IYPTips #3: Respira fundo… e vai!

Postado em 24 de abril de 2015 por Carla Cristina Bove de Azevedo – Seja o primeiro a comentar

Abertura do IYPT Brasil 2014

IYPTips #3: Respira fundo… e vai!

E começa a olimpíada com o formato mais legal de todos os tempos! O IYPT Brasil bate à porta, e com ele vêm diversos sentimentos, desde a ansiedade de quem está participando pela primeira vez até a sensação de “esperar pra ver” como vai ser essa edição por quem já participou mais vezes. E, para todos os que estão participando, algumas dicas são sempre válidas antes dos Physics Fights começarem efetivamente. Então aproveitem para dar uma conferida se está tudo em ordem e… bora pro Fight!

Detalhes operacionais

Às vezes tem detalhes que você deixa passar despercibidos, mas que merecem muita atenção. Os detalhes básicos são não esquecer as credenciais, saber algumas das informações do booklet, o traje e por aí vai. Mas o ponto operacional importante do Torneio é pouco antes do início do Fight: os notebooks estão carregados ou com a fonte conectada? Os slides foram revisados? Há uma cópia em mais de um computador (ou na nuvem) para prevenir caso o inesperado aconteça? Esses são pequenos detalhes que, se forem deixados de lado, podem dar muito problema. É só fazer aquele checklist antes de sair de casa ou do hotel que pequenos deslizes podem ser evitados.

Aproveite os intervalos para socializar

É essencial rever alguns pontos da sua apresentação e corrigir possíveis erros, mas o tempo de intervalo dado entre cada rodada do Fight é curto e pode ser utilizado para algo mais interessante: a integração (sem referência a cálculo – mesmo!). Afinal, quantas outras vezes na sua vida você esteve diante de tantas pessoas de outros estados do país, de culturas distintas e que estão reunidas com um objetivo em comum? Aproveite para conhecer um pouco mais as equipes adversárias, saber como é a realidade nas escolas delas e, claro, trocar informações sobre o Torneio. Você pode se surpreender com a quantidade de pessoas com gostos comuns a você (e outros absolutamente incomuns) e fazer ótimos amigos!

Saiba abrir mão de um ponto de vista

Uma atitude bastante comum à maior parte das pessoas é a de não se desfazer de uma opinião, mesmo depois de várias pessoas lhe provarem que ela está equivocada. Sim, você estudou aquele(s) problema(s). Sim, você fez diversas e diversas pesquisas sobre aquilo e viu uma porrada de abordagens diferentes pro seu problema escolhido, selecionou a que mais lhe agradava e se preparou para defendê-la e atacar os outros pontos de vista com unhas e dentes. Mas o seu adversário fez o mesmo. E de repente ele fez o mesmo tendo escolhido outra abordagem. É importante lembrar que para os problemas propostos pelo IYPT, assim como para boa parte da ciência em geral, não há uma solução certa e uma errada. Os diferentes modelos podem ser mais ou menos aplicáveis a um sistema, e alguém pode ter encontrado um modelo que se adequa mais ao sistema proposto do que o seu. Sua argumentação pode até ser muito boa, mas se ela estiver embasada em uma proposta incoerente, as pessoas vão perceber. Se você acredita que ninguém de equipe alguma irá perceber, lembre-se de que os jurados notarão. E é deles que vêm as suas notas. Fica mais feio bater o pé em um conceito ruim do que admitir o erro e aceitar opiniões diferentes das suas.

