IYPTips #2: Repense o problema (e se…)

Um problema do IYPT, apesar de ser relativamente curto, permite diversos tipos de interpretação. Cada trecho de um enunciado traz uma série de novas possibilidades para o problema, e se você não for capaz de analisá-las ao máximo, alguém que tenha ido mais longe poderá facilmente surpreender seu time.

Pensando nisso, proponho o segundo IYPTip:

IYPTip #2: Repense o problema (e se…)

Um problema pode ser visto de diferentes formas. Como exemplo dos problemas de 2009: no Problema 9, intitulado “Secamento”, era pedido que se analisasse o movimento da marca superior molhada de um papel vertical (em pé) que estivesse secando. O problema parece ser claro e com um experimento simples: prenda uma folha molhada no varal, deixe-a secar e veja o que acontece com a marca molhada até a folha ficar completamente seca.papel_varal

Depois de ter esperado sua folha secar, filmando o movimento e a forma da marca molhada, você consegue chegar em alguns gráficos “Posição X Tempo” e fazer algumas hipóteses. Repetindo o experimento algumas vezes, você observa praticamente as mesmas curvas e os mesmos comportamentos, parecendo validar as suas hipóteses. Mas será que isso é o suficiente?

Tentemos repensar o problema um pouco. Digamos que você tivesse secado apenas folhas A4. E se você utilizasse uma folha A3 (com o dobro do tamanho da folha A4)? Será que a marca terá o mesmo comportamento? Será que o papel seca mais devagar ou mais rápido? Será que existe uma fórmula para calcular o tempo de secagem?

E se, ao invés de você dobrar o tamanho da folha de papel, você reduzisse ele pela metade? Será que tiras de papel secam mais rápido? Será que a marca muda de forma?

Analisando tudo isso, repetindo diversos experimentos, você chega a mais algumas hipóteses e valida algumas outras, até mesmo chegando a uma possível fórmula que calcula o tempo de secagem (ou validando alguma fórmula do Reference Kit). Mas será que isso é suficiente? Vamos repensar o problema mais um pouco.

E se você variasse a gramatura (massa por metro quadrado) do papel? Será que uma folha mais pesada seca mais devagar?

E se, ao invés de papel sulfite, você utilizasse papel cartão? Ou mesmo papel reciclado? Será que o material da folha ajuda no secamento?

E se, ao invés de usar dois pregadores na folha (deixando-a horizontal), você utilizasse apenas um? Será que uma folha pendurada em apenas uma das pontas seca mais rápido? E se você variar a posição deste pregador?

E se, ao invés de água, você utilizasse um outro líquido? Será que água dura (rica em minerais) seca mais rápido? Será que álcool seca mais rápido? E se você saturasse a água com sal? Será que água destilada seca mais rápido do que a água da torneira?

E se você mudasse a umidade do ar? Será que ar seco ajuda a secar mais rápido? E ar saturado?

E se você mudasse a temperatura do ambiente? Será que uma temperatura muito baixa poderia impedir o secamento? E o formato da marca?

E se você estivesse num ambiente sem gravidade ou com gravidade muito baixa? Será que a folha ainda conseguiria secar?

Dá para pensar agora em uma centena de hipóteses, análises, fórmulas e experimentos para este problema, sem nem ao menos esgotar as possibilidades. Questionar o problema com um “E se…” ou um “Será que…” é uma arma valiosa tanto para um relator (que vai até os limites de suas hipóteses e conclusões) quanto para oponente e avaliador (que discutirão o problema com muito mais propriedade e profundidade).

Repense um problema e vá além do esperado, quantas vezes for necessário.

Acompanhe o Estudo Olímpico para mais IYPTips!

 

Veja também

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