas pessoas que eu citei aí em cima são culpadas por eu hoje escrever aqui, redigir pro IYPT BR, tentar ajudar a fase internacional a conseguir fundos para as suas despesas com o escasso tempo que me resta e pretender continuar colaborando com as próximas seleções brasileiras (por mais que eu não concorde com o time que foi selecionado este ano, mas isso é assunto para um próximo post, sobre tudo que passou na minha cabeça desde o IYPT Brasil deste ano etc etc).

Em resumo, pessoas como aquelas são as grandes inspirações para eu fazer muitas das coisas que eu faço hoje e espero que um dia eu possa servir como inspiração para que outros façam o mesmo, pois acho que, se cada um ajudar outra pessoa a ser melhor do que eles próprios ou do que o ajudado em si é na realidade, um dia o mundo não vai nem se aguentar de tanta gente boa que vamos ter por aqui. :)

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