A hora do Fight

Depois de tantos treinamentos para apresentar, opor ou avaliar, depois de tantos experimentos e tanta pesquisa, enfim chega o momento tão esperado: o PF. É nele que não só os seus conhecimentos, como também sua argumentação, são avaliados. É sempre bom lembrar dos seus argumentos, possíveis perguntas que podem ser feitas pelos jurados e pontos importantes da teoria. A parte experimental deve também ser dominada muito bem pelo integrante da equipe que estiver discutindo o problema. Não se esqueça de que as perguntas dos jurados podem ser feitas para qualquer equipe (então não é porque você está como avaliador, que não tem que saber nada sobre aquele problema), a menos que esteja como Observador, claro.
Mas o mais relevante de tudo é: confie no seu trabalho. É bastante comum aparecer uma ansiedade grande (por vezes até um desespero), e dela pode derivar uma falta de confiança no que você fez. “Mas as outras equipes são mais preparadas”, “ah, eu esqueci de algo muito importante!!”, “faltou um slide, faltou dado experimental, faltou analisar um parâmetro!!”… Calma! Só calma. O que foi feito, foi feito. E o que não deu tempo de fazer, pode ser corrigido no mínimo entre um dia e outro da competição (mas o ideal é que não se faça muita coisa nesse período, uma noite de sono minimamente decente é necessária), então se o problema for selecionado no dia, ele tem que ser apresentado como estiver. Acredite em você mesmo e nos meses que usou trabalhando por isso, pois é nesse momento que as pessoas verão de verdade o porquê de você não ter medido esforços em busca de uma solução plausível para o seu problema.

Dito isso, é hora de transformar em ações, argumentos e desempenho toda a energia demandada pelo Torneio! É o momento de respirar fundo, acreditar nos seus argumentos e se jogar na olimpíada de física mais apaixonante do Brasil! :)

HMMT: Uma olimpíada de matemática desafiadora, divertida, diferente

Postado em 8 de março de 2015 por Cassio dos Santos Sousa – 1 Comentário

Logo da HMMT 2014

Por Guilherme Henrique Paulino Amaral

O Torneio de Matemática de Harvard-MIT foi minha última olimpíada científica do Ensino Médio, contudo, com certeza, marcou a minha vida para sempre. Ter participado de uma olimpíada da disciplina que mais gosto e que envolve duas das melhores universidades do mundo foi um sonho que eu não imaginava realizar.

Entretanto, as olimpíadas não faziam parte do meu universo até o terceiro ano, quando decidi participar de tantas quanto pudesse. Assim, conheci cerca de 30 olimpíadas ao longo desse tempo, dentre as quais o IYPT-BR e o HMMT ganharam um significado especial. Nesse tempo, conquistei pouquíssimas medalhas, mas também vi um mundo incrível que não acreditava que existisse, aprendi bastante, conheci novos lugares, novas culturas e fiz muitos dos melhores amigos que tenho hoje.

Da participação e da vaquinha

Existem alguns fatos talvez interessantes sobre a participação nessa olimpíada. Primeiro, é uma competição que, embora reúna participantes excepcionalmente fortes em matemática, alguns conhecidos pela IMO, ela é aberta a qualquer um que queira participar. O processo de candidatura consiste em preencher alguns dados pessoais e um espaço em que você pode comentar sobre você e o que espera do torneio. Assim, um processo de seleção é feito, em que o fator sorte pode contar bastante, e aproximadamente 1000 estudantes de ensino médio ao redor do globo são selecionados. É possível se inscrever afiliado a alguma organização, escola, ou individualmente (no caso o time é formado no dia).

Nesse aspecto, vi uma grande oportunidade. Eu nunca havia participado da IMO e estava pela primeira vez fazendo as provas da OBM, mas mesmo assim me senti encorajado a participar. Apliquei para a edição de novembro de 2014 e, depois de algumas noites de ansiedade mal dormidas, vi que fui selecionado.

Após isso, vale ressaltar um segundo fato, de que ela não se responsabiliza por nenhum dos custeios de viagem ou hospedagem. Nisso, meus pais não tinham condições de pagar; era também algo que eu sonhava com todas as forças que alguém que almeja um objetivo pode sonhar. Acabei criando uma vaquinha online, contexto em que a ajuda de muitas pessoas foi crucial para que eu viajasse e realizasse as provas.

Estrutura do torneio

A olimpíada se divide em duas competições, a de Novembro e a de Fevereiro. Uma ocorre na universidade de Harvard, e outra no MIT, sendo estas alternadas de edição para edição. A diferença está basicamente no número de pessoas em cada time e na dificuldade das questões, sendo as provas de Fevereiro mais difíceis, com muitas questões a nível da IMO, e a de Novembro com apenas uma ou outra.

As provas se dividem em Individual Tests, Team Round e Guts Round. Cada Individual Test possui 10 questões short answers com duração total de 50 minutos. Em Novembro eles incluem o General Round e o Theme Round. Ambos abordam questões de qualquer uma das áreas de matemática do ensino médio, porém o último possui questões temáticas. Já em Fevereiro incluem-se três testes: Álgebra, Geometria e Combinatória.

O Team Round é uma prova de 1 hora com a mesma estrutura dos testes individuais, só que feita com seu time. Em Novembro as questões são temáticas, porém em Fevereiro elas são baseadas em mostrar ou provar algo, como uma igualdade.

Por fim, o Guts Round, característica dessa olimpíada. É um evento de 80 minutos feito em times, com 36 questões short answers, as quais se dividem em diversas áreas e vão variando seu valor na pontuação, enquanto aumentam seu nível de dificuldade. Nesse meio, todos os times se reúnem em duas grandes salas. Dado o sinal, cada time envia um Corredor para as mesas onde se encontram os problemas, divididos em conjuntos de 3 em Novembro e 4 em Fevereiro. Assim que um time possuir respostas para o conjunto de problemas que pegou, o Corredor deve correr de volta à mesa e pegar o próximo conjunto. E nessa “corrida” o torneio vai ocorrendo até que o tempo acabe, enquanto os resultados vão sendo acompanhados em tempo real em uma grande tela.

Diferencial

Muitos aspectos mereceriam destaque aqui. Mas uma das características que chama muito a atenção é o Guts Round. É uma experiência interessante imaginar 400 ou 500 estudantes de ensino médio apaixonados por Matemática correndo em um grande hall, levando e trazendo problemas para o seu time. É uma experiência única, que torna essa olimpíada surpreendente muito desafiadora e divertida ao mesmo tempo.

Vale comentar que o HMMT também possui uma versão não oficial online, que também é aberta a qualquer estudante do ensino médio que queira ter uma ideia de como são as provas, uma excelente oportunidade que certamente vale muito a pena.

Por experiência própria

Lembro que meus pais uma vez me perguntaram se um dia gostaria de viajar para o Mundo de Harry Potter em Orlando, série da qual sou muito fã. Disse na época que queria deixar isso como segundo plano, pois se tivéssemos chance de ir para fora, seria muito melhor visitar as maiores universidade do mundo. Realizei um sonho. Participei do torneio de Novembro de 2014, que ocorreu no Science Center da Universidade de Harvard. Conheci ela e o MIT no outono, um ambiente deslumbrante para uma olimpíada de matemática! Além de o Annenberg Hall ser muito parecido com o Salão Principal de Hogwarts, o que me encheu de alegria.

Além disso, no torneio conheci pessoas incríveis e fiz muitas amizades, vindas dos mais diversos locais do mundo, passando pelo EUA, Colômbia, China, Coréia, Índia e Sirilanca. Aprendi muito com elas e com a olimpíada, tanto pessoalmente como com a Matemática em si. Por tudo isso posso dizer que vale muito a pena participar, estando muito mais que recomendado. Foi para mim e será para todos uma aventura do começo ao fim!

Veja também

Site oficial do Torneio de Matemática de Harvard-MIT – informações sobre a olimpíada e sobre como participar. Pode-se encontrar também as provas das edições passadas, bem como algumas fotos do evento e a versão não oficial online, que ocorre junto com as olimpíadas oficiais.

Dicas de estudo para olimpíadas de Matemática – escritas pela equipe do OC.

TVQ: Por que participar da melhor olimpíada de Química do Brasil

Postado em 19 de fevereiro de 2015 por Carla Cristina Bove de Azevedo – Seja o primeiro a comentar

TVQ
O Torneio Virtual de Química (TVQ) é, sem dúvidas, uma das olimpíadas mais importantes que aconteceram na minha vida. Acrescentando-se o IYPT Brasil, temos as duas principais olimpíadas da minha trajetória olímpica que, embora seja pobre em medalhas, é riquíssima em participações e, principalmente, em amigos verdadeiros de vários cantos do Brasil.

Fases

A primeira fase consiste de questões compostas por itens que devem ser avaliados como verdadeiros ou falsos, sem necessidade de justificativa. Nas duas últimas edições, foram 15 questões, cada uma com quatro itens, e dentre as quais 10 deveriam ser escolhidas para serem resolvidas. A inscrição é realizada junto com o envio das respostas da primeira fase (há uma ficha que deve ser preenchida e submetida online). A primeira fase costuma ter duração de três semanas; logo, a consulta é permitida – e, inclusive, recomendada, já que um dos objetivos do torneio é levar os alunos a aprender a pesquisar esse tipo de informação, além de aproximar o ensino médio do ensino superior, abordando conteúdos mais interessantes (e não menos trabalhosos).

Na segunda fase, ainda virtual, as questões são dissertativas; escolhem-se 5 dentre as 10 disponibilizadas no site para serem resolvidas, novamente sendo permitidas consultas e pesquisas (a duração da segunda fase normalmente é de quatro semanas, e ela se inicia logo em seguida ao fim da primeira). Não que seja simples de se encontrar as respostas, já que as questões não são copiadas de livros e sim elaboradas pelos organizadores. O legal dessa olimpíada é que ela costuma promover debates entre os integrantes dos grupos e deles com seus professores, pois há diversas questões em que se deve aplicar modelos consideravelmente recentes, ou ao menos abordagens desconhecidas dos participantes (considerando-se os padrões que se veem em química no ensino médio), o que só torna tudo mais interessante.

Para a terceira fase, que é presencial, as provas são realizadas individualmente e sem consulta, sendo permitido apenas o uso de calculadora científica não programável. São fornecidos os dados necessários à resolução dos problemas, como a explicação sobre um tema novo, fórmulas, fatores de conversão de unidades. Há questões objetivas (que não necessitam de justificativa) e dissertativas (que precisam ser resolvidas com o máximo de organização possível e demonstrando claramente todo o raciocínio empregado na resolução), e algumas delas (principalmente as dissertativas) remetem a assuntos abordados nas fases anteriores, de modo que é essencial que aquilo que foi feito anteriormente não seja deixado de lado. Todos os participantes da terceira fase ganham um certificado, além das premiações já citadas em forma de medalhas e menções honrosas.

Diferencial

O que chama a atenção de cara nessa olimpíada são as questões bem feitas e de muito bom gosto. Eu, que estou indo para o meu quarto ano cursando Química e que amo essa ciência encantadora, afirmo com convicção que é uma das provas de Química mais bonitas que se vê no país. E o mais impressionante disso é que ela é confeccionada exclusivamente por alunos de graduação, apenas sob a supervisão de um professor tutor.

Mas o diferencial do TVQ não consiste apenas em sua prova; o fato de ter suas duas primeiras fases online e somente a terceira ser presencial é também algo peculiar. Além disso, as fases online podem ser realizadas em grupos de até três pessoas, sendo que a premiação final agracia não somente os destaques individuais, como também as três melhores equipes.

Por experiência própria

Para quem está no estado de São Paulo, o local de prova é único (a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP). Para os demais estados, a organização é bastante flexível e procura atender às demandas dos que passaram para a terceira fase e confirmaram que farão a prova. Eu, como ex-participante, recomendo a todos que puderem (de todos os estados) que façam em Campinas, na UNICAMP. Apesar do calor típico da época da terceira fase (e dos pernilongos), que costuma ser num período após as primeiras fases dos vestibulares, pessoalmente ter conhecido o Instituto de Química da UNICAMP no meu segundo ano do ensino médio me deslumbrou. Foi por causa dessa olimpíada que eu, que desde o primeiro ano decidi cursar Química, e que até o início do terceiro pretendia ir pra USP, decidi que mudaria de cidade para ir para a UNICAMP. E foi uma das escolhas mais acertadas da minha vida.

E mesmo que Química não seja o que mais lhes encanta, conhecer uma outra cidade e uma universidade de ponta como é a UNICAMP é uma oportunidade maravilhosa, além de poder fazer uma prova como a do TVQ, que vale a pena!

Veja também

Site oficial do Torneio Virtual de Química – todas as informações do TVQ estarão lá. Se for participar, leia o edital completo do torneio, que é atualizado todos os anos com o formato da prova (que às vezes muda em número de questões), além de fornecer as datas de todas as fases do TVQ.

Dicas de estudo para olimpíadas de Química – escritas pela equipe do OC.

 

 

IYPTips #2: Repense o problema (e se…)

Postado em 5 de fevereiro de 2015 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Um problema do IYPT, apesar de ser relativamente curto, permite diversos tipos de interpretação. Cada trecho de um enunciado traz uma série de novas possibilidades para o problema, e se você não for capaz de analisá-las ao máximo, alguém que tenha ido mais longe poderá facilmente surpreender seu time.

Pensando nisso, proponho o segundo IYPTip:

IYPTip #2: Repense o problema (e se…)

Um problema pode ser visto de diferentes formas. Como exemplo dos problemas de 2009: no Problema 9, intitulado “Secamento”, era pedido que se analisasse o movimento da marca superior molhada de um papel vertical (em pé) que estivesse secando. O problema parece ser claro e com um experimento simples: prenda uma folha molhada no varal, deixe-a secar e veja o que acontece com a marca molhada até a folha ficar completamente seca.papel_varal

Depois de ter esperado sua folha secar, filmando o movimento e a forma da marca molhada, você consegue chegar em alguns gráficos “Posição X Tempo” e fazer algumas hipóteses. Repetindo o experimento algumas vezes, você observa praticamente as mesmas curvas e os mesmos comportamentos, parecendo validar as suas hipóteses. Mas será que isso é o suficiente?

Tentemos repensar o problema um pouco. Digamos que você tivesse secado apenas folhas A4. E se você utilizasse uma folha A3 (com o dobro do tamanho da folha A4)? Será que a marca terá o mesmo comportamento? Será que o papel seca mais devagar ou mais rápido? Será que existe uma fórmula para calcular o tempo de secagem?

E se, ao invés de você dobrar o tamanho da folha de papel, você reduzisse ele pela metade? Será que tiras de papel secam mais rápido? Será que a marca muda de forma?

Analisando tudo isso, repetindo diversos experimentos, você chega a mais algumas hipóteses e valida algumas outras, até mesmo chegando a uma possível fórmula que calcula o tempo de secagem (ou validando alguma fórmula do Reference Kit). Mas será que isso é suficiente? Vamos repensar o problema mais um pouco.

E se você variasse a gramatura (massa por metro quadrado) do papel? Será que uma folha mais pesada seca mais devagar?

E se, ao invés de papel sulfite, você utilizasse papel cartão? Ou mesmo papel reciclado? Será que o material da folha ajuda no secamento?

E se, ao invés de usar dois pregadores na folha (deixando-a horizontal), você utilizasse apenas um? Será que uma folha pendurada em apenas uma das pontas seca mais rápido? E se você variar a posição deste pregador?

E se, ao invés de água, você utilizasse um outro líquido? Será que água dura (rica em minerais) seca mais rápido? Será que álcool seca mais rápido? E se você saturasse a água com sal? Será que água destilada seca mais rápido do que a água da torneira?

E se você mudasse a umidade do ar? Será que ar seco ajuda a secar mais rápido? E ar saturado?

E se você mudasse a temperatura do ambiente? Será que uma temperatura muito baixa poderia impedir o secamento? E o formato da marca?

E se você estivesse num ambiente sem gravidade ou com gravidade muito baixa? Será que a folha ainda conseguiria secar?

Dá para pensar agora em uma centena de hipóteses, análises, fórmulas e experimentos para este problema, sem nem ao menos esgotar as possibilidades. Questionar o problema com um “E se…” ou um “Será que…” é uma arma valiosa tanto para um relator (que vai até os limites de suas hipóteses e conclusões) quanto para oponente e avaliador (que discutirão o problema com muito mais propriedade e profundidade).

Repense um problema e vá além do esperado, quantas vezes for necessário.

Acompanhe o Estudo Olímpico para mais IYPTips!

 

Veja também

IYPT BR – Blog parceiro do OC que cuida das notícias do IYPT Brasil e da equipe brasileira do IYPT.

IYPT Brasil – Site oficial da competição nacional.

Estudo para o IYPT – Página de estudos do OC para o IYPT.

IYPTips #1: Arrume a casa

Postado em 1 de fevereiro de 2015 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Conforme o IYPT Brasil foi crescendo, foi possível ver uma evolução gigantesca das equipes. Em 2010, no retorno do torneio nacional, era comum ver times relatores apresentando tudo lendo folhas de um caderno. Em 2014, foi mais fácil ver equipes relatoras indo além das apresentações, demonstrando o experimento e até mostrando alguns slides “escondidos”.

Em 2015, espero ver todas as equipes bem preparadas. Quero ver o pódio sendo decidido por décimos de ponto, e irei torcer por uma competição acirrada entre todas as equipes, em nome de um time internacional forte e unido que traga o ouro para o Brasil.

Em nome disso, inauguro a série IYPTips, com dicas das mais diversas para quem deseja ou irá participar do IYPT Brasil. A pouco mais de um mês do torneio nacional de 2015, pretendo lançar dicas sempre que possível.

E a primeira dica pode parecer simples, mas de caráter essencial a equipes novatas no mundo do IYPT.

IYPTip #1: Arrume a casa

Para equipes novatas no torneio nacional, o formato do IYPT pode assustar, pois não se parece em nada com as demais olimpíadas. O ambiente necessário para a realização de experimentos e preparo de apresentações pedirá alguns ajustes, mostrados a seguir.

1) Faça todas as apresentações em PowerPoint

Por mais que seus relatórios estejam muito bons, transforme todos em PowerPoint (ou um software equivalente). Realizar uma apresentação no torneio internacional permite que todos que estejam assistindo (jurados, equipes adversárias e demais espectadores) acompanhem sua explicação e vejam desde fórmulas a gráficos passo a passo.

iypt_projecao Apresentação feita no IYPT Brasil 2014 por Leonardo Florentino.

Faça isso não só para o papel de relator, mas também para as apresentações de oponente e relator. Para estes dois papéis, leve um template pronto e vá preenchendo ele durante o Fight.

2) Reserve uma sala para apresentações e para experimentos

Converse com seu (professor) líder e procure reservar uma sala (de aula) que permita projetar uma apresentação. Uma sala assim simula um ambiente semelhante ao do torneio nacional, o que facilitará bastante seu treinamento.

Procure também reservar uma sala que possa guardar seu aparato experimental (se puder ser a mesma das apresentações, melhor). Todo problema pedirá experimentos de uma forma ou de outra, e tê-los todos bem guardados num único lugar é essencial.

3) Utilize um notebook

No torneio nacional, oponentes e avaliadores precisam completar suas apresentações durante um Fight. Ter um notebook em mãos é algo extremamente necessário. Se sua equipe não tiver, procure um em sua escola ou peça emprestado. Se cada membro de sua equipe puder utilizar um notebook durante os treinamentos e no torneio nacional, melhor ainda.

4) Guarde tudo no Dropbox

Quando você deixa suas apresentações, fotos e anotações numa pasta do Dropbox, do OneDrive ou de qualquer serviço de cloud, você assegura que seu trabalho estará seguro e acessível em qualquer computador com internet. Faça isso desde já e economize dores de cabeça no futuro.

Após seguir estes passos, comece a escrever suas apresentações e a se preparar com tudo para o torneio nacional!

Acompanhe o Estudo Olímpico para mais IYPTips!

 

Veja também

IYPT BR – Blog parceiro do OC que cuida das notícias do IYPT Brasil e da equipe brasileira do IYPT.

IYPT Brasil – Site oficial da competição nacional.

Estudo para o IYPT – Página de estudos do OC para o IYPT.

5 dicas valiosas para um bom treinamento olímpico

Postado em 27 de janeiro de 2015 por Cassio dos Santos Sousa – Seja o primeiro a comentar

Quando você começa a ler histórias sobre olímpicos como o Ivan Tadeu, que chegou a conquistar quatro medalhas em olimpíadas internacionais (1 Ouro e 3 Pratas) em menos de dois meses, você chega a se assustar. Se você acompanhasse a trajetória dele como eu pude acompanhar naquela época (meados de 2012), verá, na verdade, que estes são os resultados de um treinamento intenso e extremamente dedicado que nem tomava todas as horas do dia dele, nem o fazia menos sociável que qualquer outra pessoa.

Não ache que há segredos no treino do Ivan: ler livros, resolver exercícios, estudar provas antigas das olimpíadas, tudo isso estava incluso. Mas se você pensar que o aluno de uma equipe internacional faz tudo isso em seu treinamento, o que faria com que o treinamento do Ivan o permitisse ir além?

Se desse para resumir, diria apenas que tudo que ele se propusesse a fazer em um dia, ele faria em uma dia, e se precisasse estudar, ele leria um livro mais avançado do que os livros que ele já leu, e resolveria exercícios mais complicados do que aqueles que ele já resolveu.

Escrever este parágrafo é fácil. Como atingir então um nível semelhante ao dele? Se você tomar as ações dele em passos, ou ler um pouco sobre ele em seu blog, eles seriam mais ou menos assim.

1) Propor-se um objetivo, quebrando-o em metas

Dá para pensar que basta você colocar na cabeça que irá para uma olimpíada internacional, e você estará viajando nos próximos meses ou anos para representar o Brasil. Não costuma funcionar assim.

Pense na olimpíada internacional como a linha de chegada. Antes de você chegar lá, você precisa andar pelo caminho que leva até ela. Para trilhar este caminho da melhor forma possível, você estabelece uma meta, um plano de ação no qual você não só tem o objetivo, mas também o que você precisa fazer para alcançá-lo (tempo, dinheiro, esforço, o que for necessário).

No caso de alguém que tenha como objetivo ir para uma olimpíada internacional, uma meta efetiva o fará, num prazo que varia de alguns meses a alguns anos:

  • Passar por todas as fases de uma olimpíada nacional (pré-requisito de todas as olimpíadas internacionais);
  • Ganhar uma medalha nesta olimpíada nacional;
  • Ficar entre os melhores alunos da olimpíada, o que o permite particiar da rodada seletiva da olimpíada internacional;
  • Passar por todas as fases desta rodada seletiva;
  • Ficar entre os 4 a 6 melhores alunos desta seletiva (o tamanho usual de um time internacional);
  • Ser convocado à olimpíada internacional;
  • Participar da olimpíada internacional de fato.

Um objetivo é concluído a partir de metas. Se ela for muito grande, você terá de reduzi-la a metas menores que sejam mais fáceis de realizar, que cheguem a demorar de um mês a algumas horas.

No que estas metas forem aparecendo, você verá a necessidade de estudar diversos livros, resolver um monte de exercícios, resolver provas antigas, e assim vai. E para concluir estas metas, você verá a necessidade de ler 50 páginas de um livro ou resolver 10 exercícios de uma lista, por exemplo.

Crie seu objetivo, seja ele qual for dentro do mundo olímpico (ou de qualquer outro). A partir dele, desconstrua-o em metas que você consiga concluir em um tempo menor.

1′) Propor-se metas alcançáveis dentro do seu dia

Esta é a versão prática e reduzida da meta anterior. Se você for capaz de se dar metas em um determinado dia/hora e alcançá-las naquele dia/hora, você não só ficará mais perto do seu objetivo, mas também criará o costume de criar metas. No caso de estudar para uma olimpíada, uma meta para uma determinado dia pode ser a leitura de 20 páginas de um livro ou a resolução de 5 exercícios de uma lista.

Pense que, se você lesse 20 páginas de um livro todo dia ao longo de um ano, você teria lido um total de 7300 páginas. Se você considerar que um livro tenha, em média, 300 páginas, você teria lido, pelo menos, 24 livros no ano. Compare este número ao número médio de livros lidos por um aluno (7,2 livros, sendo 5,5 deles acadêmicos).

2) Evolua junto com o seu material

Como disse antes, era difícil ver o Ivan estudando o mesmo material por muito tempo, pois no momento que ele tivesse aprendido tudo que estava num livro, ele já começava a procurar um livro mais avançado para estudar. Isso porque o limite superior do seu aprendizado é o limite do seu material de estudo – não dá para saber o que você nunca viu na vida.

Assim que você tiver estudado todo um material, passe para um outro que seja mais desafiador.

3) Faça conexões

Uma memória será sempre mais viva na sua cabeça se você conseguir conectá-la a outras memórias que você tem que sejam próximas àquela. Se você souber, por exemplo, que insetos possuem seis patas, e observar que aranhas têm oito patas, você saberá dizer então que a aranha não é um inseto.

O estudo mais efetivo que você faz é aquele no qual você conecta um fato novo a fatos que você já conhece. Pense na resolução de uma equação que você nunca viu: se você for capaz de associar aquela equação a uma outra equação que você já resolveu, o problema passa a ser bem mais simples.

E como você fará isso? Lendo, resolvendo exercícios, buscando ajuda caso acabe “empacando”, e assim vai, até você conseguir conectar o que você conhece à nova memória, ou em resumo, aprender.

Decorar um monte de matéria para uma prova no dia seguinte impede que muitas conexões sejam feitas. Ao final da prova, é como se você guardasse a memória numa caixa e a jogasse de um penhasco. O esforço que você teve para decorar a matéria (um dia) é menor do que você teria para aprendê-la (dias, semanas, até meses), mas você não reterá quase nada.

Dê preferência a aprender. Se você teve tempo de aprender boa parte da matéria, mas preferiu decorar tudo, você não soube aproveitar o seu tempo.

4) Escolha sempre a eficiência

Aprender o que está num livro novo toma tempo. Imagine então gastar boa parte desse tempo copiando o livro ou lendo ele diversas vezes até entrar na sua cabeça, tentando decorá-lo ou memorizá-lo. Isso toma muito tempo, tempo que poderia ser utilizado para ler um novo livro, resolver mais exercícios, ou mesmo descansar.

Com exercícios, é o mesmo. Muitos livros costumam ter exercícios muito iguais ou parecidos com a teoria para fixar melhor o conceito. Depois de ter resolvido uns 2-3 problemas de fixação, vale mesmo a pena resolver todos os 30-40 exercícios idênticos? Você não estará aprendendo nada novo ou útil – estará apenas reforçando um conceito que você já aprendeu.

Invista seu tempo em partes do texto que você não conseguiu entender de primeira, em exercícios mais complicados no final do capítulo (que aplicam a teoria de um jeito diferente), ou mesmo em descobrir qual o . O esforço em torno da eficiência o fará ir mais além.

5) Invista muito esforço

Um aprendizado mais eficiente, evitando as “decorebas” ou a falta de atenção ao que você está fazendo, é algo que pode demorar muito para acontecer, talvez apenas depois de ler vários livros e resolver centenas de exercícios. Se não estiver disposto a gastar centenas de horas e vários dias até começar a aprender os assuntos mais complicados ou se habituar a este novo ritmo, passando também por medos, inseguranças e dias inteiros tentando resolver um único exercício, você irá parar no meio do caminho, e possivelmente desistir.

A lista é pequena, mas pô-la em prática é o grande desafio. Se estiver disposto a caminhar todo esse percurso, vamos caminhá-lo juntos. Aproveite este início de ano e comece a treinar para a olimpíada que mais gosta, ou para uma olimpíada que sempre te deu curiosidade, mas você nunca fez. Aplique estes cinco passos (seis, tecnicamente) no seu treinamento, e diga nos comentários o que conseguiu.

Referências

Aprendizados de um garoto de 18 anos: Facilmente o artigo mais repercutido do blog do Ivan Tadeu, olímpico mencionado aqui, e a inspiração principal para este artigo (diga um alô a ele por mim).

Leia também

Ivan – Vida de Olímpico: O blog do artigo referenciado acima, no qual o Ivan “desconstrói” sua vida e seus aprendizados como aluno olímpico. Espere ler textos muito bem feitos e sinceros.